As manhãs em Iwagakure eram marcadas pelo ar fresco das montanhas e pelo som de pássaros que ecoavam entre os vales. Biskka, mesmo ainda em recuperação, sentia o peso de cada missão que lhe era atribuída, não como um fardo, mas como uma oportunidade de provar que ainda podia lutar, apesar das marcas deixadas pelo confronto com Takeda. O Jōnin responsável a encontrou no ponto de encontro combinado, nas imediações da entrada principal da vila. O homem, de olhar firme e semblante tranquilo, a observou atentamente, avaliando sua condição.

— A missão de hoje é simples — disse ele, sem rodeios. — Há um enxame de criaturas venenosas que invadiu uma área agrícola ao sul. Sua tarefa é exterminá-las e garantir que as plantações não sejam mais ameaçadas.

Biskka assentiu, mesmo que a contragosto. Não poderia reclamar, afinal, ao menos estavam deixando ela se mover um pouco. A natureza aparentemente tranquila da tarefa era bem-vinda. Com uma última troca de palavras, ela partiu, movendo-se rapidamente pelas trilhas que levavam às plantações. O local era uma grande extensão de terra arada, com campos de milho e vegetais espalhados por toda parte. À primeira vista, tudo parecia normal, mas logo Biskka percebeu o rastro das criaturas: folhas comidas de maneira irregular, poças de um líquido escuro e viscoso que exalava um cheiro pungente, e marcas de garras em galhos e troncos próximos. Ela não teve que esperar muito para ver as ameaças. Um som peculiar, semelhante a um zumbido, chamou sua atenção para um amontoado de arbustos. Pequenas criaturas, com corpos brilhantes como carapaças de insetos, olhos vermelhos incandescentes e patas ágeis, começaram a emergir.

Com um aceno determinado, Biskka deixou a sala. Enquanto caminhava em direção ao arsenal para pegar equipamentos básicos, ela refletia sobre como uma missão tão "tranquila" poderia testar não apenas suas habilidades físicas, mas também sua paciência e capacidade de se adaptar. No portão oeste, o céu estava limpo, e o vento trazia um cheiro fresco de terra molhada. Ao avistar o diplomata, um homem de meia-idade, vestindo trajes formais e com uma postura altiva, Biskka ajustou sua bandana no braço e se preparou para a tarefa que a aguardava.

Considerações:

As criaturas estavam escondidas em uma seção mais densa do campo, onde as sombras dos arbustos e das plantações ofereciam abrigo. Algumas se moviam entre os caules altos do milho, enquanto outras pareciam surgir de buracos cavados no solo. Os sinais de sua presença já eram evidentes: plantas parcialmente devoradas, galhos quebrados e marcas profundas no solo indicavam que aquele grupo havia estado ali por algum tempo. Quanto à aparência, as criaturas eram uma mistura de inseto e réptil, com corpos alongados cobertos por uma carapaça negra e brilhante, que refletia a luz do sol. Cada uma tinha seis patas afiadas, que pareciam tanto para escalar quanto para atacar. Seus olhos, um vermelho incandescente, brilhavam na sombra, dando-lhes uma aparência ameaçadora. No topo de suas cabeças, pequenas antenas pulsavam de forma irregular, talvez captando vibrações ao redor.

O detalhe mais notável era a cauda de cada criatura: longa e flexível, terminando em uma ponta afiada que parecia gotejar um líquido esverdeado. Era dali que vinha o veneno, capaz de queimar a pele e, possivelmente, contaminar o solo ou as plantações. Suas mandíbulas eram serrilhadas, e o som delas triturando folhas soava quase como um aviso. Essas criaturas, que variavam entre o tamanho de um cachorro pequeno e médio, estavam claramente fora de lugar, agindo com agressividade e instinto territorial. Era evidente que sua presença representava uma ameaça crescente, tanto para a terra quanto para as pessoas que dependiam dela.

Considerações:

Estudando as criaturas enquanto elas continuavam a se mover entre as plantações. O ar estava pesado com a mistura de umidade e o cheiro acre do veneno que escorria das caudas das criaturas. Ela sabia que precisava testar suas defesas antes de decidir como lidar com elas. Com um movimento rápido, sacou algumas shuriken de sua bolsa de ferramentas e as lançou em um arco preciso. As lâminas rodopiaram no ar, cortando o silêncio com um assobio agudo antes de atingirem as criaturas. Porém, o impacto não foi como esperado. As shuriken bateram contra a carapaça negra das criaturas com um som metálico, ricocheteando e caindo no chão sem causar nenhum dano visível.

Biskka estreitou os olhos, frustrada, mas não surpresa. — Carapaças reforçadas. Claro que não seria tão fácil. — Ela recuou alguns passos, mantendo-se fora do alcance das criaturas enquanto reconsiderava sua abordagem. Algumas das criaturas se voltaram para ela, seus olhos vermelhos brilhando como brasas, e soltaram um som baixo e ameaçador, um misto de chiado e estalo. Uma delas avançou, lenta e rasteira, movendo-se com precisão assustadora por entre as plantas. As outras pareciam hesitar, mas continuavam observando, como se estivessem esperando para ver se a intrusa representava uma ameaça real.

Considerações:

Biskka ergueu a espada que carregava presa às costas, o peso familiar trazendo um senso de segurança. A lâmina refletiu a luz do sol, brilhando intensamente enquanto ela a segurava firmemente. As criaturas a observaram, os movimentos delas se tornando mais cautelosos, como se pudessem sentir a mudança na postura da garota.

— Vamos ver se consigo alcançar algo mais vulnerável — pensou ela, avançando com ferocidade. Uma das criaturas mais próximas fez o primeiro movimento, investindo com rapidez surpreendente. Biskka girou a espada em um arco amplo, mirando na articulação que ligava uma das patas à carapaça. A lâmina encontrou resistência, mas cortou profundamente, fazendo a criatura soltar um chiado agudo e recuar, derrubando pequenas plantas em seu caminho. Animada pelo sucesso, a Genin ajustou sua postura, mantendo o equilíbrio enquanto mais duas criaturas se aproximavam.

A próxima investida veio de uma criatura que se aproximava rastejando rapidamente, sua cauda venenosa erguida como um escorpião prestes a atacar. Biskka esquivou-se de lado no último momento, girando com agilidade e desferindo um golpe horizontal na base da cauda da criatura. O golpe foi certeiro, e a cauda foi decepada, caindo no chão com um som seco. A criatura soltou um som agonizante e tentou se afastar, mas Biskka a interceptou, cravando a espada em um dos pontos mais frágeis entre as placas da carapaça.

Considerações:

O chiado da criatura diminuiu, e ela caiu imóvel. No entanto, o enxame não recuou. Mais criaturas começaram a se mover, avançando de maneira coordenada. Era claro que elas agora a viam como uma ameaça real. Biskka recuou alguns passos, ajustando sua estratégia. Apesar de sentir que estava no controle, o cansaço começava a pesar. Cada movimento exigia precisão e força, e ela sabia que não poderia se descuidar.

— Tudo bem, venham — murmurou, os olhos brilhando com determinação enquanto ajustava o aperto na espada. Ela estava pronta para enfrentar o enxame, mesmo que isso significasse lutar até suas forças se esgotarem. Ela tomou uma respiração profunda, seus sentidos aguçados e sua mente focada no próximo movimento. As criaturas avançavam como uma onda sinistra, mas para ela, cada uma parecia se mover em câmera lenta. O mundo ao seu redor desapareceu, restando apenas o brilho frio de sua espada e o som abafado de seu coração batendo forte no peito.

Ela deu um passo à frente, e sua postura era tão elegante quanto a de uma dançarina prestes a executar sua coreografia mais difícil. A espada brilhou enquanto ela a girava com precisão, o som metálico cortando o ar. Uma das criaturas avançou, sua carapaça refletindo a luz em tons escuros. Biskka se inclinou levemente para o lado, esquivando-se com fluidez do ataque venenoso de sua cauda, e em um movimento quase imperceptível, contra-atacou. A lâmina deslizou suavemente entre as articulações, um corte limpo e preciso. A criatura se contorceu e caiu, mas ela já havia se movido, rodopiando para enfrentar outra que vinha em sua direção. Seus pés deslizavam pelo chão com uma leveza impressionante, como se a gravidade não fosse capaz de prendê-la.

Considerações:

Outro golpe, desta vez em arco ascendente. A espada cortou profundamente na lateral da carapaça de uma criatura, rachando-a e revelando a carne vulnerável por baixo. O chiado agudo ecoou na clareira, mas foi rapidamente silenciado quando Biskka girou sua espada em um golpe final, cravando-a no centro do corpo da criatura. Cada movimento era deliberado, mas sem esforço aparente, como se a espada fosse uma extensão de seu corpo. Ela girava, saltava e desviava com maestria, sua respiração mantendo um ritmo constante apesar da intensidade da luta. O vento gerado pelos golpes e esquivas fazia as folhas ao redor balançarem, adicionando um toque quase artístico ao caos.

Uma criatura tentou atacá-la por trás, mas ela sentiu a vibração no ar antes mesmo de ouvir o som de suas patas. Girando sobre os calcanhares, ela desferiu um golpe circular. A lâmina encontrou o pescoço segmentado da criatura, separando sua cabeça do corpo em um movimento rápido e brutal. O enxame parecia hesitar por um instante, as criaturas observando enquanto ela permanecia imóvel, a lâmina pingando um líquido escuro que contrastava com o brilho da luz. Sua postura era firme, mas graciosa, os olhos fixos no próximo desafio. Erguendo a espada mais uma vez enquanto avançava. Como um rio que encontra seu curso, Biskka fluía entre os inimigos, cada golpe uma combinação de força bruta e delicadeza, cada movimento um reflexo da determinação que queimava em seu coração.

Considerações:

Quando o último corpo das criaturas caía inerte no chão, o silêncio momentâneo da clareira foi quebrado por um som grave e rítmico. Tremores sutis percorriam o solo, acompanhados por um ranger de terra sendo deslocada. Biskka, ainda com a espada firme nas mãos e os olhos atentos, virou-se na direção dos ruídos.

Montes começaram a surgir ao redor dela, emergindo dos buracos no chão como se a própria terra estivesse cuspindo novos inimigos. Daqueles buracos, mais criaturas começaram a sair, em maior número e com uma aparência ainda mais ameaçadora. Suas carapaças brilhavam em tons de preto e vermelho, adornadas com espinhos que pareciam ter um propósito letal. Suas mandíbulas estalavam, e um líquido esverdeado escorria delas, fumegando ao tocar o chão.

— Heh, sabia. Tem um ninnho inteiro dessas coisas por aqui — murmurou Biskka para si mesma, ajustando sua postura enquanto sorria.

Desta vez, as criaturas pareciam coordenadas, cercando-a com movimentos estratégicos, como se fossem guiadas por algum instinto coletivo ou protegendo algo muito valioso. O padrão era claro: elas não estavam apenas reagindo, estavam na defensiva. Biskka respirou fundo, tentando não deixar a sensação de estar em desvantagem dominar sua mente. Seus olhos examinaram os buracos recém-formados, buscando algo além das criaturas. Elas estão guardando algo aqui, pensou. Sua curiosidade e determinação cresceram junto com o desafio.

Considerações:

Uma das criaturas, maior que as outras, deu um passo à frente, emitindo um chiado alto que reverberou pela clareira. Parecia ser a líder ou, pelo menos, a mais agressiva do grupo. Ela avançou rapidamente, e Biskka reagiu com instinto aguçado. Desviando para o lado com um salto ágil, ela girou a espada em um golpe horizontal, mas a carapaça dura do monstro resistiu ao impacto. O choque vibrou pelo seu braço, mas ela não perdeu o equilíbrio. Movendo-se com a mesma leveza de antes, ela saltou sobre a criatura enquanto deslizava a lâmina ao longo de suas articulações, buscando o ponto fraco.

Outras avançaram logo atrás, obrigando-a a manter-se em constante movimento. Ela rodopiava, desviava de golpes venenosos e respondia com ataques precisos. Sua mente estava alerta, mas ela sabia que a quantidade crescente de adversários poderia sobrecarregá-la. O chão ao redor estava agora repleto de corpos de criaturas caídas, mas o enxame continuava a sair dos buracos. Algo muito maior estava no fundo daqueles túneis. Seus olhos brilharam com a determinação de sempre, e ela firmou o punho na empunhadura da espada. Ela teria que encarar essa nova onda com ainda mais habilidade, resistindo ao cansaço que começava a ameaçar seus movimentos. Com um grito de guerra, ela avançou novamente, o som de sua lâmina cortando o ar sendo sua resposta ao desafio.

Considerações:

A clareira mergulhou em silêncio novamente, mas era um silêncio tenso, como o momento de calma antes de uma tempestade. Biskka estava parada no centro do campo de batalha, seu corpo coberto de suor e respingos do fluido viscoso das criaturas derrotadas. Sua respiração era pesada, mas controlada. A sensação de que algo maior estava por vir era quase palpável no ar. O chão começou a tremer mais intensamente. Os buracos ao redor se expandiram, rachaduras surgiram no solo, e então, como se a própria terra rugisse em fúria, ela apareceu.

A rainha emergiu lentamente, sua presença dominando a clareira. Era o dobro do tamanho das outras, com uma carapaça negra e brilhante que refletia a luz do sol como obsidiana polida. Suas garras eram longas como lâminas de uma katana, e suas presas, curvas e serrilhadas, gotejavam um veneno que evaporava no ar, criando um cheiro ácido e metálico. Seus múltiplos olhos brilhavam com uma inteligência cruel, fixando-se em Biskka como um predador analisando sua presa. Biskka estreitou os olhos, firme, mas sentiu o impacto da visão daquela criatura. Era diferente de qualquer coisa que ela já enfrentara. Porém, ela sabia que recuar não era uma opção.

A rainha soltou um grito ensurdecedor, um som que parecia perfurar o cérebro de Biskka, ecoando na clareira. Sem aviso, ela avançou, mais ágil do que seu tamanho sugeria, suas garras riscando o chão enquanto tentava acertá-la.A garota esquivou-se por pouco, o vento cortante das garras passando ao lado de seu rosto. Seu coração disparou, mas ela usou o momento para avaliar a criatura. Seus movimentos eram brutais, mas previsíveis; seu tamanho era uma arma, mas também uma fraqueza.

Ela deslizou para o lado, rodopiando com a leveza que a caracterizava, e desferiu um golpe contra a lateral da rainha. No entanto, sua espada encontrou resistência, a carapaça era espessa demais. O impacto vibrou por sua mão, e a criatura retaliou, balançando a cauda como um chicote. O golpe acertou de raspão, arremessando Biskka para o lado. Ela caiu rolando, mas levantou-se rapidamente, o corpo queimando de dor. "Essa coisa é dura... mas ninguém é invencível," pensou ela. Seus olhos fixaram-se na criatura, estudando cada movimento.

A rainha avançou novamente, sua mandíbula aberta em um rugido bestial. Desta vez, Biskka não recuou. Ela esperou até o último momento, até sentir o calor do hálito da criatura, e então desviou para o lado com um salto preciso. Com um grito, ela cravou a espada em uma das juntas da perna, e um chiado agudo ecoou enquanto o fluido interno da criatura espirrava como um jato. A rainha cambaleou, ferida, mas furiosa. Biskka sabia que precisava acabar com aquilo rápido.

Ela saltou para trás, ganhando distância, e então concentrou toda a força restante em suas pernas. Com um impulso explosivo, ela saltou alto, subindo acima da criatura, o sol brilhando contra sua espada enquanto ela a erguia acima da cabeça. O golpe era único, preciso, um arco mortal que parecia rasgar o próprio ar. Com toda a força, ela desceu. A lâmina encontrou a carapaça da rainha com um som que reverberou pela clareira, e desta vez, ela atravessou. Do topo até a base, a espada cortou a criatura ao meio, fluido venenoso e fragmentos de carapaça espalhando-se por todos os lados.

A rainha soltou um último grito estridente antes de cair, dividida, inerte.

As criaturas menores que restavam pararam no mesmo instante. Seus movimentos, antes agressivos, tornaram-se erráticos e caóticos. Algumas hesitaram, mas então, uma a uma, começaram a recuar, fugindo de volta pelos buracos de onde tinham vindo. Sem a liderança da rainha, o enxame estava desfeito. Biskka ficou de pé, sua respiração pesada, observando enquanto o campo de batalha se esvaziava. A espada pingava o fluido verde, e ela limpou a lâmina em sua calça antes de embainhá-la novamente.

— É isso — murmurou para si mesma, com um leve sorriso de satisfação. Sua missão estava completa, ainda que seu corpo reclamasse, mesmo que ela não admitisse, afinal, não estava totalmente recuperada.

Considerações: