A noite estava tranquila e silenciosa, exceto pelo som leve da água que corria das fontes e riachos artificiais ao redor do clube de banho. A missão que me fora designada era simples: ajudar na limpeza do vestiário feminino e garantir que nenhum “espertinho” se aventurasse por ali. Não era exatamente o tipo de coisa para a qual eu imaginava que usaria minhas habilidades, mas trabalho é trabalho, e eu sempre me dedico ao máximo, seja qual for a tarefa. Assim que entrei, o vapor suave e perfumado das termas me envolveu. O vestiário feminino estava vazio àquela hora, mas, em poucas horas, algumas mulheres da vila viriam relaxar ali, depois de longos dias de trabalho. Meu trabalho era garantir que tudo estivesse em ordem.

Comecei a organizar as toalhas em uma pilha bem dobrada. As toalhas macias tinham um cheiro de lavanda que fazia com que o ar ao meu redor fosse calmante. A tarefa era até agradável, o tipo de coisa que me deixava no ritmo. O silêncio me permitia pensar, e, enquanto eu dobrava as toalhas, me permiti vagar um pouco em pensamentos. Ser uma ninja é mais que apenas lutas e missões emocionantes, às vezes, tem a ver com cuidar da vila de maneiras inesperadas. Terminei de alinhar as toalhas em uma prateleira e segui para o próximo item da lista: organizar os chinelos. Achei alguns jogados de qualquer jeito no chão e outros em tamanhos misturados. Enquanto eu os organizava por numeração e enfileirava cada par, comecei a ouvir passos na área externa do vestiário. Prendi a respiração por um segundo, os olhos voltados para a entrada.

Esperei um pouco, atenta, até que o som sumiu. Respirei fundo e voltei à tarefa, mas mantive meus sentidos aguçados. Alguns homens adoram bancar os desavisados, especialmente em noites como essa, quando o movimento é mais baixo e o clube de banho fica mais tranquilo. Decidi ficar mais próxima da entrada, terminando de organizar os chinelos e colocando os pares devidamente em seus lugares. Conforme o tempo passava, eu sentia uma certa paz naquelas pequenas ações. Tudo estava quieto, mas eu sabia que precisava continuar alerta. Foi então que um som leve, um tanto arrastado, veio do corredor. Me aproximei da entrada, tomando cuidado para que meus passos não fossem ouvidos, e espiei para fora. Um homem, de cabelos desgrenhados e expressão dissimulada, olhava para os lados. Ele estava um pouco bêbado, e seus passos hesitantes se moviam em direção à entrada do vestiário feminino. Antes que ele pudesse dar mais um passo sequer, me adiantei.

— O vestiário masculino é para o outro lado. — Falei, minha voz firme, mas tranquila. Ele deu um passo atrás, surpreso. Parecia que tinha sido pego de surpresa pela minha presença.

— Eu… só estava procurando o vestiário masculino. — Disse ele, com um sorriso torto e uma desculpa que não soou nem um pouco convincente.

Mantive minha postura e olhei para ele sem desviar o olhar. Não precisei dizer mais nada. Ele se virou, meio sem jeito, e caminhou para a direção correta, resmungando baixinho. Esperei até que ele estivesse completamente fora de vista e respirei fundo, aliviada por ter resolvido a situação sem nenhum problema. Passei a última meia hora garantindo que tudo estivesse organizado e em ordem. Terminei de limpar o chão, arrumei os últimos detalhes e me certifiquei de que cada coisa estava em seu devido lugar. Quando minha missão terminou, saí do clube de banho com a satisfação de dever cumprido, mesmo que fosse uma tarefa simples. Afinal, toda missão, seja de combate ou de cuidados, era importante para o bem-estar de nossa vila.

Considerações Finais: