Eu já havia decidido há algum tempo: era hora de deixar a casa de Raika e seguir meu próprio caminho. A necessidade de independência pulsava dentro de mim, e eu sabia que não demoraria para encontrar um lugar com aluguel baixo onde pudesse me estabelecer. No entanto, enfrentar essa nova fase sozinha parecia uma tarefa complicada, especialmente sem o devido preparo financeiro. Por isso, me dediquei a buscar qualquer missão que aparecesse – não importava o quão simples ou desafiadora fosse – com o único objetivo de juntar algum dinheiro e me preparar para essa transição.

À noite, eu me engajava em missões de nível D. Apesar de serem tarefas básicas, elas me distraíam, ocupavam minha mente, e, além de tudo, tinham um motivo específico: esse era o horário em que Raika costumava estar em casa. A distância entre nós era dolorosa, e eu fazia o possível para evitá-la, não queria me magoar ainda mais ao cruzar com ela.

Em uma dessas noites, caminhei apressada pelas ruas de Konoha, pegando a lista de missões que completaria nos próximos dias. A primeira tarefa parecia simples: entregar cartas nas vizinhanças. O silêncio da noite era perfeito para isso; com as ruas vazias e tranquilas, eu poderia caminhar e aproveitar o tempo para refletir. Com uma bolsa cheia de correspondências a tiracolo, comecei minha jornada, entregando cada carta de acordo com a numeração das casas.

Alguns minutos se passaram, e já havia percorrido dezenas de residências, pulando aquelas sem correspondências. A cada entrega, minha mente vagava sobre as possibilidades de cada envelope. Algumas cartas vinham de vilarejos vizinhos, outras tinham corações desenhados, sinais de mensagens de amor, enquanto outras estavam amassadas, com marcas que pareciam ser de lágrimas secas, como se tivessem carregado tristezas e desabafos. Embora não pudesse ler o conteúdo de nenhuma delas, o peso daquela responsabilidade me acompanhava; eu era a mensageira que talvez pudesse aproximar duas pessoas ou, quem sabe, entregar notícias que mudariam um destino.

Após algumas horas, finalmente alcancei a última casa da lista. Coloquei a carta cuidadosamente na caixa de correspondência, observando a bolsa agora vazia. O cansaço tomava conta de mim, mas o sentimento de missão cumprida me fortalecia. Caminhei de volta ao quartel-general para devolver a bolsa, que logo seria reabastecida pelo setor de correios.

Ao sair do quartel, senti a brisa fria da noite enquanto caminhava para casa. Tudo o que eu queria, naquela semana de desafios, era o pagamento por esse pequeno trabalho. Torcia para que, ao abrir a porta, encontrasse um ambiente calmo e sem o peso de tensões não resolvidas. Por fim, se tivesse oportunidade, apenas descansaria.

Considerações Finais: