Poderia dizer que é mais um dia tranquilo pelas ruas frias de Shimogakure. Tranquilo até eu receber minha primeira missão, cujo qual o informe fez meu coração acelerar e minha ansiedade disparar, mas tentei manter o controle. A missão em si é bastante importante. Quer dizer, super importante para o dono de um certo gatinho. Puff, ou algo assim, é o nome dele, um gatinho laranja de olhos verdes. E o Puff despareceu. Como? Ninguém sabe. O que eu sei é que essa missão não vai ser moleza... afinal, gatos são mestres da camuflagem! E da teimosia, diga-se de passagem. Preparada e com a crença de que não esqueci nada, partiria. Primeira parada: A casa do dono do Puff. Um senhorzinho simpático, mas com cara de quem já tinha desistido da vida... pelo menos quando se tratava do Puff. — Ele gosta de sair pra explorar e se mete em todo tipo de encrenca. — Ele disse com um suspiro, coçando a cabeça grisalha. — Se puder encontrá-lo, Himiko, eu seria muito grato! — Ele prosseguiu, e eu balancei a cabeça positivamente.

Saí de lá com determinação, pronta pra seguir o cheiro do... bem, do gato. Não que isso fosse fácil. A vila inteira cheira a geada e flores, então um gato em meio a tudo isso? Hummm… complicado. Próxima parada: A loja de peixes. Sim, porque se eu fosse um gato, onde eu estaria? Exatamente! Do lado do sushi! Cheguei lá e, para minha surpresa, um enorme gato laranja estava deitado sobre uma pilha de peixes frescos. — Ei! Você é o Puff? — Indaguei, apontando para o felino. Só que o gato laranja me olhou com total desinteresse, bocejou e... virou de costas. Ok, ok, não é o Puff. Eu posso jurar que todos os gatos são iguais, mas parece que não. O vendedor deu um risinho enquanto espantou o bichano gordo dali. Suspirando de forma cômica, seguiria em busca do gato.

Depois de algumas horas perambulando pelas ruas e becos, decidi que preciso de um novo plano. Foi aí que tive uma ideia brilhante. Claro! O alto! Subir num prédio alto para ter uma visão aérea. De cima, a vila parecia uma colcha de retalhos de telhados, ruas e... Epa! Um rabinho balançando ali no canto de um beco? Isso com certeza não é um pedaço de pano ao vento. Desci de lá rápida como o vento e, ao me aproximar, vi o Puff, finalmente, lá no alto de um telhado. Ele me olhou com aqueles olhos verdes preguiçosos, como se dissesse: "Sério mesmo que você veio me procurar?" — Eiii, vamos pra casa! — Falei, com a mão estendida como quem convoca um aliado. Só que o Puff... bom, o Puff decidiu que está na hora de me fazer de boba. Em vez de vir ao meu encontro, ele saltou pro telhado vizinho com a leveza de uma pluma. Ótimo. Agora é uma perseguição.

Subi no telhado e comecei a correr atrás do Puff, pulando de casa em casa, com o vento bagunçando meus cabelos. Depois de uns minutos de "pega-pega" digno de uma cena de comédia, o Puff se escondeu em uma caixa. Ah, claro, a clássica caixa. Gatos e caixas, a combinação perfeita. Com um suspiro de alívio, aproximei-me da caixa devagar, segurando um pedacinho de peixe seco que peguei no caminho. — Aqui, Puff. Vem cá, amiguinho, hora de voltar pra casa... — Emiti. O Puff espiou de dentro da caixa, com a expressão típica de "tô pensando no caso". Depois de alguns segundos ele finalmente saiu, balançando o rabo como se tivesse ganhado alguma batalha contra mim. Coloquei-o nos braços e senti a satisfação de missão cumprida.

Voltando para o dono do Puff, o senhor me recebeu com um sorriso tão largo que eu quase podia ver os dentes faltando. — Ah, Puff! Seu malandro! Muito obrigado, Himiko! — Ele agradeceu, acenando para mim e carregando o gato para dentro de casa. E com isso, missão cumprida. O Puff está seguro, e eu? Bom, eu provavelmente vou sonhar com gatos por uma semana.

A missão de hoje é simples: limpar o parque da vila. Parece tranquilo, né? Só que, como sempre, as coisas podem nem sempre sair como esperado. Logo que cheguei, percebi que a situação é... Hum... pior do que eu imaginava. Latas amassadas, papéis voando com o vento, e até um sapato (Sério, como alguém perde um sapato no meio do parque?). Enfim, respirei fundo e comecei. Com uma sacola em uma mão e uma vassoura na outra, comecei a varrer as folhas secas. Eu me senti meio boba varrendo em plena Shimogakure, mas ei, ser ninja é mais do que lutas épicas e jutsus poderosos, né? Às vezes, envolve uma vassoura e... um chiclete grudado no chão. Aff. E... enquanto puxava o chiclete, percebi que o vento está contra mim. Literalmente. Porque, a cada papel que eu junto, o vento faz o favor de jogá-lo de volta.

— Isso tá começando a virar um teste de paciência. — Murmurei, enquanto o vento soprou um pacote de biscoitos na minha cara. Bom... Com o tempo, as coisas começaram a entrar nos eixos (ou eu só me acostumei com a bagunça). Varri o canto perto dos balanços, coletei os restos de lanches (que provavelmente foram alvos dos pássaros) e até encontrei... Um brinquedo velho de borracha que, pela aparência, talvez tenha sido um cachorro que jogou ali, e assim por diante. Depois de mais algumas horas de batalha contra o vento e o lixo teimoso, o parque finalmente ficou limpo. Eu dei uma olhada ao redor, satisfeita. Missão cumprida! Mas, é claro, justo quando me virei para ir embora, o vento decidiu fazer mais um último sopro e jogar algumas folhas secas no banco recém-limpo.

— Sério, vento? — Emitiria, suspirando. Bem, dessa vez, eu deixei passar. Afinal, não dá pra vencer todas, né?