Na vastidão das montanhas de Iwagakure, um silêncio absoluto reinava, quebrado apenas pelo farfalhar do vento entre as pedras e o som distante de pequenas pedras deslizando pelas encostas. Era ali, longe de olhares e distrações, que Biskka havia decidido iniciar seu treinamento, um teste de resistência e controle que iria além de qualquer outro que já fizera. Sabia que abrir os Portões Internos demandava mais do que força bruta — era preciso controlar o fluxo de chakra com precisão cirúrgica. O objetivo era simples, mas ambicioso: refinar o controle de chakra em cada músculo, cada fibra do corpo, para que, um dia, estivesse pronta para liberar os Portões de forma consciente e segura. Acomodou-se em uma área relativamente plana, onde pedras naturais formavam um pequeno círculo em volta dela. Seu olhar fixava-se na paisagem rochosa à sua frente, uma visão que parecia ecoar a própria determinação de pedra que trazia no peito. Respirou fundo, acalmando a mente, e começou o treinamento com uma prática de concentração intensa. Sentou-se no chão, cruzou as pernas e fechou os olhos, deixando o mundo exterior desaparecer pouco a pouco. Sabia que precisaria sentir o chakra fluindo dentro de seu corpo como nunca antes.

Inspirou lentamente, e ao expirar, sentiu o chakra começando a se mover de forma controlada pelos meridianos do corpo, fluindo com suavidade. Concentrada, ela guiava o chakra até os pés, os tornozelos, subindo gradativamente pelas pernas até a cintura. A sensação era como uma corrente quente e constante, que se intensificava e diminuía conforme ela ajustava o fluxo. A respiração era o compasso de seu controle, mantendo o ritmo constante e preciso. No entanto, essa era apenas a introdução. Com o chakra estabilizado, Biskka começou a testar sua capacidade de ajuste dinâmico. Concentrou-se nos braços, deixando o chakra se acumular lentamente nos músculos dos antebraços e das mãos, aumentando sua intensidade de forma controlada. Ela sentia a pressão crescendo e a energia aumentando o peso de seus punhos, como se preparasse cada músculo para um impacto violento. Mantendo os olhos fechados, executava pequenos movimentos com as mãos, flexionando os dedos e socando o ar para perceber como o chakra reagia ao movimento. Com cada soco no ar, sentia a intensidade do chakra vibrar nos músculos, e então o liberava lentamente, reduzindo a pressão até estabilizar o fluxo. Repetiu o processo inúmeras vezes, sempre aumentando e diminuindo o chakra de forma suave, treinando o corpo para suportar as intensas mudanças de fluxo de energia que seriam necessárias ao abrir os Portões.

Considerações:

Em certo momento, decidiu aumentar o nível de desafio. Com uma inspiração profunda, canalizou o chakra para ambas as pernas, levantando-se lentamente enquanto sentia a energia pressionar os músculos, como se os preparasse para uma explosão. A cada passo controlado que dava, sentia o peso e a tensão aumentarem, desafiando seu equilíbrio e controle. Biskka forçou-se a manter o ritmo, o fluxo do chakra comprimido apenas o suficiente para não exceder os limites, enquanto caminhava por entre as pedras com movimentos lentos e pesados, moldando o chakra nos músculos das coxas e panturrilhas.

Após alguns minutos de avanço cauteloso, parou diante de uma pilha de rochas que havia arranjado para o treinamento. Com um movimento calculado, posicionou-se diante da maior delas, encheu os pulmões de ar e canalizou o chakra para os punhos, fortalecendo-os. Em um movimento rápido, disparou um soco direto, liberando uma quantidade moderada de chakra no impacto. O golpe fez a rocha tremer, rachaduras se espalhando pela superfície enquanto pequenas lascas se soltavam e se espalhavam pelo ar, mas ela não perdeu o foco — o verdadeiro treino estava em manter o controle enquanto golpeava. Cada soco que desferia na rocha carregava uma intensidade medida. A energia fluía para os punhos com precisão, sem exceder a quantidade ideal para manter o controle. A cada golpe, a pressão do chakra em seus músculos crescia e se dissipava, testando sua capacidade de ajuste constante. Os punhos começavam a arder com a repetição dos impactos, a pele dos nós dos dedos ficando vermelha, mas Biskka mantinha o foco, sabendo que esse controle seria a base para resistir ao estresse que o Hachimon Tonko colocaria em seu corpo.

Considerações:

À medida que o treinamento avançava, Biskka percebeu que o esforço exigido ultrapassava qualquer coisa que ela já tivesse experimentado. O treino de controle de fluxo de chakra exigia não só força, mas uma precisão que beirava o impossível. O ar rarefeito das montanhas dificultava cada respiração, e o solo acidentado tornava cada movimento mais desafiador. Era um ambiente hostil, mas era justamente isso que ela precisava. Determinada a levar seu corpo e mente ao limite, decidiu ficar reclusa nas montanhas, isolada dos confortos e distrações da vila. Em uma pequena caverna que ela encontrou após algumas horas de busca, preparou um abrigo improvisado. Colocou algumas mantas no chão de pedra fria, armazenou água que coletara das pequenas quedas nas redondezas e deixou uma pilha de frutas secas e nozes ao seu alcance, preparando-se para dias de reclusão. Ela não pretendia voltar para Iwagakure até sentir que seu controle de chakra havia alcançado o nível necessário.

Naquela primeira noite sozinha, o vento cortante entrava pela entrada da caverna, assobiando pelas frestas e fazendo com que as sombras dançassem à luz da fogueira. Biskka sentia o peso da decisão que tomara — ficar afastada significava se confrontar com o próprio cansaço e dor, sem a chance de voltar atrás facilmente. Mas isso só intensificava sua vontade. Aquela determinação fria e resoluta era o que a mantinha de pé, e ao pensar em sua meta final, ela soube que dias de sacrifício seriam apenas o começo. Ao amanhecer, ela retomou o treinamento. Movendo-se pelos terrenos irregulares, a Lee executava uma sequência de movimentos de Taijutsu enquanto mantinha o fluxo de chakra controlado nos músculos. Cada golpe exigia precisão; se ela errasse a dosagem, sua energia dissipava-se em vez de reforçar a força dos punhos ou pernas. A cada novo soco que ela desferia contra as rochas, o som do impacto ecoava pelas montanhas. O contato fazia suas mãos formigarem, e ela sentia a resistência de cada rocha ceder um pouco mais a cada golpe bem calculado. Uma leve camada de poeira cobria seus dedos e antebraços, resultado das pequenas rachaduras que ela provocava na superfície das pedras.

Considerações:

Sentada em silêncio absoluto, a Genin respirava profundamente, sentindo o ar gélido das montanhas penetrar seus pulmões e se misturar com o calor do chakra que circulava por seu corpo. Após dias de isolamento e exaustão, a meditação parecia ser o único momento de descanso real. Sua postura era firme, imóvel, e sua mente tentava manter-se calma, controlando cada pensamento e sensação que surgia. A cada respiração, ela focava-se mais e mais na energia que percorria seu corpo, tentando sentir cada fluxo, cada mínima ondulação de chakra.

As horas passaram, mas para ela, o tempo se tornara irrelevante. A natureza ao seu redor parecia desvanecer-se, como se o vento e o frio fossem apenas parte de um sonho distante. E então, após o que pareceu uma eternidade, ela sentiu. Foi sutil no início — uma pequena corrente que serpenteava por suas veias, conectando cada músculo e tendão, como uma trilha de energia contínua que finalmente começava a fluir sem interrupções. Ela conseguia senti-la claramente agora, como uma corrente de vida que pulsava dentro dela, carregando sua determinação e vontade. Mantendo o foco, Biskka concentrou-se em canalizar o chakra para um ponto específico, sentindo o calor aumentar nas camadas mais profundas de seus músculos. A intensidade subia, como uma chama prestes a romper. Ela respirou fundo e, num último esforço, forçou-se a liberar essa energia, buscando alcançar o limite que havia perseguido até ali.

De repente, uma explosão de força percorreu seu corpo. Uma energia incontrolável pareceu expandir-se de dentro dela, preenchendo cada fibra com um poder bruto e intenso. Seus músculos se contraíram, e seus sentidos pareceram aguçar-se instantaneamente. Ela soube, naquele instante, que havia rompido a barreira — o Primeiro Portão. O mundo ao seu redor adquiriu uma nitidez quase dolorosa; o som do vento soava mais alto, o pulsar de seu coração ecoava como tambores no peito, e sua pele sentia o ar gélido com uma intensidade quase feroz. Porém, o momento era breve. Manter aquele portão aberto exigia mais do que seu corpo podia suportar ainda. Poucos segundos depois, a energia começou a esvair-se, e o Primeiro Portão fechou-se, deixando-a exausta e ofegante. Ela se apoiou no chão com as mãos, ainda sentindo a reverberação daquele poder dentro de si, como uma promessa do que poderia alcançar. — É isso — disse para si mesma com um sorriso, como quem soubesse exatamente o que precisava fazer agora.

Considerações:

Após dias de um treinamento rigoroso e imersivo, a Genin finalmente sentia-se à beira de um avanço. As feridas em seus braços e pernas eram um testemunho das duras tentativas de abrir o Primeiro Portão, e embora seu corpo estivesse exausto, seu espírito continuava forte. Naquela manhã, o sol nascente iluminava as montanhas de Iwagakure, banhando-a em uma luz quente e dourada enquanto ela se posicionava novamente para tentar abrir o portão, dessa vez determinada a manter o controle. Com os olhos fechados, Biskka inspirou profundamente, canalizando seu chakra para o centro de seu corpo. O fluxo era firme e intenso, e ao trazê-lo para os pontos certos, sentia os canais de energia responderem com uma clareza que antes lhe escapava. Finalmente, em uma concentração absoluta, o Primeiro Portão se abriu. Desta vez, porém, o peso da energia não a sobrecarregou; em vez disso, foi como se seu corpo estivesse finalmente preparado para suportá-lo, acolhendo o fluxo com uma força contida, mas fluida.

A energia percorreu seu corpo, espalhando-se por cada músculo e fibra. Com o portão aberto, sentiu-se revigorada, como se a própria gravidade ao seu redor tivesse mudado. Movendo-se com um impulso controlado, ela deu um passo à frente e, com precisão, lançou um soco no ar. O impacto do movimento fez o vento ao redor cortar com uma força quase palpável. Agora, seus golpes eram mais rápidos e fortes, sua movimentação mais leve e ágil. Decidindo testar o domínio recém-adquirido, Biskka fixou o olhar em uma série de rochas à sua frente. Em um movimento fluido, ela correu em direção ao primeiro alvo. Cada passo agora parecia levar o dobro da distância e o dobro da potência. Com um giro preciso, seu pé colidiu com a rocha, desintegrando parte da superfície e rachando o restante. Ela se virou rapidamente para a próxima rocha, movendo-se com a velocidade e força de uma tempestade.

A sequência continuou enquanto se movia entre as rochas com precisão brutal, cada golpe ressoando como um trovão pelas montanhas. Sentia o próprio corpo respondendo a comandos antes mesmo de pensar, seus reflexos e força alinhados em uma harmonia rara. Com o Primeiro Portão aberto, seu taijutsu estava mais afiado do que nunca; cada movimento era um misto de velocidade e poder, e ela sentia como se estivesse experimentando uma nova extensão de si mesma. Finalmente, ao atingir a última rocha, ela se preparou para um soco final, concentrando todo o fluxo de chakra acumulado em seu punho. Com um grito determinado, ela o lançou contra a rocha, que explodiu em fragmentos, espalhando uma nuvem de poeira ao seu redor. Respirando com intensidade, permitiu que o portão se fechasse enquanto a adrenalina ainda pulsava em suas veias.

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