O céu começava a clarear quando Biskka entrou no pátio externo do Centro de Treinamento Shinobi em Iwagakure. As nuvens baixas e pesadas ainda dominavam o horizonte, conferindo uma penumbra áspera ao local. No ar, pairava um silêncio reverente, apenas cortado pelo som das folhas que o vento arrancava de algumas árvores solitárias que se erguiam nas bordas do pátio. Pelo chão, estavam espalhados sacos de areia desgastados, evidências de incontáveis sessões de treino. Havia também rochas de tamanhos variados, algumas pontiagudas, como se tivessem sido esculpidas por uma força brutal. Ela apertou os punhos, sentindo os nós dos dedos estalarem sob as bandagens firmes, e caminhou até o primeiro saco de areia, mais pesado e endurecido pelos impactos sucessivos de outros treinamentos. Com um movimento fluido, ela deu o primeiro golpe. O punho atravessou o saco com um som seco, um impacto tão forte que quase abriu uma fissura na areia compactada dentro do objeto. Sentindo a adrenalina subir, ela ajustou a postura e desferiu uma sequência de socos ainda mais velozes, cada um com uma força devastadora que reverberava até seus ombros. A cada golpe, o saco oscilava, como se um oponente invisível estivesse sofrendo a fúria de seu treinamento. Seus punhos pareciam cravar-se no material, e o som abafado dos impactos começou a ecoar pelo pátio vazio.

– Heh, vamos começar levinho. – murmurou, com um sorriso feroz, como se estivesse provocando o próprio saco de areia.

Sentindo o corpo começar a aquecer e os músculos reagirem ao ritmo intenso, ela intensificou os golpes. Agora, combinava socos diretos com ganchos potentes, cada golpe projetando o peso de seu corpo contra o alvo. Quando um dos socos atingiu o centro do saco com força descomunal, uma nuvem de areia explodiu de uma costura rompida, mas apenas recuou um passo, já mirando um bloco de pedra que se encontrava ao lado, esperando pelo próximo golpe. Ela se moveu até a rocha, os pés descalços quase deslizando pelo chão áspero do pátio. Em um movimento rápido, baixou o centro de gravidade e impulsionou o punho direito para frente, como uma lança. O impacto do golpe ecoou, fazendo a rocha estremecer. Sem esperar, girou o corpo, lançando o cotovelo esquerdo em um golpe descendente que rachou a superfície da pedra com um som de estalo alto. As mãos de Biskka ardiam, mas a dor era um velho conhecido, um sinal de que seu treinamento estava apenas começando. Em meio ao treino intenso, seu ritmo se tornou uma dança de pura violência. A lutadora misturava socos retos com golpes de gancho, finalizando com cotoveladas pesadas que faziam as rochas e sacos de areia cederem. Alguns pedaços de pedra rolavam pelo chão com seus ataques, e a intensidade de seu treino elevava a poeira ao seu redor. Inspirando profundamente, ela soltou o ar em um grito feroz a cada soco, como se liberasse o que restava de qualquer fraqueza.

Ela parou brevemente, o peito subindo e descendo com a respiração pesada. Olhou ao redor, avistando outro saco de areia ainda intacto e caminhou até ele com um olhar determinado. Desta vez, queria testar o limite do seu corpo. Ela baixou os ombros, plantou firmemente os pés no chão e, em uma sucessão explosiva, atacou com uma combinação de socos pesados. Punhos firmes, rápidos e brutais que desferiam ondas de impacto por todo o saco. A areia começou a escapar das fendas que seus golpes haviam aberto, mas Biskka não parou. Em vez disso, aumentou o ritmo, cada soco cravando-se ainda mais fundo, até que o saco finalmente cedeu. A areia derramou-se em uma cascata silenciosa, criando um pequeno monte a seus pés.

– *Tsc!* – resmungou e deu as costas após encarar o saco de areia destruído.

Sentindo que ainda tinha mais a dar, ela se virou para o maior bloco de rocha do pátio. Esse, feito para simular a resistência de um oponente mais forte, desafiava-a com sua rigidez e peso. Respirou fundo, visualizando o golpe perfeito. Reuniu toda a energia em seu punho, sentindo o chakra canalizar-se por cada músculo de seu braço, e em um impulso rápido, lançou o punho contra a rocha. A pedra rachou de imediato, uma linha de rachaduras correndo por sua superfície enquanto fragmentos se soltavam com o impacto. Ela deu alguns passos para trás, ofegante e com os punhos em brasa. Seus dedos tremiam levemente, mas ainda não estava satisfeita. Com o suor escorrendo pelo rosto e o corpo pulsando com a intensidade do treino, Biskka observou os destroços ao seu redor, satisfeita com os resultados. As pedras rachadas, os sacos de areia dilacerados, e a poeira suspensa no ar eram evidências do progresso que ela tanto buscava. Seu olhar estava focado, com uma determinação impiedosa que poucos conseguiriam sustentar. Ela sempre havia sido vista como a garota que não se encaixava na arte do Ninjutsu, mas no Taijutsu, sua força bruta e precisão eram inigualáveis.

Virando-se para um novo saco de areia intacto, a jovem se ajeitou a postura e preparou-se para um novo tipo de ataque. Desta vez, decidiu focar em sequências de socos combinados com chutes baixos. Ela impulsionou-se para frente, dando um soco de direita que afundou profundamente no centro do saco, seguido por um chute lateral que fez a areia compactada estremecer. Cada golpe reverberava por seu corpo como uma onda de energia pura. Ela estava consciente de cada músculo, cada fibra sendo esticada ao limite, cada movimento uma declaração de sua força. Ajoelhou-se momentaneamente, concentrando-se para canalizar o chakra para os punhos e panturrilhas, aumentando ainda mais o impacto de seus próximos golpes. Quando se ergueu, seus olhos brilhavam com a mesma intensidade do primeiro soco que havia dado naquela manhã. Sem hesitar, lançou um combo feroz contra a rocha à sua frente, cada golpe acompanhado por um grito de guerra que ecoava pelo pátio. As pedras cederam, e, por um breve momento, ela sentiu-se como uma tempestade avassaladora, destruindo tudo em seu caminho. O seu corpo ainda estava longe de chegar ao seu limite, mas havia outros afazeres no dia, assim sendo, parou, colocando as mãos nos joelhos e respirando profundamente, acalmando-se aos poucos. A respiração, antes pesada, começou a suavizar, e um leve sorriso ergueu-se em seu rosto.

Considerações: