O silêncio das montanhas ao redor de Iwagakure era quebrado apenas pelo vento cortante que passava pelas rochas. Biskka, sentada à beira de um penhasco, olhava para o horizonte, mas sua mente estava longe, revivendo o confronto que quase lhe tirara a vida. A figura de Ryuk e a figura do outro homem montado no dragão, assombrava seus pensamentos. Aquele poder, aquela majestade. Desde o ataque, uma ideia crescia dentro dela, impossível de ignorar.

— Se eles podem montar em um Dragão, eu também posso. — pensava ela quase como uma criança birrenta.

O pensamento a atormentava dia e noite. Sabia que a força dos dragões era lendária, criaturas que diziam habitar o País da Terra desde tempos imemoriais. Mas ninguém jamais os tinha visto de fato. Eram lendas? Mitos criados para assustar crianças? Não importava. Biskka estava decidida.

Com o corpo frágil e as cicatrizes recentes de sua batalha, Biskka se levantou. Seu corpo ainda sentia o peso da recuperação, mas sua mente estava afiada. Lembrava-se de rumores antigos, contos de shinobi que falavam sobre dragões escondidos nas profundezas das montanhas. Poucos se atreveram a buscá-los, e menos ainda retornaram. Mas o destino daqueles que fracassaram não a desanimava. Pelo contrário, a impulsionava. No dia seguinte, sem avisar ninguém em Iwagakure, ela se equipou para a jornada. Levava consigo apenas o essencial: água, mantimentos, algumas ferramentas básicas e suas armas shinobi. Estava disposta a enfrentar o que fosse necessário para firmar um pacto com essas criaturas míticas. Se alguém podia encontrar os dragões, seria ela. Enquanto descia em direção ao vale, um sentimento de excitação tomou conta dela. “Se eles podem, eu também posso.” A frase ecoava em sua mente enquanto desaparecia na névoa das montanhas, o começo de uma nova e perigosa jornada.

Considerações:

A névoa densa envolvia Biskka enquanto ela subia pelas trilhas traiçoeiras das montanhas do País da Terra. A temperatura caía a cada passo, e o ar rarefeito dificultava a respiração. O silêncio ali era absoluto, como se até os animais tivessem abandonado aquele lugar. Suas botas afundavam na lama e pedras soltas escorriam pela encosta a cada movimento. Nada parecia acolhedor nas alturas, mas, para ela, o desconforto era irrelevante diante do que procurava. O tempo parecia não passar. Dias transformavam-se em noites frias e solitárias, onde o único calor vinha das pequenas fogueiras que ela montava com dificuldade. Seus braços ainda estavam longe de uma recuperação completa, mas ela não demonstrava fraqueza.

Ao longo da jornada, ela começou a perceber os sinais da presença de algo... diferente. Pegadas enormes, marcas de garras gravadas nas rochas, e às vezes, ao longe, o rugido abafado de uma criatura imensa. O coração dela batia mais rápido a cada descoberta, mas os perigos eram igualmente grandes. Tempestades repentinas castigavam a montanha, e em alguns momentos, a única opção era se abrigar em cavernas escuras e úmidas, onde o vento zunia como gritos fantasmagóricos. Uma dessas cavernas parecia maior e mais profunda do que o normal. Ao explorá-la, uma sensação estranha tomou conta de Biskka. O chão de pedra estava frio, mas algo nele parecia pulsar com uma energia antiga, como se estivesse se aproximando de algo além de sua compreensão. A caverna era vasta, e à medida que ela avançava, o eco de seus passos era engolido pela escuridão. De repente, o som de asas batendo no ar preencheu o silêncio. O vento dentro da caverna mudou de direção, levantando poeira e forçando-a a erguer o braço em reflexo, protegendo o rosto. Um frio súbito correu pela espinha dela. Algo estava ali. Ela sentiu o peso de um olhar sobre ela, um olhar que a fazia parecer pequena, insignificante diante do que a observava.

Seu coração acelerou, mas a voz em sua mente a mantinha firme. "Os dragões são reais."

Com passos lentos, ela avançou até o centro da caverna, onde as sombras pareciam dançar com uma vida própria. Os sons de asas pararam. Tudo ficou em um silêncio mortal. De repente, uma enorme sombra moveu-se nas profundezas da caverna, e Biskka viu, pela primeira vez, o brilho de olhos dourados a observando. Eram enormes, antigos e cheios de sabedoria e poder. As histórias eram verdadeiras — os dragões estavam ali. O ar parecia mais pesado, denso com o poder latente daquele ser. A kunoichi sabia que esse momento poderia mudar seu destino para sempre. Mas o pacto que ela buscava não seria simples. Se fosse ganhar o respeito e o poder dos dragões, teria que provar ser digna de compartilhar seu sangue com eles. Com a mão trêmula, ela se preparou. O primeiro passo estava feito. Agora, tudo dependia do que aconteceria a seguir.

Considerações:

O ar rarefeito e cortante das montanhas ecoava com um som profundo e rítmico, como um coração batendo nas profundezas da terra. Biskka estava no alto de um dos picos, onde o céu era vasto e os ventos pareciam sussurrar segredos antigos. A paisagem ao redor era sublime e intimidante: montanhas tão altas que pareciam tocar as nuvens, com penhascos íngremes e vales escarpados que se estendiam como o dorso de uma fera adormecida. Ali, qualquer um poderia se sentir pequeno. Enquanto avançava, uma sombra imensa atravessou o céu acima dela, passando tão rápido que o vento do bater das asas quase a derrubou. Ela ergueu os olhos, tentando acompanhar o contorno da criatura. Ali estava ele. Suas escamas eram de um negro profundo, cintilantes sob a luz que passava por entre as nuvens. As asas eram enormes e longas, como o véu de um manto escuro que cobria o céu, e ele voava com uma elegância assustadora, como se o ar o reconhecesse e se movesse a seu favor.

A jovem se aproximou de uma clareira ampla no topo de um platô rochoso, onde as rochas formavam um círculo natural, quase como uma arena esculpida pelo próprio tempo. Ela mal havia se posicionado quando sentiu um calor crescente à sua volta. Em segundos, um dragão imenso pousou na sua frente, dobrando as asas em um movimento tão preciso quanto majestoso. O dragão era colossal. Sua cabeça, coberta por escamas grossas e escuras como carvão, exibia chifres que se curvavam para trás, e seus olhos eram como duas brasas douradas e brilhantes, observando-a com uma inteligência afiada e uma curiosidade predatória. Sua pele parecia ter o peso de eras, cada marca e fissura testemunha de batalhas e do tempo que ele havia vivido. Ele abriu a boca em um sorriso que revelava dentes afiados como lâminas.

Quando ele falou, sua voz ecoou como um trovão suave:

— Uma humana ousa se aventurar em nosso covil?

Ela endireitou-se, suprimindo o tremor que sentia ao encarar a criatura. Havia esperado aquele momento com toda a sua alma, e sua voz soou firme ao responder:

— Eu sou Biskka de Iwagakure, e venho com uma proposta. —

A cabeça do dragão inclinou-se levemente para o lado, como se analisasse cada palavra. Ele não interrompeu, mas ela sentiu o peso do olhar dourado o tempo todo.

— Quero firmar um Pacto de Sangue — ela disse, encarando o dragão com determinação. — Quero unir meu poder ao dos dragões e lutar ao lado de vocês. Em troca, ofereço minha força, minha lealdade e... minha vida, se necessário. —

O dragão a observou em silêncio por um momento, e então um som grave emergiu de seu peito, que sacudiu o ar ao redor como o eco de um trovão abafado. Ele estava rindo. Aquele riso poderoso reverberava nas rochas ao redor.

— Um pacto? — ele finalmente respondeu, seu tom carregado de desdém e humor. — Acha que algumas palavras e uma promessa são suficientes para que confiemos em você, humana? —

Biskka sustentou o olhar, sem desviar, mas sentia o peso da presença dele esmagando sua determinação.

— A confiança dos dragões não é conquistada com bravatas e nem com propostas vazias. Você está diante de seres que viveram muito além de gerações humanas, seres cuja lealdade é raramente oferecida. — O dragão avançou um pouco, inclinando a cabeça para mais perto dela. — Mostre que é digna de algo assim, Biskka de Iwagakure. Até lá, suas palavras não passam de ecos vazios nas montanhas. — O dragão afastou-se, endireitando o imenso corpo, e, com um último olhar afiado, ele bateu as asas e alçou voo, deixando-a sozinha na clareira. O vento que ele levantou sacudiu os cabelos dela, e a poeira preenchia o ar enquanto ela sentia seu orgulho sendo testado.

Considerações:

O rugido das chamas encheu o ar quando Biskka executou os selos com velocidade e lançou um intenso redemoinho de fogo na direção do dragão. As chamas do Katon: Kaen Senpū giraram em uma espiral brilhante e incandescente, atingindo o imenso corpo da criatura. O dragão soltou um rugido gutural, mais de surpresa do que de dor, e virou-se para ela, os olhos dourados brilhando com uma fúria crescente.

— Atrevida! — ele rugiu, suas asas se abrindo para criar uma sombra ameaçadora sobre a kunoichi.

Biskka mal teve tempo de recuar quando a cauda musculosa do dragão veio em sua direção como um chicote de pedra e escamas. Ela saltou para o lado, mas a cauda passou a poucos centímetros, o impacto partindo uma grande rocha ao meio e lançando fragmentos para todos os lados. Ela ergueu o braço instintivamente, enquanto as lascas afiadas arranhavam sua pele. Em resposta, rapidamente concentrou seu chakra e ativou o Sekkai no Funjin, criando uma barreira sólida de poeira e fragmentos de pedra que flutuavam ao seu redor. O escudo impediu que mais detritos a atingissem, mas não lhe dava muita margem para descanso.

O dragão atacou novamente, dessa vez inclinando a cabeça para golpear com suas presas afiadas. Biskka saltou para trás e se defendeu com o escudo, mas o impacto foi tão poderoso que o Sekkai no Funjin estremeceu e quase se quebrou. O dragão a encurralava, desferindo ataques de cauda, asas e até suas garras. Biskka esquivava-se como podia, movendo-se rapidamente pela clareira, mas cada golpe parecia mais feroz que o anterior.

— Você quer minha atenção? Então vai tê-la! — rosnou o dragão, seu olhar fixo nela.

Ao redor, as silhuetas dos dragões observavam a batalha com um misto de curiosidade e apreensão, seus corpos imensos surgindo entre as rochas como estátuas vivas. Suas escamas refletiam tons de cinza e negro sob a luz difusa, como espectros nascidos da própria montanha, atentos ao embate entre a kunoichi e seu adversário colossal. Quando o dragão maior recuou ligeiramente após seu último ataque, Biskka enxergou uma brecha e rapidamente executou uma série de selos, evocando o poder feroz de sua Kekkei Genkai. Com um gesto preciso, ela abriu a boca e exalou uma forma feita de lava incandescente — uma cabeça de cachorro selvagem que ganhava vida própria. A criatura de magma serpenteava pelo ar como uma fera viva, avançando com uma intensidade abrasadora, seu calor derretendo tudo em seu caminho e deixando marcas fumegantes nas rochas.

— Yōton: Inuryūgan no Jutsu! — bradou de lá.

A cabeça de lava, semelhante a um cão selvagem com olhos brilhantes e fendas pulsantes, avançou em direção ao dragão com precisão mortal, emitindo um rugido sibilante enquanto a serpente de magma traçava um rastro ardente. O dragão soltou um rugido surpreso e tentou desviar, mas Biskka focou sua vontade na técnica e fez com que a boca da criatura se abrisse, suas mandíbulas se expandindo antes de atingir o alvo. No instante em que se fechou sobre o focinho do dragão, a lava fervente derreteu escamas e carne, arrancando um rugido de dor da fera. Sacudindo-se furiosamente para afastar o calor escaldante, o dragão se retorceu, mas o impacto e a ferocidade do ataque o deixaram momentaneamente desorientado. Ele balançou a cabeça, soltando baforadas de fumaça enquanto tentava livrar-se da lava restante, agora endurecendo nas fendas de suas escamas.

— Atrevida… humana! — rugiu ele, com a voz carregada de fúria.

Sem hesitar, o dragão lançou sua cauda em um movimento devastador, como um chicote que cortava o ar. Biskka saltou para trás, ativando seu Sekkai no Funjin para se proteger. Fragmentos de pedra e poeira giraram ao seu redor, formando um escudo que bloqueou parte do golpe, mas o impacto foi tão brutal que a lançou para o outro lado da clareira. Biskka pousou de pé, o corpo em alerta e os olhos fixos na fera, enquanto o dragão recuava, preparando-se para um novo ataque. Enquanto isso, os outros dragões ao redor continuavam a observar, movendo-se mais perto e tomando posições em torno da clareira. Suas expressões de fascínio e respeito eram visíveis, e alguns trocavam olhares que pareciam refletir a força e a coragem inesperada daquela pequena intrusa. A cauda do dragão veio novamente, mas desta vez a kunoichi desviou com um giro ágil, escapando por pouco de ser esmagada. Sua respiração estava pesada, mas seus olhos brilhavam com determinação. O dragão agora a olhava com uma intensidade diferente, como se começasse a ver nela não uma ameaça insignificante, mas um oponente digno.

— Você tem coragem, humana! — o dragão rugiu, sacudindo a cabeça para dissipar as chamas. A provocação parecia ter instigado algo nele, um desejo de responder à altura.
— Kiahahah, vamos continuar, Dragão! — disse Biskka com um sorriso selvagem no rosto, animada como sempre.

Sem aviso, o dragão ergueu a cauda maciça mais uma vez. Dessa vez, o golpe veio de cima, uma tentativa feroz de esmagá-la contra o chão. Biskka, sentindo a força titânica que se aproximava, concentrou seu chakra no solo. Com precisão calculada, ela executou o Doton: Gōremu no Jutsu, e o chão ao seu lado começou a tremer. Uma figura gigantesca de pedra emergiu do solo, esculpida com a mesma solidez e imponência das montanhas ao redor. O golem, com braços largos e uma expressão implacável, levantou-se em um só movimento, posicionando-se entre Biskka e o dragão. Com força bruta, o golem agarrou a cauda do dragão, seus dedos de pedra firmemente cravados nas escamas robustas da criatura. Surpreso, o dragão tentou se soltar, mas o golem mantinha seu aperto firme, resistindo à sua força. Com um movimento calculado, o golem levantou a cauda da fera e, em um arco de puro poder, o arremessou contra o chão da clareira. O impacto reverberou pelas montanhas, fazendo o solo estremecer, enquanto poeira e fragmentos de rocha voavam por toda parte.

— Eu sou forte, não sou...? Sei que podemos ser útil um ao outro. — o suor escorria por sua testa, ela arfava um pouco enquanto encarava de longe o seu imenso adversário, não se importando com os rugidos e berros dos demais dragões ao seu redor. Se eles quisessem, poderiam acabar com ela ali mesmo, mas com certeza não iriam fazer isso. Pelo menos não agora.

Considerações: