Fumaça, sangue e dor, todas as chamas que engoliram a casa me levaram também os sonhos e esperanças, sem mencionar as pessoas que me eram importantes. Acordar se tornou tortura, quando a cama da qual despertava seria outra a partir de agora e não poderia fazer nada se não me acostumar. Roupas deveriam ser substituídas, assim como todos os meus pertences. Tudo havia ficado no passado e não teria nada se não fosse pela gentileza de minha tia em me acolher.

De higiene feita, trajada e acompanhada de Hibiki como de costume, cheguei à cozinha onde um prato aguardava sobre a mesa, disposto com uma pequena tampa sobre o mesmo, acompanhando um bilhete escrito às pressas. — “Aproveite seu café, não sei a que horas volto”. — Leu o ofídio, me informando da ausência de Kyoko. — Tudo bem, vou comer e depois vamos ver se ocupo minha mente com algumas missões. — Informei a serpente, embora minhas palavras mais parecessem um resmungo, ainda se arrastando para fora da boca devido ao cansaço. Um cansaço que parecia que jamais me deixaria sozinha outra vez, um tipo diferente do que estava acostumada, definitivamente.

O festival do qual estava tão animada em participar não havia recebido ainda muitos turistas, isso era um fato, mas os poucos que haviam vindo para participar das festividades haviam se encontrado com o pequeno azar do vilarejo estar sem muitos ninjas presentes para guiá-los pelo local. Para minha sorte, havia sido informada de que poderia lhes apresentar os locais-chave rapidamente, apenas para que não contassem com a própria sorte, garantindo uma quantia razoável de dinheiro em troca.

De barriga cheia, fui até o portão para receber os estrangeiros o quanto antes. Provavelmente, o melhor local para começar seria um formoso e confortável hotel onde poderiam se abrigar durante as noites, embora alguns pudessem preferir ainda curtir a vida noturna do vilarejo da pedra, repleto de atividades as quais alguém da minha idade preferiria não saber nada a respeito.

Depois de levar todos para o melhor hotel que conhecia, um passeio pelos locais mais encantadores do vilarejo parecia estar de bom tamanho, com uma jornada pela praça central, onde as festividades já haviam se iniciado. Alguns dos visitantes se prestaram a gastar seu dinheiro em barracas de comida, enquanto outros testaram sua sorte em brincadeiras e jogos de mira e similares. De qualquer forma, com os pontos certos apresentados a todos, chegamos ao final da manhã, nos encaminhando para um dos melhores restaurantes da vila da pedra, onde todos pareceram ficar felizes em gastar ainda mais de seus fundos.

Talvez o festival fosse uma jogada brilhante no fim das contas, mas ainda fiquei um pouco triste de não receber bem o suficiente por todo meu esforço. — Podiam ao menos me dar um almoço grátis, não? — Resmunguei, colocando o garfo entre os lábios.