あの世の使者

No centro desse lugar maluco que chamo de mente, eu, Shibai e Yonbi, estamos sentados em volta de uma mesa de madeira esculpida, jogando Ludo. Sim, Ludo! Não faço ideia de como isso surgiu no meu subconsciente ou de como tivemos essa ideia, mas aqui estamos nós. Shibai, do meu lado, está concentrado, contando as casas enquanto move sua peça amarela com a mente. Ele parece "feliz" com a sua jogada, e eu pude ver um pequeno sorriso no canto de sua boca. Eu, por outro lado, estou torcendo para o dado me dar um número melhor dessa vez. Mas, o que realmente me distrai é o fato do Yonbi — um macaco gigante de quatro caudas, feito de puro Chakra — estar do outro lado da mesa, segurando seus peões gigantes com uma delicadeza surpreendente, movendo-os calmamente pelo tabuleiro. — Vou vencer vocês dois com facilidade. Sabem disso, não é? — Yonbi riu, sua voz grave ecoando pelo plano, cheia de confiança. — É... você diz isso toda vez. — Eu respondi, rindo também. — Mas até agora, nunca venceu. — Complementei, provocando.

Enquanto isso, Shibai soltou um suspiro e lançou o dado de novo, conseguindo um belo número seis. Enquanto esperávamos nossa vez, algo me veio à mente. Eu observei o primata por um tempo, suas caudas balançando preguiçosamente enquanto ele espera a vez dele. Há algo que eu sempre quis perguntar, mas nunca soube como. É algo... simples, mas importante. — Aí, macaco. — Comecei, coçando a cabeça. Ele arqueou uma sobrancelha, como se já soubesse que vinha algo estranho pela frente. — O que foi agora? Está com medo de perder o jogo? — Ele provocou, segurando o peão com sua enorme mão, fingindo que ia movê-lo antes do tempo. — Não, não é isso… — Eu respirei fundo e olhei para ele mais sério. — Eu estava pensando... como os gorilas fazem pra coçar as costas? Tipo, vocês têm braços enormes, né? Não deve ser fácil. — Indaguei, curioso.

Por um momento, houve silêncio. Shibai me olhou com uma cara de “O quê?” enquanto o símio estreitou os olhos. Depois de alguns segundos de pura expectativa, ele soltou um rugido de risada. O som fora tão forte que pareceu que ele estava explodindo de tanto rir. Suas caudas balançaram ainda mais rápido, e ele quase derrubou o tabuleiro com o cotovelo. — Você realmente é uma peça rara, mestiço! — Respondeu ele, ainda se recuperando da risada. — Coçar as costas, hein? Bom... nós, macacos gigantes, temos truques. Usamos as árvores, pedras, ou até o chão... Depende da situação. — Elucidou a besta. Pensei em tudo isso por um segundo, imaginando um macaco gigante esfregando as costas contra uma montanha ou usando suas caudas para alcançar os lugares difíceis. — É, faz sentido... Vocês realmente são espertos. Mas, e se precisar de mais ajuda? Sabe, tipo quando é impossível coçar sozinho? — Fiz uma nova indagação, bastante curioso com a resposta que poderia vir a receber.

A besta parou por um instante, percebendo que minha pergunta ia além de algo bobo. Ele me olhou com olhos profundos e sábios, como se estivesse esperando que eu explicasse o que realmente queria dizer. Shibai, obviamente, entendeu aonde eu possivelmente quero chegar. — Bom, sabe... — Eu continuei, ainda brincando com um dos meus peões. — Eu estava pensando... no fundo, isso é meio como nós, não é? Tem certas coisas que a gente não consegue fazer sozinho, tipo... coçar as costas. Mesmo sendo forte, sempre vai ter algo fora do nosso alcance. — Filosofei, fazendo o símio demonstrar uma expressão de surpresa. É raro eu ter essas sacadas filosóficas, ainda mais no meio de um jogo de ludo, mas aqui estou. O macaco gigante parou de brincar com o peão e me olhou com mais seriedade. — Está querendo dizer que eu sou o cara que coça suas costas agora? — Ele indagou, arqueando uma sobrancelha. — É, mais ou menos isso! — Eu ri. — A questão é que, às vezes, a gente precisa de ajuda, sabe? E, com você ao meu lado... É como ter essa força que eu não conseguiria sozinho. Somos tipo… parceiros. Como se você me ajudasse a coçar as costas quando eu não alcanço. E, claro, eu faria o mesmo por você. — Shibai demonstrou estar me achando um idiota completo após o término da sentença. E, eu sei que parece bobo, mas para mim, faz sentido. Essa coisa de parceria entre Jinchūriki e Bijū não é só sobre controlar poder. É mais sobre confiar, contar um com o outro... e às vezes, coçar as costas metaforicamente.

Yonbi, depois de alguns segundos de silêncio, soltou um longo suspiro e olhou para mim, um sorriso quase imperceptível surgindo em seu rosto enorme. — Você é definitivamente uma das criaturas mais estranhas que já encontrei, mas... acho que entendo o que está dizendo. — Ele disse, seu tom mais suave, mas ainda com aquele toque de arrogância. — E, já que estamos nessa... parceria de coçar as costas, digamos que eu posso confiar em você para mais do que isso. Quem sabe eu te conte meu nome algum dia. — Emitiu a besta em tom amigável, deixando um toque de suspense no ar, me fazendo sorrir. — Mas só porque você é terrível nesse jogo de Ludo. — Ele resmungou, tentando voltar à sua pose de durão. — Eu claramente vou ganhar isso. — Continuou.

— Idiotas. — Shibai sorriu de canto. Yonbi soltou uma risada abafada, e eu o acompanhei. É estranho, surreal até. Quem diria que eu estaria jogando Ludo com o Deus Ōtsutsuki e uma fera gigante de quatro caudas e discutindo sobre coçar as costas? Mas ali estamos, no meio do meu subconsciente, jogando um jogo bobo e estreitando laços que eu nunca imaginaria. No final das contas, talvez seja isso mesmo. Às vezes, a gente só precisa de alguém pra nos ajudar a alcançar onde não podemos, mesmo que esse alguém seja um macaco gigante feito de Chakra.

— Obrigado... — Agradeci. Não são os amigos que eu esperava ter, mas são os amigos que eu preciso.