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[CAPÍTULO] Papercraft
[CAPÍTULO] Papercraft

Hemumu

Chūnin

Ter 8 Out 2024 - 21:27

Yukari Miso

Post 1/5 - Início da Quest

Quest:

Eu estava andando meio à esmo pela rua principal da vila, um tanto quanto desanimada. A luz do luar banhava minha pele e lançava sombras dançantes por todo o lugar, mas minha energia continuava baixa, ainda que diante de tamanha beleza. Cheguei à conclusão de que a “magia” de ser uma ninja estava se perdendo. No momento, estava estacionada em um mesmo nível, sem aprender nada novo, sem avançar muito no que eu sabia e com uma rotina fixa de aceitar e entregar missões. "Uma rotina mediana para desenvolver uma ninja medíocre." Pensei, frustrada.

Aquilo estava me incomodando a alguns dias e eu particularmente não tinha com quem compartilhar. Pensei em Tazuna, o meu supervisor de missões, mas imaginei que ele fosse ter a delicadeza de um mamute para me ajudar com isso. No mínimo, ia me passar outro trabalho. O kage estava fora de cogitação. Vamos dizer que não era alguém que eu consideraria para pedir conselhos. A última interação que tivemos foi um tanto esquisita, imagino que ele esteja resolvendo problemas maiores. Sentada em um dos bancos, fiquei perdida em pensamentos quanto ao futuro, enquanto ouvia as conversas por ali.

— Aquela velha doida! Disse que não ensinaria nada pra quem já nasceu brincando com areia. Vê se pode isso? Vive dizendo que precisa repassar as técnicas especiais porque está quase batendo as botas, mas rejeita qualquer um na primeira oportunidade. E logo eu, veja bem! Tsc… — comentava um garoto frustrado. — E logo depois de me mostrar aqueles jutsus com papel. Agora que fiquei tentado… Vou voltar lá amanhã!

— Melhor desistir. Ouvi dizer que ela é teimosa como uma mula. Não vai ensinar nada pra ninguém que ela suspeite ter alguma herança genética. Um preconceito que ela desenvolveu por anos por conta das piadas que recebeu de suas habilidades. A velha Hana é doida, vai morrer sem ensinar — respondeu o seu parceiro, desanimando ambos ainda mais.

— Olááá, rapazes! Quem é essa tal Hana? — perguntei, meio intrometida. Já tinha ouvido mesmo né, e no desespero para aprender qualquer coisa que pudesse renovar minhas energias, dei a cara a tapa.

— Hmmm? — o principal rapaz frustrado sinalizou, me olhando de cima para baixo e dando um sorrisinho debochado. — É uma anciã. Foi uma ninja importante em algum momento, mas não existem mais ninjas na família dela. Ela diz que tem algo bem único para ensinar, mas só pra quem merecer. Não acho que você é grande coisa. Se ela não me aceitou, não tem porque te aceitar…

"Olha a audácia desse desgraçado..." Pensei, empertigando-me. No geral, eu não era tanto de levar essas coisas pro pessoal, mas não estava me sentindo muito positiva hoje.

— Obrigada pela parte que me toca. Pode dizer onde ela mora? Vou tentar a sorte — o rapaz não queria me falar, mas o parceiro intercedeu e passou as informações. — Obrigada. Olha, eu suspeito que ela não tenha te aceitado porque você tem uma voz anasalada irritante. Boa sorte com isso!

Dei um tchauzinho, seguindo em direção à casa da anciã. Ouvi um audível ‘tsc’, enquanto o colega que me passou o endereço dava gargalhadas e continuava a zombaria.

Nunca fui alguém de carregar sobrenome importante ou ter alguma kekkei genkai rara para me destacar. Na realidade, meu sobrenome era absurdamente comum. Talvez por isso, senti que tinha mais chances. Eu, vinda de lugar nenhum e sem qualquer linhagem famosa, parecia a candidata perfeita para quebrar o gelo daquela senhora cheia de preconceitos.

Com essa ideia na cabeça, tomei coragem e decidi procurar por Hana. Claro que não seria tão simples assim. O desafio não era só me apresentar, mas convencer alguém tão conservadora e seletiva de que eu poderia ser digna de aprender o que quer que ela ensinasse. Seria esse o próximo passo na minha jornada? Sinceramente, ainda estava processando como isso funcionaria. Já estava melhor do que ficar remoendo problemas no banco de uma praça.

Fosse o que fosse, eu estava decidida. Precisava de algo que guiasse meu caminho, e talvez aquela velha fosse a resposta.

Palavras: 670

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"Texto" - Pensamentos de Yukari
— Texto - Falas de Yukari
— Texto - Falas de terceiros

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Hemumu

Chūnin

Qua 9 Out 2024 - 9:47

Yukari Miso

Post 2/5

Quest:

Chegar até a casa de Hana foi uma aventura por si só. Morando nos limites da vila, afastada do mundo shinobi moderno, sua residência refletia bem o que ela era: antiga e carregada de memórias de um tempo que já se foi. Não era como se ela estivesse esquecida, mas parecia que o mundo tinha simplesmente decidido seguir em frente, enquanto Hana ficava presa ao passado. Sua casinha era uma espécie de bangalô simples perdido no deserto. O único som o do vento seco, lutando para atravessar aquela construção esquecida pelo tempo.

Quando bati na porta, a primeira coisa que ouvi foi um grunhido, seguido de passos lentos. Pela descrição geral, eu imaginava que a senhora não seria muito receptiva. A porta rangeu, revelando uma figura baixinha, mas com uma presença intensa. Os cabelos grisalhos alinhados e presos tão perfeitamente em um coque sendo segurado pela ajuda de dois prendedores de madeira. As rugas de expressão proeminentes, denunciando a sua idade avançada. Seu rosto esculpido em uma expressão séria, que apareceu primeiro do que o resto do corpo, com seus os olhos de um tom cinza leitoso me perfurando como se pudessem ler cada um dos meus pensamentos.

— O que você quer aqui, garota?

Respirei fundo, tentando não deixar a ansiedade tomar conta. Pela recepção da velha, imaginei que ser objetiva seria melhor do que ser receptiva. Quando falaram sobre uma velha teimosa, não foram aqueles traços que eu imaginei – não os que eu estava vendo agora. Seu rosto tinha uma sofisticação, ainda que mostrasse bastante dureza em seu olhar e expressão. Além dos óbvios traços de experiência.

— Hana-sama, sou Yukari Miso. Fiquei sabendo que você está em busca de uma aprendiz para passar adiante seus conhecimentos como kunoichi. Estou aqui para me voluntariar.

A idosa me observou em silêncio por um tempo que pareceu uma eternidade, o que não ajudou muito a neutralizar o meu nervosismo.

— Miso? Igual a pasta de soja? — a velha achou graça, mas seguiu. — E por que acha que é digna disso? Não é um pouco velha demais?

Eu não tinha uma resposta fácil. Como alguém sem uma história marcante, sem um clã famoso, poderia provar que era digna de aprender algo que se diz tão raro?

— Não vim de nenhum nome conhecido, não faço parte de nenhum clã. Só tenho uma curiosidade natural para aprender sobre as artes do chakra e força de vontade. Também conto com um pouquinho de habilidade e quero me provar — dei uma pausa. O final do comentário da senhora me pegou de surpresa. "Como uma velha como pé na cova vem falar de idade a uma altura dessas da vida? Aquilo deu um apagão no meu sistema, o nervosismo sendo trocado pelo choque. Antes de conseguir controlar a língua, ela bateu como um chicote com uma resposta na ponta. — Você diz, eu velha demais pra aprender ou você velha demais pra ensinar?

Hana estreitou os olhos num olhar perspicaz. Depois, abriu um sorriso levemente desdentado e deu algumas gargalhadas. "Ao menos sobrou senso de humor nessa senhora com o passar dos anos."

— Então tudo bem, moça do sobrenome de condimento. Vejo você amanhã ao raiar do dia! Vamos ver se você tem habilidade para aprender o que eu vou tentar ensinar ou se vai ganhar um pé na bunda antes do almoço.

Engoli em seco. No momento, a aposentadoria da minha estagnação enquanto ninja estava em jogo. Mais do que aprender truques novos, com Hana eu teria a oportunidade de sair da prisão de mediocridade que me envolvia.

— Obrigada, estarei aqui.

A anciã imediatamente bateu a porta, deixando-me sozinha com o estalo da porta que se misturava com o som do vento. Soltei um longo suspiro, como se precisasse liberar a tensão do corpo. “É isso.” Foi uma conclusão genial após aquele evento. Ao menos tinha feito o rapaz debochado de algum clã famosinho comer terra.

Retornei para casa, um pouco aturdida, tensa e esperançosa. Talvez o futuro brilhasse pra mim, mesmo que afundando na areia aos poucos.

Palavras: 669

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"Texto" - Pensamentos de Yukari
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Hemumu

Chūnin

Qui 10 Out 2024 - 9:49

Yukari Miso

Post 3/5

Quest:

Caminhei até a casa da senhora no dia seguinte, ao raiar do dia, como ela esperava. Hana estava me aguardando na frente da casa, dando a volta pelo casebre assim que me avistou e me chamando para entrar por outra porta. Ela chamou de “ateliê”, comentando que a primeira parte do treinamento fluiria melhor ali.

— Muito bem, como prometido, vou te dar uma chance. Mas saiba que isso não será fácil, e provavelmente estou torcendo para você não conseguir, assim vou poder jogar isso na sua cara quando te tirar daqui. Mas se está tão decidida a tentar…

Balancei a cabeça em concordância. Ela pegou algumas folhas de papel e as lançou no ar com um gesto suave. As folhas flutuavam com uma leveza sobrenatural e, antes que eu pudesse reagir, se desdobraram em pequenos origamis de pássaros que voaram ao redor da sala. Um deles pousou no meu ombro. Senti um arrepio estranho, mas fiquei extasiada.

— Que tipo de jutsu é esse? — perguntei, com os olhos brilhando de curiosidade.

— O que você viu agora é o que eu espero que você faça lá pro final, se conseguir avançar em algum momento — a idosa comentou, com um dos cantos da boca se curvando de satisfação com a reação. — Porém, antes de irmos pra esse tipo de prática, você precisa entender onde isso se origina. Vamos começar primeiro na arte da dobra do papel, isso requer concentração, calma e cuidado — a mulher fez uma pausa, colocando uma pilha de papel na mesa à minha frente. — Obviamente, essa etapa é eliminatória. Caso você demonstre uma ausência de qualquer um dos pontos que comentei, estará desclassificada.

— Quem que fez essas regras? — questionei, achando um pouco de graça que havia tantas chances de perder.

— Eu mesma. Observe bem e repita no seu tempo… Só não demore muito.

Hana começou a dobra manual do papel, seus dedos ágeis e ossudos possuíam uma delicadeza e uma certeza bizarra do que estavam fazendo. Observei em silêncio, concentrando-me nos seus movimentos por alguns minutos, mas logo cheguei a conclusão que apenas observar não funcionaria comigo. Peguei uma folha e tentei repetir seus movimentos, mesmo errando bastante as dobras inicialmente.

O dia foi passando, transformando-se em tarde e logo em noite. Não da forma arrastada como eu estava esperando, parecia que a velocidade havia sido triplcada. A mulher começou com coisas simples e foi avançando sem pena. Aos tropeços, segui as dobras até ter um resultado minimamente aceitável, apesar de algumas marcas de erros, que iam reduzindo com a prática. Hana também começou a incluir dobras bem específicas, como shurikens e armas ninjas, que chamaram minha atenção assim que finalizadas.

Ao fim do dia, e com os dedos doloridos de tanto dobrar papel, a mulher afastou as pilhas e retornou para uma conversa.

— E então?

— Vou ser sincera que não entendi muito bem onde queremos chegar na dobra do papel… Mas você é uma sensei melhor do que eu imaginei.

— Obrigada, mas você não está vendo o quadro como um todo. O que você descobriu sobre o material que está dobrando? — a mestra perguntou, levantando uma das sobrancelhas.

— Apesar da fragilidade, ele é flexível e moldável.

— Estamos quase lá. E?

Parei para pensar um pouco. O que eu tinha deixado de fora?

— Ele toma a forma que o executor quiser…

— Exato. Porém, eu alteraria para “ele toma a forma que o usuário puder imaginar”. De forma geral, mentes pequenas ficam limitadas quanto ao uso, principalmente quando esta técnica não é a sua primeira opção. Por isso você precisa ter foco para analisar a situação com cuidado e adaptar seus movimentos.

— Hmm… Entendi — percebi que a idosa estava tentando me apresentar um conceito, não um conhecimento fechado.

Inicialmente, achava um pouco limitante ficar presa a uma coisa só, mas acabei entendendo que não era sobre me limitar ao uso do papel. Ela não queria que a técnica fosse colocada em uma caixinha, vista apenas de uma forma, sem profundidade ou variação. A função, seja para ataque, defesa, suporte, ou que mais fosse, dependerá exclusivamente da cabeça de quem fosse usar. Ela realmente acreditava naquilo que estava falando, com uma força difícil de contradizer.

— Quantos anos você investiu nesse jutsu?

— Muitos… — a idosa respondeu de forma evasiva. — Amanhã será um dia diferente, mas você levará uma tarefa para casa hoje — a idosa entregou uma pilha de papel em minhas mãos. — Você deve aplicar chakra na folha, mas sem causar nenhum dano. Ou seja, sem nenhum corte, amassado, umidade, esfarelamento, enfim. Manter chakra na folha sem danificá-la, entendido? Se não conseguir fazer isso, não seguirei no treinamento.

— Ok, farei o meu melhor.

Palavras: 770

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Hemumu

Chūnin

Sáb 12 Out 2024 - 11:04

Yukari Miso

Post 4/5

Quest:

A tarefa de Hana foi mais difícil do que eu imaginei. As folhas que ela me passou não eram folhas comuns, então elas respondiam ao chakra com facilidade, principalmente tratando-se da questão da natureza. Encontrar um meio termo na aplicação do chakra não foi exatamente a coisa mais fácil do mundo. Atravessei boa parte da madrugada até parar de cortar o papel, fazê-lo virar pó ou amassá-lo, mantendo o chakra na folha e somente isso.

Quando retornei a casa de Hana, não entendi se ela estava emburrada ou surpresa por eu ter conseguido fazer aquilo. Ela me entregou uma outra folha simples e esperou que eu fizesse o que eu havia dito que conseguia. Mostrei-a, mas ela permaneceu sem tecer comentário algum.

— Certo, então vamos continuar. A partir de agora vamos ver como você se sai na manipulação do papel em si. Considerando que conseguiu aplicar chakra nessa folha especial, as normais não devem ser tão difíceis.

Percebi que dessa vez não ganhei nenhuma ameaça velada. Talvez ela finalmente tenha aceitado que eu estava ali pra valer. Porém, o sorrisinho presunçoso surgiu quando me viu tendo dificuldades para fazer as dobras sem as mãos. Depois de longas horas, até ela parecia ter ficado entediada, já que preferiu dar uma dica. Eu já estava quase rasgando os papéis, mas sabia que ia ser eliminada caso fizesse isso.

— Não é força que você precisa, muito menos um excesso de chakra — ela disse finalmente, rompendo o silêncio. — É controle, paciência. Não é sobre dominar o papel com poder bruto, mas em se tornar um com ele. Você está tentando impor sua vontade à folha. Em vez disso, permita que ela se mova por você.

— Mas o que exatamente isso significa? — perguntei, cheia de frustração com os meus avanços (ou a falta deles).

A mulher girou uma das mãos, desfazendo-a em diversos papéis que começaram a voar pelo ambiente. Eles viajavam com leveza, flutuando pelo ateliê. Por um momento, ela se desfez inteira, remontando-se à entrada da sala.

— Ok, não pensei que seria algo tão literal… Me pareceu interessante — a demonstração levou minha frustração para um lugar bem longe. Agora eu estava ainda mais interessada em conseguir.

— Quando mais nova, eu conseguia fazer mais coisas, nessa idade acaba ficando mais difícil… Enfim. A parte das dobras foi importante não só pra você entender como a folha funciona, mas como ela se transforma — Hana retomou as explicações. — Esse jutsu se chama Shikigami no Mai, é uma manipulação de papel através do chakra e do próprio corpo. Tem uma certa complexidade, mas é bem útil. Para continuarmos, você precisa entender como fazer o chakra controlar o papel e, eventualmente, como transformar o corpo em papel através do chakra — ela fez uma pausa, para ver se eu estava acompanhando. — Novamente, não é sobre usar a força.

Suas palavras eram enigmáticas, mas começavam a fazer sentido. Eu precisava parar de tentar forçar algo, que era o que eu estava fazendo – apenas forçando o chakra para entrar na folha, ao invés de fazer o chakra se derramar pelo objetivo e fazer parte dele. Concentrei-me novamente, respirando fundo. Tentei sentir o papel como uma extensão do meu corpo, em vez de um objeto separado.

Aos poucos, algo começou a acontecer. A folha tremeu levemente em minha mão, como se estivesse viva. Um sorriso involuntário surgiu no meu rosto. Talvez eu estivesse começando a entender. Mas sabia que ainda havia um longo caminho pela frente.

Palavras: 574

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Hemumu

Chūnin

Sáb 12 Out 2024 - 15:27

Yukari Miso

Post 5/5

Quest:

As semanas que se seguiram foram intensas. A cada manhã, eu retornava à casa de Hana, disposta a aprender mais. Ela me colocava em situações cada vez mais desafiadoras, testando não só minha habilidade com o papel, mas também minha paciência e resiliência. Cada pequeno progresso era uma vitória, mas também vinha acompanhado de novos desafios. Passamos a começar com um leve treino em origamis, só pra não esquecer a “origem”.

Manipular o papel começou a se tornar cada vez mais fácil, quase natural. A explicação de Hana fazia mais sentido conforme eu avançava. Nunca foi sobre força, de fato. A anciã, finalmente aceitando uma aprendiz, agora me forçava a avançar com velocidade naquilo. Suas demonstrações foram ficando cada vez mais escassas, sua movimentação mais lenta. Ela devia estar mais velha do que eu imaginei.

Eventualmente, nossos treinos progrediram até eu ter que transformar o corpo em papel, e essa era a parte mais difícil de acreditar. Era um conceito tão distante da realidade que quase parecia impossível. Mas, como Hana já havia demonstrado, era possível. Ela me fez treinar horas a fio, tentando canalizar meu chakra de forma a tornar meu corpo maleável, transformando minha carne em algo tão simples e, ao mesmo tempo, tão poderoso quanto o papel.

Já estava suspeitando, mas eventualmente tive certeza que o que Hana realmente queria passar não era só a técnica, mas a filosofia por trás dela: a verdadeira força vem da flexibilidade e da adaptação. Os comentários nunca eram sobre a forma que eu estava moldando os papéis, e sim sobre a justificativa para aquilo. Qual a ideia por trás? Quais as minhas pretensões. Ela também dava sugestões para pensar em outras alternativas.

Quando finalmente consegui transformar meu corpo inteiro em papel, Hana pareceu satisfeita. Após algumas demonstrações, ela se viu satisfeita com o treinamento.

— Yukari — ela passou a me chamar pelo nome conforme fomos avançando. As ameaças foram ficando para trás e aquele tom rude e cheio de dúvidas quanto a minha capacidade também. — Acredito que a partir daqui não tenho muito o que ensinar, o que é ótimo, na verdade. Você vai precisar desenvolver esse jutsu e passar adiante do seu jeito. Porém, lembre sempre da questão de paciência, análise da situação e adaptação. Isso foi o que me fez chegar nesse ponto.

— Obrigada, Hanna-sensei — agradeci exausta fazendo uma leve reverência. — Imagino que tenho que voltar pra minha rotina… Bem, sobre o que vamos conversar nos próximos encontros?

— Aaa, isso pode esperar. Prefiro que você tenha um uso prático da técnica e me procure para me dizer como se saiu. Traga um chá, sim?

— Pode deixar. Até mais!

Deixei a velha em sua residência, seguindo para a minha e preparada para realizar mais missões. Felizmente, no tempo que passamos juntas, consegui alguém para conversar sobre a minha vida e expectativas como ninja — e a falta de estímulos que vez ou outra eu sentia para seguir adiante. Na realidade, o desestímulo surgia inicialmente por eu sentir que tinha idade demais para essa vida.

As coisas tendem a se transformar. Mesmo Hana, ranzinza e no fim da vida, conseguiu fazer algo que fosse seguir adiante. Era uma questão de paciência e foco, como ela deixou bem claro desde o início.

Palavras: 539

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