Hakuryuu Kinsetsu

Após o treino, o repouso com o braço engessado perdurou por alguns dias. Entretanto, ainda que pouco apto a executar missões ou treinamentos maiores — já que executar selos sem ambas as mãos era ou muito complicado, ou impossível — Haku não conseguiu ficar simplesmente parado.

Por sorte, o braço fraturado era o esquerdo e, como destro, escrever durante os estudos não representava qualquer problema. Em muitos daqueles dias, passara seu maior tempo na biblioteca pessoal da Cidadela do Deserto. Kin revisava os tomos escritos por ele mesmo, não apenas para ter mais ideias do que poderia adicionar ali do seu conhecimento, mas também para revisar e solidificar seus próprios conhecimentos.

Naturalmente, uma das primeiras coisas que lhe vieram em mente foi a transcrição dos seus conhecimentos acerta da liberação elemental de Terá. Por isso, tendo ido atrás da tinta e pincel necessários, alcançou a resma de rascunhos do lugar e, naturalmente, um das dezenas de pergaminhos vazios armazenados na biblioteca para usos futuros. Com tudo em mãos, começou a escrever.

Após cansativas horas, finalmente satisfeito com o resultado, transcreveu a versão final no makimono escolhido. Ao que o texto interno estava concluído, fechou o documento e cautelosamente colou uma etiqueta no corpo externo do rolo de papel. Caprichosamente, então, usou o pincel para caligrafar o título escolhido para aquele documento.

A Liberação Luz:

Com o tomo finalmente pronto, Kinsetsu levantou-se da mesa, organizou os papéis, jogou fora os rascunhos gastos e guardou o pergaminho junto aos demais da sua coleção.

Àquela altura, no entanto, já começava a se sentir incomodado pelo braço quebrado e cogitava ir pessoalmente ao hospital da vila para lidar com aquilo de uma vez por todas. Com tanto tempo passado, os ossos já deviam estar razoavelmente regenerados e, provavelmente, a ajuda de algum ninjutsu médico deveria terminar de dar conta do problema.

"Hikariton, hmm?" — Uma voz familiar e inesperada surgiu do fundo de sua mente. — "Ela realmente limpou o chão daquele pátio com a sua cara" — ainda que sua personalidade fosse mais extrovertida, porque bijūs não pareciam gostar de humanos, talvez fosse a primeira vez que via Nanabi tão falante assim. — "Falta de sorte? Hah! Diria que não" — prosseguiu, ainda debochando da derrota que havia lhe rendido o braço quebrado. — "Mas… Qual o nome daquela humana, mesmo?" — Mudando inesperadamente o tom debochado, Nanabi indagou com ares de interesse.

"Seu nome é Terá" — após alguns instantes paralisado pela surpresa, Haku respondeu. — "Bom, era de se esperar que fosse assim. Ela é minha senpai no dojo do Ziusudra-sensei…" — sem ideias de como provocar de volta, apenas prosseguiu normalmente.

"Meh…" — rapidamente enfadada, não só com o assunto, mas muito provavelmente também com o jeito sério de Haku, Nanabi não demorou a desconversar.

E tão rápido quanto a conexão telepatica havia surgido, ela também desapareceu. Kinsetsu não estava surpreso e nem desapontado com as dificuldades comunicativas. Afinal, desde cedo havia percebido o quão diferente era a sua personalidade em relação à de Nanabi. Ele muito extrovertido, Haku bastante introvertido. Contudo, estavam presos um ao outro até o fim da vida. E, por isso, Kin não fez mais do que dar de ombros para a situação. Hora ou outra a besta de cauda acabaria se acostumando ao jeito de Haku.

Seguindo para o hospital da vila, procurou por auxílio quanto ao seu braço.

Naturalmente, não demorou a encontrar uma equipe médica disposto a curá-lo. Logo que se deu conta, estava em uma sala de procedimento cercado por 5 ninjas distintos e uma série de fórmulas de jutsu espalhadas pelo chão. Conhecia muito bem aquela técnica. Bem ao ponto de poder executá-la apenas com clones e com apenas simples linhas no lugar de fórmulas complexas. Entretanto, considerando a certa dissonância ainda restante em seu corpo espiritual, vinha enfrentando dificuldades em reproduzi-la minimamente bem. Por isso, absteve-se de qualquer comentário acerca daquele assunto: por ora, era um inepto no que tangia sua cura e dependia totalmente da ajuda de terceiros.

O procedimento acabou sendo rápido. Afinal, o uso do Chikatsu Saisei era perfeito para aquele tipo de situação: remodelaram os tecidos formados pela própria cicatrização óssea para criar novo tecido ósseo íntegro. Diferente de uma grande ferida, em que um grande volume de tecido, totalmente diferente do volume de pele ou músculos perdidos, tinha que ser convertido, aquele processo não era tão complexo assim. Não precisavam pegar tecido de nenhum lugar e o tecido mole, prévio à regeneração completa do osso, era muito similar ao tecido-alvo do processo.

Logo que curado, agradeceu os ninjas médicos enquanto estes saíam da sala e dirigiu-se para uma das salas de apoio. Rapidamente recebido por um dos funcionários, teve seu gesso retirado e, após o devido pagamento, pode finalmente retornar para casa.

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