Teishiki entrou na oficina de Konoha, onde o calor do fornalha pairava no ar como uma presença constante. O cheiro de ferro queimado e óleo de manutenção impregnava o ambiente, enquanto os sons rítmicos de martelos golpeando metal ecoavam pelas paredes de pedra. Ferreiros musculosos e de semblantes sérios trabalhavam em um ritmo implacável, suas mãos calejadas moldando armas que definiriam a segurança da vila. Teishiki, com seu avental já amarrado, sentiu o peso do trabalho à sua frente. À primeira vista, a tarefa parecia simples, mas a responsabilidade de garantir que cada kunai, cada espada e cada peça de armadura estivesse em perfeitas condições exigia concentração e precisão.

Começando pelas lâminas, Teishiki tomou uma kunai em mãos. O metal refletia a luz da forja, mas a lâmina já estava sem fio, com pequenos entalhes em sua superfície. Sentado em frente à pedra de amolar, ele pressionou a kunai contra a superfície áspera, aplicando movimentos precisos e repetidos. A cada deslizamento, pequenas faíscas saltavam, iluminando brevemente seu rosto com um brilho dourado. Era um trabalho que exigia paciência; o tipo de tarefa que se tornava quase meditativa com o tempo. No entanto, enquanto o ritmo de sua mão se mantinha constante, seus pensamentos vagavam.

Perto de um dos balcões, uma série de pergaminhos médios estava empilhada. Eles não eram os pergaminhos mais avançados ou secretos, mas Teishiki sabia que poderiam conter informações úteis para suas próprias habilidades. Quando os olhares dos ferreiros se desviaram por um momento, ele se moveu discretamente. Seus dedos ágeis agarraram três pergaminhos e os esconderam sob seu manto. Ninguém notou. O ruído das marteladas e o movimento incessante dos artesãos foram a cortina perfeita para seu ato. Ele voltou ao seu trabalho com uma sensação mista de satisfação e cautela.

Depois de afiar uma série de kunais e polir algumas armaduras até que brilhassem sob a luz fraca, Teishiki deu um último olhar à oficina antes de sair. O peso dos pergaminhos roubados pulsava contra seu corpo, um lembrete silencioso de que mesmo em uma missão simples, oportunidades poderiam ser aproveitadas.


No dia seguinte, Teishiki caminhava pelas ruas de Konoha em direção a um dos parques mais movimentados da vila. O sol estava alto, e o ar tinha um frescor leve, mas nada disso aliviava o peso da missão que o aguardava. À sua frente, montes de folhas secas se acumulavam nos cantos das praças, enquanto pedaços de papel, sacos vazios e pequenos detritos sujavam os caminhos de pedra. O som de risadas e conversas despreocupadas enchia o parque, mas para Teishiki, aquilo era um lembrete constante de sua situação. Ninjas veteranos passavam, mal prestando atenção no garoto com uma vassoura na mão. Aquela era uma missão que muitos desprezariam, e Teishiki sentia a humilhação pulsar em seu peito.

“Como cheguei a isso?” ele pensou, enquanto começava a varrer o chão. A cada passo, as folhas secas se amontoavam, o som da vassoura áspera contra o solo lembrando-lhe da sua insignificância naquele momento. Mesmo assim, ele continuou, suas mãos segurando o cabo da vassoura com firmeza, o olhar fixo no chão. “Não importa o quão humilhante seja,” repetia para si, “Eu terminarei isso com dignidade.”

Enquanto varria, notou olhares de desprezo ou desdém de alguns transeuntes, mas ele os ignorou. O orgulho ferido ardia dentro dele, mas Teishiki canalizou essa raiva em seu trabalho. Cada movimento da vassoura era preciso, cada pedaço de lixo recolhido era uma pequena vitória pessoal contra o constrangimento que sentia. Ele sabia que, no fundo, era um ninja, e que mesmo as missões mais simples faziam parte do seu crescimento. Não havia honra em fugir de uma tarefa apenas por parecer indigna.

A cada pilha de folhas recolhida, o parque se tornava mais limpo, mais acolhedor. Aos poucos, o sentimento de humilhação começou a se dissipar, substituído por uma leve satisfação ao ver o trabalho progredir. Quando finalmente terminou, Teishiki estava exausto, mas ao olhar para o parque agora limpo, sentiu uma pequena onda de orgulho. Não era uma missão de glória, mas ele a havia cumprido. Ele caminhou de volta para o centro da vila, o corpo cansado, mas a mente firme. Sabia que havia mais para ele além daquelas tarefas, mas também sabia que cada pequeno esforço tinha seu lugar na construção de seu futuro. No fundo, mesmo a humilhação podia ensinar algo: a paciência, a persistência, e a habilidade de encarar qualquer desafio, não importa o quão insignificante ele pareça.