Treinamento intensivo sob tutela da Divisão de Inteligência!
Treino de Databook

A floresta diante de Teishiki parecia viva de uma forma inquietante, como se a própria vegetação observasse cada movimento. O som abafado de folhas secas se quebrando sob seus pés era quase imperceptível, mas ele sabia que qualquer barulho, por menor que fosse, poderia desencadear uma reação perigosa. O ar era denso, impregnado pelo cheiro úmido de terra e musgo, e uma leve neblina serpenteava entre as árvores, dificultando ainda mais a visibilidade. A missão parecia simples em teoria: infiltrar-se em um castelo oculto no coração da floresta. No entanto, nada naquele cenário era o que parecia.

Cada passo de Teishiki era meticulosamente calculado. Ele sabia que armadilhas estavam espalhadas por todo o caminho. O objetivo não era apenas alcançar o castelo, mas também sobreviver até lá, e a sensação de perigo iminente o acompanhava como uma sombra. Seus olhos se moviam de um lado para o outro, atentos a cada detalhe. A forma como os galhos das árvores pendiam de maneira incomum, o brilho esverdeado do musgo que parecia mais intenso em algumas áreas, e até mesmo a inclinação do solo — tudo era potencialmente uma pista, ou uma ameaça.

Logo à frente, um padrão estranho no chão chamou sua atenção. A grama havia sido esmagada de forma anormal, formando pequenos círculos sobrepostos. A experiência lhe dizia que aquilo não era natural. Agachando-se lentamente, Teishiki estendeu a mão até o chão, sentindo a tensão de fios finos como cabelo esticados entre as árvores. "Uma armadilha de pressão", concluiu em silêncio. Qualquer movimento imprudente acionaria o mecanismo, provavelmente resultando em uma chuva de senbons envenenadas ou algo igualmente letal.

Teishiki recuou alguns passos, respirando fundo enquanto analisava o ambiente ao redor. O padrão dos fios indicava uma passagem estreita entre as árvores à sua direita, um espaço por onde ele poderia se esgueirar. Movendo-se com a graça de um felino, ele deslizou por aquele espaço, tomando cuidado para não encostar em nenhum dos fios. O silêncio era total, exceto pelo sutil farfalhar das folhas movidas pela brisa leve. Sua mente estava focada, mas um pensamento persistente começava a incomodá-lo: seu companheiro.

Desde o início da missão, algo no comportamento do outro ninja havia despertado sua desconfiança. Os olhares furtivos, os gestos calculados demais — ele agia como alguém que conhecia o terreno com uma precisão estranha. E agora, ao lembrar desses detalhes, Teishiki sentiu o arrepio de uma suspeita mais grave. A missão não era apenas sobreviver às armadilhas da floresta, mas também à traição iminente.

Conforme avançava, ele manteve seu companheiro à vista, mas sempre à distância. O ninja estava à frente, seus movimentos cautelosos, porém relaxados demais para alguém que deveria estar em alerta. Teishiki percebeu que o outro estava tentando ocultar algo — talvez uma armadilha que ele próprio pretendia ativar. E a confirmação veio logo depois.

Chegando a um declive íngreme, coberto de raízes e pedras, Teishiki observou o ninja mais à frente, aparentemente testando o terreno com o pé. Era um comportamento normal, mas algo na forma como ele tocava o chão parecia excessivamente cuidadoso. Foi quando Teishiki viu. Uma pequena pedra foi discretamente empurrada para uma área onde o solo parecia alterado, e um estalo suave ecoou. O chão sob Teishiki tremeu por um segundo, e ele soube que algo estava prestes a acontecer.

Imediatamente, ele saltou para o lado, mal escapando de uma série de estacas de madeira que brotaram do solo com uma velocidade mortal. As estacas perfuraram o chão onde ele estivera momentos antes, com um som seco e ameaçador. Teishiki rolou pelo chão, pousando suavemente em uma área segura, e levantou-se em um movimento fluido. Seus olhos rapidamente buscaram seu companheiro, que havia parado e olhava de volta, uma expressão que beirava o prazer cruel em seus lábios.

— Achei que estivéssemos no mesmo time — murmurou Teishiki para si mesmo, ainda mantendo a distância.

O outro ninja deu de ombros, disfarçando com um sorriso forçado antes de continuar seu caminho, aparentemente indiferente. Mas para Teishiki, a situação havia se tornado clara. A traição era real, e ele estava sendo caçado tanto pelas armadilhas da floresta quanto pelo próprio aliado. Agora, a missão tomava uma nova dimensão. Não se tratava apenas de sobreviver ao terreno inóspito, mas de se manter um passo à frente de quem deveria ser seu aliado.

Avançando com mais cautela ainda, Teishiki encontrou outro desafio. A trilha se abria em uma clareira, e ali, o cheiro no ar era diferente. Havia algo metálico, algo que não combinava com o cheiro natural da floresta. Agachando-se, ele examinou o solo à sua frente e viu placas metálicas levemente encobertas pela terra e folhas. Eram minas, instaladas de forma cuidadosa, mas não invisíveis para olhos treinados.

Sem hesitar, ele arremessou sua kunai em uma das placas, desencadeando uma explosão ensurdecedora. A terra voou pelos ares, e o impacto sacudiu as árvores ao redor. Pássaros fugiram em desespero, e o som da explosão ecoou pela floresta como um trovão distante. Teishiki, escondido atrás de uma grande rocha, observou as consequências, esperando a próxima movimentação do ninja traidor.

Poucos minutos se passaram antes que o ninja aparecesse, atraído pela explosão, acreditando que Teishiki havia caído na armadilha. Ele se aproximou com cautela, os olhos varrendo os destroços. Foi então que Teishiki agiu. Saltando das sombras, ele agarrou o ninja por trás, pressionando uma kunai contra sua garganta.

— Quanto tempo achou que poderia me enganar? — sussurrou, sua voz baixa e fria como o aço da lâmina.
O outro ninja tentou reagir, mas a vantagem de Teishiki era clara. O traidor ficou imóvel por alguns segundos, o sorriso cínico ainda em seus lábios. — Você é bom, Teishiki. Mas essa é só uma parte do jogo.

Teishiki o soltou com um empurrão brusco. O outro ninja se afastou, ainda sorrindo, como se tivesse aceitado a derrota. Agora Teishiki sabia: em situações de risco, quaisquer outra pessoa — até mesmo um aliado — deve ser mantida sob vigilância. Seja por ação de genjutsu, controle mental, alguma coibição ou simples traição... Diversos fatores impactam e influenciam no desenrolar de uma missão, e para ser um líder de esquadrão, Teishiki deveria estar apto a considerar e se planejar diante de cada um desses fatores variáveis. Ele estapeou os trajes para remover um pouco de poeira, e continuou adiante — de volta à sede da Inteligência, para finalizar o treino.