Missão:

Após se despedir de Tousen, Jhin parou na esquina, o olhar fixo no chão, perdido em seus próprios pensamentos, quando uma voz conhecida o tirou daquele torpor. O Chunin, com seu sorriso fácil e expressão sempre despreocupada, parecia uma lembrança distante de uma época mais simples, de missões rotineiras e sem complicações.

— Jhin! — chamou Hioshi, aproximando-se com passos rápidos. — Estou precisando de um parceiro para uma missão de supervisão no Aviário. Nada muito complicado, apenas supervisão e um pouco de limpeza. O que me diz?

Jhin franziu o cenho. Estava prestes a recusar, o cansaço da última missão ainda pesava em seus ombros como uma armadura enferrujada. Mas havia algo na oferta de Hioshi que lhe deu uma pausa. "Supervisão do Aviário." Um trabalho trivial, sem dúvida, mas talvez fosse o que ele precisava. Uma oportunidade de desviar a mente dos ecos perturbadores da missão recente, de seu confronto com Tousen e das escolhas que se avizinhavam. E mais do que isso, uma missão simples oferecia a chance de observar, de entender um pouco mais sobre as engrenagens sutis que moviam a Vila Oculta da Folha.

— Ok — respondeu, após um instante de hesitação. Hioshi parecia satisfeito com a resposta, como se tivesse tirado um peso de seus próprios ombros.

O Aviário de Konoha era uma estrutura grande e antiga, escondida entre as copas das árvores altas no lado leste da vila. Um lugar onde as aves mensageiras da Folha eram cuidadas, treinadas e enviadas em missões que, muitas vezes, carregavam o peso de informações vitais para o destino da aldeia. Lá, não se ouvia o barulho das ruas de Konoha, apenas o som de asas batendo e o ocasional chamado das aves.

Quando chegaram, o odor de penas molhadas e o suave cheiro de madeira velha impregnaram o ar. Jhin observou com atenção o espaço à sua volta. Uma quietude quase reverencial dominava o local, quebrada apenas pelo murmúrio das conversas abafadas dos poucos cuidadores presentes. Não havia sinais de perigo ou intrusões evidentes, mas Jhin sabia, por experiência própria, que a verdadeira ameaça nem sempre se revelava de imediato.

— Nossa tarefa é simples — começou Hioshi, entregando-lhe uma vassoura como se fosse uma kunai. — Fazemos a limpeza, verificamos as aves e seus ninhos, e mantemos os olhos abertos para qualquer coisa suspeita. O Hokage pediu relatórios recentes sobre qualquer atraso nas entregas.

Jhin observou a vassoura que Hioshi lhe entregava com desinteresse, como se fosse uma ferramenta destinada a alguém muito distante de sua realidade. Ele balançou a cabeça.

— Não vim aqui para limpar — disse, com o tom frio e direto.

Hioshi, um tanto desconcertado, deu de ombros, aceitando a resposta. Ele sabia que Jhin não era como os outros Chunin, e forçar um garoto como ele a realizar tarefas triviais seria perda de tempo. O Chunin voltou sua atenção para os ninhos e gaiolas, enquanto Jhin ficou para trás, os braços cruzados, os olhos atentos, mas sem demonstrar grande interesse pela atividade ao seu redor.

Ao invés de ceder à monotonia da limpeza, Jhin ativou seu Byakugan, escaneando o ambiente em silêncio. As redes de chakra fluíam normalmente, sem irregularidades ou anomalias perceptíveis. Cada batida de asas, cada movimento dos cuidadores passava despercebido a olhos desatentos, mas o Byakugan de Jhin, com sua precisão implacável, varria cada canto, cada sombra. E, para sua leve frustração, não havia nada fora do comum.

Apesar do ambiente calmo e rotineiro do aviário, Jhin não conseguia se livrar de uma sensação incômoda de vazio. Era como se esperasse encontrar algo — uma falha, uma ameaça, algo escondido nas dobras do cotidiano —, mas o que o cercava era apenas o habitual e o previsível. As aves estavam tranquilas, e os cuidadores seguiam com seus deveres como sempre.

Hioshi, percebendo o silêncio de Jhin, se aproximou.

— Viu alguma coisa? — perguntou, a voz ligeiramente esperançosa, como se qualquer descoberta pudesse animar aquele dia monótono.

— Não — respondeu Jhin, seco.

Hioshi suspirou, visivelmente aliviado e, ao mesmo tempo, um pouco decepcionado. Para ele, essa ausência de problemas era o melhor desfecho. Para Jhin, no entanto, significava apenas que a missão era ainda mais trivial do que ele havia antecipado.

Enquanto o sol começava a se pôr, projetando sombras alongadas pelas gaiolas e pelos poleiros, Jhin desativou seu Byakugan, já certo de que nada ali valia sua atenção. O relatório seria simples: sem intrusões, sem atrasos, sem contrabando.

A missão, assim como tantas outras, não revelou nada além do que já se sabia. Não houve satisfação, tampouco a descoberta de algum segredo oculto. Porém, serviu-lhe para pensar um pouco mais sobre oferta de Tousen. Estava propenso a aceitá-la.

Considerações:

Técnicas Utilizadas:

Equipamentos: