A batida forte reverberou pela pequena casa de madeira, e Haruka, sentada no tatame, levantou-se devagar, surpresa pela visita inesperada. Ao abrir a porta, sua expressão relaxou em um sorriso caloroso, apesar do brilho ligeiramente curioso em seus olhos.

"Você falou que ia voltar, meu querido," ela disse com a voz carregada de uma gentileza firme que só os mais velhos possuem. "Mas não esperava que fosse tão depressa. Hohoho."

Munashi ficou parado por um momento, sua presença imponente preenchendo o espaço da entrada. Ele sorriu, meio sem jeito, mas o sorriso não alcançou os olhos. As sombras de seus próprios anseios povoavam sua mente, e Haruka, sempre perspicaz, notou isso imediatamente. Ela se afastou da porta, e deu espaço para que ele entrasse.

"Entre, Munashi. O que o traz aqui dessa vez?" perguntou, enquanto o garoto avançava com passos pesados pelo chão de madeira, que parecia ranger sob seu peso. O som familiar não o confortava desta vez.

Munashi hesitou por um segundo, as mãos grandes e calejadas se fecharam em punhos antes de se soltarem novamente. "Eu... precisava falar com você," disse, sua voz grave, quase engolida pela sala silenciosa.

Haruka, de costas para ele, preparava duas xícaras de chá como se já esperasse que ele ficasse por um tempo. "Você sempre pode falar comigo," respondeu com simplicidade, enquanto o som do líquido quente preenchia os recipientes.

Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [14m/s]; [00|08];

Adendos:

Munashi sentiu o aperto familiar em seu peito. Mesmo com toda sua força, essa batalha interior era a mais difícil. A angústia, o sofrimento, o medo de não ser suficiente. Ele podia enfrentar qualquer inimigo no campo de batalha, mas o inimigo dentro da própria mente o paralisava.

Ele se sentou no chão, a cabeça baixa, os ombros amplos tensionados, como se carregassem uma tonelada. "Eu sinto que, não importa o quanto eu treine, o quanto eu lute... ainda falta algo."

Haruka se virou e colocou uma das xícaras de chá à frente dele. Sentou-se com calma, enquanto observava o jovem com olhos que já haviam visto muitos outros shinobis lidarem com os próprios demônios internos. "Você se sente mais forte, mas ainda inseguro," ela afirmou, e Munashi assentiu, sem conseguir olhar diretamente para ela.

"É como se cada vitória fosse uma derrota. Não importa o quanto eu melhore... essa sensação de impotência me persegue."

Haruka observou-o por um longo momento antes de falar. "Você é forte, Munashi, muito mais do que acredita. Mas força física e controle de chakra não são tudo. A mente também precisa estar em paz."

Munashi bufou, quase em frustração. "Mas como eu posso encontrar paz se não confio nem em mim mesmo?" muitos outros shinobis lidarem com os próprios demônios internos. "Você se sente mais forte, mas ainda inseguro," ela afirmou, e Munashi assentiu, sem conseguir olhar diretamente para ela.


Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [14m/s]; [00|08];

Adendos:

"É como se cada vitória fosse uma derrota. Não importa o quanto eu melhore... essa sensação de impotência me persegue."

Haruka observou-o por um longo momento antes de falar. "Você é forte, Munashi, muito mais do que acredita. Mas força física e controle de chakra não são tudo. A mente também precisa estar em paz."

Munashi bufou, quase em frustração. "Mas como eu posso encontrar paz se eu mesmo não confio em mim?"

Haruka deu um gole no chá e o aroma suave se espalhou pela sala. "A insegurança que você sente, querido, não vai desaparecer com mais treino ou mais força. Esse é um fardo que você precisa confrontar de frente. E às vezes, enfrentar esse fardo sozinho é o erro."

Ela colocou a xícara sobre a mesa e olhou diretamente nos olhos de Munashi. "Você já pensou em procurar ajuda? Não física, mas mental?"

Munashi ergueu os olhos, surpreso. "Ajuda?"

Haruka sorriu com suavidade. "Os especialistas da mente, como você os conhece. Eles podem ajudar a guiar seus pensamentos, a entender essa tempestade dentro de você. Não há vergonha em admitir que, mesmo com toda a sua força, há coisas que não conseguimos vencer sozinhos."


Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [14m/s]; [00|08];

Adendos:

O silêncio pairou por um momento, enquanto Munashi ponderava sobre aquilo. A ideia de buscar ajuda para algo que ele sempre considerou uma fraqueza o deixava desconfortável. Ele era um guerreiro, um protetor. Como poderia admitir que não conseguia lidar com as próprias inseguranças?

"Você não é fraco por querer superar isso, Munashi," Haruka disse, como se pudesse ler seus pensamentos. "É preciso coragem para enfrentar os demônios dentro de nós. Mais coragem do que para enfrentar qualquer inimigo lá fora."

Munashi sentiu um nó se formar em sua garganta, mas respirou fundo, e o forçou para baixo. Sabia que Haruka estava certa. Desde que deixou o circo e encontrou refúgio em Iwagakure, sempre se dedicou a proteger os outros, mas havia ignorado a necessidade de proteger a si mesmo. Havia se jogado nas batalhas, no treinamento incessante, como uma forma de escapar da própria mente. Agora, sentado diante de Haruka, não havia mais para onde correr.

"Eu... vou pensar nisso," disse, com a voz rouca de emoções contidas.

Haruka sorriu, mas não forçou o assunto. "Tudo bem. Quando estiver pronto, eu te ajudarei a encontrar quem possa guiá-lo nesse caminho."

Os dois se entre olharam como se tivessem chegado em um entendimento mútuo.


Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [14m/s]; [00|08];

Adendos:

Assim, eles ficaram em silêncio por um tempo, apenas o som do chá sendo tomado preenchia a sala. Munashi, pela primeira vez em muito tempo, se sentiu aliviado por não ter que carregar sozinho o peso das próprias incertezas.

Enquanto a tarde avançava e a luz do sol se tornava mais fraca, Haruka sorriu e levantou-se suavemente. "Sabe, acho que tenho algo que pode lhe interessar," disse ela, dirigindo-se a um pequeno armário no canto da sala. "Recebi a primeira edição do novo Jornal Akatsuki hoje cedo."

Ela entregou o jornal a Munashi enquanto voltava para a cozinha para preparar mais chá e alguns bolinhos recém-assados. "Dê uma olhada enquanto coloco mais água para ferver. Há muita coisa acontecendo no mundo."

Munashi pegou o jornal com curiosidade. As páginas eram frescas, o cheiro de tinta ainda presente. Ele desdobrou o periódico e começou a ler os títulos em voz baixa.

"Uma nova era está desabrochando com as flores da primavera..." murmurou, os olhos percorrendo as notícias sobre a Shin Kumo e o novo Raikage. As histórias de batalhas e alianças chamavam sua atenção, mas também o faziam refletir sobre sua própria jornada.

Haruka voltou com uma bandeja de bolinhos quentes e colocou-a sobre a mesa. "O mundo está em constante mudança," comentou ela, sentando-se ao lado dele. "Líderes ascendendo, conflitos emergindo... É importante estarmos atentos ao que acontece além de nossas fronteiras."

Munashi assentiu, ainda absorto na leitura. "Parece que Iwagakure não está isolada desses eventos. Há menções sobre nosso próprio Tsuchikage."

"Sim," confirmou Haruka, servindo mais chá. "Muitas pessoas têm opiniões divergentes sobre ele. Alguns o veem como um salvador, outros como um ditador. Mas isso só mostra como é complexo liderar uma vila."

Ele leu a seção que discutia as ações do Tsuchikage Kamizuru Ishi, refletindo sobre as tensões internas e a resistência. "Nunca é fácil," disse pensativo. "A liderança vem com um fardo pesado."

Haruka observou a expressão contemplativa de Munashi. "E como você se sente em relação a tudo isso?"

Ele fechou o jornal e olhou para ela. "Acho que, assim como eu, a vila também está lutando com suas próprias inseguranças. Talvez todos nós estejamos buscando nosso lugar no mundo."

Ela sorriu, satisfeita com sua resposta. "Você está começando a ver além de si mesmo, Munashi. Isso é bom."


Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [14m/s]; [00|08];

Adendos:

Ele pegou um dos bolinhos, apreciando o aroma antes de dar uma mordida. "Deliciosos como sempre," elogiou, mudando o tom para algo mais leve.

"Hohoho, você sempre foi um apreciador dos meus bolinhos," brincou Haruka. "Mas me diga, há algo no jornal que chamou mais sua atenção?"

Munashi ponderou por um momento. "A parte sobre o torneio em Sōgen. Parece uma oportunidade interessante."

"Você considera participar?" perguntou ela, arqueando uma sobrancelha.

"Talvez," respondeu, pensativo. "Mas primeiro, quero me fortalecer internamente. Não adianta buscar desafios externos se ainda tenho batalhas internas para vencer."

Haruka assentiu, orgulhosa. "Você está amadurecendo, meu querido. E quando estiver pronto, sei que fará grandes coisas."

Eles passaram o resto da tarde conversando sobre assuntos variados — lembranças do passado, histórias da aldeia, planos para o futuro. A atmosfera estava leve, e Munashi sentiu uma tranquilidade que há muito não experimentava.

Quando a noite começou a cair, ele se levantou para se despedir. "Obrigado por tudo, Haruka. Sua companhia sempre me faz bem."

"Volte quando quiser, Munashi. Minha porta está sempre aberta para você."


No dia seguinte, o sol mal havia despontado quando Haruka e Munashi caminharam lado a lado pelas ruas de Iwagakure. A aldeia começava a despertar, e o burburinho matinal preenchia o ar com sons familiares. As pedras sob seus pés eram irregulares, mas firmes, refletindo a solidez daquele lugar que ambos chamavam de lar.

Haruka mantinha o ritmo calmo, adaptando seus passos aos de Munashi. Apesar de sua altura imponente, ele parecia menor naquela manhã, os ombros ligeiramente curvados sob o peso de pensamentos silenciosos. O vento suave acariciava seus cabelos brancos, mas ele não parecia notar.

"Faz um belo dia," comentou Haruka, quebrando o silêncio confortável entre eles. "A primavera traz novas esperanças."

Munashi assentiu lentamente, os olhos fixos no caminho à frente. "Sim," respondeu, a voz profunda quase um sussurro.

Eles caminharam sem pressa pelo centro da aldeia, passando por lojas que começavam a abrir as portas e por crianças que corriam alegres, carregando o frescor de um novo dia. Haruka observava tudo com um sorriso discreto, enquanto Munashi parecia perdido em seus próprios pensamentos.

Finalmente, chegaram ao Hospital de Iwagakure, um edifício sólido de pedra clara que exalava uma tranquilidade acolhedora. Munashi parou por um momento diante das grandes portas, respirando fundo. Haruka colocou uma mão gentil em seu braço.

Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [14m/s]; [00|08];

Adendos:

"Não há motivo para temer, meu querido," disse ela, os olhos transmitindo uma confiança serena. "Hana é uma amiga de longa data. Você estará em boas mãos."

Ele olhou para ela, a incerteza ainda presente em seu olhar. "Obrigado por vir comigo," disse sinceramente.

Ela sorriu. "Sempre estarei aqui para você."

Entraram juntos no hospital, e foram recebidos pelo aroma suave de ervas medicinais e pela iluminação branda que preenchia o saguão. Haruka guiou-o pelos corredores com familiaridade, até chegarem a uma porta marcada com o nome "Hana Miyamoto - Especialista em Saúde Mental".

Haruka bateu levemente, e uma voz suave respondeu de dentro. "Entre."

Ao abrirem a porta, foram recebidos por uma mulher de aparência gentil, cabelos negros presos em um coque e olhos que brilhavam com sabedoria acumulada. Ela levantou-se da cadeira e abriu um sorriso caloroso.

"Haruka! Quanto tempo," exclamou Hana, aproximando-se para um abraço afetuoso.

"Sim, tempo demais," concordou Haruka, retribuindo o gesto. "Hana, este é Munashi Kurotani. Munashi, esta é Hana Miyamoto."

Munashi inclinou a cabeça em cumprimento. "Prazer em conhecê-la," disse, tentando esconder o nervosismo.

Hana avaliou-o por um instante, os olhos percorrendo sua figura imponente com curiosidade profissional. "O prazer é meu, Munashi. Por favor, sente-se. Vamos conversar um pouco."

Haruka colocou a mão no ombro dele mais uma vez. "Cuide bem dele, Hana."

"Pode deixar," respondeu Hana com um sorriso. "Obrigada por trazê-lo."

Haruka despediu-se, deixando-os a sós. Munashi sentou-se em uma cadeira confortável, as mãos repousando sobre os joelhos, ainda tensas.

"Então, Munashi," começou Hana, sentando-se à sua frente. "Haruka me contou um pouco sobre você, mas quero ouvir da sua própria voz. O que o traz aqui?"

Ele respirou fundo, buscando as palavras. "Eu... tenho me sentido inseguro. Mesmo com todo o meu treinamento, com toda a minha força, sinto que não sou suficiente. Isso me impede de seguir em frente."

Hana assentiu, a expressão compreensiva. "Entendo. A insegurança pode ser um fardo pesado. Você gostaria de me contar mais sobre o que sente?"

Munashi hesitou, mas algo na presença calma de Hana o encorajou. Começou a falar, inicialmente com frases curtas e pausadas, mas gradualmente as palavras fluíram com mais facilidade. Contou sobre seu passado, sobre o circo, sobre a perda de sua tribo e sobre a constante sensação de impotência que o perseguia.

Hana ouvia atentamente, sem interromper, apenas fazendo pequenas anotações de vez em quando. Quando ele finalmente terminou, sentiu-se estranhamente aliviado, como se um peso tivesse sido retirado de seus ombros.

Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [14m/s]; [00|08];

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"Você passou por muitas coisas difíceis, Munashi," disse ela suavemente. "É natural que essas experiências deixem marcas profundas. Mas o fato de você estar aqui, buscando ajuda, já é um grande passo."

Ele olhou para ela, a incerteza ainda presente, mas agora misturada com uma centelha de esperança. "Acha que pode me ajudar?"

"Posso guiá-lo, mas o trabalho verdadeiro vem de dentro de você," respondeu Hana. "Vamos explorar juntos esses sentimentos e encontrar maneiras de lidar com eles."

E assim, as sessões de terapia começaram. Ao longo de dois meses, Munashi visitava Hana regularmente. Cada encontro era uma jornada através de suas memórias, emoções e pensamentos. Ele aprendeu a reconhecer os padrões que alimentavam sua insegurança, a questionar as vozes internas que o diminuíam.

Hana o incentivou a enfrentar seus medos, não com a força bruta que ele conhecia tão bem, mas com compreensão e aceitação. Aos poucos, Munashi começou a perceber que sua força não estava apenas nos músculos poderosos ou na habilidade em combate, mas também na capacidade de enfrentar a si mesmo.

Em uma tarde ensolarada, após a oitava sessão, Munashi sentou-se diante de Hana com uma expressão serena. "Sinto que algo mudou," confessou. "Aquela sensação sufocante não é mais tão forte."

Hana sorriu, satisfeita. "Você fez um progresso incrível, Munashi. Lembre-se de que este é um caminho contínuo, mas estou orgulhosa de como você tem se dedicado."

Ele assentiu, grato. "Obrigado por me ajudar a enxergar isso."

Ao deixar o hospital naquele dia, Munashi caminhou pelas ruas de Iwagakure com um novo senso de leveza. O sol brilhava intensamente, e ele notou detalhes ao seu redor que antes passavam despercebidos – as risadas das crianças, o aroma do pão recém-assado, o calor acolhedor da comunidade.

Encontrou Haruka em uma das praças, alimentando pássaros como costumava fazer. Ao vê-lo, ela ergueu o olhar e sorriu. "Vejo que está mais tranquilo," observou.

Munashi sentou-se ao lado dela. "Sinto-me diferente. Ainda há muito a trabalhar, mas não carrego mais aquele peso sozinho."

Ela colocou a mão sobre a dele. "Fico feliz em ouvir isso. Você é forte, Munashi, de muitas maneiras."

Ele olhou para o horizonte, onde as montanhas se erguiam majestosas. "Acho que finalmente entendo que força não é apenas sobre poder físico. É também sobre aceitar quem somos, com todas as nossas falhas e virtudes."

Haruka assentiu. "Essa é uma lição que muitos demoram a aprender. Você está no caminho certo."

Munashi sorriu, um sorriso genuíno que iluminou seu rosto. "Obrigado, Haruka. Por tudo."

Ela apertou sua mão gentilmente. "Sempre estarei aqui para você, meu querido."


Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [14m/s]; [00|08];

Adendos: