Hakuryuu Kinsetsu

Já há alguns dias Haku vinha se sentindo estranho. Demorara a perceber, mas certamente isso era devido a novas tendências em seu comportamento. Sentia uma necessidade extrema em chamar atenção a todo momento e, para tanto, frequentemente se metia em situações que, normalmente, seriam extremamente constrangedoras para ele. Algo que tornava tudo mais preocupante ainda, já que havia mudado ao ponto de ser completamente insensível diante dessas situações.

Era óbvio que aquilo tudo devia ter algo a ver com a besta recém-selada em seu corpo. Entretanto, por conta de seus surtos de comportamento, preferiu manter-se preso à cidadela do deserto. Ainda tinha que constantemente causar e criar casos diante de outras pessoas. Entretanto, estando dentre os demais membros e funcionários do Clã Sabaku, sabia que eles entenderiam melhor a sua condição do que estranhos na rua.

O receio em sair de casa, contudo, acabava atando-lhe as mãos no quesito “encontrar uma solução para o problema”. Ia de canto a canto na cidadela, checando se havia algo em algum lugar que pudesse ajudá-lo.

Entretanto, a maré de azar só realmente deu sinais de estar virando quando ouviu o som familiar de um guizo vindo do corredor de entrada da sala do espelho d'água.

Imediatamente interrompendo o momento de repouso frustrado, ergueu-se para receber a convidada que, para sua surpresa, estava acompanhada de Ziusudra. Claro, sabia desde o treinamento de raiton que ela era sua aprendiz. Todavia, jamais teria imaginado vê-los juntos em casa, assim. Afinal, a tendência era que ele enviasse os aprendizes como emissários e afins.

Palavras: 256

Legenda:
Falas do Hakuryū: — Texto — descrições. | Pensamentos do Hakuryū: "Texto" — descrições.
Falas do Nanabi: — Texto — descrições. | Pensamentos do Nanabi: "Texto" — descrições.

Hakuryuu Kinsetsu

Ao que atingiu a plataforma central, junto da mulher misteriosa — coberta por um chapéu asiático negro e uma sucessão de quimonos escuros de tecidos adornados de altíssima qualidade —, Ziusudra bateu a bengala firmemente no chão. Hakuryū prontamente os reverenciou.

— Não sair de casa foi a melhor solução que conseguiu encontrar? — austero, o velho sequer o saudou.

A tempo de erguer-se da reverência, Kinsetsu congelou. Não tinha pensado tanto no assunto e, ao que percebeu ter sido impulsivo, era tarde demais. Sem respostas, o mestre desceu a bengala em sua cabeça. Do interior escuro de seus mantos, a mulher manteve-se absolutamente indecifrável.

— Humpf. Sua sorte. Moleque desmiolado. É que. O acontecido. Chegou. Aos. Meus. Ouvidos — resmungando, ele continuou dando mais alguns golpes com a bengala na cabeça do jinchuuriki.

Haku apenas se manteve cabisbaixo, em sinal de respeito ao mestre durante a bronca. Sabia estar errado, afinal.

Ziusudra, eventualmente, parou de golpeá-lo devido à negligência cometida ao manter-se preso com tamanho risco selado em seu corpo.

— Por acaso, Terá havia encontrado um certo diário, cujo nome do autor há muito se desgastara no tempo, acerca do exato problema pelo qual você passa — continuou, expirando enquanto erguia bengala na direção da mulher para sinalizá-la.

— Mas não só isso — a figura encapuzada começou a avançar lentamente na direção de Kin. — Também há descrições acerca de métodos para contornar a desarmonia interior — mais próxima de Haku, mãos finas, cobertas em uma elegante e comprida luva negra, emergiram do interior dos mantos, entregando-lhe um pergaminho.

Palavras: 249

Legenda:
Falas do Hakuryū: — Texto — descrições. | Pensamentos do Hakuryū: "Texto" — descrições.
Falas do Nanabi: — Texto — descrições. | Pensamentos do Nanabi: "Texto" — descrições.

Hakuryuu Kinsetsu

As sobrancelhas de Hakuryū se elevaram quanto ao conteúdo do pergaminho. O relato não era muito claro e a descrição em primeira pessoa complicava um pouco. Entretanto, ele não demorou a entender as bases do método para atingir o domínio do chakra da besta.

— Sem mais tempo para papo furado — agarrando o corpo da bengala em um movimento ascendente com o braço, o mestre começou a caminhar em direção à saída da sala. — Venham, ainda temos bastante pela frente — juntando ambas as mãos nas costas, ele atravessou a passarela e começou a descer as escadas.

Terá prontamente o acompanhou, deslizando pelo chão ao chacoalhar de guizos, quase como se fosse uma entidade sombria.


Kinsetsu foi logo atrás. Já conhecendo bem o interior de sua nova casa, não demorou a entender que se dirigiam para o pátio do karesansui. Por isso, quando chegaram lá, não demorou a escolher e sentar sobre uma das rochas em meio às areias minuciosamente padronizadas.

— Primeiro, concentre-se na assinatura da besta em seu interior — cessando a caminhada junto aos sons do guizo, Terá se pronunciou em bom-tom. — Então, tome uma quantia do chakra alheio para si — rígida e lacônica, ela introduziu o que Haku havia lido por cima há pouco no pergaminho, agora nas mãos do ancião.

— Essas bestas transbordam de chakra, por serem feitas puramente dele — Ziusudra elevaria a voz logo em seguida, completando as instruções da aprendiz mais experiente. — Selada dentro de você, ela não deve ter tanto espaço para reagir. Então, ao pegar uma fração daquilo que é naturalmente emanado, você não deve experimentar resistências — tendo escolhido uma rocha para si também, enquanto explicava, o ancião se sentaria em uma das opostas a Haku. — Colete continuamente e deixe que a energia da besta incorpore o seu sistema meridiano e, então, transborde para que você e seu corpo possam utilizá-la livremente.

Àquela altura há muito concentrado com os olhos fechados, Haku seguiu as vozes dos dois à risca. Sentiu a energia vinda da presença estranha dento do seu corpo. Como quem coleta a enorme quantidade de luz naturalmente dispersada por uma estrela, Haku começou a moldar o chakra e incorporar ao seu. Naturalmente, sentiu uma maior dificuldade do que o normal — até mesmo na mesclagem do próprio chakra —, porém seguiu insistente até que conseguisse fazê-lo.

Após algumas horas sentado sobre a pedra, uma aura avermelhada translucida começou a emanar de seu corpo. A pressão do fluxo dentro do seu keirakukei não parecia intenso ou focado o suficiente em aumentar a potência do chakra que conseguia projetar em ninjutsus. Entretanto, o fluxo excedente de energia certamente parecia aprimorar consideravelmente suas capacidades físicas. Sentia como se estivesse repleto de uma vitalidade extra. Apesar disso, pelo menos percebeu que era como se recebesse reservas extras para usar nos próprios jutsus.

Sua maior preocupação, no entanto, foi a certa modificação em sua aparência e emoções. A parte do novo Eu que notadamente vinha da besta parecia mais intenso do que nunca. Entretanto, considerando a situação — Ziusudra e Terá estavam ali, tendo ele como o centro das suas atenções — não sentiu tanto desconforto assim. Envolto pela emanação avermelhada, apenas teve certeza de guardar na memória que teria de tomar cuidado com aqueles impulsos futuramente. Sabia que eventualmente encontraria uma forma de conciliá-los.

— Certo. Você pareceu entender pelo menos o básico — Ziusudra ergueu-se, sinalizando para que Terá também se mobilizasse. — Os relatos estão incompletos, mas parece certamente haver mais. Não demoraremos a localizar as outras partes do diário desse Jinchūriki desconhecido. Por isso, saiba que voltaremos em breve, Hakuryū. Esteja preparado — pondo um ponto final, ele saltaria da pedra e começaria a caminhar em direção à saída da Cidadela do Deserto.

Kinsetsu prontamente também saltaria da rocha, efetuando uma reverência de pé no pátio. O homem acenaria de costas enquanto caminhava e Terá, por sua vez, faria uma leve reverência pouco antes de também seguir para a saída.

A aura vermelha, com aspecto de chama translúcida, já havia recuado há algum tempo. Estranhamente, mesmo sabendo ter desperdiçado enormes quantidades de chakra, Haku não se sentiu tão cansado quanto nos treinamentos do passado. De qualquer forma, dando de ombros ao concluir que aquilo provavelmente se devia à vitalidade extra fornecida pela besta, Haku prosseguiu para o interior da cidadela. Ainda havia alguns afazeres a serem cumpridos até o fim do dia.

Palavras: 721

Legenda:
Falas do Hakuryū: — Texto — descrições. | Pensamentos do Hakuryū: "Texto" — descrições.
Falas do Nanabi: — Texto — descrições. | Pensamentos do Nanabi: "Texto" — descrições.