Se tinha algo que Nathaniel odiava era que mentissem para ele, e quando descobria que alguém estava escondendo algo dele ou inventando alguma história, as consequências poderiam ser terríveis para aqueles que ousaram enganá-lo. Essa é a história como o Grey descobriu que alguém que parecia ser ingênuo e confiável estava se passando por alguém que não era realmente. Não foi difícil encontrá-lo, na verdade, uma vez que ele estava sempre no território de Nate, visitando a lápide do homem que era o seu pai, ou assim deveria ser. O rapaz identificado como Mitsuki estava quase saindo do Templo da Fênix, quando o Yondaime, B.A, River, Kimiko e Kiara o cercaram. O garoto ficou assustado no primeiro momento, mas Nate buscou não transparecer a sua desconfiança, mas não conseguia fazer o mesmo em relação aos outros ao seu redor.

— Mitsuki, boa noite. Estávamos indo para o Seven Dragons, tomar uma bebida como nos velhos tempos. Gostaria de ir conosco? Era a atividade preferida do seu pai.
— E-eu… Eu não bebo, senhor. — tentou se justificar.
— Eles tem bebidas não alcoólicas lá dentro. Venha, iremos lhe contar algumas histórias sobre o Ryuuzaki. — ofertou algo que o rapaz nunca poderia recusar.

E então o grupo se dirigiu para o bar, que ficava num bairro considerado não muito agradável ´para aqueles que se definiam como cidadãos de bem: perto das áreas industrias, era frequentada por trabalhadores de todos os tipos, mas principalmente por aqueles que eram chamados de desajustados e desonrados. Nathaniel, avesso aos rótulos da sociedade, não sentia nenhuma vergonha de frequentar aquele tipo de ambiente. Entrou no bar junto com os seus convidados, sentando-se na mesma mesa que sempre frequentava, então eles pediram um balde com cervejas para todos e duas porções de batatas fritas para os humanos e elfo, um pote com frango frito para a kumorineko, além de uma garrafa refrigerante para Mitsuki. O grupo conversou sobre assuntos aleatórios, nada que tivesse a ver com a vida shinobi, até que os seus pedidos chegaram, e aí eles começaram a beber, comer e, no caso de Nathaniel, fumar.

— Sabe, quando eu vim aqui na primeira vez, todos eles me olharam com um certo desprezo. Me achavam alguém que não estava a altura do desafio, que eu era ingênuo demais, mas as coisas mudaram com o tempo. Demorou um tempão, mas eles confiaram em mim, e eu neles. Os Garotos não existiriam sem essa confiança. Por um momento, eu acreditei que você era alguém confiável, e que era só um garoto ingênuo querendo provar o seu talento, mas pelo que descobrimos, você não passa de um mentiroso.
— O-o que está falando? — o garoto ficou na defensiva.
— Sabe quando alguém parece ser certinho demais? Nós resolvemos investigar você, confirmar as suas informações, e pelo que parece, você não está sendo realmente honesto. Não sabe o quanto nós somos desconfiados, e passamos a investigar você.— ele olhou para o rapaz, seguidamente por todos ali, assistindo ele engolir a seco. — Você pintou o seu cabelo num tom parecido com o de Ryuuzaki para parecer que era filho dele, e foi falar com a Indira sobre ele. Você arrumou um grande problema para nós, e andando por aí buscando ter contato com a Midori. Fora os remédios que você pediu para tratar transtornos causados por traumas psicológicos, o que explica o fato de você não ingerir bebidas alcoólicas. — ele deixou o cigarro em cima da mesa, cruzando os braços.
— E nós também roubarr fio de cabelo seu, e compararr com o DNA de Ryuuzaki. Vocês non serr pai e filho. — concluiu River.
— Você enganou o Hokage, garoto, o Guardião da Paz, e frequentava o templo dele o tempo todo. E se você for, na verdade, um espião? Ele poderia prender você por isso, nesse exato momento. — B.A alertou-o, enquanto Kimiko abriu a mão e bateu com o punho fechado uma na outra, indicando algo que o rapaz entendia muito bem.
— Essa é a parte em que você começa a nos contar a verdade… Chinoike Hanzo. — ele estreitou os olhos, sem mesmo liberar a sua intenção assassina, acreditando que não havia necessidade. O rapaz que se chamava Hanzo ficou olhando para todos ali, rapidamente indo para o solo, ajoelhando-se e ficando com a cara no chão, diante de todos os curiosos ao redor.
— Por favor, eu imploro o seu perdão, Hokage-sama! É verdade que eu não sou filho de Ryuuzaki, mas é verdade que eu o conheci. Ele foi um grande homem, e ajudou a mim e a minha mãe quando eu mais precisei. Eu queria encontrar uma forma de honrar o seu legado, mas eu não sabia como, mas eu sabia, pelas histórias que me contaram, que vocês eram próximos dele, então busquei me aproximar, inventando esse nome e identidade. Realmente, eu não sou filho dele, mas ele me ensinou muitas coisas, e eu quero usar isso para fazer coisas boas, assim como ele fez, e para ser aceito em Konoha, eu precisava me passar por ele. Por favor, não me prendam. — o garoto chorava copiosamente, enquanto Nathaniel olhava para ele entediado, fazendo um sinal para B.A, que o puxou pelo o braço e o fez se sentar novamente.
— Bom, isso foi um pouco mais dramático do que eu imaginava. — ele bebeu um pouco mais da sua cerveja.
— Nós sabemos sobre tudo isso que nos contou, só queriamos saber se você continuaria com a sua farsa quando fosse descoberto. Você mentiu, em partes, mas na maior parte do tempo, você pareceu ser sincero, e se quisesse fazer algo contra qualquer um de nós, já teria feito. — a revelação de B.A deixou o rapaz chamado Hanzo aliviado.
— Então por que fizeram isso tudo? — o garoto questionou.
— Porque eu sou rancoroso, e você me enganou. Eu não poderia seguir em frente sabendo que você me enganou sem pelo menos te dar um pequeno susto.
— Com todo o respeito, eu não diria que foi um susto pequeno, mas pelo menos eu pude pagar a minha dívida. — o Chinoike ficou mais aliviado ao imaginar que tinha passado.
— Não exatamente. — ele o encarou. — Sabe, Hanzo, eu tive amigos que me abandonaram a muito tempo atrás, por eu não me encaixar no padrão social e financeiro deles, e isso me corroeu por muito tempo, mas quando eu esfreguei a ingratidão de todos na cara deles, eu me senti muito bem. O ponto é, assim como todas as pessoas que me fizeram mal durante toda a minha vida… — ele abriu uma garrafa de cerveja, colocando na frente do garoto. — Você me deve sofrimento.

E então, Nathaniel fez com que o garoto bebesse, não pela força ou pelo incentivo, mas acertando-o em sua consciência culpada. E assim, Hanzo tomou uma garrafa inteira, depois outra, e depois uma última, ficando bêbado o suficiente para que todas as suas lembranças traumáticas e dolorosas inundassem a sua mente, lhe trazendo ansiedade e sofrimento. Nathaniel e os amigos o acolheram, cuidando dele e o levando para casa, deixando que ele entrasse em sono profundo, deixando algumas pilulas para ele tomar quando acordasse. O Hokage retornou no dia seguinte, observando que ele havia removido a tinta do cabelo, ficando em um tom alaranjado natural. Sua cara demonstrava que ele estava numa ressaca terrível, mas que os remédios o ajudavam a se manter de pé.

— Você não está tão ruim quanto eu imaginaria que estaria, mas pelo menos sabe que mereceu isso. É tudo uma questão de confiança, garoto: se não podemos confiar nos que estão ao nosso redor, estamos fodidos. Mas você finalmente se libertou da sua falsa persona, mas acima de tudo, acredito que lições foram aprendidas ontem, não é?
— Sim, Nathaniel-sama. E agora? — perguntou, mas parecendo ter medo da resposta.
— Agora… Você obtém todas as respostas que deseja, e torna o seu sonho de continuar o legado de Ryuuzaki realidade. — disse com um sorriso satisfeito no rosto.