Munashi se movia pelas ruas desertas da periferia de Iwagakure com passos pesados, mas estranhamente silenciosos. Sua altura e musculatura impressionantes faziam-no parecer um gigante na escuridão, e mesmo envolto em sua habitual camiseta avermelhada e jaqueta de combate, sentia o frio percorrer a pele pálida. A patrulha era simples, ao menos em teoria: garantir a segurança nas bordas da vila

Enquanto caminhava, seus olhos brancos varriam o terreno com a intensidade de alguém que sempre espera o pior. Não estava apenas à procura de ameaças físicas; procurava qualquer sinal de falha, qualquer deslize que pudesse custar caro. Os terrores que viveu sempre o lembravam do que acontecia ao não estar preparado.

De repente, Munashi parou e apertou os punhos. Após respirar fundo, avançou na direção que sua intuição o conduziu.

Ao virar a esquina, seus olhos encontraram um grupo de figuras encapuzadas. Eram três, todos se moviam de forma desleixada, e mesmo à distância, Munashi não pode deixar de sentir que eles poderiam representar alguma ameaça. A insegurança que sempre o acompanhava tentava se infiltrar em sua mente, mas ele a empurrou para baixo, e a substituiu por determinação.

"Quem está aí?" A voz de Munashi ecoou pela rua estreita. Os encapuzados pararam, e por um breve momento, houve silêncio. Em seguida, o grupo se entreolhou, antes de se dispersar em direções diferentes. Munashi amaldiçoou baixinho e partiu em perseguição.

Mesmo com sua estatura imponente, Munashi avançava com uma agilidade surpreendente, resultado de anos de treino rigoroso. Ele focou em um dos fugitivos, um indivíduo menos ágil que os outros. Assim, a perseguição o levou até uma área mais isolada. Dessa forma, ao alcançar o alvo, Munashi o deteve com uma kunai em punho. O encapuzado se virou rapidamente, e através da escuridão, surgiu um rosto jovem e assustado.

"Você não devia estar aqui," disse Munashi, a voz mais baixa, mas ainda carregada de autoridade. "Se tem algo a dizer, diga agora."

O jovem tremia, e após um momento de silêncio, murmurou: "Eu... Eu só... estava tentando encontrar um lugar seguro."

Munashi sentiu uma pontada de empatia, mas também sabia que não podia se deixar levar. Ele fez sinal para que o jovem o seguisse, enquanto mantinha a kunai à vista, mas sem apontá-la diretamente para o rapaz.

Quando retornou à vila, Munashi relatou o incidente aos superiores. Ele sabia que o jovem precisava ser interrogado, mas também que, às vezes, as respostas eram mais complexas do que pareciam.

Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [22m/s]; [00|08];

Adendos:

O silêncio da manhã cobria a Academia Ninja. Apenas os deslizes de um pano úmido contra o chão ecoavam pelos corredores vazios. Munashi limpava com movimentos largos e firmes. Sua altura impressionante e ombros fortes se curvaram sobre o balde de água, onde o reflexo esbranquiçado de seus cabelos cintilava na superfície do líquido. O sol, ainda baixo no horizonte, projetava algumas sombras alongadas pelo chão limpo.

Ele se encontrava no meio da missão de limpar e organizar a Academia, uma tarefa que muitos considerariam simples ou até indigna de sua força. Mas, para Munashi, esta era uma oportunidade rara de desacelerar, de se conectar com o ambiente que considerava seu lar.

Ao concluir aquela parte e avançar para o próximo corredor, seu olhar notou uma fileira de kunais espalhadas desordenadamente sobre uma bancada de madeira. Ele se aproximou, pegou cada uma com cuidado, e sentiu o metal frio em suas mãos. Dessa forma, Munashi alinhou as kunais de maneira meticulosa, e as posicionou de acordo com o tamanho. A ponta de cada lâmina brilhava sob a luz que entrava pela janela próxima. "Até a menor lâmina tem um propósito," pensou. "Assim como eu."

De repente, ouviu o som de risos vindos de fora, uma lembrança de que havia vida além das paredes da academia. Munashi parou, os dedos ainda presos a última kunai, e olhou pela janela. Lá fora, alguns professores da academia estavam sentados sob uma árvore, em uma pausa para o chá da manhã. Uma visão tão simples, mas que trazia uma pontada de dor em seu peito. O garoto raramente participava desses momentos, sempre focado no treinamento.

Mas hoje era diferente. Hoje ele estava aqui, não por uma batalha, mas por algo mais comum. Assim, rapidamente afastou o olhar e voltou para sua tarefa, enquanto arrastava o balde de água na direção à próxima sala. "Um passo de cada vez," pensou, uma frase que seus mentores repetiam frequentemente. Eventualmente, Munashi considerou aquela tarefa uma forma de treinamento diferente, um que testava sua paciência, sua capacidade de encontrar valor nas pequenas coisas.

Ao entrar na sala de treinamento, viu que os bonecos de madeira usados para práticas de Taijutsu estavam gastos e desalinhados. Suas grandes mãos ajustaram cada boneco, apertando parafusos soltos e realinhando as bases, certificando-se de que estivessem firmes para o próximo treino dos estudantes. A tarefa lhe trouxe um sentimento de que estava preparando o futuro para outros, mesmo que de forma muito amena.

Durante uma pausa, Munashi fechou os olhos por um momento e respirou fundo, para acalmar a inquietação que habitava seu peito. Era estranho como essa missão, tão diferente das outras, provocava pensamentos que ele normalmente empurrava para o fundo da mente. Pensamentos sobre propósito, sobre seu lugar no mundo.

Ele se lembrou de sua fuga do circo, da sensação de liberdade misturada com o medo do desconhecido. Naquele momento, tudo o que queria era um lugar para chamar de lar, onde pudesse se sentir seguro, aceito. E agora, estava aqui, na Vila da Pedra, realizando uma tarefa que parecia mundana, mas que, de alguma forma, trazia consigo um sentimento de pertencimento.

Quando o dia chegou ao fim, Munashi observou a academia, agora limpa e organizada. Tudo estava em seu devido lugar, pronta para receber os estudantes na semana seguinte. Por conta disso, se sentiu estranhamente em paz, como se tivesse alcançado algo importante, ainda que não pudesse colocar em palavras. Assim, caminhou até o pátio principal e sentou-se em um banco de pedra, e manteve os olhos fixos no horizonte, onde o sol começava a se pôr. O céu tingia-se de laranja e rosa.

Enquanto observava o crepúsculo, um pensamento surgiu em sua mente — talvez o mundo não fosse apenas sobre força e sobrevivência. Talvez houvesse beleza na simplicidade, na paz encontrada em momentos de quietude e ordem. O garoto sabia que ainda tinha muito a aprender, mas sentia que esse era um passo em direção a uma nova compreensão, uma nova forma de ver e aproveitar o mundo.

E ali, sob o céu que escurecia lentamente, Munashi permitiu-se relaxar, se perder no momento, pela primeira vez em muito tempo. Porque, afinal, até mesmo um guerreiro precisa de descanso.

Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [22m/s]; [00|08];

Adendos:

O som de cascalhos e folhas sob as sandálias ecoava suavemente enquanto Munashi seguia pela trilha estreita, com três mensageiros logo à sua frente. Eles já haviam feito aquele trajeto inúmeras vezes, transportando mensagens e pequenas encomendas para as aldeias nas redondezas, mas para Munashi, essa era sua terceira missão como Genin, e estava determinado a provar seu valor, mesmo que tudo indicasse uma tarefa sem grandes complicações.

Shiro, o mais jovem dos mensageiros, caminhava despreocupado, equilibrando-se em pedras salientes e assobiando uma melodia animada. Kaito, o mais velho, liderava o grupo, com um olhar experiente e relaxado. O terceiro, Haru, mantinha um passo firme, mas sua expressão era de alguém que fazia aquilo sem pensar, como se cada passo fosse tão natural quanto respirar.

“Relaxa aí, Munashi!” Shiro brincou, olhando para trás por sobre o ombro. “Você parece estar em uma missão de vida ou morte. É só uma caminhada nas montanhas.”

Munashi manteve os olhos atentos à trilha, mas nasceu um leve sorriso em seus lábios, um que ele rapidamente tratou de esconder. “Nunca se sabe o que pode acontecer,” respondeu, com um tom sério, mas sem a dureza de antes. “É melhor estar preparado.”

Kaito riu. “Ah, eu também era assim quando comecei. Sempre achando que a qualquer momento surgiria um ninja inimigo das sombras. Mas depois de algumas dezenas de viagens como essa, você aprende que, na maioria das vezes, o maior perigo é tropeçar numa pedra solta.”

Haru assentiu, lembrando de alguns eventos passados. “Lembra daquele Genin que tivemos que resgatar porque ele torceu o tornozelo no caminho? Não tinha preparo nenhum pra esse tipo de terreno. Achou que era só lutar e pronto.”

Munashi ouviu as histórias em silêncio, mas seus olhos observavam as encostas íngremes ao redor. Ele já estava acostumado a desafios físicos e sabia que seu corpo era mais do que capaz de suportar o terreno difícil. Mas seu treinamento lhe ensinara a nunca subestimar ninguém, seja um oponente ou a natureza. O caminho era traiçoeiro, com pedras soltas e raízes expostas que poderiam facilmente derrubar alguém desatento. Por conta disso, se esforçava para manter a concentração, ciente de que um único erro poderia comprometer a missão.

Os mensageiros continuaram a conversar e rir, compartilhando histórias de missões passadas. Shiro, sempre o mais falante, contava sobre a vez em que um corvo roubaria uma carta importante e ele teve que correr atrás do pássaro por quase uma hora. Kaito e Haru riam alto, lembrando-se de como o chefe da aldeia ficou furioso ao descobrir que o atraso na entrega fora por culpa de um corvo travesso.

Munashi observava a interação entre eles, fascinado pela camaradagem e pela leveza com que tratavam a jornada. Ele se perguntava se algum dia se sentiria tão à vontade assim. Sua vida antes de se tornar um shinobi fora marcada por incertezas e lutas, e ele nunca teve muitas oportunidades para se descontraírem em momentos como aquele.

A trilha se estreitou quando começaram a subir uma encosta mais íngreme. As pedras sob os pés eram instáveis, e a inclinação exigia que usassem as mãos para se equilibrar. Shiro, sempre o primeiro a brincar, começou a fingir que estava escalando uma grande montanha, gemendo e resmungando como se o esforço fosse insuportável. “Ah, essa é a parte difícil!” ele dramatizou, antes de rir e saltar para frente com facilidade.

Kaito olhou para Munashi com um sorriso. “Sabe, já fizemos esse caminho tantas vezes que nem o sentimos mais. Mas você, por outro lado, parece que nasceu para isso. Já vi muito ninja menos preparado tendo problemas aqui.”

Munashi assentiu. “Minha força física me ajuda, mas sei que preciso afiar mais minha mente e minhas decisões. Tenho a impressão que cada missão pode me ajudar nisso.”

“Isso é verdade,” Haru concordou. “E você está indo bem. Manter a concentração é importante, mas não se esqueça de aproveitar a jornada também. Às vezes, a beleza do caminho é o que nos faz lembrar por que fazemos isso.”

Eles chegaram a um ponto alto da trilha, onde a visão se abria para um vale abaixo. O vento soprou mais forte, carregando o cheiro de pinho e terra fresca. Por um momento, o grupo ficou em silêncio, apreciando a vista. As montanhas de Iwa se erguiam majestosas ao redor deles, cobertas por uma vegetação densa que se movia suavemente com o vento.

Shiro quebrou o silêncio. “Sabe, Munashi, um dia você vai perceber que essas missões são mais sobre apreciar o caminho do que chegar ao destino. Há muito mais nas montanhas do que pedras e trilhas.”

Munashi sorriu, um raro momento de suavidade em sua expressão normalmente séria. “Talvez um dia,” disse ele, olhando para o horizonte. “Mas por agora, estou focado em garantir que todos cheguemos em segurança.”

Eles continuaram sua jornada, agora em um ritmo mais descontraído. A conversa fluiu facilmente, os mensageiros fazendo piadas e contando mais histórias, enquanto Munashi absorvia cada palavra, aprendendo a relaxar um pouco, mas sem nunca perder a vigilância.

Ao final do dia, quando chegaram à primeira aldeia, Munashi sentiu uma sensação de realização. Não houve confrontos ou grandes desafios, mas ele havia aprendido uma lição importante: nem toda missão precisa ser uma prova de força. Às vezes, o verdadeiro desafio está em aprender a apreciar o momento, em se conectar com aqueles ao seu redor e em encontrar a beleza na simplicidade.

Enquanto o sol se punha atrás das montanhas, lançando sombras longas e douradas sobre a trilha, Munashi olhou para os mensageiros, agora rindo e conversando com os aldeões, e sentiu que, talvez, estivesse finalmente começando a entender o que significava ser um verdadeiro shinobi.



Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [22m/s]; [00|08];

Adendos:

Munashi avançava com passos largos e pesados por uma floresta densa que cercava Iwagakure no Sato. A vegetação ao redor parecia se abrir para ele, como se reconhecesse sua presença dominante. O jovem estava na floresta há horas, mas seu ritmo não diminuía. Sua estamina e força eram lendárias entre seus pares, mas ele sabia que precisaria mais do que isso para completar a missão de hoje.

Havia recebido a tarefa de coletar materiais naturais — madeira, pedras, minerais — recursos essenciais para sustentar a economia de Iwagakure. O desafio não era apenas encontrar os materiais, mas também coletá-los de maneira eficiente, sem causar danos desnecessários ao ambiente. Munashi entendia a importância dessa missão, mesmo que fosse apenas um trabalho de Rank D. Afinal, cada missão era uma chance de provar sua lealdade à vila que se tornara seu lar, a vila que o havia resgatado.

Assim, o garoto parou ao lado de um antigo carvalho, sentindo o cheiro terroso das folhas úmidas no chão. Fechando os olhos, tentou ouvir o sussurro do vento nas copas das árvores, com a intenção de captar qualquer som que pudesse alertá-lo para a presença de animais selvagens ou outras possíveis ameaças. Sua altura impressionante permitia-lhe enxergar além do alcance normal de um Genin, mas era sua experiência em missões anteriores que realmente o guiava.

Seu olhar se fixou em uma árvore caída, suas raízes expostas apontando para o céu como dedos deformados. Ele se aproximou, estudando o tronco com atenção. A madeira ainda estava boa, forte e resistente, perfeita para o que a vila precisava. Ele sorriu, satisfeito. Finalmente, uma parte da missão estava concluída. Munashi se preparou para começar a cortar a árvore em pedaços manejáveis, quando um movimento na sua visão periférica chamou sua atenção.

Um grupo de veados emergiu de um arbusto próximo, seus olhos grandes e escuros refletindo a luz difusa do sol. Eles o encararam por um momento antes de retornar à segurança das sombras. Munashi observou-os desaparecerem na floresta, surpreso como a vida selvagem ao redor de Iwa era tão diversa e adaptada ao terreno acidentado.

Em seguida, ele voltou ao trabalho, suas mãos grandes e calejadas manipulando com cuidado a madeira enquanto cortava pedaços precisos com um machado que trazia amarrado às costas. Seus músculos se flexionavam com o esforço, mas ele não sentia cansaço. O suor escorria por seu rosto, mas ele o ignorava, focado na tarefa à frente. Cada golpe do machado era preciso, eficaz, guiado pela força bruta e pelo conhecimento que adquirira durante os treinos intermináveis.

Enquanto trabalhava, seus pensamentos voltaram ao seu passado no circo. Ele lembrou-se das correntes, dos olhares cruéis dos espectadores, da humilhação e da dor. A lembrança o fez cerrar os dentes. Ele não era mais aquele garoto. Iwagakure lhe dera uma nova vida, e ele faria qualquer coisa para proteger isso.

De repente, uma rocha se desprendeu do barranco acima dele, caindo em sua direção. Munashi reagiu instintivamente, lançando-se para o lado. A pedra atingiu o chão com um estrondo, levantando uma nuvem de poeira. Ele se ergueu rapidamente, os sentidos aguçados, procurando pela fonte do perigo. Era apenas um deslizamento de terra, causado talvez por suas próprias atividades.

Respirando fundo, ele se acalmou. Seus olhos brancos escanearam a área, buscando sinais de que o deslizamento não havia alertado animais mais perigosos ou outros problemas potenciais. Tudo estava quieto. Satisfeito de que estava seguro, ele voltou ao trabalho, decidido a terminar a coleta antes que o sol se pusesse.

Munashi sabia que essa missão, apesar de simples, era uma oportunidade de ouro para praticar suas habilidades de sobrevivência e de combate em um ambiente seguro. Ele se forçava a ver o valor em cada tarefa, por menor que fosse. Essa era a sua forma de se fortalecer, de se preparar para os desafios que certamente viriam.

A medida que o dia avançava, ele coletava pedras e minerais de um leito de rio próximo. Cada pedra que levantava era mais pesada do que a anterior, mas ele não se importava. Seu corpo estava acostumado ao esforço, e ele até sentia uma espécie de prazer na dor e na exaustão que se acumulavam em seus músculos.

Finalmente, quando o sol estava se pondo no horizonte, tingindo o céu de vermelho e laranja, Munashi concluiu sua tarefa. Ele amarrou os materiais em grandes pacotes que poderiam ser transportados de volta à vila. Enquanto carregava o peso nas costas e em uma espécie de trenó que ele arrastava, sentiu uma sensação de satisfação.

Enquanto caminhava de volta para Iwagakure, seu coração se enchia de uma calma resoluta. As montanhas ao longe pareciam sorrir para ele, como velhos amigos que reconheciam seu esforço. Ele sabia que Iwagakure era o seu lar, e continuaria a se esforçar ao máximo para agir de acordo com a gratidão que sentia.



Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [22m/s]; [00|08];

Adendos:

Munashi ergueu a enxada e cravou-a no solo duro com força, fazendo a terra soltar um som seco, antes de olhar ao redor.

Outros Genins trabalhavam ao lado dos agricultores experientes, cujas mãos calejadas moviam-se com uma eficiência que só o tempo e a prática podiam proporcionar. Munashi, contudo, destacava-se entre eles não apenas por sua estatura imponente, mas pela intensidade com que executava cada movimento. A enxada subia e descia num ritmo quase metódico, enquanto os músculos queimavam sob o esforço, no entanto , essa sensação o deixava satisfeito.

Mais adiante, uma agricultora de meia-idade, de pele marcada pelo sol e mãos ágeis, aproximou-se com um sorriso amigável. “Ei, garoto! Não precisa gastar toda sua energia assim. Estamos apenas preparando o solo, não é uma corrida.”

Munashi parou por um momento, descansando a enxada sobre o ombro. Ele tentou sorrir de volta, mas seu rosto estava tão acostumado ao esforço que o gesto saiu mais como uma careta. "Só estou... me certificando de que o trabalho seja bem feito."

Ela riu, um som leve que contrastava com o ar seco e denso ao redor. “Você é forte, sem dúvida. Mas a agricultura não é apenas força bruta. É paciência, ritmo, saber quando usar a força e quando poupar energia.”

Essas palavras ficaram na mente de Munashi enquanto ele voltava ao trabalho, dessa vez de forma um pouco mais controlada. Ele notou que os outros agricultores não se esforçavam tanto quanto ele, mas ainda assim, pareciam cobrir mais terreno. Havia uma economia de movimento que ele não conseguia compreender completamente, mas que começava a admirar.

Durante uma pausa para o almoço, os agricultores sentaram-se sob a sombra de uma grande árvore, compartilhando refeições simples de arroz e legumes. Munashi, normalmente reservado, sentiu-se inesperadamente à vontade entre eles. Talvez fosse o ambiente tranquilo, longe das pressões dos treinos e das expectativas de Iwagakure. Talvez fosse a maneira como eles o aceitavam sem questionamentos, como se ele fosse apenas mais um trabalhador naquele campo, e não um jovem shinobi com força sobre-humana e uma aparência que causava desconforto até mesmo em seus próprios colegas.

A senhora de antes aproximou-se de Munashi com um pedaço extra de onigiri. “Tome, garoto. Você precisa repor as energias.” Ela entregou a comida a Munashi, que aceitou com um aceno de agradecimento.

"Você é forte," disse a senhora, "mas me parece que tem algo ainda mais pesado nos ombros, meu filho."

Munashi olhou para o onigiri em suas mãos, o cheiro de arroz fresco preenchiam suas narinas. "Acho que todos nós carregamos algo," respondeu ele, depois de um momento de silêncio.

A mulher assentiu. "Sim, isso é verdade. Mas, às vezes, a melhor maneira de carregar um fardo é compartilhá-lo. Ou, pelo menos, encontrar um jeito de deixá-lo um pouco mais leve. Esses campos, por exemplo, podem ser ingratos, mas se você souber onde colocar o esforço e quando parar para descansar, a terra retribui."

À medida que a tarde avançava e o trabalho continuava, Munashi mudou seu ritmo. Ele começou a imitar os movimentos dos agricultores, usando menos força e mais técnica e percebeu que a enxada, quando usada corretamente, podia trabalhar com a terra, em vez de contra ela.

Quando o sol começou a se pôr, tingindo o céu com tons de laranja e rosa, Munashi olhou para o campo agora arado e pronto para o plantio e sentiu uma estranha sensação de orgulho.



Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [22m/s]; [00|08];

Adendos:

Munashi olhou para os Jounins à sua frente, com olhos que refletiam uma mistura de curiosidade e determinação. O treinamento de resistência começaria em breve, e ele sabia que esta não seria uma missão comum. Desta vez, não estava competindo contra outros Genins; estava lado a lado com alguns dos guerreiros mais experientes de Iwagakure. O peso dessa responsabilidade se infiltrou em seu peito, mas com ele vinha uma excitação inegável, uma chance de provar seu valor, não apenas para os outros, mas para si mesmo.

Os Jounins eram homens e mulheres endurecidos pela batalha, cada um carregava as cicatrizes de incontáveis missões. Mesmo de longe, era possível ver a confiança em suas posturas, a maneira como riam e conversavam, como se este treinamento fosse apenas mais uma rotina em suas vidas já impressionantes. Munashi, no entanto, permanecia em silêncio, com seus olhos brancos e etéreos focados na estrada à frente.

“Escutem!”, chamou o líder do grupo, um Jounin de cabelos grisalhos e olhar afiado. “Hoje, o objetivo é simples: resistência. Vamos começar com uma corrida de resistência pelas montanhas. Não é sobre quem chega primeiro, mas sim quem se mantém no ritmo sem falhar. Quem parar, fica para trás.”

Assim, quando o sinal foi dado, eles partiram em velocidade. A corrida começou com um ritmo intenso. O chão abaixo deles era uma mistura de pedra e terra, o tipo de terreno que engole as pernas e rouba o fôlego de qualquer um que não esteja preparado. Os primeiros sessenta minutos foram relativamente fáceis. Munashi manteve seu ritmo, permitindo que seu corpo se adaptasse ao esforço crescente. Ao seu redor, os Jounins avançavam com passos firmes, suas técnicas de corrida evidenciavam anos de experiência.

No entanto, algo dentro dele começou a mudar. A familiar ardência nos pulmões, que ele esperava sentir, não veio. A rigidez nos músculos, que normalmente se manifestaria após algum tempo de corrida intensa, também estava ausente. Em vez disso, ele sentia uma energia inexplorada, uma força bruta que se agitava dentro dele, como um vulcão prestes a entrar em erupção. Dessa forma, começou a aumentar o ritmo, e os passos ficaram mais largos e rápidos. Para sua surpresa, Munashi começou a ultrapassar um por um dos Jounins.

O primeiro olhar de surpresa veio de um Jounin à sua direita. Um homem robusto, com uma cicatriz que atravessava seu olho esquerdo. "Impressionante," murmurou, enquanto Munashi o deixava para trás. O jovem Genin podia ouvir o peso da respiração dos outros, o som dos calçados batendo contra o chão irregular. Não estava apenas acompanhava o treinamento; eventualmente , passou a liderar.

Munashi sentia o coração bater forte, mas não de exaustão. Era algo mais. Era como se cada passo o levasse mais fundo ao âmago de sua própria força. Mesmo ao lembrar das vezes no circo, sendo forçado a exibir sua força física para entreter multidões, ele nunca havia se sentido assim. Nunca havia se sentido imparável.

Enquanto o treinamento continuava, a inclinação se tornava mais íngreme, os ventos sopravam com mais força, e carregavam consigo poeira e as folhas secas. Alguns Jounins começaram a demonstrar sinais de cansaço — ombros caídos, respiração pesada. Mas Munashi... continuava. Não apenas continuava; acelerava. Seus passos eram firmes, sua respiração ainda ritmada e controlada.

"Como é possível...?" uma Jounin comentou entre arfadas, o suor escorrendo por sua testa. "Ele... ele é só um Genin!"

Mas Munashi não a ouvia. Em seu mundo, só havia a estrada à frente, o caminho que subia cada vez mais alto. Cada passada era uma nova revelação de que ele não era apenas um Genin comum. A resistência que ele possuía era algo extraordinário, algo que ele nunca havia compreendido completamente até agora.

Os Jounins começaram a parar, alguns se ajoelhavam, outros se encostavam em rochas para recuperar o fôlego. Trocavam olhares de incredulidade, observando o jovem Genin que parecia inabalável.

"Ele tem mais fôlego que a maioria dos ninjas da aldeia," um deles admitiu, um tom de respeito em sua voz.

Munashi, sem perceber, tinha ultrapassado seus limites físicos. Onde os outros Jounins haviam caído, ele permaneceu em pé, sua respiração calma, seus músculos com alguma  energia. Finalmente, o gigante parou e olhou para trás, apenas para perceber, pela primeira vez, que estava sozinho. Olhou para as faces cansadas dos Jounins e sentiu algo novo: orgulho. Não o orgulho arrogante, mas uma satisfação tranquila em saber que possuía algo único. Uma habilidade que o diferenciava dos outros.

Ao se juntar novamente ao grupo, o líder dos Jounins se aproximou dele, colocando uma mão em seu ombro. "Você é uma aberração, garoto," ele disse com um sorriso cansado, mas respeitoso. "Uma aberração no bom sentido."

Munashi acenou com a cabeça, sua mente ainda absorvendo o que acabara de acontecer. Ele tinha se comparado, pela primeira vez, com os melhores de sua aldeia e descobrira que, no que se tratava de resistência e força física, ele era incomparável. Mas também sabia que havia muito mais a aprender e entender sobre suas próprias habilidades e limitações. Não era mais uma questão de se comparar; ele havia se destacado. Naquele momento, no topo da montanha, rodeado pelos Jounins ofegantes, ele percebeu que seu caminho como ninja seria diferente, e talvez até mais solitário, mas também estava cheio de possibilidades que ele mal começara a entender.

Enquanto o sol começava a se pôr e o grupo começava a descer de volta para a aldeia, Munashi deu uma última olhada ao redor, absorvendo a vista do topo da montanha, guardando a sensação do vento fresco contra sua pele em sua mente. Ele não era mais o garoto inseguro que fugira de um circo. Agora, começava a entender que poderia ser muito mais, se continuasse a treinar, a desafiar seus próprios limites.

Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [26m/s]; [07|09];

Adendos:

O sol se erguia preguiçoso sobre Iwagakure, suas primeiras luzes mal tocavam o topo das montanhas ao redor da vila. Munashi já estava em movimento, seu corpo gigantesco se destacava entre os poucos transeuntes que começavam a tomar as ruas de pedra. Seus passos eram leves, mas sua expressão refletia a seriedade da missão à frente.

No mercado da vila, onde as ruas serpenteavam entre lojas que exibiam tesouros artesanais em vitrines e estandes, os sussurros sobre bandidos rondavam como uma brisa. Artesãos talentosos, cujas criações atraiam visitantes de toda a Terra, estavam sob ameaça. Os bandidos não eram simples ladrões; eram organizados e conhecedores do valor daquelas obras. Sabiam o que roubar, e sabiam que venderiam por um bom preço nos mercados ilegais das nações vizinhas.

Seu destino era a praça central, onde os artesãos mais respeitados de Iwagakure se reuniam para discutir a situação. Eles eram mestres em suas artes — escultores, pintores, ferreiros — e suas criações eram mais do que simples mercadorias; eram partes da alma da vila, e, como tal, mereciam a proteção mais dedicada.

Munashi chegou ao local antes do horário combinado, uma sombra imponente entre os pequenos estandes coloridos que ainda tardavam a abrir. Seu olhar percorria as ruas, atento a qualquer movimento suspeito. A vila ainda despertava, mas o garoto sabia que os bandidos poderiam atacar a qualquer momento, aproveitando-se da calmaria antes do início das atividades.

Os primeiros artesãos começaram a chegar, suas expressões de preocupação visíveis mesmo à distância. Ao verem Munashi, alguns deles relaxaram, confiantes na presença do jovem shinobi, cuja reputação de lealdade à vila já era conhecida. Outros, porém, notavam sua juventude e ficavam incertos, questionando silenciosamente se ele seria capaz de lidar com o tipo de ameaça que rondava Iwagakure.

O chefe dos artesãos, um ferreiro idoso chamado Hiroshi, aproximou-se de Munashi, estudando-o com olhos que já tinham visto muitas batalhas. Apesar da idade avançada, Hiroshi ainda exibia uma força impressionante, sua figura robusta em contraste com a fragilidade de muitos de seus colegas. Ele estendeu a mão a Munashi, e quando o jovem a apertou, sentiu a firmeza de um homem que moldava aço como se fosse barro.

"Agradecemos sua presença, Munashi-san." disse Hiroshi, sua voz grave e séria. "Esses bandidos têm nos causado problemas há semanas. Já perdemos peças valiosas, e a moral está baixa. Precisamos de alguém que possa nos proteger... e revidar, se necessário."

Munashi assentiu, seu olhar fixo no rosto do ferreiro. Ele não era de muitas palavras, mas sua determinação era evidente.

"Eles não tocarão em mais nada." respondeu Munashi, com a voz firme.

Hiroshi estudou Munashi por um momento mais longo, como se buscasse enxergar além da fachada imponente do jovem. Finalmente, pareceu satisfeito e acenou em concordância.

"Bom. Prepare-se então, eles podem aparecer a qualquer momento."

As horas seguintes foram de espera. Munashi se posicionou estrategicamente em uma das ruas principais que levavam à praça. Seu treinamento em resistência, que o havia moldado para suportar longos períodos de esforço, agora se mostrava útil de uma forma diferente. Ele se manteve imóvel, como uma estátua de carne e osso, observando com atenção cada movimento ao seu redor. Passaram-se minutos, depois horas, e nada aconteceu. Mas Munashi sabia que não podia se deixar enganar pela aparente tranquilidade.

Era quase o meio-dia quando ele percebeu algo estranho. Um grupo de homens se aproximava da praça, moviam-se com uma confiança que denunciava más intenções. Eles usavam vestes simples, mas a forma como se moviam indicava que eram mais do que simples aldeões. Munashi sentiu seus músculos se tensionar, a familiar sensação de preparação para o combate tomou conta do seu corpo.

Os homens se espalharam pela praça. Fingiam interesse nas bancas, mas Munashi percebeu que suas atenções estavam voltadas para as lojas mais valiosas. Ele avançou sem hesitar, sua figura massiva surgiu de repente entre os bandidos.

"Vocês não são bem-vindos aqui" declarou, com uma voz que reverberou pelo espaço e chamou atenção das pessoas ao redor.

Os bandidos trocaram olhares entre si, surpresos pela ousadia do jovem. Um deles, maior e claramente o líder, deu um passo à frente, sua expressão de desdém visível.

"E quem vai nos impedir?" respondeu o líder, um sorriso torcido no rosto.

Sem responder, Munashi avançou. Seu ataque foi rápido e brutal, um borrão de movimento que os bandidos não esperavam de alguém de seu tamanho. Seus punhos eram como martelos, cada golpe acertava com precisão e derrubava os homens um a um. Eles tentaram reagir, mas a força de Munashi era inigualável. Os poucos que conseguiram evitar seus ataques logo se viram encurralados, com as opções se esvaindo.

O líder, ainda cambaleante após receber um golpe direto no estômago, tentou sacar uma kunai, mas não rápido o suficiente. Munashi o desarmou com um movimento rápido e o jogou ao chão, antes de imobilizar os braços do oponente com facilidade. O bandido gritou, mas sua voz foi abafada pela pressão que Munashi exercia sobre ele.

Em questão de segundos, o conflito estava resolvido. Os bandidos, derrotados, jaziam aos pés de Munashi, enquanto um jovem aprendiz observava, atônito, a força que o jovem shinobi havia demonstrado.

"Vá chamar as autoridades," Munashi disse calmamente ao aprendiz, enquanto amarrava os agressores com cordas encontradas na oficina. "Eles vão cuidar do resto."

Enquanto esperava, Munashi refletia sobre o confronto. Era uma vitória, sim, mas o gosto dela era amargo. Ele sentia a insegurança roer em seu íntimo, a dúvida de que talvez, em algum momento, sua força pudesse falhar, e o deixar incapaz de proteger aqueles que jurou guardar.

As autoridades chegaram e levaram os bandidos, enquanto Hiroshi aproximou-se de Munashi novamente, dessa vez com um sorriso agradecido.

"Você foi rápido, jovem shinobi. Mais rápido do que eu esperava," disse, com um aceno de cabeça. "Mas há mais que aprender aqui, se quiser. Trabalhar o aço requer mais do que força; requer paciência e habilidade. Talvez você devesse considerar passar algum tempo conosco, aprender um pouco do nosso ofício."

Munashi olhou para as mãos calejadas do artesão, mãos que moldavam o aço com delicadeza e precisão. Havia uma sabedoria ali, uma que ele ainda não possuía. Ele sabia que sua jornada estava apenas começando, e que cada experiência era uma nova oportunidade de crescimento.

"Vou pensar nisso," respondeu Munashi, sua voz carregada de uma determinação renovada. Ele havia cumprido sua missão, mas agora percebia que proteger Iwagakure significava mais do que força. Significava entender a essência do que ele protegia.

Enquanto a tarde caía, Munashi permaneceu na oficina, a observar o trabalho do artesão. Ainda tinha muito a aprender, não apenas como um shinobi, mas como alguém que jurou proteger a alma de Iwagakure—seus artesãos, sua arte, e seu povo.

Ao final do dia, Munashi decidiu ficar. Não era mais uma missão, mas uma escolha pessoal. Ele queria aprender, queria entender o que fazia daqueles homens e mulheres tão dedicados à sua arte. E, de certa forma, ele sentia que isso o aproximaria ainda mais de seu objetivo: tornar-se alguém capaz de proteger Iwagakure em todos os aspectos, desde a batalha até os pequenos gestos que compunham a vida na vila.

Assim, o gigante de cabelos brancos permaneceu na oficina, ouvindo, observando, e, finalmente, moldando sua própria compreensão do que significava ser forte.



Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [26m/s]; [03|09];

Adendos:

O arremesso da kunai deixou um leve tremor nos dedos. Munashi sentiu o impacto correr pela palma da mão, propagando-se pelo antebraço como uma corrente de eletricidade crua. O som metálico do aço se cravando na madeira ecoou pelo campo de treinamento, mas não com o vigor esperado. Seu olhar buscou o alvo — a kunai repousava a centímetros da marca central, uma falha sutil, mas presente. Uma onda de frustração subiu-lhe pela espinha, misturada à incerteza que sempre o espreitava. Ele se forçou a manter a expressão neutra, embora o peso daquela pequena derrota lhe pressionasse o peito.

Dessa forma, retornou para a fila, com passos deliberadamente controlados para não evidenciar a tempestade interior. O instrutor, um Chunin próximo a meia idade, agradeceu a todos pela presença. Seus olhos varreram o grupo com a calma de alguém que já viu e corrigiu erros incontáveis.

"Bom, quem aqui consegue me dizer qual foi o erro naquele arremesso?" A voz do instrutor era grave, mas não severa, incentivando a reflexão ao invés da crítica.

Munashi permaneceu em silêncio, os olhos fixos no alvo distante. Ele sabia onde havia falhado: o lançamento fora forte demais, sem a sutileza necessária para atingir o centro. Mas ele não queria se expor, não queria que os outros vissem suas fraquezas.

Após um breve momento, o instrutor assentiu, percebendo que nenhum dos Genins se manifestaria.

"O erro está na força excessiva" começou ele, caminhando em direção ao alvo. "Um bom arremesso não é sobre força, mas sobre controle. Precisão é a chave, e, para alcançá-la, é necessário compreender o equilíbrio entre poder e sutileza. É como um rio que corre em uma direção específica. Não adianta ter um fluxo forte se ele não sabe para onde está indo."

Ele se posicionou de frente para o alvo, sua postura firme, mas relaxada. Em um movimento fluido, lançou duas kunais quase simultaneamente. A primeira cravou-se na borda do alvo; a segunda, em uma fração de segundo, atingiu a primeira kunai, desviando-a para o centro exato.

"Perceberam?" Ele pegou uma terceira kunai e, com um gesto fluido, fez a lâmina se cravar na borda do alvo, exatamente onde a primeira de Munashi havia pousado. "Não há alvo impossível. Vocês só precisam conhecer o caminho que leva até ele."

"A precisão não está apenas em um único movimento, mas em uma série de decisões e correções. Com treino, vocês podem controlar até a direção das kunais em pleno voo, utilizando diferentes ângulos e tempos de lançamento."

Os Genins assistiam, fascinados. Mesmo entre eles, os que já dominavam o básico, esse nível de controle parecia quase impossível.

"Agora, há uma técnica ainda mais avançada" continuou o instrutor, sua voz ganhando um tom mais sério. "Vocês podem usar o Chakra para guiar suas kunais com precisão, mesmo em condições adversas. Com prática, é possível acertar alvos em movimento ou em pontos cegos."

O instrutor demonstrou, concentrando seu Chakra na ponta dos dedos antes de lançar a kunai. Ela voou pelo ar, fazendo uma curva inesperada antes de se cravar no centro do alvo. Munashi sentiu um leve tremor em seu peito — uma faísca de esperança misturada à sua insegurança usual.

Para Munashi, o conceito era novo, mas não lhe escapou a sensação de que essa técnica era algo que ele precisaria dominar, se quisesse realmente se tornar um shinobi capaz de proteger sua aldeia. O uso do chakra, até então negligenciado por ele, soava como uma chave para ampliar seus horizontes, um passo essencial em sua busca por força.

Nos dias seguintes, Munashi dedicou-se ao treinamento com uma determinação silenciosa. Ele repetia os arremessos até que seus braços estivessem dormentes, tentando encontrar o equilíbrio entre força e controle que o instrutor mencionara. Ao seu lado, outros Genins e alguns Chunins também treinavam, mas a diferença entre eles era evidente. Os Chunins já dominavam as técnicas com uma precisão quase instintiva, enquanto Munashi ainda lutava para alinhar seus lançamentos com a intenção.

Apesar do progresso evidente, a insegurança persistia. Ele via nos outros a habilidade que ele próprio almejava, mas que parecia sempre fora de alcance. Contudo, ele também reconhecia algo mais: uma capacidade de adaptação, uma vontade de continuar tentando mesmo quando o sucesso parecia impossível.

Munashi sabia que havia ampliado seus horizontes, que agora tinha uma visão mais clara de onde queria chegar. No entanto, a sombra da dúvida ainda pairava sobre ele. Mesmo sendo excepcional em outras áreas, o medo de nunca ser o suficiente persistia, um lembrete constante de que sua jornada estava longe de terminar.



Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [26m/s]; [03|09];

Adendos:

Munashi caminhava pelas ruas da vila com passos firmes, mas cuidadosos. O sol, ao despontar no horizonte, espalhava um brilho suave pelas ruas de pedra, envolvendo a vila em uma calmaria matinal. Seu corpo imponente e postura ereta davam-lhe a aparência de um guarda em patrulha, mas a missão do dia era diferente. Cuidar de idosos... não era algo que ele esperava quando iniciou sua jornada como Genin.

"Uma missão é uma missão", repetiu para si mesmo, tentando apaziguar as inseguranças que sempre surgiam diante de tarefas desconhecidas.

Embora a missão não envolvesse combates ou treinamentos intensos, Munashi via aquilo como uma oportunidade valiosa. Conectar-se com aqueles que ele considerava parte da alma da aldeia era, para ele, igualmente importante.

Ao chegar à casa da senhora Yukiko, uma viúva de cabelos grisalhos e pele marcada pelo tempo, foi recebido com um sorriso caloroso. Seus olhos enrugados brilharam com a presença do jovem.

"Ah, é você, Munashi-kun!" disse ela, acenando enquanto se levantava devagar da cadeira. "Não precisa ficar aí parado. Entre, entre!"

Munashi entrou, inclinando-se ligeiramente para passar pela porta. Espaços pequenos sempre lhe traziam certo desconforto, mas a casa de Yukiko, com seu ambiente acolhedor, transmitia uma paz incomum.

"O que preciso fazer hoje, Yukiko-san?" perguntou ele, já se preparando para qualquer tarefa.

"Hoje não tem muita coisa," respondeu ela, ajustando o xale sobre os ombros. "Só algumas pequenas tarefas. E, claro, me faça companhia, meu querido."

Enquanto ele varria o pátio e organizava objetos antigos, Yukiko falava sobre o passado, sua voz carregada de memórias.

"Quando eu era jovem, as coisas eram bem diferentes. A aldeia ainda estava crescendo, e todos trabalhávamos juntos para construir nossas casas e proteger nossa terra. Não tínhamos tanto conforto, mas havia uma força naquela simplicidade."

Munashi escutava em silêncio, admirado pela determinação que ainda vibrava nas palavras da senhora, mesmo com o peso dos anos. Para ele, os idosos da vila eram como monumentos vivos de tudo o que ele aspirava ser: fortes, resilientes, capazes de suportar as adversidades da vida e ainda encontrar beleza ao seu redor.

Mais tarde, Munashi visitou a senhora Haruka, cujo sorriso gentil escondia o cansaço dos anos. Ele percebeu a dificuldade com que ela se movia e prontamente ofereceu ajuda com tarefas simples — buscar água, cuidar das plantas no jardim e até rearranjar os móveis, algo que ela dizia não conseguir fazer sozinha há muito tempo.

Enquanto Munashi movia uma cadeira, Haruka começou a relembrar sua juventude. "Ah, quando eu tinha sua idade, a vida era tão diferente," disse, soltando uma risadinha suave. "Eu costumava correr por essas ruas, assim como você faz agora. Mas, com o tempo, o corpo desacelera e tudo muda."

Ela olhou pela janela, seus olhos perdidos em memórias, mas sem pesar. "O segredo, meu jovem, é ser gentil consigo mesmo. O corpo vai mudar, a força vai diminuir, mas a mente... essa você pode cuidar. Não seja tão duro consigo mesmo."

As palavras de Haruka atingiram Munashi de forma inesperada. Ele, que sempre se criticava por não ser o suficiente, por não ter habilidades além do Taijutsu, sentiu-se desarmado pela simplicidade daquele conselho. Queria argumentar, dizer que precisava ser forte, que a pressão de ser um shinobi exigia perfeição. Mas, em vez disso, ele apenas assentiu em silêncio, refletindo.

Ao longo do dia, Munashi continuou suas visitas. O senhor Daisuke, que passara a vida trabalhando nas pedreiras da vila, agora mal conseguia levantar um martelo. "Ah, rapaz, você ainda tem todo o tempo do mundo. Use sua juventude com sabedoria," disse o ancião, antes de gargalhar com vontade, apenas para ser interrompido por uma tosse repentina. A senhora Yumi, a esposa de Daisuke, por sua vez, falou com carinho sobre sua neta, que queria ser uma kunoichi, compartilhando os desafios e medos que ela enfrentava. Sempre quando as conversas terminavam, Munashi se despedia e prometia que voltaria.

Enquanto caminhava pelas ruas da vila, um sentimento incomum o acompanhava. As palavras da senhora Haruka ecoavam em sua mente: “Seja gentil consigo mesmo”. Talvez, ele pensou, fosse hora de ressignificar alguns de seus comportamentos e começar a tratar as próprias inseguranças com a mesma gentileza que demonstrava aos outros.

Munashi: HP [1025|1025]; CK [1400|1400]; [26m/s]; [00|09];

Adendos:

Munashi se aproximou do portão do orfanato. A visão do lugar lembrava um lar, o lar que nunca teve. Enquanto as crianças corriam pelo jardim, suas risadas e brincadeiras ecoavam em um ambiente que contrastava fortemente com a solidão e a desolação que ele conhecia do circo. Ele parou por um momento, observando, sentindo um peso de dever mais profundo do que qualquer missão de combate. A ideia de estar ali, proporcionando um pouco de alegria para aquelas crianças, era um lembrete pungente do que ele havia perdido e do que, de alguma forma, esperava dar de volta. O sol brilhava no céu e lançava uma calor aconchegante sobre o orfanato e as crianças, e Munashi sabia que sua presença não era apenas uma formalidade. Ele precisava estar ali como alguém que compreendia, de uma maneira pessoal e dolorosa, o valor de se sentir acolhido.
Ao entrar no pátio, ouviu risadas infantis que ecoavam como um contraponto à sua rigidez. Crianças pequenas corriam pelo jardim, despreocupadas. Algumas o notaram de imediato, estacando no lugar ao encará-lo com olhos arregalados. Ele sabia o que viam: um homem gigantesco, mais de dois metros de altura, músculos que pareciam prontos para quebrar qualquer coisa em seu caminho. Os pequenos chifres cerrados na testa e o olhar severo só reforçavam sua aparência assustadora. Ele deu um passo à frente, mas antes que pudesse pensar no que dizer, uma garotinha, com uma boneca surrada nos braços, correu em sua direção.

Ela parou diante dele, o pescoço esticado para encará-lo de baixo. “Você é um ninja, né?” A voz dela era suave, carregada de uma curiosidade inocente.

Munashi hesitou, engolindo em seco. O que responder? Ele se abaixou, dobrando os joelhos até ficar na altura dela. “Sim. Sou Munashi, um ninja da Vila da Pedra.”

“Você pode brincar com a gente?” ela perguntou, os olhos grandes e brilhantes, ignorando por completo sua aparência intimidadora.

Ele piscou, surpreso. Brincar? Isso não era algo que ele fazia, ou ao menos, não fazia desde que escapara da vida miserável no circo. Mas a intensidade da expectativa nos olhos da criança não o permitiu recusar. Ele assentiu, com um sorriso forçado, embora caloroso.

As próximas horas trouxeram algo inesperado. As crianças o cercaram, algumas hesitantes, outras com a coragem típica da juventude. Munashi se viu envolvido em corridas, jogos de bola improvisados, e até uma espécie de pega-pega, onde sua velocidade, normalmente usada para desviar de golpes fatais, servia agora para evitar mãos infantis que se estendiam em sua direção com risadas descontroladas. Seu corpo massivo parecia deslocado, mas o esforço das crianças para alcançá-lo e a persistência em incluir o gigante na brincadeira lentamente começou a suavizar a armadura emocional que ele carregava.

Foi em meio a essas interações que algo em Munashi começou a mudar. Havia uma leveza no ambiente, uma ausência da pressão constante de se provar. Aqui, não havia adversários mortais, nem lutas pelas quais ele teria que arriscar sua vida. Apenas crianças. Crianças que riam, tropeçavam, e o abraçavam sem o menor sinal de medo.

Ele se pegou observando-as com mais atenção. Durante o almoço, as pequenas mãos, enquanto tentavam segurar os talheres e se alimentarem, lembraram Munashi de suas próprias lutas diárias, mas de uma forma muito diferente. Munashi percebeu que, naquele breve período, talvez estivesse ajudando a moldar o futuro dessas crianças, como se as suas ações pudessem ecoar eternamente, assim como alguém, em algum momento, também o guiou para fora da escuridão.

Quando a tarde chegou ao fim, e o orfanato começou a acalmar-se, uma das cuidadoras aproximou-se de Munashi. “Você foi muito bom com eles”, disse ela, com um sorriso gentil. "Acho que nunca vi as crianças tão animadas."

Munashi desviou o olhar, um pouco desconfortável com o elogio. Não se via como alguém que oferecia algo de valor além da força bruta. "Eu... não fiz nada especial. Só brinquei."

A mulher riu baixinho. “Às vezes, isso é tudo que elas precisam. Alguém que esteja aqui, de verdade, com elas.”

Essas palavras atingiram Munashi como uma kunai invisível. Ele, que sempre se considerara uma fortaleza de disciplina e força, começou a perceber o poder simples da presença. Não precisava ser o guerreiro invencível ou o protetor incansável em cada momento da sua vida.

Quando o dia terminou e as crianças finalmente adormeceram, Munashi ficou sentado no degrau da entrada, observando o céu que começava a se tingir de um azul profundo. A brisa da noite era suave, carregando consigo a tranquilidade daquele momento. Ele se pegou refletindo sobre o dia, as risadas e as pequenas mãos que o puxaram em todas as direções. De alguma forma, sentia-se mais leve, como se aquela missão não tivesse sido apenas para as crianças. Houve algo ali, nas interações simples, que plantou uma semente de confiança em si mesmo.


Munashi: HP [1525|1525]; CK [1900|1900]; [26m/s]; [00|09];

Adendos: