[CAPÍTULO] Limites de Aço

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Limites de Aço I

O silêncio da noite envolve a minha modesta moradia nas entranhas rochosas de Iwagakure. Aqui, longe dos olhares curiosos dos meus súbditos, posso dedicar-me à minha verdadeira obsessão, a perfeição.

Observo o meu reflexo no espelho gasto pendurado na parede de pedra. O corpo de marionete que construí para mim mesmo é uma obra-prima da engenharia shinobi, mas hoje... hoje vejo apenas as suas falhas.

— É hora de testar os verdadeiros limites deste corpo —, murmuro para mim mesmo, a minha voz a ecoar no quarto vazio.

Começo com exercícios simples. Flexões. Cem. Duzentas. Quinhentas. O meu corpo de marionete não se cansa como um corpo de carne e osso, mas sinto a tensão nos mecanismos das minhas articulações. Não é suficiente.

Avanço para o centro do quarto, onde uma pedra maciça repousa - um pedaço de Iwagakure que trouxe para casa como lembrete constante da minha missão. Concentro o chakra nos meus punhos artificiais e golpeio. Uma. Duas. Dez vezes. A rocha racha, fragmentos voam pelo ar. Impressionante, sim, mas não o suficiente. Preciso de mais.

Salto para trás, evitando os estilhaços que ricocheteiam nas paredes. Os meus reflexos são rápidos, mas posso ser mais rápido. Cada movimento é calculado, cada gesto preciso, mas sinto a resistência nas minhas juntas. Há espaço para melhorias.

Horas passam-se enquanto me submeto a uma série interminável de testes autoinfligidos. Levanto pesos improvisados feitos de pedras e metal. Executo katas complexos, empurrando o meu corpo artificial aos seus limites. A madeira do chão range sob a pressão dos meus movimentos, as paredes tremem com o impacto dos meus golpes.

Quando a primeira luz da manhã se infiltra pelas frestas das cortinas, finalmente paro. O meu corpo de marionete não sua, não ofega, mas os mecanismos internos zumbem de uma forma que nunca ouvi antes. Empurrei-me além do que pensei ser possível.

Sento-me à minha mesa simples, pegando um pergaminho e um pincel. Começo a esboçar. Novas juntas aqui. Ligas mais fortes ali. Um sistema de distribuição de chakra mais eficiente. As ideias fluem como um rio depois da chuva.

— Isto —, penso, — é apenas o começo.

Pego um dos meus preciosos rebuçados de fruta, saboreando o doce enquanto contemplo os desenhos à minha frente. O corpo que tenho serviu-me bem, mas para proteger Iwagakure, para moldar o mundo à minha visão, preciso de mais.

Amanhã, começarei a forjar as ferramentas para a minha evolução. Mas por enquanto, permito-me um momento de satisfação. O caminho à minha frente é longo, mas cada passo me leva mais perto da perfeição que almejo.

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Limites de Aço III

O ar da minha oficina está denso. Semanas de trabalho incessante culminaram neste momento. Observo o meu reflexo num espelho improvisado, o meu novo corpo, uma obra-prima de engenharia e, brilha com um lustro metálico sob a luz fraca.

— Chegou a hora — murmuro para mim mesmo.

Saio da oficina para o pequeno pátio atrás da minha moradia. A noite está clara, a lua cheia banhando Iwagakure numa luz prateada. Perfeito para o teste final.

Começo com movimentos simples. Flexiono os dedos, giro os pulsos, dobro os joelhos. Cada movimento é fluido, mais suave e mais rápido do que jamais foi. Não há rangido de engrenagens, apenas o sussurro suave de metal a deslizar sobre metal.

Avanço para katas mais complexos. Os meus braços cortam o ar com velocidade impressionante, os meus pés mal tocando o chão enquanto executo uma série de saltos e giros. A nova liga metálica responde aos meus comandos de forma perfeita.

— Incrível — penso, maravilhado com a minha própria criação.

Concentro-me, canalizando chakra através do meu novo corpo. A energia flui sem resistência, acumulando-se nas minhas mãos. Com um movimento rápido, golpeio o chão.

O impacto é devastador. O pátio de pedra racha-se como se atingido por um terremoto, fissuras serpenteando em todas as direções. Ergo-me lentamente, observando a destruição com uma mistura de orgulho e cautela.

— Talvez um pouco de contenção seja necessária — murmuro, fazendo uma nota mental para ajustar a afinação dos mecanismos.

As horas seguintes passam num borrão de testes e ajustes. Salto de telhado em telhado, testando a minha agilidade. Levanto rochas enormes com facilidade, maravilhado com a minha nova força.

Quando o céu começa a clarear no horizonte, volto à minha oficina. Pego um dos meus preciosos rebuçados de fruta, saboreando o doce enquanto reflito sobre o progresso alcançado.

— Este corpo — penso — é a ferramenta perfeita para moldar o futuro de Iwagakure.

Sento-me à minha mesa, pegando um pergaminho em branco. É hora de planear o próximo passo. Com este novo poder, posso finalmente implementar as mudanças que Iwagakure tanto precisa.

Escrevo rapidamente, ideias fluindo como um rio após a chuva. Reformas na academia ninja, novos protocolos de segurança, estratégias para expandir a influência de Iwagakure. Cada plano mais ambicioso que o anterior.

Um pensamento ocorre-me, fazendo-me pausar.

— O verdadeiro teste — murmuro — será demonstrar este poder aos outros.

Pego em outro pergaminho, começando a esboçar planos para uma demonstração pública. Algo grandioso, algo que deixará claro para todos em Iwagakure, e além, que seu Tsuchikage ascendeu a um novo nível de poder.

O sol nasce completamente, seus raios penetrando pelas frestas das cortinas. Lá fora, ouço a vila despertando para mais um dia. Eles não fazem ideia da transformação que ocorreu aqui, das mudanças que estão por vir.

Levanto-me, o meu novo corpo movendo-se com uma graça e poder que ainda me surpreendem. Caminho até a janela, observando Iwagakure despertar.

— Em breve — prometo a mim mesmo — todos verão o nascimento de uma nova era. A era do Titã de Iwagakure.

Com um sorriso nos lábios, volto ao trabalho.

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[CAPÍTULO] Limites de Aço

Ishi Chikamatsu

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