Capítulo — O Guardião dos Céus

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Capítulo — O Guardião dos Céus
Capítulo — O Guardião dos Céus

Karon

Chūnin

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Era mais uma noite de outono que havia chegado. A temperatura estava na casa dos seus 20°C e o vento gélido cortava as paredes da escura residência. Os galhos secos de uma árvore arranhavam a vidraça da janela e arrancavam arrepios e suspiros de Feitan, que estava encolhido em sua cama com o cobertor de trapos sobre metade do rosto. Ele tremia, mas não uma tremedeira de frio: era medo. O clima estava exatamente igual ao dos livros de terror e o jovem detestava isso. Porém, não demorou muito para ele dormir.

— O QUE!? — Acordou assustado.

Feitan encarou a janela de seu quarto e se encolheu ainda mais na cama. “Isso não estava aí”. Os lábios tremulavam e os orbes estavam fixos na rachadura que havia se formado. Inspirando-se por um momento de coragem, ele se aproximou da janela e olhou para baixo: havia uma pequena ave com um pergaminho enrolado em seu corpo tentando se recuperar do impacto. Assim que conseguiu, o pássaro voou novamente até a janela e bicou a vidraça pedindo para entrar.

Sem entender muito o que estava acontecendo, o genin apenas a abriu suavemente e deixou o animal ingressar em sua residência. Na sequência, recolheu o pergaminho e o abriu: era a convocação para uma missão, a sua primeira desde que havia se graduado. O Yamanaka ameaçou reclamar, mas logo percebeu que precisava daquele trabalho.

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Chūnin

Seg 15 Jul - 19:09

O amanhecer chegou tão gélido quanto a noite anterior e Feitan teve dificuldades para sair da cama. A única coisa que foi capaz de tirá-lo daquele conforto foi a fome; afinal, sequer havia jantado antes de dormir. Ao se levantar, o Yamanaka seguiu diretamente para cozinha e revirou a geladeira, o armário e todas as gavetas possíveis, mas nada de encontrar algo para comer. A barriga roncava tão alto que possivelmente um vizinho ou alguma pessoa que estivesse passando nas proximidades ouviriam. “Estava guardando para um momento especial, mas não tenho outra opção”, pensou ao tirar uma pequena barra de chocolate do bolso.

Enquanto comia, Feitan seguiu em direção aos portões da vila e pegou a estrada rumo a localização informada na convocação para missão. Em seu trabalho, o recém graduado deveria auxiliar na proteção de um carregamento de minerais valiosos que seria transportado para Iwagakure.

[...]

“Ora..., tenho certeza que era aqui”, pensou. O genin mantinha sua típica expressão estúpida e tentava tirar meleca do nariz com o mindinho direito enquanto procurava por alguém nos arredores.

— FEEEITAN! — Ele ouviu uma voz infantil o chamar e tão logo uma criança apareceu ao seu lado. Era um garoto de baixa estatura; cabelos espetados com mechas verdes; vestido com uma jaqueta verde com detalhes alaranjados e uma bermuda curta; e estranhamente munido de uma vara de pesca. Sua expressão facial exalava uma alegria que deixava o Yamanaka exausto só de encará-lo. — Prazer, pode me chamar de Gon. Espere que não me estranhe pela minha altura, mas estarei o supervisionando nesta missão. — Eles se cumprimentaram com um aperto de mãos. — Venha por aqui!

Gon, então, guiou o genin por entre as ruinas até encontrarem com um grupo de mineradores que os aguardava em volta de uma carroça carregada de minérios. — Pessoal, podemos ir. — Alertou o pequeno.

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Chūnin

Ter 16 Jul - 20:00

O pequeno mas experiente shinobi tomou a dianteira do grupo. Rapidamente, realizou uma sequência de selos e bateu com a mão contra o chão, levantando uma breve cortina de fumaça branca. Dela, surgiu uma ave de pequeno porte que ganhou os céus e passou a vigiar o caminho pelo qual os viajantes passariam. Feitan se impressionou com a técnica do companheiro, parecia ser muito útil em missões como aquela. Mesmo assim, o Yamanaka preferiu não dizer nada e apenas se aproximou da carroça à procura de um espaço para sentar.

O jovem de cabelos alvos, assim que se acomodou, fez o selo tigre e bradou mentalmente: “Kanchi no Jutsu!”. Era a primeira vez que Feitan utilizava aquela técnica, a qual aprendera basicamente sozinho e com o auxilio de alguns pergaminhos que havia encontrado em suas aventuras durante a academia ninja. Mantendo o selo de mão e a atenção, o shinobi conseguiria detectar qualquer movimentação de energia atípica dentro de um raio de 1725 metros. Isso, aliado a técnica de Gon, poderia ser suficiente para evitar que o grupo caísse em alguma emboscada.

A caminhada durou algumas horas e o grupo de mineradores conseguiu chegar à Iwagakure sem menores problemas: curiosamente a rota escolhida estava tranquila e fora o cansaço não ofereceu nenhum risco ao carregamento. Então, assim que entregaram a carga, Feitan desativou a técnica e se apresentou ao superior, esperando por instruções.

— É uma pena, estava animado para chutar algumas bundas. Obrigado pela ajuda, Feitan, e pode deixar que eu reporto a conclusão da missão ao QG. Agora, vai descansar.

Após agradecê-los, o Yamanaka seguiu em direção ao seu aposento.

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Qua 17 Jul - 13:24

— FEITAAAN! FEITAN! — Gritou Gon ao lado de fora da residência.

“É sério isso?”, resmungou, levantando da cama com dificuldades. “Acabamos de retornar da missão, o que esse cara quer?”. O Yamanaka se aproximou da janela do quarto e a abriu.

— Por que você está sempre com essa cara? Vamos, ânimo. Você acabou de iniciar sua aventura.

— É a minha cara. — Retrucou.

— Me encontra amanhã ao amanhecer no campo de treinamentos, tenho uma proposta para você.

— Ok. — Feitan não queria mais informações naquele momento, apenas precisava voltar a dormir.

[…]

O sol dominava os céus quando o Yamanaka chegou ao campo de treinamentos. Segurando uma barra de chocolate entre os dentes, a jovem desfilou seus orbes pelo horizonte à procura de Gon, mas não encontrou nenhum sinal do garoto. Distraído, Feitan sequer reparou o momento em que o chão foi coberto por uma gigantesca sombra. Imediatamente, a vegetação nos arredores começou a chacoalhar e uma forte e gélida ventania tomou conta do ambiente. Todas essas mudanças foram seguidas por um grito animalesco e, então, a voz de Gon ecoou pela área.

— FEITAAAAN! — O genin olhou para cima e percebeu a presença de um enorme falcão com penugem marrom e marcas escuras ao redor dos olhos. O animal mergulhou subitamente e pousou na frente do shinobi. — Duvidei que você viria, mas fico contente que está aqui. Aliás, este é Garuda, um velho amigo. — A criatura abaixou levemente a cabeça como forma de cumprimento.

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Chūnin

Qua 17 Jul - 20:00

Feitan permaneceu alguns segundos em silêncio, fitando a criatura das patas à cabeça, tentando compreender se era mesmo real. Ainda calado, apenas acenou de volta e voltou-se para Gon.

— O que quer comigo? — Questionou-o.

— Eu e Garuda temos vagado os céus desta vila em busca de novos companheiros. Você, Feitan, tem chamado nossa atenção desde que apareceu na Academia Ninja. Primeiramente, queria fazer uma pergunta: o que te fez um shinobi? Não me leve a mal, mas você já é um pouco velho para estar começando, suponho que seja até mais velho do que eu. — O tom de voz de Gon mudou, era sério.

— Dinheiro..., apenas isso. — Respondeu.

— Duvidamos que seja apenas isso..., mas não precisa nos dizer agora.

O pássaro, então, fez um movimento com as asas como se pedisse permissão para falar. E para surpresa do genin, ele falou. Feitan sequer pode esconder a surpresa, cuspindo todo o chocolate que estava em sua boca ao ouvi-lo.

— Se me permite, Sr. Gon. — A voz da criatura era imponente e estranhamente ecoava dentro da mente do Yamanaka. — Seu olhar de admiração quando viu o pequeno Taka não o deixa esconder o interesse em nossa espécie. Por isso, estamos propondo que se torne nosso aliado. Tenho certeza que conquistaremos muitas coisas juntos. Contudo, você terá que passar por um desafio: você deverá ser capaz de me tocar. O que me diz?

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Qui 18 Jul - 20:52

Apesar de preguiçoso, Feitan não deixava o trabalho de lado – apenas buscava concluí-lo o mais rápido possível. A voz imponente da ave, desafiando-o, ecoou em sua mente e o genin tentou agir rápido para surpreendê-la. Realizando um movimento súbito e sutil, o Yamanaka lançou-se em direção a Garuda com sua máxima velocidade sem ao menos responder o questionamento feito. Contudo, a criatura era experiente e não se deixou levar pelo avanço do mais jovem. O pássaro precisou apenas bater as asas para subir alguns metros e fazer com que Feitan passasse reto área plana do campo de treinamentos.

— Isso vai ser divertido. — Gon apenas riu e se afastou.

— É só isso que você consegue fazer? — Garuda provocou.

O falcão abaixou um pouco sua altura, ficando a cerca de oito metros do chão, e planando em movimento circular. Suas enormes asas produziam uma violenta corrente de vento quando eram movimentadas e isso dificultava a aproximação do desafiante, principalmente devido a poeira que era levantada.

“É frustrante..., não sou rápido o suficiente para acompanhá-lo”, reclamou. Feitan levou uma das mãos à nuca e a coçou, enquanto pegava mais uma barra de chocolate para saciar seu vício. “Preciso pensar em uma estratégia para antecipá-lo ou surpreendê-lo, não venço em uma disputa de velocidade”, refletiu. Os olhos do genin, então, percorreram atentamente toda a extensão do campo de treinamentos em busca de pontos que pudesse tirar algum proveito.

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Karon

Chūnin

Sáb 20 Jul - 12:49

Apesar de Feitan carregar consigo algumas particularidades de seu clã, suas capacidades físicas ainda eram limitadas e, por muito, inferior às da criatura que o desafiava. O Yamanaka tinha plena noções dessas condições e sabia da necessidade de treiná-las, contudo, não tinha tempo: precisava dar um jeito de vencer o falcão caso quisesse-o como aliado.

Analisando atentamente o campo de treinamentos, o genin encontrou um pequeno relevo onde ficaria mais próximo do animal. Além disso, analisou detalhadamente o percurso realizado pelo mesmo e o melhor momento para usar sua técnica característica. O jovem de cabelos alvos sabia que só teria uma chance; afinal, qualquer erro significaria sua derrota.

Dessa forma, Feitan se posicionou e realizou um único selo de mão. Seu olhar compenetrado fitava o falcão e instantes antes de se cruzarem, bradou imponentemente. — Shintenshin no Jutsu! — Supreendentemente, ao mesmo instante que o corpo do jovem caiu no chão, o pássaro despencou dos céus em um movimento espiral e caiu a poucos metros do desafiante. A estratégia do genin foi eficiente e Garuda foi pego por sua técnica.

Assim que desfez o jutsu e recuperou a consciência, o Yamanaka usou sua máxima velocidade para alcançar o animal tombado e encostou uma das mãos no enorme bico. — Aparentemente, eu ganhei.

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Karon

Chūnin

Sáb 20 Jul - 14:54

O som das palmas de Gon ecoavam pelo campo de treinamentos enquanto a ave se recompunha e ajustava sua imponente postura. Os olhos de Feitan observavam a aproximação do pequeno, que sorria, satisfeito. — Modéstia à parte, esperava que você tentasse superá-lo através da força física, porém a sua solução foi criativa e inteligente. Parabéns. — Gon carregava consigo, além de típica vara de pesca, um enorme pergaminho. — Acredito que você saiba um algo em relação à origem de Garuda, certo? — O Yamanaka afirmou com a cabeça, não muito confiante, lembrando de alguma aula durante seu período na Academia Ninja. — É uma técnica de invocação. Garuda é um lendário falcão que luta ao meu lado desde a época que eu era apenas um genin. Somos inspirados por grandes desafios e buscamos sempre estar presentes em grandes feitos. Agora, como aliados, transmitimos esses desejos a você. — Feitan continuava apenas escutando.

— Pegue o pergaminho. — Ordenou a ave. — Neste pergaminho você deverá assinar seu nome com o próprio sangue, firmando um pacto de sangue entre nós. A partir do momento que seu nome estiver neste documento, serei invocado sempre que realizar uma técnica de invocação: o Kuchiyose no Jutsu. Agora, assine-o.

O Yamanaka, após acenar com a cabeça, mordiscou a ponta do dedo ao ponto de abrir um pequeno ferimento e assinou o próprio nome no pergaminho com o sangue que escorreu. Com o contrato assinado, Gon pegou o enorme papiro de volta e o escondeu entre as penas no animal. Em seguida, subiu em suas costas e Garuda alçou voo.

— O dever nos chama agora, Feitan. — Anunciou Gon. — Em breve nos veremos novamente.

Feitan permaneceu mais um tempo parado, observando-os sumir no horizonte.

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