Mais uma tarde comum para mim em Kirigakure. Pelo menos até então, haja vista ter recebido a missão de neutralizar mais um grupo de Nukennin's sendo informado fazerem parte de uma ramificação daqueles que capturei recentemente. Apesar de conter no pergaminho que fora entregue a mim dados sobre possíveis localizações, última vez que foram vistos e afins, já possuo tal conhecimento de antemão, pois, li a mente do chefe do pequeno grupo de criminosos através da técnica que me fora ensinada pela minha filha, Nobara. — Vários inimigos de uma vez de novo. Será que me imaginam vencendo todos com um único golpe divino sendo que eu gosto de me divertir lutando? — Indagaria para mim mesmo, elevando o indicador esquerdo ao queixo, pensativo.

De qualquer forma, vasculharia na minha própria memória algum local, plano, etc que corresponda ao indicado no pergaminho e que foi captado por mim dias atrás, de forma a facilitar o andamento da missão como um todo. Quando enfim tivesse a plena certeza da onde e / ou quem estou procurando, partiria, utilizando os Olhos da Reencarnação como guia.

— Será que vai ter alguém forte o suficiente pra me saciar minha fome? — Curioso sobre a possibilidade, pensaria no caminho, ansioso para, quem sabe, encontrar adversários que possam me trazer um pouco de desafio.

Após alguns minutos de intensa observação, localizei, à longa distância, um ponto suspeito. Uma estrutura disfarçada, bem escondida entre as árvores densas e a vegetação espessa. Pela quantidade de Chakra'sali que os criminosos estavam escondidos, como ratos em um buraco. Respirei fundo e comecei a caminhar em direção ao esconderijo. A névoa fria acaricia, dando um contraste à minha seriedade ao me sentir vivo. Em instantes, cheguei à entrada, onde quatro guardas estão postados. Seus olhares desconfiados e mãos nas armas revela que estão prontos para qualquer ameaça, ou pelo menos, assim pensam. Sem hesitar, continuei andando lentamente, cada passo firme e decidido. Os guardas se entreolharam, confusos com minha audácia. — O que faz aqui, Hakari Ōtsutsuki? — Um deles se manifestou, sua voz trêmula e nitidamente nervosa. — Olá. Poderiam deixar eu entrar, por favor? É melhor para evitar transtornos. — Murmuraria incisivamente, demonstrando minha ânsia de adentrar o local.

Não havendo resposta, talvez por medo, talvez não, continuaria andando em direção a entrada, ignorando os criminosos, inertes. Isso é... até avançarem todos os quatro contra mim, e... água! Seus golpes simplesmente passariam pelo meu corpo liquefeito pelo Suika no Jutsu. A confusão no rosto deles foi visível quando perceberam que seus golpes haviam se chocado uns contra os outros, resultando em dois guardas caindo ao chão, incapacitados pelos próprios ataques. Os dois guardas restantes se viram perplexos, incapazes de compreender o que acabara de acontecer. Aproveitei o momento de hesitação deles e, de forma rápida, os abati. Um chute lateral forte nocauteou um, enquanto um soco direto acertou o outro, desmaiando-o instantaneamente.

— Acho que exagerei... — Faria um monólogo interno, levemente demonstrando em minha face o desapontamento por não ter conseguido obter um combate justo enquanto caminharia para dentro do esconderijo, deixando os guardas no chão desmaiados e sabendo que agora faltam dezesseis (16) criminosos.

Agora estou dentro do complexo, uma estrutura de corredores escuros e salas mal iluminadas. Apesar desse detalhe, meus orbes celestes me auxiliam, permitindo que eu enxergue na bruma sem dificuldades e digerir meu chocolate de sempre de forma tranquila. De repente, no meio dessa caminhada, uma onda de Instinto Assassino me atingiu, paralisando-me no mesmo instante. Uma sensação opressiva, como se um peso invisível estivesse esmagando minha vontade. Apesar da paralisia, mantive minha calma e o jeito despojado, nem um pouco preocupado. Dois olhos brilhantes surgiram na escuridão, seguidos por uma figura que avançou com uma lança em mãos, sua intenção clara em me eliminar. A lança fora manuseada de forma a aplicar uma estocada nas minhas costas. A poucos centímetros do meu corpo, o criminoso travaria. A arma tremeu levemente antes de se imobilizar completamente, suspensa pela minha força invisível.

Ainda sentindo a pressão da paralisia, resolvi confrontar o criminoso de forma debochada. Sendo assim, a quebra do Instinto Assassino foi tão súbita quanto sua chegada. Afinal, apesar de ter conseguido me pegar de surpresa, o nervosismo e o medo de me enfrentar estão nítidos na face do criminoso, o que diminuiu sua eficácia tanto ao me atacar quanto no uso do "Medo" para tentar me abater. — Que fofo. — Brincaria com o Nukennin, inerte no ar. Prosseguiria para neutralizá-lo com sua própria lança, dando um golpe em sua cabeça que o fez desmaiar de imediato.

Com desapontamento, seguiria pelo local. E, avançando mais fundo no complexo, os corredores começaram a se alargar, abrindo-se em uma grande sala onde catorze (14) criminosos me aguardam. Seus olhares... desafiadores eu diria, mas eu posso sentir a falta da verdadeira confiança neles. Está claro que estão apenas tentando parecer intimidantes. De qualquer forma, aguardaria o primeiro contato. E, ao darem o primeiro passo em minha direção, me colocaria em estado de alerta, vislumbrando e lendo seus movimentos por intermédio dos dotes do Tenseigan. O primeiro inimigo, armado com uma faca, veio para cima de mim com um golpe direto. Desviei facilmente, girando ao seu lado e aplicando um golpe rápido em seu pomo-de-adão que o fez desmaiar instantaneamente. O segundo e terceiro atacaram juntos, um com uma espada e outro com um bastão. Bloqueei a espada com meu antebraço, girando o corpo para usar o atacante como escudo contra o golpe do bastão. Seguidamente, dei uma cotovelada no nariz do primeiro e um chute no peito do segundo, mandando ambos ao chão. Dois outros vieram por trás, tentando me pegar de surpresa. Utilizei um movimento acrobático, dando um salto mortal para trás e caindo sobre os ombros de um deles, derrubando-o. O outro tentou me acertar com um soco, mas prendi seu braço e o torci, imobilizando-o com um chute preciso na cabeça.

Enquanto derrubava um após outro, percebi que eles começaram a tentar me cercar. — Hoje não. — Bradaria com um tom de voz levemente empolgado e saltando, indo parar no meio do grupo. Velozmente, aplicaria um chute giratório, atingindo três ao mesmo tempo, deixando-os inconscientes instantaneamente. Aqueles que restaram parecem hesitar, mas ainda avançaram. Um tentou um golpe baixo, ao qual respondi com um rápido movimento de joelho, atingindo seu queixo e desligando seu sistema. Outro tentou me agarrar pela cintura e me jogou contra o chão, mas usando sua própria força contra ele, rolei pelo chão até conseguir me levantar e o jogar contra a parede.

Agora, com apenas cinco criminosos restantes, minha empolgação inicial começou a se dissipar. Eles são, de fato, fracos, e a luta não está oferecendo o desafio que eu esperava. Tratei os últimos cinco com uma série de golpes rápidos e precisos, cada um caindo ao chão em questão de segundos. Simplesmente perdi a paciência em deixar que se provassem, preferindo fazer assim. — Os venci com facilidade e sequer dando tudo de mim, mas... por que não me sinto satisfeito? O que está faltando? — Indagaria para mim mesmo, fitando os dezenove corpos desmaiados tanto dos quatro (4) guardas do lado de fora quanto dos quinze (15) aqui dentro, até que...

— Apostador. — Uma nova presença surgiria no cenário, sua voz reverberando. No entanto, ele parece... diferente. Seu fluxo de Chakra tem um ar mais frio e refinado do que aqueles que acabara de vencer. Em suas mãos, duas espadas, nas quais, fitando-as com meus olhos, veria o mesmo imbuindo ambas com Chakra elétrico, seu brilho e grandiosidade me tirando um sorriso sincero.

— Me divirta. — Emitiria, dando um voto de confiança ao novo inimigo, ansiando por um combate proveitoso e desafiador, desde já sentindo a adrenalina pulsando nos meus genes extraterrestres.

Frente a um inimigo promissor, formaria uma espada de Chakra por intermédio da forja do Ōdachinagi, sentindo a energia vibrar em minhas mãos. Seguidamente, ele não esperou por um convite. Com um grito de guerra, avançou com as espadas cruzadas. Bloqueei o ataque com minha própria, o choque das energias criando um espetáculo de luzes. O Nukennin girou, suas espadas cortando o ar em um arco relampejante. Saltei para trás, apenas para avançar novamente com um golpe diagonal. Ele bloqueou facilmente, e nós continuamos a trocar golpes, cada um tentando encontrar uma abertura na defesa do outro. O chão ao nosso redor começou a ficar marcado com as cicatrizes de nossas lâminas. Deslizaria para a direita, tentando desviar de um ataque lateral, e dei uma pirueta, tentando acertar seu flanco. Ele defendeu com uma de suas espadas enquanto a outra veio em um golpe descendente. Bloqueei por cima da cabeça, a pressão do ataque forçando meus pés no chão.

— Você luta bem, Apostador. — Disse ele, um leve sorriso no canto dos lábios. Eu ri, com a adrenalina correndo em minhas veias e me deixando cada vez mais animado. — Você também. — Murmurei em resposta, o prazer do combate começando a tomar conta de mim enquanto nossa luta se desenrola. Cada golpe, cada bloqueio, cada movimento é como uma sinfonia que toca diretamente nas cordas da minha alma. O som das espadas se chocando, a eletricidade crepitando no ar, o brilho das lâminas de Chakra — tudo contribuía para uma experiência sensorial que fazia meu coração bater mais rápido. De forma simultânea ao início da percepção do sentimento de satisfação, rolaria para evitar um ataque de cima para baixo e desferiria um golpe lateral, sentindo o impacto reverberar por meus braços quando ele bloqueara. Saltamos para trás ao mesmo tempo, nossos olhos se encontrando brevemente em uma compreensão mútua. Estamos ambos imersos na alegria do combate, perdidos na adrenalina e na excitação.

O Nukennin então fez uma manobra inesperada, desferindo um ataque baixo que mal consegui evitar. Usei o impulso para girar e desferir um corte horizontal, nossas espadas se chocando mais uma vez. Ele saltou para trás, e eu segui, desferindo uma série de ataques rápidos que ele bloqueou com maestria. Nossas lâminas chiaram no ar, criando uma música que só nós dois podemos ouvir. Então, sentiria o calor do meu sangue escorregando da bochecha, indicativo que um dos cortes havia me atingido sem eu perceber, anestesiado pela adrenalina. E nisso, cometi um deslize. Perdi o equilíbrio por um momento, e ele aproveitou, desferindo um golpe que poderia ter sido fatal, mas não, haja vista ele me atingir com o cabo de uma de suas espadas. Mas em vez de terminar a luta, ele apenas apontou uma de suas espadas em minha direção e recuou, permitindo que eu me levantasse. — Obrigado. — Disse, levantando-me e limpando o sangue da minha bochecha. — Erga-se. — Ele bradou como uma besta, seus olhos brilhando com respeito.

Senti um prazer profundo no combate, algo que não experimentava há muito tempo. A sensação de enfrentar alguém forte é... incrível. Estamos conversando mesmo sem termos nada a dizer, deixando que as músicas das nossas lâminas formem uma melodia sinfônica. Respiraria fundo, focando minha mente e corpo para o próximo movimento. Observaria sua postura, buscando uma brecha, um ponto fraco que eu possa explorar. Ele também está atento, seus olhos fixos em mim, pronto para qualquer coisa. Nossos olhares se encontraram por um breve momento de entendimento mútuo — essa luta está prestes a chegar ao fim, e ambos sabemos disso.

E mais uma vez, o Nukennin avançou, suas espadas ainda emanando com o poder do Raiton. Ele desferiu um golpe rápido e poderoso, e eu bloqueei com minha arma projetada, faíscas voando ao nosso redor. Nesse momento de contato, vi a abertura que buscava. Sua guarda, baixa, e sua postura ligeiramente desequilibrada. Aproveitando a deixa, girei meu corpo, desferindo um golpe que cortou seu braço, e danificaria suas pernas, a lâmina de Chakra deslizando através da carne e ossos como uma faca quente na manteiga. Ele gritou de dor, suas defesas desmoronando sob o chão de concreto, seu sangue se espalhando pelo cenário enquanto seu Nagashi se desfez e seu corpo se veria recostado sob a parede. — Lutou bem. Mas acabou. — Minha voz ecoaria pelo esconderijo. Meu tom, sério. Viraria as costas e começaria a caminhar, com a sensação de missão cumprida, até que...

— Me mate, Apostador. Furtei, sequestrei, matei... tudo isso para tentar fazer minha filha ter uma vida melhor que a minha, e não me arrependo de nada. — Expressaria o inimigo, sua voz melancólica fazendo eu parar meu trajeto, me mantendo de costas mas ainda o escutando em alto e bom som. — Não sei se... depois "disso" eu conseguiria olhar ela nos olhos. O que ela deve pensar quando descobrir que o pai é um fraco sem nenhuma expectativa de vida e falhou? — Ele continuaria, seus olhos se enchendo de lágrimas, algo que faria eu me virar e me dirigir até ele, posicionando minha espada de Chakra à poucos centímetros de seu corpo, fitando-o com seriedade. — Se houver um outro mundo... poderei dizer que consegui ferir o intocável Hakari Ōtsutsuki. — Balbuciaria ele, demonstrando sua admiração por mim e seu orgulho em ter conseguido me entreter, sorrindo de canto. — Deixa de baboseira. Sua filha precisa de um pai pra cuidar dela pra que possa crescer e trazer orgulho para Kirigakure no Sato. Você é um cara forte, conseguiu me divertir. No entanto, abandonar o seu propósito e aquilo que te motiva a seguir em frente não é algo que se possa orgulhar. Apenas tira a sinceridade do meu elogio. Te tornam fraco. — Soltaria o verbo, dando mais ênfase na última sentença, em tom firme. — Repense suas atitudes, melhore e seja um bom pai pra sua filha. — Finalizaria, desativando ambos o aro de Chakra sob minhas costas e a arma criada por intermédio deste.

— Por que eu não estou feliz? — Faria um monólogo interno, refletindo acerca da minha sensação de vazio mesmo após enfrentar um adversário forte. — Não, eu ainda não sei... o que é ser forte? — Indagaria mentalmente.

— Hahaha, você parece com eles, garoto. — Sorrindo mesmo com tantos ferimentos, o criminoso emitira, me encarando com olhos cheios de brilho, como se admirasse aqueles no qual acabou de mencionar. — Eles quem? — Indagaria curioso, fitando o meu inimigo enquanto faria uma varredura com a visão campal dos orbes celestes, apenas para ver se os demais criminosos continuam desmaiados. — Lendas. Kojiro, Baiken e Mestre Musashi, aqueles que conseguiram seguir e aperfeiçoar as filosofias da vida. Corpo, Morte e Alma... — Ele elucidou, mencionando nomes de outros guerreiros, cujos quais não reconheceria, antes de desmaiar pela perda de sangue. Mas, para alguém como ele elogiá-los e me assimilar aos três, realmente são pessoas bem poderosas. Ao menos eu espero que sejam.

— Então existem outros invencíveis? — Pararia pra ponderar, refletindo o que o homem acabara de dizer, maquinando a ideia de procurar por eles em algum momento, confrontá-los e indagar a respeito sobre o que é "Ser forte", esperando que eu finalmente consiga descobrir o conceito e cumprir o objetivo que tanto almejo. De qualquer forma, teria de voltar a Kirigakure agora e reportar a missão completa. Dito isso, procuraria por quaisquer artífices no ambiente que pudesse usar para amarrá-los nas estruturas de forma a ficarem contidos até a Polícia de Kirigakure executarem seus trabalhos com maestria. Finalizado o ato, retornaria a vila, onde entregaria a missão como completa assim como a localização da onde os deixei presos.

A seguir, apenas caminharia pelas ruas de Kirigakure, refletindo acerca de eu ter poupado a vida do criminoso mesmo que ele tenha implorado para que eu o eliminasse de forma honrada. E eu me pergunto se o mesmo conseguiria pedir. — Será que eu evoluí? — Indagaria para mim mesmo, meus passos me fazendo sumir em meio a bruma da névoa, rumando para o descanso merecido.