A manhã estava melancólica, emitindo uma energia densa dentro daquela residência. As janelas estavam cobertas por cortinas, criando um ambiente com pouca luminosidade e sombrio. Haviam algumas poucas velas espalhadas pelo lugar, as quais quebravam um pouco do escuro, mas que tornava a sensação sombria ainda mais presente. Havia se passado uma semana ao todo, desde que decidi por os pés para fora daquela residência. Não estava me sentindo muito bem, talvez um pouco desanimado ou algo além disso. Não era a melhor das companhias naquela altura, e graças a isso decidi me isolar por alguns dias.

Estava deitado na cama, olhando para o teto enquanto toda a casa estava bagunçada. Não estava no meu melhor momento, mas os dias que passaram me deram uma visão melhor da situação. Estava sozinho há meses, e talvez isso tenha acarretado em um sentimento forte de solidão. Não era para ser assim, não era para estar sentindo tudo isso, mas a ideia de que havia superado a morte de minha mãe não era real. Após a partida de Yami, percebi que realmente estava sozinho no meio de tudo aquilo.

O vazio trazido pela solidão me tirou do eixo, um sentimento tão profundo e desgastante, que piorava minha situação ao longo dos dias. Um desgaste emocional que, ao mesmo tempo, desgastava meu físico. Na maior parte do tempo ficava deitado na cama, e mal conseguia comer alguma coisa. Não deveria estar daquele jeito, não deveria aceitar isso de tal maneira, e isso se tornava uma briga interna. Ao mesmo tempo que minha mente me mandava levantar e sair, o meu coração se escondia atrás da sombra do desespero. Tamanha confusão gerava um enorme desconforto dentro do meu peito, que se transformava em uma dor palpável.

As mensagens de missão chegavam mais e mais, até o momento em que um dos superiores apareceu em minha casa. Foi um dos poucos momentos em que aceitei ver uma pessoa. Explicar a ele o que estava acontecendo foi algo difícil, quase insuportável por ter que relembrar tudo mais vividamente, mas foi necessário. Ele acabou entendendo, e me deu mais dias de folga para melhorar. Ainda assim, pediu que eu procurasse ajuda. Bom, não tive forças para isso, não por um tempo.

As lembranças que tinha de minha mãe era algo que me encorajava, foi o que me ajudou a superar toda aquela dor. Imaginar que ela não aceitaria me ver daquela forma, e que brigaria comigo se eu continuasse daquele jeito. Yami também não gostaria de me ver naquele estado, e teria me tirado a força da cama. Eram duas pessoas as quais eu respeitava, e foi isso o que me fez levantar.

A arrumação na casa foi demorada, levou a metade do dia só para conseguir tirar o lixo e colocar as coisas para lavar. Embora desgastante, também foi uma forma de me ajudar a limpar a mente dos pensamentos intrusivos. Limpar a casa daquela bagunça, foi o mesmo que limpar a minha mente de tudo o que sentia de ruim. Foi uma forma de superar o que me fazia mal, e aceitar que minha vida agora era daquela forma, e não teria como voltar atrás.

Considerações: