眼帯

Han'yō, exausto após a longa missão, finalmente encontrou algum alívio ao se deitar em sua cama. O peso da responsabilidade e da batalha ainda estava presente em sua mente, mas ele acreditava que uma noite de sono restaurador seria suficiente para recuperar suas forças. No entanto, mal sabia ele que a noite traria mais tormento do que descanso.

Ao adormecer, Han'yō começou a sonhar. No início, o sonho parecia ser uma memória tranquila de Kumogakure, com os ventos suaves acariciando os rostos dos aldeões e o sol brilhando no céu. Mas, aos poucos, a atmosfera mudou. O céu clareado transformou-se em uma penumbra opressiva e a vila pacífica tornou-se deserta e silenciosa.

Han'yō sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto caminhava pelas ruas vazias de Kumogakure. As casas e lojas, outrora cheias de vida, estavam agora cobertas de sombras sinistras. Ele tentou chamar por seus amigos e companheiros de equipe, mas sua voz parecia se perder no vazio.

De repente, ele sentiu uma dor aguda em seu braço esquerdo. Olhando para baixo, viu uma pequena ferida, mas antes que pudesse reagir, algo começou a se mover sob sua pele. Era como se um parasita estivesse rastejando dentro dele, causando uma dor excruciante. Han'yō tentou arrancá-lo, mas quanto mais ele puxava, mais ele parecia se espalhar, enviando ondas de agonia por todo o seu corpo.

Ele tentou gritar, mas nenhum som saía de sua boca. A dor crescia, se espalhando de seu braço para seu peito e pernas, como se o parasita estivesse tomando conta de seu corpo. Han'yō caiu de joelhos, ofegando e suando, sentindo-se completamente impotente.

Foi então que ele notou uma figura se aproximando. No início, era apenas uma silhueta distante, mas à medida que se aproximava, ele podia ver mais claramente. Era uma figura alta e esguia, envolta em sombras. O detalhe mais aterrorizante eram os chifres que se erguiam de sua cabeça, lembrando-lhe das lendas antigas dos Ōtsutsuki.

A figura com chifres não falava, mas sua presença era sufocante. Han'yō sentiu uma pressão imensa em seu peito, como se o próprio ar estivesse sendo sugado para fora de seus pulmões. A dor do parasita dentro de seu corpo parecia intensificar-se à medida que a figura se aproximava, e Han'yō percebeu que a criatura era de alguma forma a fonte de seu tormento.

Com um gesto lento e deliberado, a figura estendeu a mão e tocou o ombro de Han'yō. O toque era frio como gelo e enviou uma onda de dor e medo através de seu corpo. Han'yō olhou para cima, tentando ver o rosto da figura, mas tudo o que podia distinguir eram olhos vermelhos brilhantes que o fitavam com uma intensidade ameaçadora.

Então, a figura falou, sua voz era um sussurro sinistro que parecia ecoar diretamente na mente de Han'yō. — Você é apenas o início. O verdadeiro poder dos Ōtsutsuki será seu destino e sua maldição.

Com essas palavras, a dor tornou-se insuportável. Han'yō sentiu seu corpo se contorcer enquanto o parasita parecia consumir sua carne e ossos. Ele estava sendo rasgado por dentro, sua visão turvando enquanto a escuridão tomava conta.

Num último esforço desesperado, Han'yō tentou lutar contra a figura e o parasita. Com um grito de pura vontade, ele tentou se levantar, mas a escuridão finalmente o envolveu completamente.

Han'yō acordou com um sobressalto, seu corpo coberto de suor frio. Seu coração batia descontroladamente no peito, e ele estava respirando pesadamente. Ele olhou ao redor de seu quarto, tentando se orientar e perceber que tudo aquilo havia sido apenas um pesadelo. Mas a sensação de medo e dor ainda parecia real, como se estivesse gravada em sua carne.

Ele tentou se acalmar, mas o terror do sonho continuava a atormentá-lo. Toda vez que fechava os olhos, via a figura com chifres e sentia o parasita rastejando sob sua pele. Han'yō passou o resto da noite acordado, incapaz de voltar a dormir.

Nos dois dias seguintes, Han'yō evitou o sono, temendo reviver aquele pesadelo terrível. Ele se jogou em treinos intensos e meditação, tentando ocupar sua mente e afastar as lembranças do sonho. Mas mesmo durante o dia, a figura com chifres e a dor do parasita assombravam seus pensamentos, deixando-o inquieto e perturbado.

Han'yō sabia que precisava enfrentar esse medo e descobrir o significado daquele pesadelo. Era uma mensagem, um aviso, ou apenas o reflexo de suas próprias inseguranças e medos? Ele estava determinado a encontrar respostas, mas por enquanto, a sombra do pesadelo continuava a pairar sobre ele, um mistério sombrio que ele não podia ignorar.