審判のカード

O frio da noite em Shimugakure era implacável, e eu me encolhi um pouco mais debaixo das cobertas, tentando encontrar algum conforto longe de minha casa, ainda era muito difícil me acostumar com aquele lugar. O treino árduo daquele dia tinha exaurido meu corpo, mas minha mente estava inquieta, relembrando cada movimento, cada erro, cada acerto. Fechei os olhos, tentando acalmar minha mente agitada, e logo fui levado ao mundo dos sonhos.

De repente, eu estava em um grande campo aberto, diferente de qualquer outro que já havia visto. O céu estava tingido de um vermelho intenso, como se o sol estivesse prestes a se pôr, e uma multidão de espectadores cercava o campo, suas silhuetas escuras contrastando com o brilho do horizonte. Havia uma expectativa palpável no ar, um silêncio tenso que antecede algo monumental na maioria das vezes.

No centro do campo, lá estava ele: Rozo, o espadachim mais forte do mundo. Sua presença era imponente, uma figura alta e musculosa com uma aura que exalava poder e experiência. Ele estava parado com a espada desembainhada, a lâmina refletindo a luz do sol poente. Eu sabia que esse era o momento pelo qual tinha treinado a vida inteira, a oportunidade de enfrentar o maior de todos e provar meu valor.

Respirei fundo, sentindo a familiaridade do peso das minhas katanas em mãos. O mundo ao meu redor parecia desaparecer, deixando apenas eu e Rozo, dois guerreiros prontos para se enfrentarem em uma batalha decisiva até a morte. Abaixei a cabeça em um gesto de respeito, e ele fez o mesmo. Não havia necessidade de palavras; nossos olhos diziam tudo. Este era um duelo para determinar quem era o verdadeiro mestre das espadas.

Quando o sinal invisível foi dado, nos movemos ao mesmo tempo. Rozo atacou com uma velocidade e força impressionantes, mas eu estava preparado. Desviei por pouco, sentindo o vento da lâmina passar perto de mim. Contra-ataquei com um golpe rápido, tentando pegar Rozo de surpresa, mas ele bloqueou com facilidade, a força do impacto vibrando pelo meu braço. Aquela batalha estava apenas começando…

Cada golpe, cada movimento era uma dança mortal. Eu sentia meu corpo reagir instintivamente, uma combinação de anos de treinamento imaginários e pura vontade de vencer. Rozo era um adversário formidável, sua técnica impecável e sua força avassaladora. Mas eu tinha algo a mais: um sonho de me tornar o maior espadachim do mundo e como todos sabem, os sonhos de um espadachim não tem fim. Cada vez que ele avançava, eu encontrava uma maneira de desviar, bloquear ou contra-atacar, mantendo a luta equilibrada.

A multidão ao redor parecia prender a respiração a cada troca de golpes, o silêncio apenas interrompido pelo som das espadas se chocando, devo admitir que aquilo era como uma bela sinfonia para mim. Minhas mãos começaram até mesmo a suar, e os músculos queimavam de esforço, mas eu não podia ceder. A lembrança de todas as horas de treino, das derrotas e vitórias futuras, tudo me impulsionava a continuar. Este era o momento de grandeza que tanto esperei durante toda minha vida.

A multidão explodiu em aplausos e gritos, mas tudo parecia distante, abafado pelo som da minha própria respiração pesada. Eu havia realizado o impossível. Derrotei o maior espadachim do mundo e, com isso, tomei para mim o título que tanto almejava desde meus primeiros anos de vida. Mas a euforia da vitória foi rapidamente substituída por uma sensação de vazio. Olhei para Rozo, ainda de joelhos, e percebi a magnitude do que tinha feito. Eu era agora o maior espadachim, mas a que custo?
Olhando para a multidão, vi admiração e respeito em seus olhos. Sabia que, para ser realmente lembrado como uma lenda, precisava fazer algo ainda mais significativo. Ajoelhei-me ao lado de Rozo, pegando sua espada caída. Olhei para minha própria katana, a lâmina brilhando com o sangue do duelo. Levantei-me, sentindo o peso da responsabilidade e da escolha que estava prestes a fazer, mas a verdade era que eu sempre soube que aquilo deveria ser feito e que essa hora iria chegar.
Com um movimento decidido, virei a katana em direção ao meu abdômen. A dor foi instantânea e intensa, mas eu continuei, empurrando a lâmina para dentro. Ouvi os gritos da multidão se transformarem em murmúrios de choque e tristeza. Cada centímetro que a katana entrava era um lembrete do meu compromisso com o caminho do guerreiro. Quando a lâmina finalmente parou, eu caí de joelhos, olhando para o céu vermelho, sentindo a vida se esvair de mim.
Sabia que este ato selaria meu destino como uma lenda. Seria lembrado não apenas por derrotar Rozo, mas também por sacrificar tudo pelo meu sonho. Fechei os olhos, aceitando o destino que havia escolhido, e senti a escuridão me envolver.
De repente, despertei. O teto familiar do meu quarto em Shimugakure estava acima de mim, e o frio da noite ainda era palpável. Respirei fundo, sentindo o peso do sonho e o significado profundo que ele carregava. Embora não fosse real, a sensação de urgência e propósito permaneceu. Sabia que meu caminho estava apenas começando e que, para alcançar meu objetivo de me tornar uma lenda, precisava treinar com ainda mais determinação e fervor.

Levantei-me, olhando para minhas katanas ao lado da cama. Peguei-as, sentindo o peso familiar, e reforcei uma promessa feita a muito tempo atrás por mim mesmo. Treinaria todos os dias, enfrentaria todos os desafios e, um dia, me tornaria o maior espadachim do mundo. E quando esse dia chegasse, faria tudo para ser lembrado como uma verdadeira lenda. A jornada seria longa e árdua, mas estava pronto para enfrentar cada passo do caminho.

Na quietude do meu quarto, repassei a luta em minha mente inúmeras vezes. Cada movimento, cada golpe, cada decisão. A sensação de derrotar Rozo, o peso da vitória, a decisão final de sacrificar tudo – tudo parecia tão vívido. Acordar daquele sonho foi um choque, mas também um lembrete poderoso de que meu sonho de me tornar uma lenda ainda estava distante. Precisava me esforçar mais, treinar mais duro e nunca perder de vista meu objetivo. Sabia que um dia, com dedicação e perseverança, faria desse sonho uma realidade.