O anoitecer no deserto é sempre um alívio para os indivíduos mais castigados pelo calor. Embora estivesse acostumado com o clima, Regulus sempre aproveitava a brisa fria que advinha da noite. Caminhava pelas ruas mais domiciliares da vila da areia, devidamente trajado com sua armadura e vestes ninjas. Dessa vez, não estava em um passeio, mas sim diante de uma missão mais simplista: uma ronda pelo interior. Diferente de sua primeira incumbência de patrulha sob o manto de Sunagakure, quando mal conseguia se localizar, agora se movia com facilidade pelos pontos importantes, plenamente consciente de sua localização.

As ruas estavam relativamente vazias, principalmente por conta do horário. Contudo, as luzes dentro das moradias ainda estavam acesas, e por conta disso, o ambiente não estava tão escuro quanto poderia estar. A iluminação suave das casas criava um contraste aconchegante com a frieza da noite, lançando sombras tranquilas pelas ruas desertas. Se esforçava para não se deixar levar pelo clima amigável, independente da paz trazida pelo seu entorno, como um ninja, sabia que tinha se manter atento. Deixar um pequeno detalhe passar pelos seus olhos, poderia ser um dos motivos para o fim dessa tranquilidade. Não desejava carregar esse peso para si, mantinha sua guarda elevada.

Chegando mais a frente, adentrava em uma das praças centrais da vila. Notou um grupo de crianças brincando perto de um banco, apesar de acreditar ser natural, aproximou-se do grupo exclusivamente para solicitar o retorno deles para suas residências. Querendo ou não, logo as luzes das praças apagariam e os pequenos poderiam se perder.  

Após isso, encerrou sua averiguação, escrevendo seu relatório como de costume e enviando ao quartel general.

Regulus estava nas proximidades das barreiras naturais de Sunagakure. Há algumas horas, acreditava estar livre para finalmente iniciar sua série de treinamentos, especialmente depois de se sentir inspirado ao ver pessoalmente o Kazekage. Contudo, mais uma vez seus objetivos seriam interrompidos por questões hierárquicas. Desta vez, uma missão de ronda externa lhe foi designada. Um dos ninjas responsáveis pela patrulha estava gravemente adoentado, e a responsabilidade recaiu sobre seus ombros. O loiro não se importava com isso. Embora desejasse poder treinar, compreendia as responsabilidades de seu cargo e a vida que escolhera. Seu sonho é participar de grandes batalhas, enfrentar inimigos poderosos e alcançar feitos notáveis pelo mundo. No entanto, sempre soube que a vida de um ninja pode ser tanto simples quanto extremamente árdua. Ele mergulhou de cabeça nesse estilo de vida, sem receio de sujar-se por completo com as exigências e desafios que ela impõe.

Dessa vez, com panos cobrindo o rosto para enfrentar tanto o sol escaldante quanto os respingos de areia lançados pelo vento, o ninja caminhava por grandes e longas dunas. Era uma tarefa extenuante, mas ele se esforçava para não pensar no peso crescente de suas pernas a cada passo. Procurava mudar sua perspectiva, acreditando que aquilo era um bom exercício cardiovascular, suficiente para substituir seu treinamento diário.

Até que, entre o alto som do vento e o calor intenso, um som de choro ao fundo pôde ser escutado. A noção de emergência aumentou sua adrenalina a ponto de esquecer o cansaço que o assolava. Sem hesitar, iniciou uma corrida rápida em direção ao barulho. Era difícil localizar a origem, devido à ventania e à poeira. Enquanto percorria a área em busca da fonte do som, avistou ao longe uma silhueta escura, aparentemente caída de joelhos no chão. O som, embora ainda incerto, parecia realmente vir dali.

Regulus então alcançou a silhueta, que na verdade era uma garotinha. Rapidamente retirou seus próprios panos e cobriu a pequena, protegendo-a do sol escaldante. Disse algumas palavras para acalmá-la e tentou obter alguma informação sobre a presença de mais alguém com ela.

Apesar de não conseguir respostas, ele sabia que não podia permanecer ali, pois ela poderia estar morrendo de sede ou fome. Deu-lhe algumas sementes de girassol e, sem perder tempo, retornou à vila com a menina em suas costas. Ao entregá-la às autoridades, permitiu que eles trabalhassem para descobrir seu paradeiro. Finalmente, encerrou sua ronda, completando seu relatório.

A lua cheia banhava com seu brilho toda a extensão daquele vasto deserto. O loiro observava com admiração o céu estrelado, que cultivava uma bela paisagem ao cintilar com ternura ao redor daquela majestosa esfera branca. Ele realmente amava os astros, independentemente de quais fossem. Ainda assim, ultimamente, um sentimento diferente aflorava em seu peito quando se permitia aproveitar esse tipo de vista. Em sua cabeça, de maneira engraçada para si, raciocinava que aquela beleza proporcionada pela lua era graças ao sol. E que deveria estar agradecido a esse astro por emprestar a totalidade do seu corpo para refletir a luz. Ele ria baixinho quando esse pensamento passava por sua cabeça, enquanto, junto ao grupo de ninjas, caminhava em direção ao buraco do deserto com o intuito de realizar a famigerada ronda para verificação de alterações naquela região e do vidro.

Lembrou que em sua última ronda na região, um companheiro shinobi havia dito que ver a luz da lua brilhando sobre o vidro era uma experiência única. Queria que ele estivesse ali para poder comentar e trocar impressões, discutindo se a observação dele estava correta ou não. Antes de saírem para a caminhada em direção ao buraco, Regulus procurou entre os outros ninjas, mas infelizmente não conseguiu identificar o companheiro em meio ao grupo. "Uma pena", refletiu.

Ao finalmente chegar ao destino, o loiro foi novamente surpreendido pela beleza do local, como se fosse a primeira vez. Seus pensamentos não poderiam ser outros: "Você estava certo. É realmente uma visão única". Parou por alguns instantes, tentando gravar em sua memória aquela visão deslumbrante. "Se eu pudesse, tomaria essa visão só para mim", pensou, permitindo-se que seu egoísmo falasse mais alto. Sabia que tal desejo era impraticável e até ingênuo, riu internamente mais uma vez. Sabia que esse pensamento foi idiota demais.

De qualquer jeito, após aproveitar uma pouco da vista, se reuniu junto a grupo para confirmar as estratégias de patrulha. Os ninjas se separaram, cada um verificando uma área, confirmando que tudo estava nos conformes, retornavam para um local indicado.

Percebendo não haver alterações, retornou junto ao grupo para o vilarejo, fazendo seu relatório sobre a ronda no buraco.

A ambientação cercada pela diversidade de ervas, flores e plantas causava uma sensação de puro frescor, um contraste marcante com o deserto seco do lado de fora daquela estufa. Mesmo sendo uma necessidade, melhor dizendo, uma incumbência para o jovem Regulus, ele não podia negar que essa tarefa habitual era sua preferida. O vidro que se postava no famigerado buraco do deserto oferecia uma visão única, quase mágica, que despertava nele um sentimento infantil de egoísmo, desejando guardar só para si aquele espetáculo. No entanto, o prazer envolvente proporcionado por aquele oásis verde não tinha igual. A diversidade de aromas agradáveis e a beleza dos diversos trabalhadores cuidando com afinco daquele espaço criavam uma harmonia quase palpável, tornando cada momento ali uma experiência singular.

Enquanto observava mais de perto algumas flores, o loiro avistou uma espécie que, ao menos, não recordava ter visto em sua última supervisão da estufa. Um pequeno grupo de girassóis, cerca de sete ou oito, se destacava ali. Suas sementes não eram apenas seu salgadinho preferido, mas a flor em si também era sua predileta. A cor amarela vibrante, a simplicidade de sua forma e o modo como se postava aberta, sempre em busca da direção do sol, eram qualidades que ele admirava. Não havia nada muito profundo em sua preferência, era simplesmente um gosto bobo e pessoal.

Uma mulher cuidava de enterrar algumas sementes em uma área de plantação por ali perto, Regulus não se importou de se aproximar e em um tom descontraído - Bom dia! Não fala pra ninguém, mas quanto preciso te dar pra você me pegar um daqueles girassóis? - prosseguido por uma risada. Mesmo com o local agradável, passar o tempo inteiro com o rosto firme e sem interações, não deixava de ser cansativo.

A jardineira riu de volta - Olha, vou ter que chamar um ninja pra você, por que está tentando roubar o meu tesouro - em um tom amigável.

Os dois acabaram trocando conversas sobre o ambiente, os cultivos que os representantes dos locais estavam buscando e os cuidados simples necessários para as plantas. Infelizmente, mesmo que ele quisesse muito, não havia a possibilidade de pegar um girassol para si, ou qualquer outra flor. As regras eram claras e a manutenção daquele equilíbrio delicado era primordial. Regulus compreendia a necessidade dessas restrições, mas não podia deixar de sentir uma pontada de desapontamento ao perceber que teria que se contentar em apenas admirar aquelas flores magníficas, sem poder levá-las consigo.

Depois da conversação que serviu para acalentar aquelas longas horas da supervisão, o garoto se postou novamente em guarda, prestando atenção em qualquer anormalidade diante os trabalhadores ou qualquer visitante que adentrasse o local.

O dia prosseguiu, nada de diferente aconteceu, além do trabalho dos jardineiros e herbalistas ali presentes. O loiro ainda aproveitou para comer alguma sementes de girassóis, enquanto estava entediado demais, mesmo quando seu vício não tivesse o maltratando pelo o pequeno aperitivo assado.

Com sua supervisão devidamente encerrada, não se esqueceu em escrever no seu relatório todas as ocorrências necessárias, mesmo sem nada em específico tendo ocorrido.

A ambientação cercada pela diversidade de ervas, flores e plantas causava uma sensação de puro frescor, um contraste marcante com o deserto seco do lado de fora daquela estufa. Mesmo sendo uma necessidade, melhor dizendo, uma incumbência para o jovem Regulus, ele não podia negar que essa tarefa habitual era sua preferida. O vidro que se postava no famigerado buraco do deserto oferecia uma visão única, quase mágica, que despertava nele um sentimento infantil de egoísmo, desejando guardar só para si aquele espetáculo. No entanto, o prazer envolvente proporcionado por aquele oásis verde não tinha igual. A diversidade de aromas agradáveis e a beleza dos diversos trabalhadores cuidando com afinco daquele espaço criavam uma harmonia quase palpável, tornando cada momento ali uma experiência singular.

As sementes de girassol saciavam o vício de Regulus enquanto ele caminhava pelas vielas de Sunagakure. "O sol está forte hoje", pensava ele, sentindo a luz solar incidir diretamente sobre sua pele. Apesar de já estar há bastante tempo na Vila da Areia, sua pele continuava surpreendentemente branca, algo que ele achava curioso, considerando a intensidade do sol no deserto. Antes de se mudar para Sunagakure, Regulus imaginava que, devido à forte insolação, sua pele acabaria por escurecer ou, pelo menos, adquirir um tom avermelhado. Contudo, nenhuma dessas previsões se concretizou. "Talvez seja a proteção do Deus Sol", refletiu de uma maneira um pouco irônica. Mas logo se corrigiu, reconhecendo que, na verdade, havia sido cuidadoso em proteger sua pele e evitava se expor em excesso, mesmo apreciando profundamente o clima ensolarado.

Enquanto caminhava, observava a vida ao seu redor. As ruas eram movimentadas, com comerciantes gritando suas ofertas e crianças correndo em meio à agitação. Nada fora do normal. Além disso, acabava por sempre avistar ao longe grupo de manifestantes, só que sempre ao se aproximar, se dispersavam rapidamente. Ultimamente, infelizmente, essa também tinha sido a rotina da vila. Obviamente, entendia que não se tratava de uma problemática causada pelo Kazekage que viu pessoalmente dias atrás, mas não deixava de ser um incomodo ter uma parte da população agindo dessa maneira.

Mesmo sempre buscando manter a guarda alta, tinha momentos que deixava seus pensamentos se levarem, relembrando que em seu lar, alguns apetrechos esperavam sua mesa para serem montados e moldados.

No fim de sua ronda, como de praxe, fez seu relatório e entregou para o quartel general.

Olhava com cuidado a profundidade do buraco, enquanto em sua boca, saciava-se com uma semente de girassol. Não podia dizer que estava acostumado com aquela visão saída quase de um quadro surrealista, mas aos poucos criava uma familiaridade com aquele âmbito. Continuava maravilhado como costume com os raios lunares repassando pelo famigerado vidro e criando feixes diferenciados de coloração. Conseguia observar com mais atenção, menos nervosismo, como se estivesse olhando as próprias estrelas da janela do seu quarto.

Infelizmente, seu colega ninja, que havia mencionado a beleza noturna do local, não estava presente novamente. Regulus lamentava a ausência, não porque tivessem criado uma forte ligação, mas porque desejava compartilhar a experiência e confirmar: "Você estava certo." Essa vontade estava entalada em sua garganta, uma pequena frustração em meio à grandiosidade do cenário.

Enquanto o garoto estava absorto na contemplação do ambiente, um ninja qualquer chamou sua atenção, pedindo-lhe que acordasse para a vida e ajudasse na ronda pelo local. O Hikari não questionou a ordem; sabia que ficar parado ali era perda de tempo. Quanto mais rápido fizesse sua parte, mais rápido todos poderiam voltar para casa. Ele se deliciava em observar coisas belas, especialmente aquelas relacionadas aos astros, mas entendia que nem todos tinham o mesmo apreço. Para alguns, bastava cumprir suas obrigações e seguir em frente.

Caminhou em silêncio, enquanto inspecionava uma duna mais afastada primeiramente. A areia do deserto parecia mais tranquila sob a luz da lua. O loiro tinha se acostumado com o sol escaldante advindo pela manhã, infelizmente, quando noite vinha com os ventos gélidos, ainda representava para ele uma dificuldade. Achava engraçado essa dualidade do tempo, principalmente pelo seus extremos. De qualquer jeito, estava devidamente agasalhado, mesmo ainda sentido o frio em sua pele. Continuou buscando irregularidades ao redor do buraco, só que nada chamou sua atenção.

Retornou então para a cavidade em si, buscou qualquer sinal de aumento ou diminuição, principalmente com base na sua memória das últimas vezes. Nada mudou. Prestou atenção no vidro e em suas singularidades. Também nada mudou. Devidamente satisfeito com sua ronda, se postou na localidade indicada pelo grupo.

O esquadrão voltou para vila da areia. Regulus fez seu relatório, citando a falta de anormalidades, encerrando de vez a sua ronda.