O conceito de regeneração pareceria bem próximo ao de Ninjutsus Medicinais, apesar de meu conhecimento acerca do último ser totalmente superficial. Dois versados em Iryō Ninjutsu no Time 2, perceberia, o que falta para eu aderir também? Iria supor que muito, além de uma vontade de menos. Estava bem satisfeito com aquela modalidade de cura pessoal — a responsabilidade de tratar do ferimento de terceiros parecia demais, e devia exigir uma precisão inigualável. Que fique entre os especialistas.

Não seria versado nesta habilidade de regenerar os próprios ferimentos, todavia. Tratava-se de um conhecimento mais avançado que o ministrado nos meus tempos de Academia Ninja, então o pouco que tinha aprendido vinha de explorações através do Controle de Chakra. Ali, nas docas, aproveitando aquele período mágico em que todo o som cessa — pescadores e o desembarque de mercadorias fazem uma pausa nos seus afazeres, a movimentação no píer diminui —, salvo pelo canto das garças, tentaria meditar. Canalizaria a energia que me constitui. Em meio a isto, lembraria de um infortúnio no Castelo da Lua — quando, na entrada do lugar, tive minha Rede de Chakra bloqueada. Desembaraçar aqueles nós mentalmente fora um sufoco. Era inevitável pensar no Time 2 de novo. Talvez as habilidades mentais de Noba ou os olhos brilhantes de Haka facilitassem essa tarefa. Do lado de cá, era preciso improvisar do jeito difícil com o que se tinha.

Olharia, então, para o conceito de Recuperação de Chakra. Revigorar minhas energias através da concentração não me era novidade, a complicação vinha em tentar transpor aquilo para a vitalidade. A primeira era como encher um copo, a outra era como consertar uma pequena ranhura no utensílio. Regenerar meu corpo, pensaria, fitando o pequeno arranhão na coxa — não fazia ideia de como o tinha conseguido, mas era todo o motivo por trás daquele treinamento. Não deveria ser muito diferente de me liquefazer. A maleabilidade de minha estrutura devia permitir aquele tipo de manipulação com mais facilidade, certo? E ainda assim... Encararia o pequeno machucado, concentrando-me, forçando, prendendo a respiração conforme canalizo Chakra para a região...

... e nada acontece.

Respiraria fundo. O movimento no cais voltaria a se tornar barulhento, o período precioso de quietude se desfazendo. Demorei demais, pensaria, um pouco angustiado. Contemplar aquilo me faria perceber que, bem, em um combate, o quando aquele tipo de habilidade fosse realmente necessário, não haveria garantia de um momento de tranquilidade para me concentrar. Assim, então, buscaria me concentrar em mais uma tentativa, ainda que envolto em todos aqueles ruídos. Canalizaria o Controle de Chakra de olhos fechados, sem forçá-lo desta vez, guiando-o até o local do ferimento. Pensaria em tudo como um caminho sinuoso... como uma correnteza, sendo direcionada até o lugar designado para desaguar.

Ao abrir os olhos, eu notaria que o arranhão não estaria mais lá.

Após uma caminhada que seguiria das docas ao campo de treinamento, deixaria a visão da planície me fazer visitar uma época mais tranquila. Um pouquinho antes de ir ao deserto pela primeira vez, lembraria. Costumava vir aqui com muito mais frequência antes de todos os percalços com o Time 2. Tempos solitários. A desistência do mundo ninja era uma nuvem muito mais presente, sua sombra pairando em cada passo meu. Parecia ter dispersado no último ano, enfim. Por mais alguns instantes, fitaria a vegetação escura e a cordilheira montanhosa que cercava o cenário antes de começar o treino.

Não seria muito diferente do anterior nem exigiria todo aquele espaço no campo, mas seria bom poder explorar sozinho. Começaria com uma concentração simples, meditando e tentando conectar-me com o Chakra que flui por todos os meus músculos, buscando emaná-lo. A etapa consistiria em diferentes poses: de pé, com um dos joelhos dobrados, agachado em pose de cavaleiro, em lótus — nesta última, ignorar o pinicar da grama espetando minhas pernas faria parte do próprio treinamento de concentração. Tudo aquilo seria uma maneira de aquecer as correntes de Chakra, fazendo-a fluir para que "acordasse" aquele sistema.

Uma vez preparado, iria iniciar o desenvolvimento partindo do pressuposto do Suika no Jutsu, como antes, concentrando-me na sensação de utilizar a técnica — sentir a leveza entre meus músculos, o controle total sobre sua estrutura. Não é diferente, decidiria. A concentração me induz a, mais uma vez, imaginar tudo como uma correnteza. Seria como visualizar várias ramificações de um rio vazio. A água, resoluta, escoaria por seus caminhos, preenchendo e consertando o que faz falta. Como cicatrizar um arranhão. De olhos fechados, aquele seria o conceito usado de guia. Continuaria emanando Chakra, tentando espalhar aquela sensação do topo da cabeça até a ponta dos pés. Técnicas como Kabe Hashiri no Jutsu viriam à mente, relembrando-me de como as desenvolvi na Academia para aplicar agora. Todo o processo levaria tempo e me desgastaria algumas vezes, forçando pausas para respirar.

Levaria o cantil para saciar uma sede não necessariamente advinda do meu vício — dias de verão não eram meus favoritos e cobravam seu preço. Ainda assim, aquele trabalho estava auxiliando oferecer algum tipo de revigoramento; sentia-me mais disposto, mesmo que não tivesse sofrido nada grave anteriormente. Isso é bom, concluiria, pelo menos, de alguma maneira, parece estar dando certo. Retomaria o treinamento mais algumas vezes para garantir que conseguia repetir aquela oscilação de Chakra mais algumas vezes. O objetivo era ter certeza de que seria capaz de fazê-lo com destreza quando a situação exigisse. Mas a maestria não viria com um treino, eu bem sabia. Sem ter muito para onde ir, encerraria aqui por enquanto, enfim, e partiria do local.