uando acordou naquela manhã, Inazuma nem sequer imaginaria o dia que o esperava. Tomava sua xícara de chai, sentado no telhado da sua casa e com as costas encostadas na parede da janela do seu quarto. Ficou ali por vários minutos, até que Stallone começou a se aproximar, pousando no parapeito da janela. Inazuma recolheu a mensagem, uma convocação de missão, e rapidamente começou a se arrumar, seguindo para o quartel poucos minutos depois. Chegando lá foi direcionado até uma sala mais reservada, e ao abrir a porta viu outros shinobis, mas não conhecia nenhum deles. O garoto se sentou e um deles, uma mulher alta e de cabelos brancos, apesar de possuir pouca idade, começou a conversa.

Soraka: Estávamos esperando por você, Inazuma, agora podemos começar. Meu nome é Soraka, serei responsável pela missão. - Apresentou-se a mulher, enquanto entregava uma pasta com 5 papéis cada um, cada papel contendo informações completas sobre cada uma das cinco pessoas naquela sala. - Este é um relatório sobre cada um de nós, vocês terão apenas alguns minutos para ler. Alguns de nossos colegas foram capturados e estão em cativeiro. Ainda não sabemos quem são os responsáveis, mas são perigosos, e nossa missão é justamente derrotar esses párias e salvar nossos companheiros. É muito importante capturar algum vivo, para interrogatório, mas isso jamais deve ser prioridade sobre nossas vidas. Dois minutos, então joguem os papéis no fogo.

Tudo estava acontecendo muito rápido. Não conhecia aquelas pessoas e teve menos de cinco minutos para ler quatro relatórios, e só assim conseguiu saber alguma coisa sobre suas habilidades. Iniciaram o trajeto até o suposto esconderijo, e um dos ninjas detectou cinco assinaturas de chakra que não eram dos aliados. Entre as árvores, o grupo planejava.

Soraka: O que vocês sugerem? Qual o melhor meio de prosseguir? - Perguntava a líder, olhando para seus companheiros, querendo analisar a mentalidade de cada um.

- Posso usar meu Chidokaku para elevar o solo e fazer eles saírem, depois Otoshibuta para prensá-los. - Sugeriu o garoto, armando um plano em sua mente.

Soraka: Errado, Inazuma. Você é o ninja médico de um grupo, deve ser o suporte. Um suporte fica sempre atrás e não gasta chakra, a não ser que seja extremamente necessário, ainda mais desperdiçar desta forma, com dois jutsus de Rank-A. E se alguém precisar ser curado? E se a vida de um companheiro depender disso perto do desfecho da batalha? Como alguém vai dizer para o filho do Gouky que seu pai morreu por que o ninja médico não tinha mais chakra? Que ao invés de curar, ele desperdiçou seu chakra atacando o inimigo, sem nem sequer ter o poder necessário para isso? Um ninja médico é responsável pela sobrevivência de um time, se alguém morrer por falta de cuidados a culpa é totalmente do Iryo-nin. - A mulher foi extremamente dura e fria, mas disse exatamente o que Inazuma precisa ouvir, ou na verdade aprender. - Nós, ninjas que servimos de suporte, não atacamos enquanto nossos companheiros aguentarem lutar, não curamos até que seja necessário. Nós no máximo criamos distrações para facilitar a estratégia dos aliados, e os defendemos se percebermos que ele não terá como se defender. E se no final de uma batalha nós não usamos nenhum ninjutsu médico, nós agradecemos, pois quer dizer que nossos companheiros estão bem.

Foi como se a Jonin tivesse socado o garoto no estômago, essa era a sensação de falta de ar que ele sentia, um choque de realidade que precisava. Ficou quieto, engoliu a seco e apenas absorvia aquele conhecimento, enquanto os demais debatiam. Um dos ninjas entrou no esconderijo, visando atrair a atenção dos inimigos para fora, e foi isso o que aconteceu, mas saíram apenas quatro e o ninja de Konoha, que por algum motivo estava invisível. Iniciou-se então o confronto. Inazuma permanecia parado, tentando acompanhar a movimentação dos combatentes, mas alguns as vezes se moviam rápido demais. Soraka criou um clone das sombras e vez ou outra usava um ninjutsu de raiton em algum inimigo, o que parecia causar uma paralisia temporária, dando brecha para o aliado atacar.

“Ajudar sem se envolver diretamente no combate, então é isso. Ela usa jutsus de raiton que consomem pouco chakra, mas se acertar podem paralisar um pouco os movimentos do alvo, tempo suficiente para um aliado acertar um ataque.”

Mesmo tentando entender toda a situação, o fato de ficar parado, sem fazer nada, o incomodava, ainda mais com todos lutando incessantemente. Então em um momento o aliado ficou cercado por dois nukenins, dificultando e muito sua fuga ou defesa. Inazuma juntou as mãos, ia começar a realizar selos, mas foi impedido.

Soraka: O que está fazendo? Pare!

- Do que está falando? Ele precisa de ajuda, ou posso arrumar uma fuga da situação! Eu não fiz nada até agora! - Disse o garoto já começando a ficar furioso.

Soraka: Então agradeça, pois sua habilidade curativa não foi necessária! Confie nos seus companheiros! Quando você aprender a fazer isso, vai saber a hora certa de agir. Observar e não fazer nada são duas coisas diferentes. Olhe como seus inimigos se movimentam e lutam, assim como seus aliados. Você percebeu que um dos que cercaram ele é mais lento ao usar ninjutsu? Ele nunca será mais rápido que Byakuya. Não importa se você não usou nenhum jutsu, não é seu papel dentro de um time se preocupar com ataque ou defesa. Jamais esqueça, Inazuma, um ninja médico não deve brilhar!

Engoliu a seco mais uma vez, mas ficou observando. As habilidades da Soraka eram todas voltadas a dar suporte para o time, inclusive o jutsu de transferência de chakra se os aliados ficassem sem para continuar lutando. Um dos ninjas inimigos, que estava no ar, começou a cair, era um jutsu que ele havia usado, e pousaria no chão. Inazuma então viu a oportunidade de ajudar, usando o Doton: Doryu Taiga para criar um rio de lama embaixo do inimigo. Desavisado, o nukenin caiu na lama, sem apoio, recebendo em seguida um ataque de cada um dos três aliados.

Soraka: Muito bem, Inazuma. É disse que estou falando.

O garoto manteve-se focado, ainda observando a batalha. Entendeu que aquela não era uma missão solo, muito menos em que deveria ser o protagonista. Na verdade, Inazuma provavelmente era o mais fraco dos cinco, e desconfiou de que só foi chamado realmente para entender qual é seu papel, para quando futuramente a vila precisar dele. Venceram os inimigos, Inazuma usou seu Shosen no Jitsu para restaurar a vitalidade dos companheiros, principalmente aqueles que foram resgatados do cativeiro, pensando em como foi bom ter tanto chakra disponível para ajudá-los. Retornaram para Konoha em silêncio, Inazuma foi dispensado e agradeceram a presença dele, o relatório ficaria por conta da líder da missão. O garoto foi para casa, tomado por pensamentos, precisava de uma mudança radical em suas habilidades.