O dia começou com uma luz suave filtrando-se pelas persianas de bambu do quarto do Senju. O sol nascente tingia o céu com um tom dourado, uma promessa de um novo dia cheio de desafios e oportunidades. O jōnin, ainda envolto nas brumas do sono, sentiu-se inexplicavelmente inquieto. Algo no ar carregava um presságio de mudança, um sussurro da natureza que parecia chamá-lo para uma jornada interior. Levantou-se e, após se vestir com suas roupas de treino, saiu para o jardim interno. O frescor da manhã ainda persistia, e a serenidade do espaço, com seu pequeno riacho e a vegetação exuberante, proporcionava o ambiente perfeito para reflexões profundas.

Sentado em posição de lótus sobre um tatame disposto ao lado do riacho, deixou que sua mente vagasse, absorvendo cada som e sensação ao seu redor. O canto dos pássaros, o farfalhar das folhas ao vento, e o suave murmúrio da água eram seus únicos companheiros. Naquele dia, Maeda estava determinado a conquistar uma nova habilidade que, ele sabia, poderia transformá-lo em um verdadeiro mestre shinobi: a habilidade de um ladrão. Esta qualidade, reverenciada e almejada por muitos, era o ápice do escapismo e da furtividade. Ele sabia que para alcançar essa perfeição, precisaria mergulhar profundamente em seu próprio ser e nas técnicas que envolviam a arte do desaparecimento e da evasão.

Tensai começou seu treinamento com uma série de exercícios de meditação. Controlar a respiração, acalmar a mente e concentrar-se em cada fibra de seu ser era crucial. Sentiu a energia natural ao seu redor, absorvendo-a lentamente, integrando-a em seu próprio chakra. A meditação não era apenas um exercício de pacificação, mas uma preparação para os desafios mentais e físicos que viriam a seguir. Com os olhos fechados, visualizou cenários de confinamento e aprisionamento. Imaginou-se preso em correntes, enredado em redes, cercado por inimigos. Em cada cenário, ele se via encontrando uma saída, um ponto de fraqueza no confinamento. A mente de um gatuno precisava ser afiada e flexível, capaz de ver soluções onde outros viam apenas problemas.

A tarde trouxe consigo um aumento na intensidade do treinamento. Ele deslocou-se para o dojō, um espaço amplo e silencioso, equipado com todos os instrumentos necessários para sua prática. Primeiramente, começou com as técnicas de escapismo. Pendurado de cabeça para baixo por uma corda de seda, ele praticava desatar os nós com os olhos fechados, confiando apenas no tato e na memória muscular. Cada nó desfeito era uma vitória, cada laço solto um passo mais próximo da maestria. Ele repetia os movimentos incansavelmente, ajustando e aprimorando sua técnica. Em seguida, veio o desafio das correntes. Trancado em pesadas algemas de ferro, ele usava pequenos instrumentos escondidos em suas vestes para abrir os cadeados, um teste de destreza e paciência.

Com o sol começando a descer no horizonte, ele deslocou seu foco para a furtividade e a discrição. Movimentar-se sem ser visto ou ouvido era uma arte tanto mental quanto física. Ele iniciou uma série de exercícios de movimentação através do jardim e do dojō, concentrando-se em suavizar cada passo, controlar cada respiração. Andava pelo jardim, passando pelas sombras das árvores e se ocultando atrás de arbustos, movendo-se com a graça de um felino. Cada vez que sentia sua presença detectada, parava, analisava o erro e ajustava sua técnica. Repetiu o processo inúmeras vezes até que seus passos se tornaram imperceptíveis, seu movimento quase etéreo. No dojo, ele usava os obstáculos e as estruturas para se esconder, imaginando-se em uma missão real. Deslizou por detrás de biombos, escalou vigas de madeira, e se escondeu em pequenos espaços, cada movimento calculado para evitar ser visto ou ouvido. A prática incessante começou a refinar sua habilidade, até que ele podia mover-se através do dojo sem fazer um único som, sua presença tão leve quanto o vento.

Com a chegada da noite, sabia que seu treinamento precisava ser testado em um cenário mais realista. Preparou uma série de armadilhas e obstáculos pelo dojo, simulando uma situação de invasão e aprisionamento. Cada armadilha era um teste de sua habilidade de detecção e evasão, cada obstáculo um desafio à sua capacidade de improvisação. Movendo-se com a cautela de um predador noturno, ele evitou fios de disparo, desarmou mecanismos de captura e escapou de confinamentos simulados. Cada sucesso aumentava sua confiança, cada falha oferecia uma lição valiosa. A escuridão do dojō, iluminada apenas pela luz fraca das lanternas de papel, criava uma atmosfera de tensão e desafio, empurrando Tensai para seus limites.

Após horas de prática intensa, finalmente permitiu-se um momento de descanso. Sentado no centro do dojō, ele refletiu sobre o dia. Sentia-se exausto, mas também revigorado. Havia conquistado algo valioso, uma nova dimensão de suas habilidades como shinobi. Aquilo tudo não era apenas sobre escapismo e furtividade, mas sobre o controle absoluto de seu próprio ser, a capacidade de se tornar invisível, inatingível. A noite envolveu o deserto em seu abraço tranquilo, e o Senju, sentindo-se mais forte e preparado do que nunca, permitiu-se finalmente descansar, certo de que estava um passo mais próximo de se tornar o verdadeiro mestre shinobi que aspirava ser.