aquele dia fazia muito calor em Konoha, um típico dia de verão na vila, no ano de 21 DG. Inazuma se arrumava após tomar café com sua família, e como não tinha nenhum compromisso resolveu fazer um treinamento, até que sua mãe apareceu na porta do quarto.

Saori: Inazuma, querido, o que acha de ir comigo para o hospital hoje? Vou realizar algumas aulas introdutórias em anatomia para aspirantes, você poderia me ajudar a preparar tudo, se não tiver nenhum compromisso.

Naquele momento o garoto se lembrou de quando participou daquela mesma atividade, alguns meses atrás, e como foi inspirador aprender e praticar daquela maneira. Um leve sorriso surgiu no rosto da criança.

- Claro, mãe, vai ser bom ajudar a preparar uma aula que me ajudou muito, isso pode inspirar mais pessoas a seguir o caminho do Iryoninjutsu, e hoje não tenho nada pra fazer mesmo.

Os dois saíram juntos então para o hospital, se dirigindo a uma sala na ala abaixo da recepção, em que aconteciam reuniões e atividades como aquela orientação. Começaram a arrumar as coisas, iniciando pelos equipamentos que seriam utilizados. Enquanto ajudava, o jovem Hoki se lembrou de uma curiosidade que sempre quis saber, mas nunca se lembrava de perguntar.

- Mãe, nós somos do clã Hoki, não é? Você nunca fala muito dele, nós temos parentes em Konoha?

Saori suspirou vagarosamente, sabia que esse dia chegaria e tinha ensaiado esse discurso várias vezes em sua mente, mas na hora nada sairia como havia planejado.

Saori: Sim filho, somos do clã Hoki. Apesar de possivelmente ter membros do clã aqui, não são nossos parentes, e eu também nem os conheço. Isso se houver mais alguém.

Inazuma sentia sua mãe meio evasiva, como se não quisesse falar do assunto, aliás, como se aquilo a entristece, mas o motivo disso lhe intrigava ainda mais.

- E onde estão então? Os seus parentes, ou o restante da sua família. Nunca os conheci, muito menos sei se existem.

Saori: Nossa família é originalmente de Sunagakure, e por originalmente eu me refiro à nossos parentes específicos, não exatamente a origem do clã. Os Hoki são muito bem reputados, muitos são reconhecidos como os maiores usuários do Iryoninjutsu. Médicos, cientistas, herbalistas, sempre seguindo estes caminhos, e a maioria aprende ninjutsu médico na mesma idade que você aprendeu.

Inazuma olhava fixamente para a mãe, finalmente estava descobrindo um pouco mais sobre a família e também sobre seu clã. Agora entendia o por que de sua mãe ser uma médica tão incrível, estava no sangue da família. O garoto limpava os instrumentos, desinfetando e esfregando cada um, enquanto a mãe preparava os sapos.

Saori: Alguns anos atrás, talvez uns 20 ou 25 anos, eu pedi refúgio em Konoha, queria me mudar para cá e exercer minha profissão longe do clã, assim eu teria muito mais liberdade para fazer o que gosto. Felizmente a vila me acolheu muito bem, e por isso me dediquei com tanto afinco por todos esses anos pelo bem da vila.

- Você não gostava da sua família? Mudar de vila é algo muito radical, deve ter acontecido algo bem sério. Você fazia parte de um clã tão incrível e bem reputado, e ainda assim escolheu partir.

A mulher sorriu levemente, em sua mente se passavam as consequências de sua atitude, como seu marido e seu filho, e não se arrependia nem por um minuto.

Saori: Ser parte de um clã não te torna melhor, ou superior, a ninguém, Inazuma. O que deve valer são seus atos e seu caráter, não a família de onde veio. Se você observar, e com o tempo descobrirá isso, a maioria dos grandes clãs estão cegos por poder, sua ganância excessiva faz mais mal do que bem às pessoas, colocando-os sempre acima de qualquer outro. Muitos fingem ser bons, ou que possuem uma lealdade vaga com a vila ou país que habitam, mas no fim tudo se resume à importância deles.

Inazuma jamais havia pensado nisso, ainda mais em Konoha por haver tantos clãs, sempre achou que era algo incrível e importante, mas agora começava a entender que não é bem assim. Por também ser parte de um clã, o garoto achou que sua família deveria ter mais importância, mesmo que nunca tivesse agido com arrogância ou desdém com os outros, adinal humildade e respeito foram duas coisas que seus pais lhe ensinaram muito bem.

- Eu sempre me perguntei como você e o papai ficaram juntos. Você pertence a um clã importante e com habilidades incríveis, enquanto ele é apenas um marceneiro, apesar de ser uma pessoa incrível. Achei que pessoas comuns não pertenciam ao mesmo mundo do que os membros de clãs, mas o que papai falou faz todo sentido, nem tudo é o que parece.

O garoto ficou meio cabisbaixo, parecendo sentir culpa por pensar daquela maneira, e um pouco envergonhado, mas sua mãe, como sempre, era gentil nas palavras, e seu sorriso acalmava tudo.

Saori: E não tem problema pensar assim, você é apenas uma criança ainda. Apesar de ser bem inteligente pra sua idade e extremamente habilidoso em ninjutsu, conhecer como o mundo funciona é diferente. Entender como as pessoas agem ou pensam, do que elas são capazes ou suas ambições e sonhos, que os motivam, você só aprende com o tempo e a idade. Ao longo do tempo vai se deparar com tudo isso, com as dificuldades de lidar com as pessoas, então é importante que você já saiba essas coisas. As pessoas crescem e assumem responsabilidades, mas no fundo somos todos crianças como você.

A mãe colocou a mão direita sob o pulso do braço direito, em um instante uma pequena explosão de fumaça se fez e, em poucos segundos, Inazuma viu uma espada com a lâmina negra na mão da mãe. Ela tinha uma arma guardada todo esse tempo em um fuuinjutsu no braço.

Saori: Nós podemos criar nossos próprios costumes, seremos nosso próprio clã. Essa é uma Kokuto que pertenceu ao seu pai. Quando começamos a namorar eu desenvolvi um veneno especial para ela, ou reproduzi, não me lembro fez hehe. Esse veneno é fixo na lâmina da espada, capaz de paralisar ao entrar em contato com um inimigo. Seu pai a nomeou de Mamba-Negra, que é uma cobra que tem, em seu veneno, o poder de atingir o sistema neurológico, causando formigamento e nesse caso a paralisação. Ela agora é sua, e quando estiver pronto, poderá renomeá-la. Não importa o clã ou o que seja, nós fazemos nossos costumes.

Inazuma ficou extremamente feliz com aquilo, ganhou uma arma muito interessante e estava começando um novo costume em sua família. A partir daquele dia o jovem prometeu a si mesmo que daria mais importância para as pessoas comuns, e as trataria como um igual independente de ser de um clã ou apenas um trabalhador comum. Assim como no dia que passou com seu pai, aquela conversa o inspirou e foi de vital importância para o caráter do jovem Hoki.