Embora seguisse se doando com um único propósito em mente, inevitavelmente, Ethan começou a se ver em um beco sem saída, estagnado na própria insignificância. Era inegável o progresso que fizera em apenas algumas semanas, dominando ensinamentos de uma vida e fazendo jus à genialidade que era inerente ao seu ser. Ninguém podia tirar isso dele. No entanto, a urgência que nutria começava a se tornar um problema sem precedentes, pondo em risco todo o progresso alcançado. Conforme os resultados se tornavam escassos, o seu julgamento começava a ser afetado, o seu foco se tornava inexistente e já se via sem esperanças, enxergando um futuro onde não conseguiria cumprir o único desejo egoísta que o seu mestre se atreveu a fazer. E, quanto mais pensava a respeito, mais se culpava por não ser bom o suficiente para cumprir as expectativas postas sobre os seus ombros.

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O silêncio presente nas ruas do vilarejo acompanharia Ethan naquela noite apática, em que não havia nada de memorável para oferecer. Como era de se esperar, aquele também não era o dia em que encontraria um meio de fugir da sua realidade; ainda não conseguia deixar todos os problemas para trás em um piscar de olhos. Inquieto, o Hattori não sabia muito bem o que fazia e nem para onde ia, apenas havia resolvido que precisava sair um pouco de casa, em uma tentativa desesperada de não ser consumido pelos sentimentos recriminatórios que lançava contra si. Afinal, se pudesse se distrair um pouco, nem que por um segundo sequer, sentia que poderia suportar toda aquela pressão sufocante que o corroía por dentro. Mesmo não sendo tão ingênuo a esse ponto, achava a possibilidade reconfortante, vendo nela uma luz no fim do túnel.

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No dia seguinte, quando o sol escaldante do meio-dia alcançava o ápice nos céus, Ethan se encontrava agora no centro de um campo de treinamento deserto. Naquele momento, com expressões vazias e o olhar focado no horizonte, deixava a mente divagar, à procura de respostas. Mas, assim que deixou o rito de lado, começou a se preparar para mais um dia. Primeiramente, mentalizou a junção dos Kanjis que formavam a sua assinatura. Em seguida, tocou no seu cajado, marcando-o. Por fim, ao olhar o resultado, via que as suas marcações finalmente atingiram um grau de perfeição satisfatório, estando muito acima da época em que começou. Após isso, fadado ao fracasso, sabendo que não conseguiria nenhum progresso além desse, voltou para casa.

Informações:

Nos dias que se sucederam, Ethan dividia o seu tempo entre missões, treinos e horas incessantes de leitura sobre o tema que se tornou familiar há pouco, o espaço-tempo. Ainda não poderia dizer que fazia algum progresso em qualquer uma das atividades, mas sabia muito bem que não poderia simplesmente parar a sua vida, e considerava o aviso de Raizo ao tomar essa escolha. Ao invés disso, estava em constante vigilância, agindo como se sempre houvesse algum no seu encalço, pronto para dar um fim à sua vida.

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Seria preciso algumas falhas e muitos “nãos” para que Ethan começasse a repensar tudo o que sabia sobre si, alterando a forma como encarava aquele garoto miserável no espelho, que exalava nada além de um odor de morte. Pela primeira vez na vida, Ethan experimentava um sentimento amargo, mas que, ao mesmo tempo, parecia tão… esclarecedor. Pela primeira vez na vida, o Hattori começava a duvidar da autoimagem que cultivou durante toda a vida, questionando cada aspecto irrelevante da própria persona. Tudo começou com um sussurro penetrante que servia para desmotivá-lo, repetindo a cada instante que ele não era capaz, reforçando a ideia até que a constatação se tornasse verídica. A dúvida, então, começava a crescer como um monstro trancado no armário, alimentando-se do seu medo e, constantemente, ameaçando revelar as feições deformadas e intragáveis.

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Não era sempre que Ethan conseguia ficar para baixo o tempo todo, sendo nesses raros momentos em que deixava a irritabilidade transbordar e levar tudo pelo caminho. Era nesses momentos em que tomava a liberdade para discutir com aqueles que deveria proteger nas missões, que começava a arrumar confusões com os bêbedos jogados nas calçadas e que conseguia discutir com qualquer um pelo motivo mais fútil possível. Em razão disso, o “honorável” Jounin da pedra sempre se via cheio de hematomas pelo corpo, resultados das vezes em que brigava com desconhecidos na rua, mesmo estando em desvantagem numérica. E o surgimento de novas cicatrizes era uma certeza tão imutável quanto a morte, principalmente nos dias em que passava no campo de treinamento, sem sair um metro do lugar, parado, esperando um milagre que jamais aconteceria.

Informações:

Em determinado momento, Ethan estava tão concentrado em se martirizar que era incapaz de ver os progressos que realizava. Já havia perdido a noção de quanto tempo continuava na mesma rotina, sempre se entregando inteiramente, uma marca após a outra, fracasso atrás de fracasso. No fim, porém, qualquer mudança, por menor que fosse, não conseguia extinguir a frustração. Na primeira vez em que consegui se movimentar através do espaço-tempo para uma de suas marcas (30 metros), por exemplo, só serviu para lembrá-lo do quão horrível era o seu controle de chakra. Da mesma forma, reafirma a sua mediocridade toda vez que o estômago embrulhava durante as viagens. Muitas das vezes, como uma mácula, deixava pilhas e pilhas de vômitos espalhadas pelo campo de treinamento onde praticava. Em uma busca incessante e doentia pelo autoaperfeiçoamento, tudo o que fazia era se diminuir.

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Sem que pudesse se dar conta, quando havia percebido, já utilizava aquela técnica problemática e imperfeita durante as missões (15 metros). No entanto, os erros que cometia na execução desta permaneciam, sempre utilizando mais chakra do que o necessário e perdendo o senso de equilíbrio ao “saltar” pelo espaço-tempo. Como esperado, durante incontáveis vezes, colocou a vida em risco como se ela não valesse nada, e, àquela altura, isso bem que poderia ser verdade. Porém, a sorte sempre lhe sorria no último momento, afinal de contas, nos últimos meses, tornou-se um mestre em fugir. E, mesmo sem estar em situações de risco, continuava a usar a habilidade incessantemente, simplesmente porque não queria andar (500 metros).

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Meses depois, após perder mais noites de sono do que conseguia se lembrar, Ethan se via na mesma situação de outrora, estagnado. Mas, dessa vez, isso era devido à sua incapacidade em encontrar erros na execução da habilidade, onde, não importava o quanto tentasse se menosprezar, sempre chegava à mesma conclusão: não havia erros para pontuar.

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