O clima estava frio, expressando o meu estado naquele momento. Me sentia mal, com a confiança abalada após o fiasco da missão em que tinha ido a pouco tempo. Perder foi o mesmo que jogar todo o meu esforço no lixo, como se o mundo chegasse para mim e me mostrasse que ainda não era forte o suficiente. Era uma sensação desagradável, que tirou minhas noites de sono por dias. —‌ Não dormiu novamente, não foi? ‌—‌‌ Minha mãe estava na porta, encostada no batente da porta com a mão no braço. Estava aparentemente cansada, como se não tivesse dormido também. —‌ Sim, mas pelo visto a senhora também não dormiu. ‌—‌

Me senti culpado, não tinha noção do que tudo aquilo fazia com a mais velha, nem como a afetava. —‌ A culpa é minha, preciso fazer algo. ‌—‌ Levantei da cama, sentindo o frio tocar meus pés enquanto caminhava até a mais velha. —‌ Venha, melhor voltar para a cama. Eu vou dar um jeito nisso. ‌—‌ Depois de muito tempo, talvez por ver a minha aflição, ela acariciou meus cabelos brancos, em uma forma simples de me reconfortar. —‌ Está tudo bem, eu acredito que dará um jeito. Mas faça isso rápido, pois você precisa descansar. ‌—‌‌ De fato, ela tinha toda a razão para me dizer aquilo. A levei até seu quarto, a colocando para dormir novamente.

Considerações:

Era cedo demais para fazer qualquer coisa, por mais que tivesse entendido o que poderia fazer para melhorar minhas habilidades. Tudo o que fiz foi colocar minha mãe em sua cama, e seguir até a cozinha. Estava frio, então após deixá-la bem coberta fui pegar um pouco de água. A coloquei dentro da chaleira e no final, a esquentei em poucos instantes. Coloquei um saquinho de chá dentro de uma xícara e despejei o líquido translúcido após ele ferver, sentindo o cheiro ameno das ervas. ”Talvez tenha algo na biblioteca que possa me ajudar.” Após colocar de açúcar, parei encostado na pia, olhando para o nada enquanto pensava, deixando o tempo passar até a biblioteca se abrir.

O tempo se passou, comigo no meio da cozinha com a xícara de chá em mãos. Fui tomando aos poucos, mas estava tão perdido nos próprios pensamentos, que acabei o deixando esfriar antes de chegar a metade. ”Droga! Nem percebi.” Despejei o líquido turvo dentro da pia, dando uma breve analisada para ver se minha mãe ainda estava na cama, ou se havia se levantado. Deixei a xícara limpa, e arrumei o que tinha que arrumar. Tomei um bom banho quente, coloquei roupas mais quentes e então segui até a biblioteca. Deixei minha mãe dormindo, não quis a preocupar.

Considerações:

Diante das portas da biblioteca, olhei sua entrada ainda parado por alguns instantes. Estava um pouco preocupado, me perguntava se acharia algo que pudesse me ajudar naquele lugar. Esperei por alguns segundos, até observar uma moça se sentando atrás de sua mesa. ”Pior não pode ficar, então vamos lá.” Em passos lentos, adentrei no local mantendo um semblante tranquilo ao olhar para a bibliotecária. —‌ Bom dia, acredito que não seja um horário tão adequado para vir até aqui, mas realmente estou precisando encontrar alguma ajuda entre essas páginas. Se não for um incômodo. ‌—‌

A jovem abriu um pequeno sorriso enquanto me olhava, um pouco sem jeito. —‌ Ah não, não se preocupe. Fique à vontade, ela já está aberta mesmo. Se precisar de ajuda, pode me chamar. ‌—‌‌ Sua simpatia me deixou mais confortável, não ficando mal pela minha aparição tão cedo. Fiz um breve cumprimento com a cabeça, adentrando para começar a folhear as páginas daqueles livros.

As horas se passaram desde a minha chegada. Já tinha alguns montes de livros sobre algumas mesas, com suas folhas folheadas mas sem que encontrasse algo. Já estava de tarde, o almoço havia passado sem eu perceber, quando finalmente encontrei algo que poderia me ajudar. Uma forma melhorar minhas reservas, e até mesmo formas de melhorar meu controle sobre ele e sobre meu próprio elemento. Senti certo alívio com isso, e guardei novamente todos os livros para partir para o campo de treinamento.

Considerações:

Em meio ao campo de treinamento, observo o vazio em que ele se encontra e a paz, apesar de ser de tarde, enquanto me posiciono entre as imponentes formações de pedra, sinto a brisa suave acariciar minha pele, como se o próprio universo estivesse tecendo fios de serenidade ao meu redor.

No início, minha conexão com o vento é tímida, hesitante. Eu o sinto apenas como um toque fugaz, uma presença distante. Mas à medida que permito que minha consciência se aprofunde, mergulho na dança silenciosa das correntes de ar. Cada respiração se torna uma celebração da interligação entre meu ser e a vastidão do espaço ao meu redor.

Com o passar dos minutos, o vento se torna mais do que apenas uma sensação física. Ele se transforma em um guia sussurrante, conduzindo-me através das intricadas camadas do meu próprio eu. Sinto-me envolvido por uma aura de serenidade, como se estivesse sendo abraçado por uma presença divina. Minha mente se aquieta, e sou tomado por uma sensação de paz profunda.

À medida que me entrego mais completamente à meditação, começo a sentir uma conexão mais íntima com minha própria energia interna. Percebo como meu corpo é apenas uma extensão do vasto universo, e que dentro de mim reside uma fonte inesgotável de força. Cada inspiração é uma oportunidade para absorver essa energia, enquanto cada expiração libera qualquer tensão ou negatividade que possa estar me prendendo.

O vento, agora, é mais do que apenas uma brisa gentil. Ele se torna uma manifestação tangível da energia universal que permeia todas as coisas. Sinto-me envolto por sua essência, como se estivesse sendo acariciado pelas próprias mãos do universo. Cada rajada traz consigo uma mensagem sutil, uma lembrança de que somos todos parte de algo muito maior do que nós mesmos.

Enquanto medito, sinto-me enraizado na terra e elevado pelo vento. Um elo na cadeia infinita da existência, uma gota d'água no oceano da consciência universal. Minha mente se expande para além dos limites do meu corpo, e por um breve momento, experimento a totalidade do universo em toda a sua glória.

À medida que a meditação segue, permaneço imerso na tranquilidade que me envolve. O vento continua a sussurrar suas melodias suaves, como um lembrete constante da beleza e da harmonia que permeiam todas as coisas. Sinto a energia percorrendo meu interior, tomando uma intensidade nunca sentida antes, como se realmente ela estivesse aumentando. Ficava impressionado com a tamanha diferença que fazia ao me conectar diretamente com a natureza, essa que me ajudava a me concentrar apesar do vento frio do inverno.

Considerações:

Minha respiração entrava na mesma frequência que a do vento à minha volta, como um pequeno assobio espalhando-se por todos os lados. Era uma sensação agradável, ao qual não sentia a muito tempo. Sentia meu coração calmo, minha mente limpa pela primeira vez após muito tempo, e os pulmões funcionando em um ritmo mais lento. Minha concentração estava perfeita, ao ponto em que não sentia mais nada à minha volta a não ser o vento tocando meu rosto. Era algo estranho, e ao mesmo tempo reconfortante. Era como se não existisse mais nada além de mim, e o ar que eu respirava, e que preenchia o vazio em meu peito.

A energia em meu interior borbulhava, mas não era agressiva ou algo do tipo. Ela se agitava, mas não me causava irritação, nem mesmo incômodo. Era como se estivesse expandindo dentro de mim, ampliando seu estado e tornando-se mais do que eu já tinha. Talvez sempre estivesse ali, aprisionada, apenas esperando pela primeira oportunidade de se livrar da prisão lhe imposta. Não seria difícil de acreditar, que minha mente tenha suprimido minhas habilidades por tanto tempo, de forma inconsciente. Havia perguntas, não não as conseguiria responder por mim mesmo, talvez não naquele momento.

Era uma sincronia quase que perfeita, minha energia se expandindo enquanto meu corpo se misturava ao ar. Os olhos continuavam fechados, aproveitando o ar gelado que tocava meu rosto. Não sentia frio, ou ao menos não o bastante para ir embora. As roupas quentes faziam seu papel direito, e a meditação fazia todo o resto. Respirava lentamente, sentindo o ar preenchendo meus pulmões à medida que minha própria energia percorria todo o meu corpo. Sentia uma certa pulsação dentro de mim, como se as veias de chakra que faziam parte de toda a minha constituição estivessem aumentando. Uma pequena dor no abdômen tornou-se presente, aumentando cada vez mais, à medida que continuava o processo.

Era estranho sentir que fazia parte do ambiente, como se não fosse mais alguém estranho perante a natureza. Também era estranho sentir que o ar seguia minhas instruções, mesmo que as mais simples. Era ainda mais estranho notar que havia algo maior dentro de mim, uma quantidade enorme de chakra que eu não havia percebido. Sentia como se nada mais pudesse me parar, como se nada mais fosse tão complicado assim. Me sentia confiante novamente, com a energia transbordando pelo meu corpo de uma forma absurda. Me levantei de onde estava sentado, notando a presença de um ninja de Iwa com uma carta em mãos.

Considerações:

Com o pergaminho em mãos, caminhei até a saída da vila. Estava um pouco preocupado com o resultado de tudo aquilo, embora me sentisse mais confiante desde o começo de tudo. Haviam pessoas precisando de ajuda, ao qual eu não podia simplesmente descartar assim. Não estavam tão longe, pelo menos não o bastante para levar horas andando. Era um pequeno vilarejo, o qual estava sendo atacado por diversos bandidos. Não tínhamos tantos ninjas para ajudá-los, e nossos problemas internos tomava o tempo de boa parte do que ainda trabalhava por Iwa.

Ao chegar, notei a bagunça que estava naque lugar. Carroças quebradas, alimentos caídos no chão e espalhados, algumas pessoas bem feridas, e até mesmo parecendo mortas. Isso me deixou irritado, Andei um pouco mais até me deparar com um senhor, encostado em uma das casas com sangue escorrendo por seus lábios. —‌ Que bom que vieram, pensei que não receberíamos ajuda. ‌—‌‌ Ele tossiu, soltando algumas gotículas de sangue.

—‌ Onde estão todos? E onde estão os bandidos? ‌—‌ O idoso não conseguiu falar muito, mas apontou na direção do centro do pequeno vilarejo. Eles estavam lá, certamente estavam lá, com todos. Respirei fundo, apertando as mãos enquanto observava o idoso. —‌ Eu vou resolver isso, não se preocupe. ‌—‌

Considerações:

O sentimento de raiva tomava conta de todo o meu corpo. Não conseguia acreditar que homens haviam feito tudo aquilo com pessoas inocentes pelo puro prazer. Respirava fundo, olhando mais uma vez para o idoso diante de mim. —‌ Espere aqui, a ajuda chegará logo. Eu vou até lá. ‌—‌ O senhor de idade apenas balançou sua cabeça, e percebi em seus olhos um certo alívio. Me levantei, dando alguns passos até o centro da rua enquanto meu chakra cobria meu corpo. A energia liberada criaria uma grande camuflagem, fazendo a luz ser refletida, impedindo qualquer um de me enxergar. Mais uma vez respirei fundo, dando um rápido impulso para chegar até o centro.

Haviam diversas pessoas ajoelhadas, com suas mãos presas com cordas. Ao todo, eram sete pessoas e quatro bandidos fortemente armados. Por mais que a vila estivesse em maior número, as armas daqueles homens eram o bastante para subjulgar o vilarejo. ”Então é isso. Observava-os com atenção, vendo o que parecia ser o líder, gargalhar de uma moça que não se submetia ao que ele queria. —‌ Tem certeza disso? É melhor aceitar, e prometo te deixar viver ao meu lado. ‌—‌‌ Ela cuspiu no rosto do homem, e como resposta levou um tapa forte no rosto. Isso me deixou ainda mais furioso, a ponto de agir o mais rápido que coneguiria.

Considerações:

Minhas mãos foram cobertas pelo meu chakra, transmutado em questão de instantes no elemento futon, tornando-as um tipo de lâmina afiada. Não precisaria de muita força para acabar com os inimigos, apenas precisão ao apontar em seus pescoços. Tinha o primeiro alvo diante de mim, o qual não sairia vivo dali. O que parecia ser o líder, também seria o primeiro a morrer. Isso certamente acabaria com a moral do restante dos bandidos. Dessa forma, avancei rapidamente, usando da minha capacidade máxima para alcançar o homem e enfiar minha mão estendida em sua garganta.

Seu sangue escorreu pelo meu braço, deixando todos surpresos. Ninguém entendia nada, o que não era de se espantar. Os outros bandidos se atrapalharam, perdendo tempo e abrindo mais uma brecha. Avancei contra o mais próximo, movendo minha mão de um lado para o outro na direção de seu pescoço, abrindo uma grande ferida que não parou de sangrar mesmo depois de cair no chão. Fiz o mesmo com o restante dos inimigos, que não sabiam o que estava acontecendo.

Os moradores estavam assustados, como se um fantasma tivesse aparecido para matar a todos. Alguns fecharam os olhos, enquanto outros tentavam entender o que era tudo aquilo. Não me mostrei até o momento em que não havia mais bandido algum, e quando o fiz, eles se sentiram mais aliviados. Expliquei o que aconteceu, e os liberei de todo aquele sofrimento. Não demorou para que alguns ninjas chegassem para ajudar na recuperação dos feridos.

Considerações: