Este conto começa dois anos depois do nascimento de Estinien de Borel, filho de Trousseau e Sumi de Borel. Os primeiros anos de vida de Estinien foram repletos de felicidade. Sempre alegres, os de Borel faziam de tudo para dar o melhor para seu filho, e apesar de humildes, a plantação de repolhos que o casal herdou dos pais de Sumi era o suficiente para levar sustento à família. No geral, a família levava uma vida boa e a ideia de sair dali era tão distante quanto a Vila da Folha. Entretanto, este contexto estava prestes a mudar em pouco mais de um mês. Rumores de que uma grande tempestade tropical se aproximava do vilarejo estavam aumentando. Pode parecer estranho, mas raramente uma dessas acontecia em virtude dos ventos fortes que vinham dos oceanos ao norte e, junto ao calor do deserto e nas condições perfeitas, uma forte tempestade era formada. — A safra está quase pronta para ser colhida, Trousseau, se a tempestade chegar agora não sei se conseguiremos dinheiro suficiente para lidar com as contas até a época de próxima colheita. Trousseau e Sumi conversavam em frente a lareira de casa. — Eu sei, Sumi, mas o que podemos fazer? Os shinobis de Suna pararam de comprar os peixes que eu capturava porque descobriram uma fonte mais barata. Vamos ter que apostar no destino e torcer para que a tempestade só chegue depois que a safra estiver pronta para colheita, é nossa única opção.

Duas semanas se passaram e os primeiros sinais da aproximação do temporal começaram a surgir. O vento foi ficando ainda mais gelado, o ar úmido se intensificava a cada dia e uma garoa fina e cortante tinha se tornado praticamente incessante. O povoado do vilarejo do repolho começou a tomar as medidas de precaução para enfrentar a tempestade. Alguns shinobis contratados reforçaram as casas com barreiras de pedra e facilitaram o acesso à água potável com o auxílio de jutsus. Apesar da contribuição coletiva ser feita para manter uma estabilidade geral no vilarejo, as famílias ainda precisavam se preocupar em como iriam lidar com suas plantações, pois os repolhos não conseguiriam ficar protegidos o suficiente para sobreviver. Geralmente, as famílias controlavam suas finanças e criavam reservas de emergência para esse tipo de situação, mas os de Borel haviam acabado de ter Estinien e criar uma criança gera uma grande demanda financeira. Na residência do casal, marido e mulher conversavam em frente à lareira enquanto a chuva fina começava a engrossar do lado de fora. — Trousseau, tem uma coisa que preciso te contar. O semblante no rosto de Sumi não era felicidade, tampouco tristeza, mas de preocupação. — Estou grávida novamente. Os punhos de Trousseau fecharam nos braços da cadeira, ele não estava com raiva, de forma alguma, mas pensar em trazer uma criança ao mundo em meio à crise que estavam passando era a última coisa que passava por sua cabeça. — Sumi, fosse qualquer outro momento eu estaria pulando de felicidade com a ideia de ter mais um filho com você, mas agora… Suas mãos foram a cabeça e Sumi respondeu, com a voz calma. — Eu sei, querido, vim pensando nisto nessa última semana e nós temos uma solução… Trousseau se virou para sua esposa, a voz agora exalava nervosismo. — Você não pode estar falando… Sumi, se fizermos isso não tem mais volta, vamos precisar deixar tudo o que construímos aqui e não olhar para trás. — Eu sei, Trousseau, eu pensei nisso dia e noite, mas não temos outra solução, essa é a única forma de garantirmos o futuro dos nossos dois filhos. E veja bem, nós conseguimos ter a garantia de que o processo seria indolor e não afetaria ele de maneira alguma, eu mesma cuidarei disso. Os dois pararam e se olharam por um tempo, em silêncio. Do que eles estavam falando? Ainda não é hora de contar, mas esse segredo não ficaria escondido por muito tempo.

O dia da tempestade chegou. As árvores balançavam com tamanha força que suas folhagens se desprendiam dos galhos e formavam redemoinhos de ar por toda a extensão do vilarejo. As folhas de centenas de repolhos também podiam ser vistas rodopiando no ar, o sustento de dezenas de famílias indo embora em um piscar de olhos. A chuva grossa e os raios que caíam constantemente eram avisos de que colocar os pés para fora das proteções em volta de suas casas era perigoso, então tudo o que restava para os residentes do vilarejo do repolho fazer era aguardar o temporal passar, suplicando por piedade para que a força dos ventos não tirassem deles o teto sob suas cabeças. Enquanto isso tudo acontecia, Trousseau e Sumi de Borel arrumam roupas e demais itens necessários para fazer a viagem que haviam planejado. Muita coisa seria deixada para trás, mas o casal não podia carregar demais sem que comprometesse a segurança da jornada, que já seria perigosa o suficiente com a presença de uma criança de apenas dois anos de idade. — Acho que já está tudo pronto, Trousseau, agora tudo o que resta é esperar o temporal melhorar e sair daqui. Sumi vestia roupas que cobriam todo o seu corpo, carregando uma mochila em suas costas. — Não iremos nos despedir do vilarejo, Sumi? — É melhor não, não podemos causar desconfiança e colocar a vida de Estinien em risco, temos que fazer isso com o máximo de cuidado. Agora vamos tentar descansar um pouco, já consegui colocar Estinien para dormir e precisamos de um pouco de sono para aguentar a viagem.

Na manhã seguinte o clima estava completamente diferente. O sol brilhava forte em um céu azul sem nuvens, com pássaros voando e a brisa morna de vento rodando o vilarejo novamente. As casas de toda a população estavam intactas, mas as plantações de repolho totalmente destruídas, não restou um repolho sequer para contar a história. — Trousseau, já é manhã, pegue Estinien e vamos. Os de Borel estavam prestes a iniciar uma jornada que mudaria o futuro não só de sua família, mas do pequeno Estinien para sempre.

Este conto se passa em meados do segundo ano de vida de Estinien, logo após seus pais terem tomado a decisão de deixar a vila em que viveram durante todas as suas vidas para buscar um futuro melhor para seus filhos.

Com a devastação causada pela última grande tempestade, o pequeno Vilarejo do Repolho se via mais uma vez em péssimo estado. As plantações do vegetal eram a principal fonte de renda da maior parte das famílias da região, e sem o faturamento proveniente da colheita essas mesmas famílias ficam dependentes de atividades extras ou reservas financeiras para se sustentarem durante os próximos meses. Os de Borel costumavam ser uma das famílias que acumulava uma parte de sua renda e a deixava na reserva, justamente para casos como esse, mas, se você leu o conto anterior, você já sabe o motivo pelo qual eles não poderiam contar com qualquer quantia de dinheiro guardado para o futuro. Sumi descobriu estar grávida novamente, então qualquer esperança que o casal tinha de poder sustentar a família durante o período de cultivo dos repolhos foi por água abaixo. Esta foi a principal razão do casal ter decidido arrumar as malas e deixar a Vila do Repolho, o lugar que chamaram de casa por todas as suas vidas.

Dois dias já haviam se passado desde a saída sorrateira dos de Borel. Muitos de seus vizinhos e amigos comentaram sobre o desaparecimento repentino da família, alguns acreditando até que eles foram sequestrados e estavam em perigo, um pensamento em comum passou ao menos uma vez na cabeça de todos que ficaram sabendo do acontecimento: por que o casal foi embora sem falar com ninguém? Nem mesmo seus melhores amigos sabiam seu paradeiro, e este sumiço perduraria para sempre. A fronteira entre o País do Vento e o País dos Rios é um lugar extremamente diferente do encontrado no território da areia. As infinitas dunas do deserto dão lugar a pântanos, matas e florestas verdejantes e repletas de vida, muito diferente do calor inóspito encontrado ao oeste. O destino dos de Borel era o pequeno vilarejo de Tanigakure, a Vila Oculta nos Vales. O casal não tinha conhecimento de como chegar até a vila uma vez que cruzassem o limite entre os países, mas um dos mistérios deste conto é que Sumi e Trousseau não estavam fazendo essa jornada desacompanhados.

— Trousseau, já estamos chegando, será que estamos fazendo a coisa certa? Não consigo parar de pensar no que pode acontecer com Estinien se isso der errado. Com os pés no solo úmido do País dos Rios, Sumi e seu marido andavam lado a lado, com Estinien adormecido nos braços do pai. — Eu honestamente não consigo responder essa pergunta com a confiança que gostaria ter, querida, não posso mentir para você e dizer que tudo vai ficar bem porque eu não sei. Entretanto, se for ajudar, lembre-se do que te contei sobre as histórias que minha mãe me contava, da maneira como sua família inteira quase foi extinta por causa d- Sumi soltou um suspiro agudo e interrompeu a fala do marido. — Trousseau! Não na frente dele. Tudo bem, apesar de não estarmos cem por cento seguros, precisamos ao menos saber quais são as nossas opções, certo? Mas Trousseau, estou te dizendo, ao menor sinal de perigo iremos embora para sempre e nunca mais tocaremos nesse assunto, entendeu? — Eu não faria nada diferente, querida, a única razão pela qual estou de acordo com isso tudo é porque eles prometeram de que o procedimento tiraria o alvo constante que Estinien vai carregar pelo resto da sua vida, e se para deixar nosso filho em segurança esse é o preço a se pagar, que seja. Com a conversa encerrada ao chegar em um acordo, o casal continuou andando País do Rio adentro, as solas dos sapatos já começando a encharcar devido ao solo molhado.
Sumi e Trousseau de Borel pararam de andar cerca de uma hora depois do último diálogo, em uma clareira com um lago em seu centro. — Chegamos, a qualquer momento agora… As mãos de Sumi estavam suando e levemente trêmulas, o que quer que o casal estivesse planejando certamente estava deixando ambos nervosos. Já era noite, a lua cheia projetava sua luz na superfície plana do lago que servia como um espelho do céu - uma turbulência começou a agitar as águas calmas, criando pequenas ondas que crescem uniformemente em todos os sentidos, partindo de um ponto específico. Uma parte do lago havia secado, abrindo uma espécie de corredor por entre as águas, no final deste corredor era possível ver um homem trajando vestes pretas com um capuz sob a cabeça. Os de Borel se olharam, nervosos, mas já imaginando o que estava acontecendo. — Trousseau e Sumi de Borel, eu presumo? A voz do homem misterioso ecoou alto o suficiente para chegar com clareza nos ouvidos do casal. Sumi prontificou a respondê-lo, dando um passo para frente. — Isso mesmo. — Ótimo. Resumiu o homem. — Estivemos esperando por vocês ansiosamente, venham comigo. A figura acenou a mão, convidando o casal a seguí-lo.

Através do corredor que corta o lago, Sumi e Trousseau deram passos demorados, um atrás do outro, até chegar mais perto de seu anfitrião. Ao se aproximarem o suficiente, puderam ver que atrás do homem havia uma espécie de porta no chão, estava aberta. — Podem vir, não há nada aqui dentro além do que já combinamos previamente, não precisam se preocupar. A voz do homem era tão calma que causava incômodo, mas o casal seguiu ainda assim, com Estinien adormecido nos braços do pai. Uma longa escadaria iluminada apenas pelo fogo de tochas era a única coisa que ambos podiam ver ao passar pela porta no chão. Assim que entraram no local, ouviram um baque estrondoso de líquido do lado de fora, as águas que revelavam a passagem haviam novamente retornado ao seu devido lugar. — Trousseau. Sumi começou a falar, mas a mão de seu marido veio de encontro à sua e a mulher percebeu que aquele não era mais o momento para dúvidas. Com pouca certeza se estavam fazendo a coisa certa, o casal seguiu o homem misterioso escadaria abaixo.

Este conto é uma continuação de Dúvidas, passado no segundo ano de vida de Estinien.

Estinien estava escondido nas sombras do laboratório secreto, observando com olhos arregalados a cena diante dele. Seus pais, Trousseau e Sumi, estavam diante de um homem estranho, cujo olhar brilhava com uma ganância sombria. Ele examinava frascos de vidro cheios de um líquido escuro, enquanto Trousseau e Sumi pareciam inquietos. "Este é o sangue de Estinien?" perguntou o cientista, com uma voz sinistra. "Sim, como prometido", respondeu Trousseau, parecendo desconfortável. "Um poder tão raro... imagina o que eu poderia fazer com isso", disse o cientista, com um sorriso malicioso.

O coração do pequeno Estinien batia rápido. Apesar de ainda ser praticamente um bebê, algo lhe dizia que o que estava prestes a acontecer naquelas instalações acabaria culminando em uma mudança permanente no seu futuro. O Hyuga ainda não tinha discernimento para saber o que é certo e o que é errado. Seus pais, que deveriam exercer essa função, estavam falhando. Antes que pudesse reagir, a situação se descontrolou. O cientista pegou um dos frascos e o abriu, liberando uma nuvem de fumaça escura e brilhante. A sala foi envolvida por uma aura estranha e Estinien soube instintivamente que algo terrível estava prestes a acontecer. "O que você fez?!" gritou Trousseau, horrorizado.

Mas era tarde demais. A fumaça se espalhou rapidamente, envolvendo tudo em seu caminho. Estinien tossiu e lutou para respirar, seus olhos ardiam com o brilho misterioso da fumaça. Quando finalmente conseguiu enxergar através do véu, o que viu o deixou sem fala. Seus pais estavam mudando diante de seus olhos. Suas formas humanas derretiam, transformando-se em criaturas grotescas e monstruosas. Gritos ecoaram pela sala, misturados com risadas cruéis do cientista. Estinien sabia que tinha que agir, mas como uma criança seria párea para lutar contra um adversário vezes maior e mais forte que ele? O pequeno não sabia como, mas os impulsos que controlavam seu corpo tomaram conta de todo o seu ser e fizeram com que ele agisse, independente de qual fosse a consequência. Lentamente, linhas finas de chakra começaram a surgir ao redor do garoto. Com o passar do segundos, mais e mais linhas se juntavam em uma espiral que, agora, rodeava todo o corpo do pequeno, causando tremores no chão sob seus pés.

Perplexo e maravilhado com a cena, o cientista retirou uma seringa de seu jaleco e apontou para a criança, os olhos brilhando. "Esse poder... É ainda maior do que eu esperava!" Os olhos do vagabundo brilhavam com excitação, seu plano era de extrair tudo o que fosse possível da poderosa linhagem presente no sangue do menino. O que ele não sabia, entretanto, é que os poderes que almeja não são venerados atoa, e que seus portadores possuem formas de impedir com que eles caiam em mãos erradas, mesmo que inconscientemente. Já totalmente tomado pelo chakra verde brilhante que envolvia seu corpo, a energia formou uma cúpula que expandiu-se em um instante, causando uma explosão por todo o subsolo. O impacto foi devastador. O laboratório tremeu com a força do ataque, enquanto o cientista gritava de dor. A fumaça se dissipou lentamente, revelando o caos deixado para trás. Seus pais estavam caídos no chão, fracos e exaustos, mas vivos, de alguma forma, a energia que protegeu Estinien parecia entender que os progenitores não eram uma ameaça, mesmo diante do que eles estava planejando fazer.

Estinien correu até eles, ajoelhando-se no chão com lágrimas descendo pelas suas bochechas. As formas monstruosas nas qual haviam se transformado desapareceram e foram substituídas pelas familiaridades de seus rostos cansados e aliviados. "Meu filho, você... você nos salvou", murmurou Sumi, abraçando-o com força. "Eu... eu não posso acreditar que quase... quase vendemos você", disse Trousseau, com a voz cheia de remorso. Caso ainda não tenha chegado a essa conclusão, leitor, os pais do garoto planejavam vender uma amostra da linhagem sanguínea do filho para o cientista em troca de dinheiro. Veja bem, eles não eram maldosos por considerar essa possibilidade, tudo o que almejavam era poder oferecer um bom futuro ao filho, livre de problemas. Entretanto, o caminho mais fácil nem sempre significa o certo, e a família de Borel havia aprendido isso na prática.

Estinien olhou nos olhos dos pais, vendo a sinceridade de seu arrependimento. Ele sabia que, apesar do erro que cometeram, eles o amavam profundamente. Eles eram sua família, e ele os perdoava, mesmo sem saber exatamente o significado da palavra perdão. Juntos, os três fugiram do laboratório, deixando para trás o cientista ganancioso e os horrores que ele havia desencadeado. O sol estava começando a nascer quando os primeiros sinais do País do Vento começaram a dar as caras. A umidade e chuva constante do qual estavam acostumados substituíram-se pelo calor e aridez do deserto. As árvores e rios deram lugar a infinitas dunas de areia, como se um oceano vazio tivesse esvaziado e perdido a vida. Futuramente, descobririam que há muito mais vida do que se pensa no deserto.

Estinien percebeu que, apesar do perigo e da traição, esta experiência o havia fortalecido. Embora ainda criança, seu subconsciente havia assimilado a importância de proteger sua linhagem e suas habilidades, e, apesar de ainda não saber, teria que encarar diversos outros desafios para impedir com que um poder grande como o que carrega caísse em mãos erradas. Seus pais também aprenderam uma lição valiosa sobre o verdadeiro valor da família e do amor, Sumi e Trousseau entenderam que retirar as dificuldades da vida de seu filho não tornariam sua vida mais fácil, muito pelo contrário, a falta de desafios enfrentados iria apenas torná-lo um shinobi fraco e inapto a enfrentar os infinitos obstáculos presentes no mundo ninja.

O casal agora tinha um novo rumo: A Vila Oculta na Areia, o berçário dos ninjas de elite representantes do País do Vento. Embora não fossem adeptos às artes ninjas, eles sabiam que para que Estinien sobrevivesse em um mundo tão árduo seria necessário que ele obtivesse o treinamento necessário na academia, com instrutores preparados para ensiná-lo sobre a vida como um shinobi, coisa que eles não tinham conhecimento o suficiente para fazer. Além disso, a segurança encontrada dentro dos portões da Areia era um atrativo a mais para cuidar das crianças. Sendo assim, partiram rumo deserto adentro.

O sol escaldante do deserto banhava as dunas de areia dourada em uma tonalidade quente e intensa. Não era um lugar para os fracos de coração, mas para uma família de ninjas como Sumi, Trousseau e seu pequeno Estinien, as adversidades do deserto eram apenas mais um desafio a ser superado. Sumi, uma mestra ninja com olhos penetrantes e habilidades de luta formidáveis, liderava o grupo. Seus longos cabelos negros estavam presos em um coque firme, e suas vestes leves, próprias para o calor do deserto, ondulavam com a brisa seca. Ao seu lado, Trousseau, o pai de Estinien, caminhava com uma postura confiante, seus músculos tensos indicando a prontidão para o que quer que viesse em seu caminho. E no meio deles, Estinien, um menino pequeno com olhos curiosos e uma energia inesgotável, observava o mundo com admiração enquanto era carregado por seus pais.

O vento soprava forte, levantando redemoinhos de areia ao redor deles, criando uma dança efêmera e mágica sob o sol escaldante. Estinien ria, estendendo suas pequenas mãos para tentar agarrar os grãos dourados que dançavam ao seu redor, enquanto Sumi e Trousseau trocavam um olhar cúmplice. Eles sabiam que esta jornada seria difícil, mas também sabiam que juntos poderiam superar qualquer desafio. A jornada pelo deserto já durava dias, e as provisões estavam começando a ficar escassas. A água era um recurso precioso, e eles a conservavam com cuidado, tomando pequenos goles apenas quando necessário. As noites eram frias, mas o calor do dia era implacável, testando sua resistência a cada passo. Certo dia, enquanto cruzavam uma vasta planície de areia, viram ao longe uma coluna de fumaça subindo no horizonte. Trousseau franziu a testa, enquanto Sumi erguia uma sobrancelha em surpresa. Eles não esperavam encontrar sinais de vida neste deserto aparentemente interminável.

"O que será aquilo, mamãe?" Estinien perguntou, apontando com o dedo enquanto seus olhos brilhavam de curiosidade. Sumi sorriu para o filho e abaixou-se para ficar ao seu nível. "É uma vila, Estinien. Uma vila chamada Suna." Os olhos de Estinien se arregalaram com excitação. "Podemos ir até lá, papai? Por favor!" Trousseau olhou para Sumi, e ela assentiu com um sorriso. "Sim, podemos. Talvez lá encontremos ajuda e suprimentos." Com um novo senso de propósito, a família ninja acelerou o passo em direção à vila distante. A coluna de fumaça logo se transformou em telhados de casas de barro e palha, e o som distante de vozes e mercados ecoava pelo deserto silencioso.

Ao se aproximarem, foram recebidos por muralhas altas e portões de madeira maciça. Guardas trajando túnicas de cores vibrantes vigiavam a entrada, suas espadas reluzindo ao sol. Sumi se aproximou com confiança, seus passos firmes ecoando no chão de areia. "Somos viajantes em busca de abrigo e suprimentos. Podemos entrar na vila de Suna?" ela perguntou, sua voz carregando a autoridade de uma ninja experiente. Os guardas trocaram olhares e, após uma breve conversa silenciosa, abriram os portões. A família adentrou a vila, maravilhada com as ruas estreitas e os mercados coloridos. Estinien se agarrava à mão de seus pais, seus olhos grandes absorvendo cada detalhe novo com fascínio.

"É tão grande, mamãe! E olha aqueles tecidos!" ele exclamou, apontando para uma barraca cheia de roupas coloridas. Sumi e Trousseau trocaram um sorriso, felizes em ver o encantamento de seu filho. Eles caminharam pelas ruas movimentadas, respirando os cheiros de especiarias e comida fresca que enchiam o ar. Era como um oásis no deserto, cheio de vida e energia. Enquanto exploravam, ouviram sussurros sobre uma criatura misteriosa que assolava as redondezas da vila. Diziam que era uma besta enorme, com olhos brilhantes e garras afiadas como lâminas. Aldeões temiam sair de suas casas após o anoitecer, e o comércio estava sofrendo com o medo que se espalhava. Sumi e Trousseau trocaram olhares determinados. Eles eram ninjas, treinados para proteger e enfrentar tais ameaças. Decidiram que ajudariam a vila a enfrentar essa criatura, não apenas como um ato de bravura, mas também como uma maneira de agradecer pela hospitalidade que receberam.

À medida que o sol se punha no horizonte, a vila de Suna se preparava para a noite. As lojas fechavam suas portas e as pessoas se recolhiam em suas casas, trancando as janelas com medo do desconhecido lá fora.
Sumi, Trousseau e Estinien se prepararam para a batalha. Sumi ajustou suas adagas, sentindo o peso familiar em suas mãos. Trousseau verificou a afiação de sua katana, seu olhar determinado refletindo a luz das tochas ao redor. Estinien, embora jovem, também queria ajudar. Ele segurava uma pequena espada de madeira, imitando os movimentos de seus pais com uma determinação impressionante para uma criança de sua idade.
A noite chegou, envolvendo a vila em uma escuridão profunda. Apenas a luz fraca das tochas iluminava as ruas vazias enquanto a família ninja se dirigia para fora dos limites da vila, onde a criatura havia sido vista pela última vez. O silêncio do deserto era quase palpável, apenas o som distante do vento uivando entre as dunas quebrava a quietude da noite. Sumi liderava o grupo, seus sentidos aguçados alertas para qualquer movimento suspeito. Trousseau seguia logo atrás, seu olhar atento varrendo as sombras em busca de qualquer sinal da criatura misteriosa. Estinien, segurando sua pequena espada com firmeza, estava entre eles, seus olhos grandes e brilhantes procurando por qualquer coisa fora do comum. Ele estava determinado a ajudar seus pais, mesmo que fosse apenas com sua presença.

À medida que avançavam pelo deserto escuro, começaram a ouvir um som estranho, um rosnado baixo e gutural que ecoava pelas dunas. Era o som da criatura, uma ameaça que se aproximava. Sumi ergueu a mão, sinalizando para que parassem. Ela se agachou, fazendo um gesto para que Estinien se escondesse atrás de uma grande rocha. Trousseau ficou ao lado de Sumi, pronto para agir a qualquer momento. Os rosnados se aproximavam, cada vez mais altos e ameaçadores. Então, de repente, os olhos brilhantes da criatura surgiram das sombras, sua forma maciça e peluda se movendo com uma agilidade surpreendente. Era uma besta enorme, com garras afiadas e presas brilhantes. Seus olhos faiscavam com uma fome predatória, e sua pele escura e grossa era uma armadura natural. Era uma visão assustadora, mas Sumi e Trousseau não recuaram. Com movimentos rápidos e coordenados, eles se lançaram ao ataque. Sumi girou suas adagas com maestria, cortando o ar com golpes precisos. Trousseau avançou com sua katana, sua lâmina reluzindo à luz fraca das tochas.

ste é um conto de um dos dias de Estinien na academia ninja de Sunagakure no Sato. Estinien nunca esqueceria aquele dia. O sol nascente tingia o céu de tons dourados enquanto ele seguia pelo caminho sinuoso que levava à academia para shinobis. Seus passos estavam cheios de expectativa, os olhos brilhando com a promessa de aprender. Desde que chegou à Vila Oculta da Areia, ele soube que seu destino estava entrelaçado com o o caminho shinobi. Seu pai, um renomado fazendeiro que serviu fielmente ao seu vilarejo de origem, sempre falava sobre a honra e a responsabilidade que vinham com essa arte milenar, mesmo não sendo um praticante. E agora, aos seus jovens nove anos, Estinien finalmente teve a chance de seguir os passos planejados por seus pais.

Ao chegar à Academia, ele foi recebido por um ambiente vibrante, cheio de crianças animadas e mestres pacientes. Os corredores estavam adornados com pergaminhos antigos, retratando as técnicas lendárias dos ninjas que vieram antes deles. Estinien sentiu um arrepio de emoção percorrer sua espinha enquanto olhava para os murais, imaginando-se um dia dominando essas habilidades. O mestre Kaito, um homem de meia-idade com olhos perspicazes e um sorriso sábio, era o responsável por guiar Estinien e seus colegas em sua jornada. Ele os conduziu até uma sala ampla, onde fileiras de alunos aguardavam ansiosamente. O mestre Kaito subiu ao palco, sua presença imponente silenciando a agitação da sala. "Boas-vindas, jovens aspirantes a ninjas", sua voz ecoou pelo espaço. "Hoje é o primeiro passo em sua jornada para se tornarem verdadeiros shinobis. E vamos começar com uma técnica fundamental: o Bunshin no Jutsu."

Os olhos de Estinien se arregalaram com antecipação. Ele ouvira falar desse jutsu antes, uma habilidade que permitia criar clones ilusórios de si mesmo. Era uma técnica básica, mas crucial para qualquer ninja. Ele mal podia esperar para tentar. O mestre Kaito explicou os fundamentos do Bunshin no Jutsu, os gestos precisos das mãos e a concentração necessária para moldar o chakra. Estinien escutava atentamente, absorvendo cada palavra como um segredo valioso. Ele se sentia eletrizado com a energia que fluía pela sala, compartilhada por todos os alunos.

"É hora de tentar", o mestre Kaito anunciou, e um zumbido de excitação percorreu a sala. Estinien respirou fundo, concentrando-se em sua energia interior. Ele imitou os gestos das mãos que o mestre havia demonstrado, sentindo o fluxo de chakra através de seu corpo. Seus músculos tremiam ligeiramente de nervosismo, mas ele se forçou a ficar calmo, lembrando-se das palavras de seu pai sobre controle e disciplina. Com um movimento fluido, Estinien formou o selo final e fechou os olhos, visualizando claramente a imagem de si mesmo se dividindo em dois. Ele sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo, como se estivesse se estendendo para além de si mesmo.

Quando abriu os olhos, ficou pasmo ao ver não um, mas dois clones idênticos de si mesmo de pé diante dele. Eles eram transparentes, quase como espíritos, mas Estinien sabia que eram reais o suficiente para confundir um inimigo. Um murmúrio de admiração se espalhou pela sala, e o mestre Kaito sorriu, orgulhoso. "Muito bem, Estinien! Você conseguiu seu primeiro Bunshin no Jutsu." Estinien mal podia conter sua alegria. Ele olhou para seus clones, maravilhado com a sensação de ter criado algo tão poderoso. Seu coração estava acelerado, e um sorriso amplo se formou em seus lábios. "É incrível", ele sussurrou para si mesmo, mal acreditando em sua conquista. O mestre Kaito se aproximou, colocando uma mão reconfortante em seu ombro. "Isso é apenas o começo, Estinien. Com dedicação e treinamento, você pode dominar ainda mais jutsus poderosos." Estinien assentiu com determinação, os olhos brilhando com uma nova determinação. Ele sabia que tinha um longo caminho pela frente, cheio de desafios e descobertas. Mas naquele momento, ele se sentia imparável.

À medida que a aula prosseguia, Estinien praticou seu Bunshin no Jutsu repetidas vezes, aperfeiçoando cada movimento e aumentando sua confiança a cada tentativa bem-sucedida. Ele sentia o apoio de seus colegas, todos unidos pelo desejo de se tornarem grandes ninjas. Quando o sol começou a se pôr lá fora, tingindo o céu de tons de laranja e rosa, Estinien sabia que este seria um dia que ele nunca esqueceria. Ele havia descoberto sua primeira técnica ninja, e com isso, um mundo de possibilidades se abria diante dele. Enquanto saía da Academia naquela noite, Estinien olhou para o horizonte com uma sensação renovada de propósito. Ele era um aspirante a genin agora, um guerreiro treinando para, um dia, proteger sua vila e honrar o desejo de seus pais.

O vento sussurrou entre as árvores, trazendo consigo a promessa de aventuras futuras. Estinien sorriu, pronto para enfrentar o que quer que o destino lhe reservasse. Afinal, ele se tornaria um shinobi, e seu caminho estava apenas começando. O treinamento na Academia continuou nos dias que se seguiram. Estinien mergulhou de cabeça em seus estudos, absorvendo cada ensinamento como uma esponja. Ele aprendeu sobre os diferentes tipos de chakra, as formas de manipulação e os princípios básicos de combate ninja. Entre os intervalos de treinamento, Estinien também se aproximou de seus colegas de classe. Havia Mitsuko, uma garota ágil e determinada, cujas habilidades com shurikens eram impressionantes. Ele também fez amizade com Takeshi, um menino quieto mas inteligente, que era bom em estratégia e análise de batalha.

Juntos, eles formaram um trio improvável, cada um trazendo suas próprias habilidades e personalidades únicas para a mesa. Eles passaram horas treinando juntos, praticando jutsus e refinando suas técnicas de combate. Um dia, durante uma aula prática de taijutsu, Estinien percebeu que seus movimentos estavam mais rápidos e precisos. Ele conseguiu esquivar dos golpes de seu oponente com facilidade, antes de contra-atacar com um chute bem colocado. O mestre Kaito observou com aprovação, notando o progresso de seu aluno. "Estinien, você está se saindo muito bem", ele disse depois da aula. "Sua dedicação está rendendo frutos." Estinien sorriu, grato pelo reconhecimento. Ele sabia que ainda tinha muito a aprender, mas estava determinado a se tornar o melhor ninja que podia ser.

Considerações: