Despiu-se das vestes da parte de cima da cintura, como sempre o fizera. Estava em perfeitas condições, e seu treino rendia como de praxe. Garou era assim. Tinha constância, determinação e era um monstro no que tangia ao combate físico. Detinha uma velocidade incomensurável, mas almejava ainda mais. Queria o topo. e não pararia até chegar lá, por isso, quanto mais rápido, melhor seria para si mesmo. Suas motivações eram claras, e por isso, não pararia, nem por nada e nem por ninguém.

O sol já estava no céu, e a primeira parte do treinamento foi concluída. Garou não gostava de ser perturbado enquanto praticava seus afazeres, mas mesmo assim, foi incomodado por um dos ninjas do vilarejo, convocando-o para uma missão de urgência. Aparentemente, era necessário lidar com uma certa dupla que incomodava a região; não deveriam ser muita coisa, ao menos, foi o que passaram para o rapaz. Garou terminou seu descanso, e por mais que não quisesse, se levantou, pôs suas veste e armadura e atravessou os portões da rocha com ímpeto se dirigindo ao local descrito pelo homem. “Uma caverna a oeste do vilarejo, onde há ladrões.”

A passos rápidos, o Iwa-nin se dirigiu pelo local. Era um lugar diferente, não que ele não o conhecesse, mas de certa forma, tinha algo que o incomodava por ali. A sensação que Garou tinha era como se algo em seu âmago estivesse alterando-o, c que causava uma sensação completamente incômoda ao rapaz. O “platinado” balançou a cabeça, livrando-se dos pensamentos e focou-se em sua missão; lidar com os bandidos da área em questão.

[...]

Após algum tempo, Garou chegou no local descrito pelo ninja de Iwagakure. A caverna detinha uma marca similar a uma espécie de tigre, algo que o rapaz nunca havia visto antes, mas que de certa forma, lhe causava a impressão de ser familiar. Ainda que seus instintos gritassem para o rapaz sair dali, ele seguiu adiante. O breu da caverna o cobriu, e sua visão foi tomada de si. Não enxergava, por isso, contava com sua audição, para prosseguir. Ouviu as gotas d' água caindo, som de criaturas rastejando pelo solo, assim como o grunhido de algo que deveria ter três vezes o seu tamanho. O homem engoliu a seco, mas continuou: tinha uma missão a cumprir.

Segundos tornaram-se minutos, e minutos, horas. Garou havia se perdido. O rapaz não imaginava a imensidão daquela pequena caverna. Aparentemente, nada já fazia mais sentido. A exploração em si, continuou, até o homem deparar-se com um pequeno archote caído, iluminando uma espécie de passagem “oculta” com inscrições ao seu redor. Garou seguiu, agachado e alerta até o local, tomando cuidado onde pisava. O rapaz se aproximou mais um pouco da porta e, num átimo, as inscrições brilharam num tom azulado, abrindo a porta à frente do rapaz. Uma voz o chamou, e algo dentro de si o impeliu a seguir em frente, ignorando tudo ao seu redor.

“Garou.”

Ouviu novamente, desta vez, caminhando ainda mais rápido.

“Garou. Corra.”

Ouviu pela terceira vez, e disparou como um raio, chegando num local diferente, como um templo abandonado. No centro deste, mais inscrições, desta vez, legíveis ao rapaz. Uma aura misteriosa emanava desta, mas ainda sim, o Iwa-nin sentia-se confortável o suficiente para se aproximar, como se não tivesse medo do que estava para acontecer.

A aura continuava, branda, e a sala se iluminou com a aproximação do garoto. Era como se tudo aquilo fosse um palco gigante, e o ninja estivesse em seu centro. As transcrições falavam acerca de uma linhagem perdida há muito tempo. Algo sobre uma “Kekkei Genkai” de “Velocidade”. O homem não sabia muito bem do que se tratava, mas sentia um conforto em si mesmo, além de um sentimento aflorando dentro de si. O que poderia ser? Não imaginava, mas continuou a leitura. “A linhagem foi conhecida como capaz de impulsionar seus detentores a velocidades extremas. Mas, ao longo das eras, seus usuários tornaram-se cada vez mais escassos, caindo no anonimato devido a forças misteriosas que desejavam ocultar o poder dos olhos curiosos.” À medida que lia isso, o rapaz sentia como se uma parte do quebra-cabeça de sua vida se encaixasse.

Garou não conhecia sua mãe, e seu pai, bom, era um completo lunático que entregou-se aos males da vida, não criando vínculo com o rapaz. Por isso, a infância solitária o privou de certas informações, em contrapartida, o garoto sempre foi dotado de uma agilidade incomensurável, além de uma tremenda rapidez. Seria ele descendente direto e detentor de tal habilidade? Mas, até o momento a mesma não havia sido liberada, por qual razão ou circunstância? Isto é, se de fato ele fosse.

O rapaz balançou a cabeça, e esbofeteou o rosto, tirando as ilusões da mente. Ainda sim, estava com um largo sorriso no rosto: e se possuísse tal poder? Seria ainda mais forte do que já havia se tornado. As possibilidades eram… infinitas. Uma onda de emoções surgiu em seu cérebro, conflitando entre si. O homem respirou fundo, adotou uma posição que sempre utilizava para meditar e assim o fez, tomando um tempo para si para poder digerir tais informações.

[...]

Passado algum tempo, Garou acabou sua meditação, e mesmo depois de um tempo, uma única dúvida permanecia na sua mente. Por quê essa informação estava oculta todo esse tempo? Por qual razão o vilarejo não o contou sobre? Mas por mais que tentasse compreender, não conseguia. Estava limitado pela falta de informações, e não podia perguntar a sua falecida mãe, ou ao ser que chamava de pai. Suspirou, balançou as mãos e estalou os dedos, voltando a fitar a inscrição em sua frente.

A cada palavra descrita ali explicava sobre a habilidade em questão. Uma habilidade que manipulava a própria velocidade do alvo, concedendo-lhe velocidade incomensurável num rápido momento. Garou entendeu e notou a semelhança daquela kekkei genkai com o Shunshin no Jutsu, uma técnica básica de movimentação. Se ambas seguissem a mesma premissa… não seria difícil compreender o funcionamento da habilidade. Antes que pudesse começar seu treino, porém, o rapaz foi pego de surpresa pelos dois ladrões que o ninja de Iwagakure havia falado – ambos haviam chego onde ele estava.

Veja só, um ninja de Iwagakure longe de casa. O que faz aqui, garoto? Gostei desse par de armas… Jogue-as para cá. Falou o primeiro inimigo.
E essa armadura… Tão brilhosa. Passe-a para cá. Disse o segundo.

Garou bufou. Jogou as soqueiras no pé do primeiro, porém, quando este abaixou-se para pegar, o garoto movimentou-se com extrema velocidade para cima do homem, acertando um golpe em seu peito e retirando-lhe o ar. O segundo chamou pelo nome do amigo, e retirou uma espécie de foice da cintura; Garou, porém, não deu para trás. Com ímpeto, cortou a distância que os separava e acertou a cintura deste com um chute, arremessando-o para cima do primeiro inimigo, fazendo ambos desmaiarem ao se chocarem. “Vermes.” Ditou, e cuspiu no solo. Por um momento, o garoto sentiu a mesma sensação de outrora. E sua velocidade não estava.. normal. Pelo contrário, Garou estava ainda mais rápido do que o comum. Em seu âmago, sentia a sensação de euforia e compreensão. Aquilo havia confirmado para ele: de fato, era um detentor da linhagem do Jinton.

Garou continuou a ler as inscrições, e quando acabou, sentiu-se grato pela própria descoberta. Estava mais rápido, mais capacitado e agora havia conquistado outro degrau de seu sonho. Estava mais determinado do que antes: iria tornar-se o mais forte a todo custo. Agora, estava na hora de ir embora do templo; antes de ir, porém, amarrou os ladrões com uma pequena corda e os levou consigo, arrastando-os durante o trajeto de volta ao vilarejo da rocha.

[...]

—— Aqui estão. —— Disse, arremessando a corda para um dos oficiais da vila. Os homens estavam machucados, mas vivos. Garou após a entrega dos inimigos partiu imediatamente para o campo de treinamento, onde voltou a treinar seu corpo, e agora, novo “poder.”

Cada parte do seu treino o ensinava em como utilizar da habilidade. Se seu poder era a “aceleração”, o que mais ele poderia “acelerar”? Haviam muitas questões ainda não respondidas, mas era certo que através do esforço, o garoto dominaria àquela habilidade. Para Garou, treinar nunca era um problema, e agora, com esse novo reforço em seu corpo, seus treinos tornaram-se ainda mais interessantes. Estava ávido para contar à Bang sobre sua nova descoberta, assim como a seu colega, Yuji. Agora possuía uma habilidade nova, além de que seu corpo estava se adaptando à nova força; o treino estava tornando-o mais adepto a nova descoberta que fizera. Garou acabara de atingir um novo pico de poder, além da sua velocidade. Buscaria novos desafios, se reinventaria se necessário, para assim, alcançar o topo que tanto almeja, tornando-se o mais forte dentre os mais fortes. Agora, com seu treino concluído, o rapaz deixou o campo de treinamento para trás, com um sorriso nos lábios e ainda mais determinado; a noite vinha, e com ela, o repouso merecido pelo ninja da vila da pedra.

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