Nezuko acordou com a luz do sol entrando pela janela, seus olhos se apertando contra o brilho. Ela levou a mão à testa, sentindo uma dor latejante que parecia ecoar em todo o seu crânio. A ressaca da noite anterior a atingiu em cheio, as lembranças da noite de bebedeira com Mizuki voltando em flashes. Ela se sentou na cama, fechando os olhos enquanto tentava se acostumar com a sensação.

Ela podia ainda sentir o gosto doce do Umeshu em sua língua, a lembrança da bebida fazendo seu estômago revirar. Apesar do desconforto, um sorriso se formou em seu rosto. A noite anterior pode ter sido cheia de bebidas e risadas, mas também foi uma noite de diversão e camaradagem com Mizuki.

Nezuko se levantou lentamente, sentindo a dor de cabeça pulsar com cada movimento. Ela se arrastou para fora da cama, seus pés descalços tocando o chão frio. Ela caminhou pelo corredor silencioso, o sol da manhã lançando longas sombras através das janelas. Ela chegou à porta do quarto de sua mãe, hesitando por um momento antes de bater levemente.

– Mãe? – ela chamou, sua voz suave – Está acordada?

Não houve resposta imediata, e Nezuko sentiu uma pontada de preocupação. Ela abriu a porta devagar, espiando para dentro do quarto. Ela viu sua mãe deitada na cama, ainda dormindo pacificamente. Nezuko suspirou aliviada, um sorriso suave aparecendo em seu rosto. Ela fechou a porta silenciosamente, decidindo deixar sua mãe descansar um pouco mais.

Nezuko entrou na cozinha, encontrando Shinobu ocupada preparando o café da manhã. O aroma de café fresco e pão torrado enchia o ar, uma cena familiar e reconfortante. Shinobu olhou para Nezuko, um sorriso divertido em seu rosto.

– Pelo visto a noite foi boa ontem, né? – Ela perguntou, seu tom de voz cheio de diversão.

– Mas o que adianta se hoje eu tô com essa dor de cabeça horrorosa? – Nezuko suspirou, sentando-se em uma das cadeiras com um olhar cansado – Mizuki nem me avisou que isso ia acontecer – Ela reclamou, esfregando as têmporas.

– Vou fazer um chá pra resolver seu problema – Shinobu riu, balançando a cabeça, já se movendo para pegar os ingredientes necessários – Da próxima vez, tente beber um pouco menos, Nezuko – Ela acrescentou, seu tom de voz suave, mas firme.

– Com certeza – a mais nova respondeu enquanto colocava os braços em cima da mesa e apoiava a cabeça nos mesmos.

Poucos minutos depois, o aroma do chá fresco preencheu a cozinha. Shinobu, com mãos firmes e gestos práticos, serviu uma xícara para Nezuko. O líquido quente e aromático prometia aliviar a dor de cabeça e trazer um pouco de conforto. Foi nesse momento que o som suave de passos descendo as escadas chamou a atenção delas. Fumiko apareceu na entrada da cozinha, uma figura familiar e acolhedora.

– Bom dia – ela cumprimentou, sua voz mais forte do que Nezuko se lembrava de ouvir no hospital. Havia uma energia renovada nela, uma vitalidade que parecia ter voltado. Seu corpo, antes frágil e cansado, agora parecia ter recuperado bastante de sua força.

– Bom dia, mãe – Nezuko não pôde deixar de sorrir ao ver a melhora de Fumiko – o que acha de darmos uma volta hoje antes deu ir trabalhar? – perguntou e logo em seguida tomou um gole do chá.

– É uma boa ideia, estou precisando de um ar fresco mesmo – a mãe falou enquanto sentava na cadeira ao lado de Nezuko e começava a se servir o café.

Depois de um café da manhã revigorante, Nezuko e Fumiko se prepararam para uma caminhada matinal. Em menos de uma hora, elas estavam prontas. Com um aceno de despedida para Shinobu, elas saíram pela porta da frente, o sol da manhã brilhando em seus rostos. O ar fresco da manhã às envolveu enquanto começavam a caminhar, o exercício físico prometendo ser uma ótima maneira de começar o dia.

– Ainda quer saber sobre o seu pai? – Fumiko perguntou enquanto andava.

– Sim… – Nezuko respondeu um pouco sem jeito.

– Então eu vou começar pelo começo – a mãe suspirou – assim que você nasceu, nós fomos atacados por um homem que tinha raiva do seu pai devido a uma missão que ele tinha feito. Entregamos você para Shinobu e Uzui para que eles te salvasse, achando que nós iríamos morrer – ela começou a história, seu tom de voz mostrava o quanto ela era triste com essa história – só que na verdade eles nos sequestraram e passaram todos esses anos fazendo experiências e torturas na gente.

– Então vocês… Todo esse tempo estavam sendo torturados? – Nezuko perguntou surpresa.

– Sim – Fumiko respondeu e encarou a filha por alguns segundos – seu pai ainda está vivo e eu só consegui fugir depois de um incêndio que aconteceu no local que eu estava, seu pai ficou lá para atrasá-los enquanto eu fugia – completou e ficou em silêncio, provavelmente sentindo culpa por tê-lo deixado para trás.

Nezuko parou de andar de repente, fazendo Fumiko olhar para ela com surpresa. Sem dizer uma palavra, Nezuko se aproximou e envolveu a mais velha em um abraço apertado. Fumiko ficou paralisada por um momento, antes de relaxar e retribuir o abraço. A mais nova sabia que sua mãe estava passando por um momento difícil. Ela podia ver a tristeza nos olhos de Fumiko, a tensão em seus ombros.

Ela sabia que palavras não seriam suficientes para confortá-la, então ela ofereceu o que podia - um abraço acolhedor, um ombro para se apoiar. Fumiko suspirou, encostando a cabeça no ombro de Nezuko. Ela não disse nada, mas o aperto de seu abraço dizia tudo. Ela estava grata pelo apoio de Nezuko, grata por ter alguém que se importava com ela.

– O problema não acaba aí… – a mais velha voltou a falar enquanto as duas se separaram do abraço – ele não queria a gente, ele queria você – enquanto falava, ela encarava os olhos da filha – e ele vai vir atrás disso…

– De mim? – Nezuko logo pensou no cientista que havia atacado a vila duas vezes na tentativa de matá-la.

– Sim… Como castigo para o seu pai – Fumiko suspirou – eu vejo que você já tem o tenseigan em um dos olhos…

– E você conhece o tenseigan? – Nezuko perguntou curiosa.

– Ele é o ápice do poder dos Hyugas – começou a explicar – não sei como você conseguiu o que está no seu olho direito, mas se você transplantar um byakugan no seu olho esquerdo e um Otsutsuki infundir chakra nele, você terá um tenseigan.

– Isso está fora de questão né? Onde eu arrumaria um outro byakugan? – ela encarou a mãe que apontava para o próprio olho – não… Você ficaria cega de um olho…

– E o que tem? Você precisa se proteger – Fumiko voltou a falar – com isso você vai ficar mais forte e eu não vou precisar me preocupar com sua segurança – a mulher estava indignada que Nezuko estava negando esse presente – e sem contar que eu não volto mais para as minhas atividades ninjas, então um olho a menos não vai me fazer falta.

– Mãe… – Nezuko estava tentada a aceitar, mas não achava certo deixar sua mãe cega.

– Eu não me importo em ficar cega de um olho se você puder se proteger… – as palavras de Fumiko eram quase uma súplica.

– Tudo bem – a mais nova suspirou, rendendo-se às palavras da mãe – eu aceito seu olho.

– Ótimo, então só precisamos de um Otsutsuki para infundir chakra no seu olho – Fumiko falava animada.

– Eu já tenho uma ideia de alguém que possa me ajudar… – Nezuko sorriu – mas vamos continuar nossa caminhada primeiro, não faça corpo mole – brincou enquanto voltava a andar, aumentando um pouco a velocidade.

Depois de uma hora de caminhada, Nezuko e Fumiko finalmente decidiram voltar para casa. O exercício tinha sido revigorante, e ambas se sentiam mais leves e relaxadas. A caminhada tinha sido uma ótima maneira de começar o dia, e elas voltaram para casa sentindo-se renovadas e prontas para enfrentar o que quer que o dia trouxesse.

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