Inosuke acordou entusiasmado, era o dia em que teria de testar suas habilidades pós formação acadêmica; infelizmente, o teste era sobre a formação teórica, ainda não estava programado a física, mas de qualquer forma, estava contente em verificar sua formação. Realizou todos os procedimentos de higiene básica, vestiu sua tradicional roupa e partiu em direção à academia, onde seriam os testes.

Devido a sua velocidade, não tardou a chegar. Acenou e cumprimentou antigos colegas de classe e professores, após, entrou na academia. Todos instruídos em seus respectivos lugares, receberam o ferramental necessário para fazer o “teste” e algum professor, desconhecido, iniciou as instruções:
- Bom dia a todos! – Dizia forçando um pouco as cordas vocais, objetivando ter uma comunicação mais limpa possível, com todos e para isso, aumentou o tom vocal. -  Vocês receberam um caderno de questões, ao todo quinze questões, todas discursivas. São situações problemas que vocês, gennins, irão enfrentar e/ou já enfrentaram. – Deu uma pausa, respirou e continuou. – Não tem caráter avaliativo, para vocês. Vocês a farão para que nós, professores, tomemos notas de quais áreas será necessário trabalhar mais, futuramente e, para verificar quais áreas estão com um aproveitamento bom o suficiente, para assim, focarmos nossos esforços em melhorar a educação das gerações futuras! Obrigado e podem começar.

Ao comando, iniciou, as perguntas não eram difíceis, como o instrutor havia mencionado, era sobre situações problemas enfrentados. As perguntas iniciais eram óbvias, do tipo:
“Uma arma pontiaguda está cravada em seu abdômen, quais são os passos necessários para garantir a sua sobrevivência?”

Essa pergunta era óbvia na cabeça de Inosuke, então rapidamente respondeu:
“Retira a arma o mais rápido possível e aniquila o autor do ato nefasto! Sem perdão!”

Claramente, a avaliação estava muito fácil; óbvio, na cabeça de Inosuke. Houveram outras perguntas com respeito a como se portar em um confronto direto, estando lesionado e Inosuke respondeu essas com muita rapidez, afinal, era seu ponto alto. Ao final do tempo, conferiu os dados básicos, verificando se o endereço e nome, estavam corretos, entregou o teste e retornou para casa, feliz.

Passado algumas semanas, Inosuke estava relaxando em sua casa, depois de um longo dia de trabalho árduo, realizando missões. Ouviu alguém tocando na porta e em seguida chamando seu nome. Cessou sua sessão de relaxamento, que consistia em ficar deitado no chão frio, olhando para o teto e contando ovelhinhas, levantou-se e foi direto para porta, abrindo-a em seguida.
- Olá! Boa tarde! – Informou um homem, portanto vestes brancas e com um envelope em mãos. – Você é Inosuke Momotsugi, certo?

Inosuke assentiu com a cabeça, confirmando a informação.
- Pós bem, estou aqui para conversar sobre a avaliação que você fez a algumas semanas! – O homem utilizava um tom de voz baixo, transpassava calmaria e clareza. – Você respondeu algumas questões diferentes do habitual, posso entrar para que nossa conversa seja mais agradável? Ah, me chamo, Juno, sou um dos responsáveis pela verificação das avaliações.

Inosuke saiu de frente da porta, liberando a passagem do rapaz; em seu intelecto, imaginava que a promoção estava a caminho, devido ao seu desempenho máximo e dedicação na prova.
- Pode entrar, vamos conversar! – Disse Inosuke, agora, acordado.

Juno, moveu-se lentamente até uma cadeira, onde arrastou-a e sentou-se. Abriu o envelope, retirou a avaliação de Inosuke e começou a falar:
- Então, eu vou falar as perguntas e suas respostas! – Fez uma pausa, olhou para Inosuke para verificar se ele estava compreendendo e continuou. – Havia a seguinte pergunta na prova, abre aspas “Uma arma pontiaguda está cravada em seu abdômen, quais são os passos necessários para garantir sua sobrevivência?” fecha aspas. – Coçou a cabeça antes de ler a resposta, olhou para Inosuke novamente, mas agora, incrédulo, engoliu em seco e continuou. – Você respondeu, abre aspas “Retira a arma o mais rápido possível e aniquila o autor do ato nefasto! Sem perdão!” fecha aspas, é isso mesmo?

Inosuke não só assentiu com a cabeça, confirmando a resposta, prontamente, levou a mão direita até o abdômen e encenou retirando o objeto pontiagudo deste e cravando no inimigo; um teatro, após disse:
- Isso! Exatamente assim! – Sorriu e acrescentou. – Sem perdão!

- Não acredito! – Juno franziu a testa, em outros casos, iria rir, mas não o fez, a situação era vergonhosa demais. – Então para garantir a sua sobrevivência, você “aniquila” o inimigo?

- Trivial! – Sorriu Inosuke e completou. – Depois utiliza-se de algo para estancar o sangramento, como rasgar um pano, enrolá-lo e pressionar contra o ferimento e após, mover-se em direção a um médico e/ou companheiro que possa ajudá-lo.

Confuso, Juno tomou nota. Passou para a próxima, retornando à primeira folha para o envelope e continuou:
- Tem essa pergunta aqui, também, vou lê-la. – Disse Juno, tentando manter-se calmo. – Abre aspas “A fim de motivar sua equipe e passar confiança a estes, quais ações você julga necessária para essa finalidade?” fecha aspas. – Utilizou de um vício de linguagem, cacofonia, para não deixar em sua fala, uma pausa. – Er... Você respondeu, abre aspas “Pego uma kunai e enfio na minha mão, demonstrar confiança é demonstrar que você não sente dor! Física!” fecha aspas. Você julga essa a melhor forma de demonstrar confiança?

Inosuke assentiu com a cabeça novamente. A expressão de Juno era de horror misto com dúvida, a classificação dos status mentais de Inosuke, requeria uma equipe especialidade, a princípio:
- Acho que é bom a gente parar por aqui! – Juno guardou a avaliação de Inosuke dentro do envelope, levantou-se e continuou a falar. – Estou prescrevendo para você um tratamento psiquiátrico, caso não o faça, será rebaixado de graduação e terá que fazer a academia de novo! – Juno ainda mantinha um tom de voz baixo, no entanto, como trata-se de uma ordenação, fez uso da rispidez para enfatizar a mensagem.

- Tá me tirando?! – Essas palavras saíram da boca de Inosuke sem pensar, foi uma resposta automática. – Err ... No caso! – Fez uma tentativa de correção, sem sucesso é claro, mas continuou. – Eu começo quando? Estou ansioso, para, e .... começar. – Gaguejou em alguns momentos e esboçou um sorriso no final, claro, falso.

Juno não sabia se ria ou se lamentava, conseguiu entender a situação psicológica do jovem, não havia nele um desprezo pela sua própria vida, não é isso, era apenas um rapaz ingênuo demais para medir as consequências dos seus atos, consigo mesmo, mas o senso de comunidade era grande, era um risco nulo para a sociedade, mas um risco máximo para si.

- Você começa amanhã! É necessário frequentar todas as sessões, eu estarei de olho em você! – Juno levantou os dois dedos, indicador e médio, da mão esquerda, levou aos olhos, parou e direcionou-os para Inosuke, após, apanhou um papel de seu bolso, escreveu as instruções de onde Inosuke deveria se apresentar e moveu-se em direção a saída. – Você vai precisar apresentar esse papel lá, não esqueça, você começa amanhã!

Juno deixou a casa de Inosuke e pode ouvir, enquanto se afastava, Inosuke praguejando e se lamentando, riu por um tempo e depois afastou-se, caso Inosuke não frequenta-se o lugar indicado, ele saberia, então, apenas continuou.

Durante alguns meses, Inosuke foi obrigado a frequentar o consultório psiquiátrico para tratar das questões referentes a avaliação. Não houve necessidade de medicação ou internação, o método da psicanálise foi suficiente para tratar dessas questões e logo, Inosuke ajustou-se a realidade, onde não era necessário mutilar-se e/ou nada referente a isso, para efetivamente proteger alguém.

Objetivo: