Mesmo sabendo que a sua nova posição no vilarejo lhe traria problemas, jamais imaginou que eles chegariam tão depressa. Ethan mal tinha acabado de acordar quando ouviu batidas rápidas e descompassadas na porta de casa, ecoando por toda a parte. Se fosse antes, por causa da hora, apenas ignoraria o chamado, mas agora, as coisas não eram tão simples para ele. Então, se arrastando pelos corredores que o levavam até a porta, foi ver quem era.

— Sr. Ethan, rápido!!! — com a respiração pesada, um shinobi se apoiou sobre o marco da porta enquanto relatava a situação para o assistente. — Não estamos conseguindo achar o Hokage. Precisamos que você nos ajude a resolver esse problema. E então, qual a abordagem devemos tomar? Entrar com tudo e imobiliza-lo?

— Oi? — Sem entender nada, Ethan coçava a cabeça. — Será que você pode se acalmar e me explicar o que está acontecendo? — Foi então que o Tokubetsu começou a relatar todos os detalhes da emergência. Até onde ele sabia, um genin havia se descontrolado no campo de treinamento, atacando todos que tentassem se aproximar. Depois disso, alguns shinobi que estavam nas redondezas tentaram contê-lo, o que acabou deixando mais homens feridos.

— Um genin? Sério? Que seja, vamos lá. — Decidido a resolver a situação o mais rápido possível, Ethan e o mensageiro se dirigiram até o lugar.

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Enquanto os dois caminhavam pelas ruas de Konoha, um silêncio pairava no ar. Ethan não estava muito disposto, o que acabava o afastando de qualquer dialogo com o homem. O tokubetsu, por sua vez, estava assustado e cansado demais para falar algo. Assim, os dois seguiram com velocidade em direção ao seus objetivos. Cada um com seus próprios objetivos, iam ao resgate daquela criança.

Logo que Ethan começou a se aproximar da última localização conhecida do genin, perceberia que o clima já não era o mesmo. Antes, aquela era apenas uma manhã como todas as outras. Mas, conforme se aproximava, observou que uma ventania afetava os arredores, levando tudo pelo seu caminho. Nos céus, nuvens de chuvas cobriram todo o campo de treinamento. Por fim, atento ao que acontecia à sua volta, viu alguns ninjas escondidos entre nas árvores. Aparentemente, estavam apenas esperando as ordens para agir.

Ethan não se deixou levar por toda aquela atmosfera. Ele seguiria se aproximando, calmamente, do centro de toda aquela confusão. Não demoraria muito até notar uma certa dificuldade para andar, haja vista que as correntes de vento o empurravam na direção contrária. No entanto, isso não seria o suficiente para fazê-lo desistir ou ter uma cautela maior. Então, usando toda a sua força, projetaria o seu corpo para frente, um passo de cada vez, ignorando tudo que tentava atrasá-lo.

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Quando finalmente Ethan cessou os seus passos, pôde ver o causador de tudo aquilo. O garoto como as vestes tradicionais dos genins da vila estava de joelhos, com as duas mãos sobre a cabeça. Cercado por um vórtice que o protegia, carregava uma feição agonizante no rosto, com lagrimas escorrendo pelas bochechas. Por fim, deixava os seus gritos de dor alcançarem todos os presentes.

Assim que bateu os olhos no garoto, Ethan agiu. Primeiro deu vida a 2 clones das sombras, onde cada um deles iria se aproximar do genin pelos flancos. Chegando a uma distância de 20 metros dele, sem a necessidade de qualquer selo de mão, fariam uma manipulação onde cada um deles empurraria uma semicúpula (1 metro de raio) de vento contra o mais novo. Enquanto isso, Ethan levantou a destra acima da cabeça, concentrando um pouco de chakra no membro. Caso a tentativa anterior não desse certo, estaria pronto para continuar pressionando as defesas do oponente, lançando uma lâmina de vento na sua direção.

Os clones, em parte, obtiveram sucesso em pressionar a defesa do inimigo. Mas, antes de terem a chance de utilizar a vantagem a seu favor, foram dispersados pela expansão do vórtice que protegia o genin. Nesse momento, Ethan confirmava a sua hipótese de que teria que atacar o garoto com tudo para impedir que outros se ferissem. Mesmo não gostando da ideia, entendia que aquela manifestação descontrolada de poder colocava todos da vila em risco. Com base na demonstração que deu fim aos seus clones, temia que a habilidade do menor com o elemento vento fosse superior à sua.

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Ao absorver a experiência dos clones, Ethan sabia que não tinha mais tempo a perder. Por isso, com um movimento decrescente e vertical com a destra, o Uzumaki lançou uma lâmina de vento no garoto. Forçando o genin a utilizar cada vez mais chakra para defender os seus ataques, ele lançaria, logo em seguida, o mesmo jutsu de antes. Desse modo, caso percebesse uma abertura correria até ele e tentaria acertar um golpe na cabeça, sendo esse forte o suficiente para fazê-lo desmaiar.

Embora o garoto continuasse rebatendo os golpes, um após o outro, ele ainda não demonstrava qualquer sinal de cansaço. Na verdade, ficava cada vez mais furioso. Antes de toda aquela barulheira, a técnica do garoto tinha a intenção de afastar todos, mas, agora, atraia quem conseguisse na sua direção. Mesmo agindo sem pensar, planejava trazer todos para perto, na esperança de fazer os ataques pararem.

Em um primeiro momento, Ethan conseguiu resistir à pressão que o empurrava na direção do genin furioso, no entanto, outros ninjas que acompanhavam o desenrolar da história não tiveram tanta sorte. Mesmo tentando fincar as unhas ou os pés na grama, não tinham força o suficiente. Assustados, só conseguiam pesar em atacar o causar daquilo com tudo que tinham. Por isso, quando Ethan se deu conta, havia 6 ninjas de elite tecendo uma infinidade de selos de mão para dar um fim definitivo no pobre coitado. O Uzumaki não fazia a menor ideia do que aquela combinação de técnicas seria capaz, apenas sabia que o garoto não teria tanta sorte dessa vez.

— Takeshi, meu filho, já chega!!! — invadindo o campo de batalha, um casal buscava a atenção do filho. Visivelmente cansados, não mediram esforços para alcançarem os ouvidos do mais novo. — Ninguém aqui quer te machucar. Então, por favor, se acalme. Eu te imploro, apenas se concentre na minha voz.

Ainda que estivesse atento às palavras da mulher, Ethan não tirou os olhos do garoto. Esperava pacientemente uma brecha para explorar. Foi então que uma abertura apareceu. No fim do discurso da mulher, Takeshi abaixou de vez a sua guarda, dando tempo o suficiente para Ethan correr em velocidade máxima até ele e golpeá-lo na cabeça.

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Depois dos ânimos se acalmarem, enquanto alguns ninjas de patente baixa limpavam a bagunça, Ethan levou alguns dos feridos até o hospital, incluindo Takeshi. Com a ajuda daqueles que ainda conseguiam ficar de pé, travaram um longo caminho até serem capazes de encontrar algum médico. Então, assim que chegaram no hospital, tratou dos preparativos para tratar do grande elefante branco no meio da sala. Mesmo que o genin estivesse desacordado, sob controle, Ethan não estava disposto a arriscar a vida dos outros, não por causa de um palpite. Por isso, o prisioneiro seria levado para uma sala especial, onde o chakra era suprimido. Além disso, outras medidas de segurança seriam tomadas. Na porta, 3 caçadores anbus seriam convocados para controlar a entrada e saída do pessoal autorizado. Como se não fosse o suficiente, Takeshi teria os braços e pernas amarrados na cama.

— Com licença... — Quando Ethan estava acabando de ajeitar alguns detalhes com os médicos, ouviu a voz acanhada da mãe de Takeshi. — Gostaríamos de saber quando poderemos levar nosso filho para casa.

— Eu sinto muito... Não sei se é prudente te dar uma estimativa quando nem decidimos ainda o que vai ser dele. — Levemente abalado pela situação do genin e da família, respondeu.

— Por favor... — com os olhos cheios de lágrimas, ela se apoiava nos braços do marido. — Eu te imploro, não tire o nosso bebê de nós. Ele não é uma pessoa ruim. O Takeshi não é como as outras crianças, por favor entenda isso. E sobre aquela técnica maldita, é tudo culpa do meu pai. Nosso filho nunca fez questão de nada disso, mas o seu avô achou que seria uma boa ideia. Deus... se eu soubesse que isso ia acontecer.

— Olha, eu sinto muito mesmo, mas não posso deixa-lo ir. Seu filho é um risco para ele mesmo e para os outros. Por hora, ele vai ficar sob a custodia da vila.

— Oh... Não!!! — Assim que Ethan terminou de falar, ela cairia de joelhos, implorando por clemencia. — Eu te imploro. Se o problema for esse jutsu, eu prometo dar um jeito nele. Só nos dê alguns dias e garanto que o meu pai consegue ensina-lo a controlar esse poder.

— Desculpa. — Dando de costas, Ethan estava prestes a deixar o lugar. No entanto, antes que conseguisse chegar até o final do corredor, ele foi afetado pelas lágrimas da mulher. Sem mais nem menos, o rosto da sua mãe veio à sua mente. Mary sorria para Ethan enquanto estava sentada em uma cadeira de balançando. O seu rosto ia e vinha. Por fim, ele parou. — Qual o nome dessa técnica?

— Taiton, meu jovem — o pai de Takeshi respondeu.

— Não posso prometer nada, mas vou ver o que posso fazer por ele. Por hora, tudo que posso fazer é conseguir uma hora de visita para vocês.


No dia seguinte, Ethan passou todo o seu pouco tempo livre na biblioteca do vilarejo. Por sorte, encontrou uma menção à técnica em um daqueles livros empoeirados. Mas, se pretendia mesmo ajudar Takeshi, precisava de mais. Por isso, ainda naquele dia, visitou o avô do garoto.

— Eu preciso da sua ajuda. — Contando o seu plano para o velho, esperava que ele lhe revelasse os segredos daquela manifestação única.

— Sente-se, vou preparar um chá. A noite vai ser longa. — Depois desse momento, começou a ensinar o básico da técnica para o Uzumaki. E ao se despedir, confiou alguns pergaminhos ao garoto, para que pudesse continuar treinando por conta própria. — Cuide bem deles. É uma herança de família, e um dia pretendo passa-los para Takeshi.


Nos dias seguintes, tudo o que passava pela mente de Ethan eram os ensinamentos do velho. Já que, de alguma forma, tinha uma dificuldade surreal de manipular quantidades gigantescas de ar com o chakra, precisava se dedicar de corpo e alma. Assim, seguiu praticando de todas as formas que conseguia.


Quando Ethan finalmente julgou ter dominado a técnica, voltou ao hospital, se dirigindo até o quarto do genin.

— Vamos! — jogando um roupão para o garoto, esperava que ele se aprontasse e começasse a segui-lo. — A propósito, me chamo Ethan Kato. Mas, a única coisa que precisa saber sobre mim é que sou o desgraçado que vai te tirar daqui. A partir de hoje, vamos treinar todos os dias. Já te adianto que não vai ser nada fácil, vou te espremer até você pedir clemencia, e mesmo assim vou continuar. Com isso, espero que você domine não só as suas emoções, como também o seu poder. Se já acabou levanta essa bunda daí e me siga.

Escoltados por um grupo de ninjas escolhidos a dedo, percorriam corredores e mais corredores até o telhado. A área havia sido “limpa” dias antes a pedido do Uzumaki, que tomou o cuidado de minimizar ao máximo as perdas. Não restando mais nada para ser dito, eles começaram.

Dia após dia, Ethan voltaria naquele mesmo lugar, repetindo os mesmos movimentos até estarem prontos para a atividade do dia. Primeiro se concentrou em entender o que se passava na cabeça do garoto, tentando suprimir aquele seu outro lado. Ethan não era a pessoa mais indicada para isso, mas, na falta de alguém melhor, acabou não tendo muito poder de escolha. Depois, focariam em melhorar as bases do genin, reforçando os conhecimentos adquiridos na academia, até chegarem em conceitos mais complexos envolvendo aquela natureza especifica.

Muito tempo tinha se passado, e a melhora de Takeshi era visível. Até mesmos os caçadores anbus, que normalmente não reagiam a muitas coisas, ficaram impressionados com o que assistiam diariamente. Por fim, após muito suor ser derramado naquele chão de concreto, o garoto finalmente estava pronto para receber alta. Ethan tinha atestado isso, jurando ir atrás dele caso pisasse na bola.

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