Isley


 

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Foi em meio ao seu hiato que Hakuryuu acabou sendo surpreendido por alguém na porta de sua casa. Desde que dera os primeiros passos para iniciar seu trajeto numa carreira científica, não tivera tempo para fazer outra coisa senão estudar e, portanto, não esperava terminar suas férias autoconcedidas tão cedo assim. Tinha uma boa quantidade de fundos para se manter, no entanto, as circunstâncias da entrega daquele informativo pareciam sérias demais para poder negar.

Na realidade, ainda que de fato sempre averiguasse se a compensação financeira valia a pena ou não, daquela vez outras coisas pareceram estar em jogo. Àquela altura já deveria estar acostumado com os eventos médicos recorrentes no País do Vento — ele mesmo já havia participado de outras missões envolvendo workshops do gênero. No entanto, a forma com que a mensagem era inespecífica quanto à natureza das possíveis ameaças teve um forte apelo à curiosidade do tokubetsu jounin. Até onde se lembrava, as ameaças descritas tendiam a se limitar a bestas selvagens, nukenins ou bandidos comuns. Tinha dificuldade em imaginar quais os outros tipos de riscos que os visitantes poderiam estar sujeitos. Quer dizer, tinha alguma experiência em missões relacionadas a problemas estruturais, por já ter participado da reconstrução de certas partes de Sunagakure, mas não acreditava que shinobis seriam a melhor escolha para esses tipos de problemas. E, como confiava na administração dos superiores e do Kazekage, sabia que tal escolha não teria sido à toa.

As muitas perguntas e poucas respostas eram como comichões irritantes. E, sendo como era, não precisaria sequer do caráter de convocação para que interrompesse suas férias.

Mesmo com a curiosidade apressando-lhe no trajeto até o portão, chegando ao local, Hakuryuu pode perceber que outros já estavam esperando. Não era exatamente dos mais sociáveis e chegar no meio de um assunto tampouco deixava a situação mais fácil. Mesmo assim, buscou manter a compostura. Como a jovem shinobi havia acabado de fazer uma pergunta para aquele que parecia ser o líder da missão, Hakuryuu optou por ficar em silêncio até ouvir a resposta. Porém, logo que ele a desse, completaria:

— Hakuryuu Kinsetsu também se apresentando para a missão, senhor — buscando presteza nas palavras, apresentar-se-ia. — É um prazer conhecê-los — após ponderar por alguns instantes se não estava sendo seco demais, brevemente completou sua introdução para ambos os ninjas.

O ar de impaciência do shinobi sênior e a sua aparência de jovem inexperiente não eram exatamente a melhor combinação. Porém, Hakuryuu buscou manter sua mente neurótica sob controle. Esperaria pelas reações do superior quanto às perguntas da jovem colega e à sua apresentação posterior e, caso o humor dele assim permitisse, procederia com as suas próprias questões:

— Senhor, por acaso temos mais alguma informação sobre quais os possíveis tipos de riscos ou ameaças que devemos esperar encontrar? — indagaria, tendo sua aura introvertida momentaneamente superada pela pura curiosidade.

Palavras: 474

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O shinobi sênior, ao responder, aparentava ser bem sério e direto, mas não descontente especificamente com a presença deles. Naturalmente, tentou disfarçar, mas por dentro Hakuryuu estava suspirando em alívio.

Todavia, conforme estudava suas expressões por entre os cabelos negros, para ver como reagiria à presença dos dois ninjas mais novos, notou suturas no olho esquerdo. Recém iniciado no método científico, múltiplas explicações pipocaram em sua mente. Apesar de mais óbvia, a hipótese de um ferimento recente, suturado para recuperação, parecia improvável. Afinal, mesmo não sendo médico de fato, mesmo ele conseguia pensar em formas bem menos invasivas — como curativos e afins — para impedir que o olho abrisse

Outra possibilidade era a de um ferimento antigo. Mas, fosse o caso, bastaria cobrir ou para que o interior da órbita não ficasse visível. Novamente, suturas pareciam algo agressivo demais. Na realidade, Kinsetsu estava com uma soturna impressão de que os fios estavam mais para amarras do que suturas. E, fosse o caso, o que era que estariam contendo?

Eventualmente, forçou sua mente a desviar do assunto. Não queria encarar demais o olho e deixá-lo constrangido ou irritado. Buscou focar sua atenção na resposta dada à sua pergunta prévia.

Não conhecia Kazejin, mas até onde Jun informara, Hakuryuu não via tanta diferença das missões de segurança de evento cultural ou de guarda-costas de visitantes oficiais à vila que já fizera. Poderia não ser idêntico, mas, pelo menos, o processo de analisar um ambiente, visualizar possíveis riscos e criar contra-medidas não lhe era algo inédito.

Não era dos mais autoconfiantes, mas estava razoavelmente tranquilo de que conseguiria acompanhar em boa velocidade. Sua preocupação estava mais na jovem ninja, já que por ora não conseguia visualizar meios eficientes de transportá-la com areia. Até então, estava um tanto introspectivo, porém o termo “criaturas monstruosas” fisgou seu foco.

Subitamente entendeu o motivo da cautela extra: havia problemas fora do comum na região. Assentindo conforme o líder falava, tomou algumas notas mentais quanto à missão: não podiam deixar passar nada, afinal a reputação do país estava em jogo; deveriam focar em investigar, solucionar o que fosse possível e reportar a Sunagakure, que tomaria providências, se necessário.

Buscou manter-se atento às informações: queria mostrar bom desempenho e melhorar sua reputação. No entanto, a empolgante ideia — por outro lado, perigosa — de encontrar monstros pessoalmente, realizar testes e estudar suas células em laboratório com certeza rondava os fundos de sua mente.

— Minha especialidade é Ninjutsu — após alguns instantes tentando imaginar sinergias entre suas habilidades, o taijutsu, nintaijutsu, doton e fuuton de Maeda, ou o ninjutsu raiton e as invocações da jovem, emergiu de seus pensamentos — Consigo manipular pó de ouro para diversas finalidades. Sakin é melhor na defesa do que no ataque, mas também pode causar bons estragos — prosseguiu, de forma mais técnica, mas, ao mesmo tempo, meio distraída. — Sei um pouco de doton e iryoninjutsu. Quase nada de fuuton — imaginando se não estava prestes a divagar demais, rapidamente tentou se controlar e resumir.

Ao fim do assunto, subitamente lembrar-se-ia de que ainda não sabia o nome da jovem ninja. Então, após voltar-se para ela, iniciaria:

— Acredito não ter chegado a tempo de ouvir o seu nome…

Porém, por não saber exatamente como terminar a frase, apenas manteve os olhos nela, torcendo para que ela preenchesse as lacunas e dissesse seu nome.

Palavras: 552

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Hakuryuu definitivamente gostou das novas informações fornecidas pelo líder. No entanto, por mais que gostasse da ideia de captura para estudar, tentou não demonstrar que estava especificamente contente com isso. Visou relaxar os músculos da face e evitar reagir ao fato. Apenas assentiu a informação, transpassando que seguiria as ordens à risca.

Prosseguiu em sua busca de tentar aprender o nome da garota, porém não contestou a interrupção do lider. Apenas assentiu novamente, logo em seguida iniciando a corrida junto dos colegas de equipe.

Em meio à viagem, porém, a garota pareceu tentar equiparar as velocidades de corrida para abordá-lo. Hakuryuu, ao perceber, também buscou fazê-lo.

— Igualmente… — responderia à apresentação com o ar distraído que lhe era de costume — Bem… É ninjutsu elemental — após alguns instantes pensando, o rapaz retornou com uma resposta. — Nunca parei para pensar nisso, mas acho que a sensação não é tão diferente assim. Conseguir misturar doton e fuuton em jiton vem meio que naturalmente para mim… — finalizaria, ainda pensativo e incerto se sua resposta teria sido satisfatória.

Sendo nativo do país do vento, não se surpreendeu tanto assim com o aspecto da vila. Sabia muito bem o quão recente eram aquelas mudanças que ele vinha sofrendo. Porém, apesar de a princípio estes aspectos não serem diretamente um problema para a missão deles, Hakuryuu sentiu-se preocupado. Talvez mais coisas além dos tais monstros estivessem ocultos ali.

Até então imerso em seus pensamentos, Hakuryuu apenas foi puxado para fora quando reparou o distanciamento de Kodama. Não demorou a entender do que se tratava o distanciamento: ela estava ajudando um pedinte, uma atitude certamente nobre. Ele, por sua vez, também pendia à mesma decisão. No entanto, não tinha a menor noção de qual quantia seria adequada dar. Aquele tipo de coisa — interações interpessoais — não eram exatamente seu forte, afinal. Porém, ao ver de relance a quantidade aproximada que Kodama havia repassado, Kinsetsu prontamente decidiria dar um valor próximo. Tinha como arcar com uma boa doação, mas também não queria dar uma quantia que fosse muito superior à da menina. Acreditava que, talvez, isso pudesse transparecer uma atitude de pouco caso da doação alheia.

Após entregar a quantia de 750 ryous, permaneceria atento à interação de Kodama com o pedinte. A ideia subsequente de tentar obter informações das pessoas, que agora pareciam sorrir de bom grado para eles, com certeza era boa. No entanto, como a parte social não era seu forte, por ora deixaria que a kunoichi prosseguisse com suas ideias. Naturalmente, ficaria atento para filtrar informações que fossem úteis à missão deles.

Após ouvir toda a interação com os habitantes humildes da entrada, Kinsetsu iria atrás de Jun. Chegando ao que parecia ser um centro comercial, Hakuryuu manteve-se atento aos arredores. Já tinha entrado no modo investigativo e buscava localizar algo suspeito por onde pudessem começar. Porém, a fala de Maeda conseguiu trazê-lo à tona:

— Qual seria o nome do embaixador, Maeda-san? Talvez possamos perguntar por ele às pessoas daqui… — finalizaria, voltando seu foco aos arredores.

Caso Jun fornecesse o nome do embaixador, Hakuryuu aproximar-se-ia do vendedor mais próximo e perguntaria sobre ele. Começaria pedindo desculpas pela intromissão e prosseguiria perguntando se a pessoa sabia onde poderiam encontrar a pessoa com o nome que o líder havia lhe informado. Caso o habitante não soubesse responder ou ficasse confuso com o nome, completaria tratar-se de um embaixador. Fosse o indivíduo capaz de ajudar ou não, Hakuryuu agradeceria. Se o primeiro individuo abordado não fosse de muita ajuda, seguiria para o próximo vendedor mais próximo e repetiria todo o processo. Caso obtivesse alguma resposta, retornaria a Maeda com as novas informações.

Palavras: 602

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Vendo que suas antecipações e medidas não seriam mais necessárias, graças à aproximação do embaixador, Hakuryuu respondeu a Jun com apenas um sorriso e um assentir com a cabeça. Já tinha entendido a situação e sabia que agora bastava permanecer atento ao que o embaixador falaria para afunilar melhor a investigação.

No entanto, a persistência com que as informações obtidas naquela missão mantinham-se inespecíficas e vagas surpreendeu o rapaz. Foi um balde de água fria perceber que nem o contato deles em Kazejin parecia ter qualquer pista a fornecer. Claro, Hakuryuu tentou manter a compostura e relaxar a musculatura facial: não queria deixar escapar uma cara feia ou de dúvida sem querer. Mesmo assim, todo aquele contexto não estava agradando muito ao rapaz. Os sinais de Maeda junto da sua ideia de levar o embaixador para um bar davam muito o que refletir a Kinsetsu. O líder da equipe não parecia ser do tipo que aproveitava dos subordinados para matar trabalho e, por isso, aquela separação forçada mais parecia ter segundas intenções. Quais seriam as informações que Jun não havia compartilhado com eles? Seria o embaixador um aliado ou parte do problema que deveriam lidar? A ida ao bar era uma forma de se esconder de olhos curiosos ou uma distração para o oponente velado? Era difícil saber sem mais pistas e, por isso, Hakuryuu acatou prontamente a ordem de sair para investigar.

Seus olhos distraídos eventualmente acabaram capturados pela abordagem de Kodama. Com sua face distante, mas ouvidos sempre atentos aos detalhes, Hakuryuu buscou ouvir tudo que a garota tinha a dizer. Por mais nova que fosse, não era improvável que talvez ela tivesse notado algo que ele não.

Após ouvir tudo o que ela tinha a dizer, Hakuryuu demorou alguns instantes a tecer uma resposta. Concordava que os guardas eram provavelmente o alvo de maior prioridade ali. E suas justificativas, em parte, eram muito similares às da garota. Todavia, como problemas sociais vinham geralmente acompanhados de corrupção por parte das autoridades, sua motivação era ligeiramente diferente. Claro, devido à possibilidade de terem alguma rede de inteligência ou similar em seu QG, os guardas poderiam dar relatos mais completos sobre problemas por toda a cidade. Contudo, seu ato de fuçar com certa insistência talvez também servisse de um meio de testar se as autoridades locais estavam alinhadas com os interesses do país.

Na realidade, Hakuryuu estava torcendo para que aquilo tudo não passasse apenas de mais uma de suas neuroses. Contudo, não custava analisar tudo racionalmente e com mais calma antes de abaixar a guarda.

— Okay, Otzukagi-san, também acho melhor nos separarmos. Vou conversar com os guardas, assim cobrimos mais terreno na investigação — varrendo os arredores com os olhos e o cenho contraído, Hakuryuu finalmente respondeu. — Apenas tome cuidado e não confie demais nas pessoas daqui — aproximar-se-ia dela, baixando o tom para que não fossem ouvidos. — Estou com a impressão de que algo mais possa estar acontecendo nessa cidade… — finalizaria, buscando não transparecer muita coisa em suas expressões.

Hakuryuu, então, buscaria se aproximar da primeira ronda de guardas que visse.

— Olá, meu nome é Hakuryuu e sou um shinobi enviado de sunagakure no sato — enquanto tentava ser simpático, apontaria para a bandana presa em seu corpo como forma de atestar sua identidade. — Estou aqui para investigar e lidar com problemas que poderiam trazer riscos ao congresso que haverá aqui em Kazejin — inicialmente, buscou ser franco. Afinal, achava pouco provável que a autoridade de Kazejin já não soubesse do porquê estavam ali. — Fiquei sabendo que andaram ocorrendo ataques… Incomuns por todo o país — pausou por alguns instantes, buscando uma palavra adequada que não fosse chocante demais. — Vocês, por acaso, teriam testemunhado ou ouvido qualquer relato diferente do normal? Ataques excessivamente violentos, bestas desconhecidas… Qualquer detalhe que parecesse incomum para os tipos de crime que vocês geralmente lidam? — finalizaria, quase que de súbito, focando sua atenção completamente nos guardas.

Buscaria não apenas ouvir as respostas, como também estar atento às suas expressões. Se sua hipótese estivesse correta, queria detectar sinais de falta de colaboração por parte das autoridades. Fossem caras feias ou sinais de mentira. Qualquer coisa que pudesse acabar confirmando suas intuições.

Palavras: 692

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Hakuryuu não ficou surpreso com a reação de desconfiança inicial. Era natural que um estranho fazendo perguntas como aquelas levantasse suspeitas. Inclusive, também não poderia dizer que ficou exatamente surpreso com a reação subsequente em que riram. Tato social não era o seu forte e, para piorar, estava se sentindo um tanto quanto desatualizado naquele assunto. Desde que o país do vento tinha se tornado um polo para estudos médicos, Kinsetsu não tinha feito outra coisa senão estudar ou participar de missões que indiretamente envolvessem procurar alternativas sobre quais assuntos novos pesquisar. Provavelmente por conta disso não tinha encontrado pessoalmente um desses monstros sequer.

Também não tinha noção da frequência que os guardas avistavam as criaturas em Kazejin, por isso, ser inespecífico parecia ser o mais correto. Afinal, se os avistamentos fossem escassos, apenas avistamentos breves ou pistas incomuns seriam deixadas para trás. No entanto, pela reação deles, pode ver que estava errado. A coisa parecia frequente o suficiente para ser senso comum ali.

Pelo menos, se servia de consolo, Hakuryuu passava a pender mais para a hipótese de que eles não tinham nada a ver com os problemas. O motivo de não colaborarem parecia ser mais rancor de sunagakure do que má intenção.

De qualquer forma, como não sabia exatamente como lidar com o escárnio, optou por apenas permanecer com as expressões neutras. No entanto, ao que revisou o primeiro comentário em sua mente para formular uma resposta, sentiu-se absolutamente perdido.

— Hã?! — quase exclamou, com uma face genuinamente confusa. — Como assim “nos chamamos”? Fui informado de que não são pessoas, mas sim literalmente criaturas monstruosas — com o cenho contraído, observou atentamente a reação dos guardas. — Bem, eu não sou sunagakure inteira, então não posso dizer que sei mais sobre o assunto — prosseguiu confuso, incidentalmente sendo literal demais na interpretação do que lhe diziam. — Aliás, é ótimo que consigam proteger o lugar, já que não estou aqui para caçar monstros específicos, mas sim para ajudar a estudá-los e, quem sabe, encontrar uma solução mais… Definitiva — prosseguiu, ligeiramente irritado com os comentários ácidos dos guardas. — Realmente não sabem nada que poderia me ajudar a encontrar um deles? — por fim, indagaria, observando-os atentamente para tentar ler suas reações.

Hakuryuu não era do tipo bom com pessoas e conversar, por isso acabou optando por simplesmente ser sincero. Afinal, não era hábil o suficiente para tentar manipulá-los ou convencê-los de que de fato não tinha nada a ver com aquilo.

Palavras: 406

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Hakuryuu não pode deixar de ficar chocado quando percebeu a investida de um dos ninjas. A surpresa não foi tanto pelo ataque em si, já que com sua velocidade (05) deveria conseguir desviar ou bloquear o golpe, mas sim pelo fato de escolherem a violência. Eles podiam ter uma aparência mais rústica, mas não esperava que seriam tão selvagens assim.

Pouco antes do contato com o antebraço, Hakuryuu cogitou bloquear, mas imediatamente se inibiu. Não estava em casa e, ainda que agisse de forma puramente defensiva, o risco de ser interpretado erroneamente era muito alto. Ainda mais considerando os riscos envolvidos em ter que neutralizar o outro tolo, que alcançava uma arma branca em suas costas, deixou-se ser levado à parede.

Perto do nojinho que sentiu dos perdigotos em sua face, a prensa contra a parede pareceu insignificante. Diante do grito e das gotículas tão próximas de sua cara, Hakuryuu não pode evitar cerrar os olhos e virar um pouco o rosto para evitar o contato. No entanto, as informações que ouvia pareceram importantes demais para serem relevadas. Sendo assim, buscou manter o foco em meio àquele caos.

“Contratar mercenários para criar caos na segurança pública e sabotar a administração atual?” — refletiu em seu âmago — “O Baldur-sama? Hah, conta outra” — finalizou o pensamento, batendo o martelo de uma forma que lhe era consideravelmente rara.

Podia não ter lutado lado a lado de Baldur-sama por muito tempo, mas pelo que já tinha testemunhado, ele definitivamente não parecia ser do tipo manipulador. Na ocasião do Castelo da Serpente, o kage pareceu ser alguém direto demais para elaborar algo tão maquiavélico. Sem falar que, só para começo de conversa, ele também não parecia alguém com más intenções do gênero.

Enquanto o sujeito o segurava, perdido em pensamentos, Hakuryuu praticamente não viu o tempo passar. Quando se deu conta, ele já tinha desistido da briga e tinha dado as costas. Haku respirou aliviado, afinal, seria chamativo demais se ele tivesse que o subjugar com sua sakin.

— Hai… — assentiu o comando do brutamontes com uma voz em tom suficiente para que os guardas ouvissem.

Não desperdiçaria aquela oportunidade de sair da confusão sem criar maiores problemas para a investigação. Terminando daquela forma, as chances daqueles nos arredores simplesmente tratarem o ocorrido como águas passadas eram maiores. Além disso, com o que tinha acabado de aprender, acreditava já estar na hora de relatar ao líder. Ele parecia estar mais a par do contexto daquela vila do que ele e Kodama. Por isso, talvez tivesse algo a dizer que explicasse melhor palavras que tinha acabado de ouvir.

Refazendo os passos do líder até o bar, Hakuryuu varreria os arredores com o olhar em busca dele. Após cumprimentá-lo, caso o embaixador ainda estivesse ali, calmamente se aproximaria do rosto de Jun. Não sabia se podia confiar no homem de Kazejin, afinal.

— Maeda-sama, há pouco fui ameaçado por guardas locais. Ambos acusaram sunagakure de estar enviando especialistas em receptação para sabotar a segurança local. Segundo eles, o objetivo seria substituir a guarda atual por uma mais jovem e, consequentemente, mais inexperiente e barata — em baixo tom para que somente ele e Kodama, caso estivesse ali, ouvissem, explicaria. — Sabe de algo a respeito disso, senhor? — ao fim de seu relatório, indagaria respeitosamente.

Ademais, caso Otzukagi retornasse para reportar, também permaneceria atento ao que ela tinha a dizer. Afinal, talvez as informações obtidas por ela complementassem as suas.

Palavras: 567

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Ao entrar, Hakuryuu teve a impressão de que o embaixador não era dos mais humildes. No entanto, até então, jamais imaginaria que ele pudesse ser perigoso. Enquanto observava as reações de Jun em relação às informações repassadas, acabou reparando em um sinal de mão que certamente não uma era das coisas que esperava ver ali.

Em silêncio, recuaria seu torso, colocando-se em postura ereta enquanto escutava o que os dois estavam falando. Seus olhos, inicialmente, fixaram-se em Maeda. Estavam um tanto perdidos, já que não previa que aquela carta fosse ser posta na mesa tão cedo. Porém, dada sua curiosidade, estes logo se viraram, focados, na direção do embaixador. Sua reação, afinal, poderia dizer algo que ajudaria na investigação.

Não era dos mais hábeis naquele tipo de situação, mas, pelo tom de voz do homem no outro lado da mesa, a coisa definitivamente não havia sido bem recebida. Algo que indicava que ele e seus pares, muito provavelmente, eram responsáveis pelos problemas, diferentemente dos funcionários públicos de mais baixo escalão, como aqueles guardas.

Voltando seus olhos para constatar a reação de Maeda, Hakuryuu percebeu que ele não parecia das pessoas mais calmas. O pavio parecia bem curto e, a julgar pela linguagem corporal, era como se estivesse prestes a iniciar um combate ali mesmo.

Preferiu pensar que o líder estava se preparando para reagir e não atacar primeiro. Afinal, a segunda opção significava que ele sabia de algo sobre o embaixador que não havia compartilhado com ele e Kodama. E, investigar com um dos olhos tapados, pelo menos para Hakuryuu, não soava como algo muito produtivo.

Logo que a bola foi jogada de volta ao embaixador, os olhos da Hakuryuu a acompanharam. Permaneceram esperando a reação do burocrata, praticamente vidrados. Não só pela curiosidade em saber do desfecho daquilo, mas também por receio quanto à reação do líder. Se o embaixador era tão perigoso assim, ainda mais naquela proximidade, tinha que estar pronto para reagir a eventuais movimentos perigosos.

Definitivamente havia um gancho para quebrar o gelo ali. Todavia, por mais que, ironicamente, a situação com o embaixador pedisse mais diplomacia, não era tão habilidoso com as palavras a ponto de achar que acalmaria alguém. A situação há pouco com os guardas era uma prova disso. Contudo, definitivamente não era um covarde. Claro, tinha uma preferência por evitar conflitos. Porém, não era por medo e sim para economizar energia. Qualquer risco de ferimentos desnecessários ou fatores que poderiam dificultar a colaboração dos habitantes de Kazejin nas investigações eram bastante contra-producentes. E, também por motivações financeiras, Hakuryuu prezava por eficiência em seu trabalho.

De qualquer forma, estava preparado para canalizar seu chakra a qualquer momento. Sua sakin já estava de prontidão em cada um dos poros de sua Ars Occulta, esperando apenas ser moldada por seu dono. Sua Oroborosu no Yoroi conferia um certo grau de proteção, mas tendia a acreditar que todo cuidado nunca era demais. Se o embaixador fizesse algo que medidas mínimas não pudessem lidar, sua areia dourada estaria pronta para buscar garantir que ele não causaria danos ou faria algo perigoso demais.

Palavras: 515

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