Os dias foram se passando e Nezuko apenas tinha sua rotina de aulas na academia ninja, após a derrota de Kaguya o mundo parecia ter estagnado em uma sensação de paz. Porém, a abertura dos portões para os nukenins havia trazido um perigo oculto para o país da água. Alguns desses ninjas desertores acabaram silenciosamente formando milícias em vilas menores ao redor do país por debaixo dos panos, gerando conflitos que muitas vezes não chegavam à Kirigakure.

Um dia, Nezuko estava na academia, faltando meia hora para acabar o horário da aula, quando dois homens mascarados bateram na porta, interrompendo o ensino. A Hyuuga encarou ambos pela pequena janelinha de vidro que tinha na porta, furiosa por ter sido interrompida, mas por serem da Anbu, já logo imaginou que seria algo importante.

– Só um minuto, gente – ela falou para os alunos e logo deixou a sala, fechando a porta para que os pequenos não ouvissem o que seria dito.

– Temos um pergaminho assinado por Yohma Uchiha – um dos Anbu falou com a voz abafada pela máscara enquanto o outro entregou o pergaminho – o assunto é muito importante e requer sua atenção imediata – ao terminar de falar os dois voltaram a andar pelos corredores, indo em direção a saída.

Rapidamente a Hyuuga abriu o pergaminho, revelando o conteúdo da mesma. A mensagem se tratava de uma missão rank S, onde uma vila menor ao norte do País da Água estava sofrendo repressão de um grupo de Nukenins que se dizia no direito daquela terra, usando o nome de Yohma para poder oprimir os civis e conseguir o que queria. Junto haviam algumas informações pertinentes à missão, como a quantidade de integrantes do grupo, o nível de cada um, a localização da vila menor, etc. Ao terminar de ler, a menina guardou o pergaminho dentro da bolsa de armas e voltou a entrar na sala de aula.

– Bom, gente… – ela começou a falar ao parar em frente a turma – hoje a aula vai acabar um pouco mais cedo, apareceu alguns problemas para eu poder resolver – continuou a falar, mantendo a expressão passiva para não passar preocupação para os alunos – aproveitem o restante do dia para poder treinar, estão liberados – assim que a menina terminou de falar, os alunos se levantaram e saíram da sala. Nezuko esperou até que o último tivesse saído para deixar o local.

Logo ao sair da Academia Ninja, a Hyuuga correu até em casa, onde arrumou todas as coisas para poder sair logo em missão, incluindo suas armas e armaduras. Ao ter tudo pronto, saiu de casa e começou a viagem em direção a vila menor, levando um dia inteiro para alcançar o seu destino. A espadachim estava ciente de que se chegasse mostrando de onde era, seria atacada em um piscar de olhos, então ela tirou a bandana e a colocou na bolsa de armas.

A pequena vila estava quieta, os civis permaneciam dentro de casa, deixando as ruas praticamente vazias, restando apenas os guardas nukenins que pareciam fazer rondas. A menina entrou pelo portão principal e rapidamente dois criminosos a cercaram, preocupados com a presença da mesma ali, afinal eles não sabiam suas intenções. Naquele momento a vontade de comer um pirulito era extremamente grande, afinal o doce sempre a ajudava a manter a calma. “Não… Eu não posso sempre depender de um pirulito pra fazer minhas coisas”, pensou enquanto se controlava para não ceder ao desejo do doce.

– Ei! – um deles se pronunciou – você não é daqui! Então o que quer? – ele perguntou em um tom autoritário.

– Sou uma viajante, estou apenas de passagem – ela respondeu – tem uns dois dias que eu não durmo direito, tô procurando só um local para descansar.

– Aqui não tem lugar pra isso não – o outro nukenin respondeu – então dê meia volta e vaza daqui.

– Como assim aqui não tem lugar pra isso? – a menina perguntou parecendo indignada – várias vezes eu já descansei aqui.

– Agora não tem mais, Yohma Uchiha ordenou que tomássemos conta desse lugar – o primeiro voltou a responder.

– O próprio Yohma ordenou isso? – a menina soltou uma gargalhada – vocês têm mesmo certeza disso?

– Qual foi, tá tirando uma com a nossa cara? – o segundo perguntou, o tom de voz era mais alto e irritado.

A menina apenas sorriu e rapidamente sacou as espadas gêmeas Fujaku Hishō Shōken, abriu os braços e girou enquanto concentrava chakra futon nas lâminas, acertando o pescoço de ambos ao mesmo tempo, não dando tempo para que eles conseguissem se defender. “A caçadora de cabeças…”, Rokubi comentava em sua cabeça, fazendo com que a espadachim abrisse um sorriso, ela realmente gostava de ser reconhecida desse jeito. Ao terminar o golpe, ela rodou as espadas na mão para tirar o sangue e voltou a guardá-las.

– Ei! É melhor vocês correrem hein! – ela gritou, nesse momento ela estava sedenta por uma batalha e não se importava mais em se manter oculta – eu vou limpar esse lugar das pessoas que usam o nome do Yohma para oprimir os civis! – continuava gritando enquanto voltava a pegar sua bandana e colocá– la presa na testa.

Nesse momento, a hyuuga pôde notar a maioria das janelas das casas se abrindo, revelando os moradores curiosos para saber o que estava acontecendo. Não demorou muito para que nukenins de rank menores se juntassem a 10 metros a sua frente, formando um aglomerado que ocupava mais ou menos uma área de 20 metros . Nezuko não conseguia contar por serem muitos, mas estipulou que deveriam ter no mínimo uns cinquenta deles. “Acho que agora você se ferrou, humana”, novamente Rokubi voltava a falar, gargalhando logo ao final da frase. “Espere e observe, Rokubi”, a menina respondeu enquanto estalava os dedos e deixava que o nível 2 do juinka tomasse conta de seu corpo, aumentando sua força.

Sem a necessidade de selos, Nezuko manipulou o seu chakra para controlar o ar do ambiente, criando constantes rajadas verticalmente na área onde os inimigos se encontravam, gerando uma forte pressão no local e impedindo que 90% deles conseguissem se mover. No mesmo momento que o jutsu foi ativado, a Hyuuga voltou a sacar as espadas gêmeas em suas costas e, utilizando as espadas, manipulou o ar a sua volta, lançando duas grandes lâminas de fuuton na direção dos inimigos, buscando acertar no pescoço, arrancando a cabeça de quinze deles no processo.

Assim que as lâminas de futon foram lançadas, ela avançou na direção do grupo em velocidade máxima, concentrando chakra fuuton nas espadas e usando-as para decepar a cabeças de todos eles, se atentando em desviar dos golpes daqueles que tinham força o suficiente para conseguir se mexer dentro da área de sua técnica. Em poucos minutos, todos eles estavam no chão, sem vida e sem cabeça.

– Era só isso?! – a menina voltou a gritar – eram só esses fracotes mesmo? – terminou enquanto desativava o juinka.

– Tem nós três também – a voz de um homem pôde ser ouvida e logo um trio apareceu em seu raio de visão.

Ela não esperou para ver o que eles eram capazes de fazer, uma aura flamejante de chakra vermelho cobriu seu corpo, deixando sua aparência mais selvagem, enquanto ela trocava as espadas gêmeas pela Kabutowari. Rapidamente ela partiu para cima do inimigo do meio, usando o machado da arma para desferir um golpe de cima para baixo, enquanto usava o martelo para aumentar a força de seu golpe, visando cortar o inimigo ao meio.

Aquela batalha durou quarenta minutos, o trio era visivelmente melhor do que o pequeno exército que tinha aparecido para lutar contra ela e tinha sido derrotado em questão de minutos. O trio trabalhava em equipe e eram dotados de grande velocidade, o que facilitava as esquivas dos ataques da menina, mas no final a velocidade e inteligência da menina se mostraram superiores, fazendo com que ela conseguisse decepar a cabeça do trio, terminando com a batalha. “Ok… Isso foi surpreendente”, Rokubi falou, fazendo com que a menina ficasse surpresa, era a primeira vez que a besta a elogiava. “Você falando isso? Então deve realmente ser verdade”, a menina respondeu.

– Estão vendo isso aqui? – a menina falou em tom alto para que os moradores pudessem ouvir – esses nukenins não são apoiados por Kirigakure – enquanto falava, ela ia puxando os corpos dos inimigos, colocando todos em um único ponto, em lugar onde não tinha muitas construções – apenas aqueles não apresentam nenhum mal para a população do país da água é que são apoiados pelo Mizukage – ela continuava falando enquanto continuava juntando os corpos – assim como eu, que também sou uma nukenin e estou aqui para proteger vocês – mais nenhuma voz pôde ser ouvida, Nezuko se manteve quieta até formar uma pilha de corpos

– Espero que se lembrem muito bem disso – ao terminar de falar, fez uma série de selos enquanto amassa dentro do corpo, convertendo-o em fogo. Em seguida, expeliu todo o fogo pela boca, parecido com uma contínuo lança-chamas, enquanto rodeava a pilha de corpos e acendia uma grande fogueira. “O que aconteceu com você hoje?”, Rokubi perguntou. “Sou leal a Yohma e não permito que o envolvam em mentiras”, ela respondeu a pergunta enquanto se virava de costas e começava a andar de volta para Kirigakure.

Os meses foram se passando, ainda poucos problemas com nukenins apareciam, eles continuavam trabalhando em silêncio. Nesse meio tempo, vinha tentando controlar seu vício em pirulitos, diminuindo drasticamente a quantidade consumida no dia. Até que, quase um ano depois, outro problema apareceu. Dessa vez era noite e Nezuko estava em sua casa, sentada na mesa da cozinha enquanto preparava a aula para o dia seguinte. Por ser professora, quase não era mandada para missões além dos muros da vila, porém quando se tratava de assuntos importantes ela era chamada para resolver.

Dessa vez, um grupo de bandidos estava planejando roubar um antigo pergaminho conhecido como “O pergaminho das Marés”, que continha técnicas avançadas de controle da água. O pergaminho concederia o conhecimento de técnicas perigosas que se caíssem nas mãos errada, poderiam gerar bastante problemas para o País da Água. Sua missão seria se infiltrar nesse grupo de bandidos para obter informações sobre o roubo, principalmente quem estava por trás disso tudo, e então impedir que ele seja realizado, eliminando o líder e desfazendo o grupo.

A espadachim não demorou para sair de casa, levando poucos minutos para que estivesse tudo pronto para partir. Ela estava equipada com sua armadura, por baixo de seu eventual uniforme shinobi, e todas suas armas. A missão agora a levaria para uma pequena ilha ao extremo sul do País da Água, fazendo com que ela levasse toda noite e mais da metade do dia para alcançar seu destino, precisando do auxílio de pequenas embarcações para concluir a viagem.

No centro dessa ilha, tem uma densa e vasta floresta onde existe um templo repleto de monges pacíficos, responsáveis por esse pergaminho e os segredos que ele guardava. Porém esse centro era tão sagrado, que se manteve escondido por anos, nem mesmo a Hyuuga sabia onde encontrá-lo. Porém, junto com a missão recebeu informações de que o grupo de bandidos se encontrava escondido dentro dessa floresta. Ela passou longos minutos caminhando pela floresta, enquanto usava seus doujutsus para tentar encontrar o local onde os bandidos se escondiam.

Logo ao achá-los, tirou a bandana e a colocou dentro da bolsa de armas e subiu em uma árvore para se manter oculta e poder executar o seu plano que consistia em se passar por algum dos integrantes do grupo. Ela passou horas esperando encontrar um deles sozinho, mas quando finalmente aconteceu, ela não perdeu tempo e atacou a integrante isoladamente, tirando a vida do mesmo e colocando-o escondido em uma caverna escondida no meio da floresta. Logo em seguida, realizou alguns selos e logo ativou a técnica Henge no Jutsu, transformando-se na mulher que havia matado.

– Que sorte a minha, ainda era uma mulher – ela falou baixinho – assim vai ser até mais fácil.

Rapidamente a menina entrou no esconderijo dos bandidos e começou a descobrir as coisas, até mesmo como a mulher agia e como era seu nome. Os dias foram passando enquanto a menina se mantinha infiltrada, sempre focada em obter informações acerca do roubo, até que o dia exato de sua revelação finalmente chegou. Ela fazia parte do grupo principal que iria atacar o templo e esse foi o único dia que eles foram permitidos de se juntar com o líder que faria parte do roubo.

Quando todos estavam na sala, Nezuko deixou que a transformação se desfizesse, revelando sua verdadeira forma e junto a isso deixando que uma aura flamejante de chakra vermelho a envolvesse, concedendo um pouco mais de força e velocidade. Todos que estavam presentes no local, a olharam surpresos, eles não esperavam que tivesse alguém infiltrado levando em consideração ao cuidado que eles tinham em não deixar que pessoas desconhecidas se aproximassem dali.

– Ora, ora… Nezuko Hyuuga - o líder do grupo foi o primeiro a falar, já que ele a conhecia devido a grande fama que a menina carregava consigo  – então nós a temos infiltrada aqui a todo instante…

– Mas é claro! Eu não podia deixá-los sujar ainda mais o nome de Kirigakure - a menina falou enquanto abria um sorriso nos lábios.

– Infelizmente você não sairá viva daqui hoje - o líder falou enquanto também sorria. Porém, antes que alguém pudesse fazer alguma coisa, Nezuko manipulou o ar a sua volta e criou cinco lâminas que foram em velocidade máxima na direção dos inimigos mais próximos, cortando profundamente seus pescoços, fazendo eles se engasgarem com o próprio sangue. Aproximadamente 25 inimigos haviam restado e após o ataque da mais nova, eles partiram em direção a mesma que usava toda sua velocidade para se manter afastada deles.

Na tentativa de diminuir ainda mais o número de inimigos. Sem a necessidade de selos, a Hyuuga manipulou o seu chakra para controlar o ar do ambiente, criando constantes rajadas verticalmente na área onde os inimigos se encontravam, gerando uma forte pressão no local e impedindo que 80% deles conseguissem se mover. Porém, os 5 que conseguiam se mover na área sem dificuldade, incluindo o líder, a impediam de acabar com os fracos que permaneciam imóveis.

-Vocês são uns grandes chatos, morram logo! - a menina gritava com raiva, deixando com que o sentimento de Rokubi momentâneamente sobressaísse ao seu.

Assim que a menina terminou de falar, se deixou ser envolvida em um manto de chakra vermelho borbulhante, imitando uma forma feral, liberando as quatro caudas que ela tinha controle, aumentando ainda mais sua velocidade e força. “Isso humana, use bastante meu poder”, a voz de Rokubi pôde ser ouvida em sua cabeça. “Pode deixar, mas não pense que por causa disso vai conseguir tomar o meu corpo”, a menina respondeu enquanto sacava cinco kunais, as marcava com o selo do Hiraishin e as jogava espalhadas pelo local.

Nesse processo ela continuava se movendo para se manter afastada dos inimigos que a atacavam, enquanto se concentrava também em deixar a técnica fuuton ativa para que o restante não voltasse a se mover. Assim que as kunais atingiram os pontos para onde foram jogadas, ela ativou o Hiraishin, se teleportando para trás do grupo. Logo ao surgir, manipulou o ar à sua volta para lançar duas grandes lâminas na direção dos inimigos que estavam imóveis, cortando todos ao meio e voltando a se teletransportar novamente, surgindo do lado direito. Ao se certificar que todos os que não conseguiam se mover estavam mortos, ela desfez a técnica fuuton para economizar chakra.

A batalha já estava rolando a quase uma hora, mas aos poucos foi conseguindo derrotar o restante dos inimigos, um a um, fazendo com que após uma hora ela fosse capaz de superar 4 dos inimigos, deixando que apenas o líder ficasse de pé. “Parece que esse aí tá te dando muito trabalho, criança”, a voz de Rokubi voltou a ser ouvida. “Nada que eu não consiga resolver com mais um pouco de tempo”, a menina respondeu enquanto sacava a Kabutowari e partia para cima do líder dos bandidos para atacá-lo.

Na hora seguinte, a Hyuuga gastou o tempo lutando contra o homem que era extremamente veloz e estava disposto a não deixá-la vencer. Ele conseguia, com dificuldade, desviar dos golpes que a menina desferia com a espada da névoa, às vezes escapando por menos de um centímetro. Porém, em um desses ataques o homem estava certo de que conseguiria se defender com a própria espada, mas foi pego de surpresa quando o machado atravessou a lâmina e o acertou em cheio na diagonal, cortando seu corpo até a metade.

-Parece que que não sai vivo daqui hoje é você - após terminar de falar, ela desferiu outro golpe, porém dessa vez na horizontal e no pescoço, fazendo com que a cabeça do mesmo saltasse para o chão e o sangue espirrasse para todos os lados.

Novamente ela voltou para sua rotina normal; acordar cedo, dar aula na academia ninja, voltar para casa e treinar um pouco. Durante todo o dia, a menina continuava se policiando no consumo de pirulitos, ela estava realmente decidida a superar seu vício em pirulitos, afinal aquilo a deixava dependente e um dia que o doce faltasse em meio a uma batalha, com certeza iria prejudicar seu desempenho.

Em um certo dia, meses após sua última missão, em um dia onde estava de folga das aulas, Yohma passou o cargo para o Senju que também era um espadachim. Nezuko se esforçou para estar presente, ver o Uchiha deixando o cargo era bem preocupante, afinal sua permanência na vila tinha sido autorizada por ele, mas e se o restante dos shinobis discordassem de sua permanência ali? E se o novo Mizukage fosse contra, o que seria dela? Bastava apenas esperar e ver o que aconteceria dali em diante.

Mais uma vez se passaram alguns meses, a espadachim continuava lutando contra o seu vício, afinal superar algo tão forte era extremamente difícil e mesmo que ela tenha diminuído consideravelmente o consumo de pirulitos, ainda restava aquele resquício em situações quase raras e muito desafiadoras e/ou estressantes, onde a menina continuava cedendo ao vício. Um certo dia, a Hyuuga estava sentada no sofá enquanto lia um livro sobre anatomia humana, quando Baku pulou em cima dela e praticamente esfregou um pirulito em seu rosto.

– Olha o que eu tenho aqui! – o primata falava animado – comprei um pirulito pra você!

– Primeiramente – a menina falou após encarar o doce por alguns segundos – com que dinheiro você comprou isso?

– Ah, eu peguei alguns Ryous seus – o macaco respondeu como se aquilo não fosse nada.

– E como você pega meu dinheiro sem me pedir?! – a menina falava indignada com a situação – não faça mais isso!

– Poxa, eu só queria te dar um presente – Baku falava um pouco ressentido, fazendo com que a kunoichi suspirasse.

– Baku, olha… – ela colocou o macaco em seu colo – eu agradeço sua intenção, mas pirulito pra mim é um vício e eu estou tentando parar com isso… Então por favor, leve esse doce pra lá, porque está ficando difícil – ela completava.

– Poxa… - o animal respondeu cabisbaixo – tudo bem, me desculpe por isso.

– Tudo bem, só leva esse troço pra lá – a menina completou e logo o primata saiu dali, deixando-a sozinha novamente.

Os dias foram se passando, formando meses, enquanto a menina continuava na luta para deixar o vício. A cada semana, o consumo de pirulitos diminuía ainda mais, mas junto a isso a preocupação de ter sua permanência na vila aumentava, afinal os nukenins estavam dando cada vez mais trabalho e a menina tinha medo de que isso acabasse refletindo nela, afinal ela era uma nukenin e sua permanência ali tinha garantia enquanto Yohma era o Mizukage, mas agora a liderança da vila tinha mudado e isso já não estava mais tão seguro assim.

A Hyuuga continuou com sua vida normal, se controlando para superar seu vício enquanto dava continuidade aos seus afazeres como professora da Academia Ninja e assim foi por meses, até que um ano depois ela já não sentia mais a necessidade de comer o doce, superando por completo seu vício. Sua vida estava tão quieta e pacata que ela começava a achar que o novo Mizukage não a via como alguém de confiança para resolver problemas.

Em um certo dia, ela tinha acabado a aula na Academia e andava em direção a saída do local para dar início a caminhada até em casa, quando foi abordada novamente por dois integrantes da Anbu. Seus olhos brilharam ao perceber a presença de ambos, afinal isso poderia significar que ela seria enviada em uma missão novamente e isso fez com que ela ficasse bem empolgada.

– Hyuga – um deles se pronunciou – o Mizukage-sama te escalou para uma missão de grande importância, todas as informações estarão nesse pergaminho – assim que terminou de falar, o outro Anbu entregou o pergaminho e logo em seguida a dupla deixou o local.

A menina guardou o pergaminho e começou a andar mais rápido para casa, estava ansiosa para finalmente sair em uma missão após longos meses. Logo ao chegar, deixou as coisas em cima do sofá da sala e abriu o pergaminho, revelando as informações que tinham dentro do mesmo. Um grupo de mercenários estava atacando algumas vilas menores e com isso deixando a situação de Kirigakure ainda mais complicada, o dever da Hyuuga era investigar esse grupo, identificar seus alvos e planos, se infiltrar no acampamento deles e eliminá-los. Todas as informações pertinentes à missão também estavam presentes no pergaminho.

– Uma missãozinha rank S, era tudo o que eu precisava - a menina falava animada enquanto preparava as coisas para que pudesse partir imediatamente.

Pouco antes de uma hora ela já estava pronta e assim deu início a viagem para o leste, direção onde os mercenários estavam atuando. No pergaminho continha um mapa onde a área de atuação dos mercenários estava marcada. O local era tomado por florestas, o que tornava difícil para um shinobi comum ou apenas um civil encontrarem o acampamento, também facilitando uma emboscada em possíveis invasores. Porém Nezuko era diferente, toda aquela vegetação não a impedia de enxergar além. Rapidamente ela ativou o byakugan do olho esquerdo, para poder complementar seu raio de visão do olho direito.

Ao chegar a vinte metros de distância do local, Nezuko teceu os selos necessários para ativar um jutsu que fez com que chamas a cobrissem e a tornassem invisível, após isso ela começou a se mover por cima das árvores, adentrando a área de atuação dos mercenários. A Hyuuga permaneceu invisível por várias horas, pois assim era mais fácil se aproximar dos inimigos para conseguir escutar o que eles diziam e colher informações. Durante esse tempo Nezuko descobriu que os mercenários vêm de diversas regiões e vilas de outros países ninja. Eles são uma mistura de nukenins, ex-shinobis e guerreiros independentes, tornando-se um grupo heterogêneo.

Ao passar um dia, ela foi capaz de descobrir mais coisas, como: eles patrulhavam a área sempre em dupla, haviam pontos cegos, o horário da troca de turnos, etc. Ao completar 24 horas de observação a menina começou a se mover pela floresta, sempre sendo cautelosa e silenciosa, à procura de alguma caverna que pudesse usar como esconderijo, encontrando uma que era bem disfarçada pelos grossos troncos e folhas que a cobriam. A partir desse momento ela começaria a pôr seu plano em prática. Ela pulou por cima das árvores até chegar a 30 metros de distância da caverna, a troca de turno iria acontecer naquele momento.

Esperou até que uma dupla viesse render a atual e quando a troca foi feita, Nezuko desfez a técnica de fogo, voltando a ficar visível, porém ainda escondida no topo da árvore, coberta pela grande copa. Esperou alguns minutos para que tivesse certeza de que a dupla anterior havia se distanciado o suficiente e só então teceu o selo necessário para criar um clone das sombras ao seu lado e juntos eles avançaram em velocidade máxima na direção dos oponentes, usando dois dedos para aplicar um golpe rápido entre as clavículas, na base do pescoço, fazendo com que suas faringes cedessem e rapidamente não conseguissem mais respirar. Nesse momento, a menina desfez o clone e observou a dupla agonizando por alguns segundos antes de caírem desmaiados no chão.

A Espadachim se aproximou de ambos e, concentrando chakra medicinal em suas mãos, colocou-as sobre seus pescoços e começou o processo de cura que durou longos minutos. Rapidamente ela pegou fios de aço na bolsa de armas e usou-os para amarrar os braços e pernas dos capturados, arrancando as mangas de sua roupa para amordaçá-los. Ao estar pronta, deixou que a forma inicial cobrisse seu corpo, aumentando sua velocidade e força e assim colocando um inimigo em cada ombro e partindo em velocidade máxima na direção da caverna, mas sempre atenta em permanecer silenciosa.

Logo ao entrar na caverna, Nezuko largou ambos no chão, colocando-os sentados com as costas encostadas na parede. Ela se agachou ao lado do que estava do lado esquerdo. Ele era careca e muito branco, algumas cicatrizes se espalhavam pelo seu rosto. Repentinamente ela deu um tapa no rosto do homem, utilizando força necessária apenas para machucar e não matar. “Você está muito agressiva ultimamente, humana”, a voz de Rokubi ecoou em sua cabeça enquanto o estalo do tapa ecoava na caverna. “Sempre fui, você apenas chegou em uma época que eu passo mais tempo dentro da vila”, a Hyuuga respondeu e abriu um sorriso.

– Acorda porra! – a menina falou e logo o homem abriu os olhos, arregalando-os ao perceber que estava preso e em uma situação nada agradável. Ela retirou o pano que tapava a boca do mesmo – Preciso de umas informações de você – ela revelou sua intenção – e eu posso conseguir isso de duas formas: pacificamente, onde você me fala tudo por livre e espontânea vontade ou então de modo agressivo, onde eu arranco cada dedo lentamente até você me dizer o que quero saber - enquanto falava, a menina tinha um sorriso no rosto.

– Eu não vou te falar nada! – o homem falou apavorado.

– Poxa… Tem certeza? – a menina colocou a mão na bolsa de armas e pegou a chakura to – tem necessidade mesmo de você ter que sentir uma dor insuportável pra depois me falar? É só falar agora que você evita tudo isso - o homem apenas ficou quieto encarando a menina.

A espadachim então enfiou o pano dentro da boca do homem para abafar os gritos e começou o processo de tortura pelos dedos, usando toda sua força para arranca-los puxando. Sempre que terminava de arrancar um, ela fazia perguntas, voltando a arrancar outro quando o capturado não respondia, usando chakra medicinal apenas para estancar o sangramento e não deixar que o homem morresse de hemorragia, chegando a arrancar nove dedos da mesma forma. Após trinta minutos de tortura, o homem respondeu todas as perguntas feitas pela garota.

Ao terminar com o primeiro, a Hyuuga acordou o próximo, fazendo o mesmo processo de tortura, mas chegando a arrancar apenas 4 dedos, esse era menos leal que o primeiro e valorizava a própria vida. Ela fez as mesmas perguntas para ele e obteve as mesmas respostas. Nezuko descobriu que suas motivações são variadas, incluindo busca por poder, vingança contra grandes vilas e governos, bem como simples ganância por riquezas. Descobre também que existe uma colaboração tênue entre os mercenários e algumas das milícias de nukenins presentes na região. Isso sugere uma rede mais ampla de interesses compartilhados, tornando o cenário ainda mais complexo. O segundo acaba descrevendo também o líder.

– Bom, acabei com vocês dois já – ao terminar de falar, usou a chakura to para arrancar a cabeça de ambos em apenas 1 segundo.

“Droga… Eu vou matar o líder desse grupo, mas isso não vai resolver o problema todo, apenas uma parte dele”, ela pensava enquanto voltava a subir nas árvores e começava a pular por cima deles, sempre se mantendo oculta e silenciosa. “Parece que Kirigakure está com grandes problemas”, a voz de Rokubi pôde ser ouvida novamente, nesses últimos tempos a besta estava mais aberta a conversas e isso até que estava sendo uma coisa boa. “Bom… Não vai resolver tudo, mas pelo menos vai dar uma prejudicada”, voltou a pensar enquanto procurava o homem da descrição obtida pela menina.

Alguns minutos de procura se passaram até que a Hyuuga encontrou o homem sozinho, ele parecia ter muita confiança em suas habilidades, afinal era o único que andava sem a companhia de outra pessoa. A menina tinha a vantagem e iria se aproveitar disso. Ela pegou as espadas gêmeas nas costas e então, usando toda sua velocidade, partiu para cima do homem. A batalha entre os dois, não durou muito, pois o primeiro golpe da menina conseguiu feri-lo, deixando-o em desvantagem.

Por mais que estivesse machucado, o líder era realmente habilidoso, dotado de grande velocidade, o que o ajudava a conseguir esquivar da maioria dos ataques da menina que por sua vez usava sua também grande velocidade e inteligência para conseguir estudar o inimigo e ser capaz de desferir golpes que aos poucos foram enfraquecendo ainda mais o mais velho. Até que o hora de seu último golpe chegou; golpeou o inimigo, com as lâminas banhadas em chakra fuuton, no pescoço, usando as espadas para formar um x, decepando-o.

Após derrotar o líder, ela começou a derrotar o restante dos mercenários, levando um pouco mais de uma hora para limpar tudo. Ao certificar-se que não tinha sobrado mais ninguém vivo, Nezuko iniciou sua caminhada de volta para vila, tinha muito o que reportar para o Kage sobre tudo que havia descoberto.

Poucos meses se passaram desde sua última missão, a Hyuuga havia conseguido permissão para visitar sua família por algumas horas. Ela havia prometido que não demoraria para vê-los novamente, porém anos já tinha se passado e ela não tinha cumprido sua promessa. Ao chegar, foi recebida por Uzui, Shinobu e Kazuki, que agora já tinha quatro anos de idade. Ela passou a tarde com eles e no final, decidiu levá-los para Kirigakure junto com ela. Ao chegarem, ela os apresentou a nova casa na qual iriam morar a partir daquele momento.

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