As noites em Konoha sempre traziam uma brisa fresca, e aquela não era diferente. As sombras das árvores dançavam em meio à luz da lua enquanto eu seguia silenciosamente pelas ruas da vila. Eu era um ninja sem clã, um sobrevivente das adversidades da vida. Desde criança, fui deixado à própria sorte nas ruas de Konoha. Sem pais, sem família, sem raízes. A solidão foi minha única companheira, e a sobrevivência, meu mestre. Com o tempo, aprimorei minhas habilidades e me tornei um ninja talentoso. Mas, apesar de toda a minha destreza, havia algo que me incomodava profundamente: minha origem desconhecida.

Eu nunca soube de onde vim ou quem eram meus pais. Essa incerteza se tornou uma cicatriz emocional que eu carregava comigo todos os dias. Eu não pertencia a lugar nenhum, não fazia parte de nenhum clã. Mas, por alguma razão, sempre senti uma conexão especial com os Senju, um dos clãs mais antigos e respeitados de Konoha. Assim como meu amigo Tay, atual Hokage e, meu companheiro de guerra Chozen, atual líder do clã.

Um dia, quando eu estava explorando os arredores da vila, tentando encontrar alguma novidade para minhas pesquisas, recebi uma carta de um estranho, que antes que eu pudesse lhe questionar, desapareceu na escuridão das sombras da noite. A carta possuía apenas as coordenadas de um lugar e assim procurei seguir, quando descobri uma passagem secreta que levava a um templo antigo. Lá, encontrei um ancião vestido com as vestes tradicionais da vila, expondo o símbolo dos Senju. Seu rosto era enrugado pelo tempo, mas seus olhos pareciam transmitir sabedoria e gentileza.

― Quem é você, jovem ninja? - perguntou o ancião com uma voz calma.

― Meu nome é Chokorabu Makudaneru. Sou sannin de Konoha! - respondi, mantendo a cautela.

― Makudaneru?! Nunca ouvi falar nesse clã…

― Não é um clã, é apenas meu sobrenome, apenas - respondi com desdém.

― Vejo em seus olhos uma determinação e uma força incomuns para alguém que não pertence a um clã. Você pode não ter nascido como um Senju, mas pode ter o espírito de um. Diga-me, o que o trouxe aqui? - indagou o ancião, olhando-me com interesse.

Fiquei receoso por um breve momento, mas no final, resolvi confiar nele e contar sobre algo que me incomodava a anos, mas vinha esquecendo gradativamente, de certa forma; minha busca por respostas, sobre a solidão que me assombrava desde criança e como sempre senti uma conexão inexplicável com o clã Senju.

O ancião parecia escutar atentamente cada palavra que saía dos meus lábios. Sua expressão permanecia serena, mas eu podia perceber uma chama de compreensão em seus olhos.

― Você tem uma energia especial, Chokorabu. Uma energia que eu vi apenas em alguns membros do clã Senju. Parece que o destino o guiou até aqui para que pudéssemos nos encontrar - disse ele.

Aquelas palavras ecoaram em minha mente, e um sentimento de esperança começou a florescer em meu coração. Seria possível que eu realmente tivesse alguma ligação com o clã Senju?

― O que você quer dizer com "energia especial"? - perguntei curioso, fazendo aspas com os dedos nas mãos me referindo às duas últimas palavras ditas.

― Os Senju são conhecidos por sua forte conexão com a natureza e a capacidade de controlar o chakra de forma excepcional. Além disso, nosso clã valoriza a lealdade, a determinação e o espírito de luta. Vejo essas qualidades em você, e elas não são comuns a qualquer ninja - explicou o ancião.

Eu me sentia lisonjeado pelas palavras do ancião, mas ainda tinha dúvidas.

― Mas se eu realmente tivesse alguma ligação com os Senju, por que fui abandonado? Por que nunca soube sobre minha família? - indaguei, com um toque de tristeza em minha voz.

O ancião suspirou antes de responder.

― Nem tudo em nossa jornada é explicável, Chokorabu. Às vezes, o destino nos coloca em caminhos difíceis para que possamos aprender e crescer. Acredito que sua infância difícil e solitária serviu para forjar seu caráter e desenvolver suas habilidades. Talvez tenha sido uma prova que você precisava enfrentar antes de abraçar sua verdadeira identidade.

Suas palavras faziam sentido, e eu refletia sobre cada uma delas. A jornada solitária que eu havia trilhado até ali poderia realmente ter moldado meu ser de maneira única.

― Mas e agora? O que devo fazer? - perguntei ao ancião.

― A escolha é sua, Chokorabu. Você pode permanecer como um ninja independente, mas se sente uma conexão com o clã Senju e deseja explorá-la, será bem-vindo em nossa família. Eu não posso garantir que encontrará todas as respostas que procura, mas estarei aqui para apoiá-lo em sua jornada - respondeu o ancião com sinceridade.

Ouvir essas palavras fez com que meu coração se enchesse de gratidão. A possibilidade de finalmente pertencer a um lugar, a uma família, era algo que eu sempre desejei, mas nunca achei que fosse possível.

― Eu gostaria de tentar. Quero descobrir mais sobre minha origem e sobre o clã Senju - disse com determinação.

O ancião sorriu, parecendo satisfeito com minha decisão.

― Muito bem, Chokorabu. Amanhã, trarei você ao nosso distrito, para se encontrar com os outros membros do clã. Mas lembre-se, nosso caminho não será fácil. Haverá desafios e obstáculos, mas estaremos juntos nessa jornada. Lembre-se, que ainda não sabemos se realmente possui tal linhagem, posso estar enganado, apesar de nunca ter acontecido isso, hehehe!

Concordei com um aceno, sentindo uma mistura de excitação e ansiedade. A partir daquele momento, minha vida poderia tomar um rumo completamente novo, e eu abraçaria as oportunidades que o destino me reservava. A conversa com o ancião se prolongou por horas, enquanto ele compartilhava histórias sobre a grandiosidade do clã Senju e sua relação com a vila de Konoha. Sua sabedoria era imensurável, e eu absorvia cada palavra como se fossem pérolas de conhecimento. Mesmo que não pertencesse a aquele clã, a conversa e os conhecimentos obtidos, valeriam a pena.

Na manhã seguinte, o ancião cumpriu sua promessa e me levou ao distrito do clã Senju. Ao entrar em seus domínios, senti uma sensação de pertencimento que nunca havia experimentado antes. A acolhida dos outros membros do clã Senju foi calorosa e genuína, como se eles já soubessem que eu estava destinado a estar ali. Enquanto caminhávamos pelos arredores, o ancião me apresentou a alguns dos membros importantes do clã. Eles me trataram com respeito e interesse, ansiosos para conhecer o ninja que carregava em si uma energia tão singular.

À medida que o tempo passava, eu participava das atividades do clã, treinava com os outros membros e aprendia mais sobre a história e tradições Senju. Minha conexão com a natureza parecia se intensificar a cada dia, e meu controle de chakra melhorava rapidamente. Eu me sentia em casa, como se finalmente tivesse encontrado meu lugar no mundo.

No entanto, apesar de me sentir acolhido e valorizado pelos membros do clã, ainda havia uma parte de mim que ansiava por respostas sobre minha verdadeira origem. Ainda não sabia o motivo pelo qual fui abandonado e se havia algum parente vivo em algum lugar. Essas incertezas continuavam a me atormentar.

Um dia, enquanto eu treinava sozinho em um tranquilo bosque, o ancião se aproximou silenciosamente e sentou-se ao meu lado.

― Sei que ainda há muitas questões em sua mente, Chokorabu. Você é um jovem talentoso e corajoso, e tenho certeza de que encontrará as respostas que procura - disse ele, olhando para o horizonte.

― Às vezes, sinto medo de que minhas origens sejam muito obscuras e que a verdade seja difícil de aceitar - confessei, com um nó na garganta.

O ancião colocou a mão gentilmente em meu ombro.

― A verdade nem sempre é fácil, mas enfrentá-la é o que nos faz crescer. Você é o Sannin de Konoha, um dos Guardiões da Paz e reconhecido como Grande Defensor no mundo shinobi, mas, independentemente do que descobrir, lembre-se de que você é mais do que sua origem. Você é um homem corajoso, justo e leal. Isso é o que realmente importa. Pude perceber durante estes dias de convívio contigo.

Seus sábios conselhos eram reconfortantes, e eu senti que ele entendia as inseguranças que eu carregava. Aquele momento de compartilhamento fortalece nossa conexão.

Enquanto os dias passavam, minha ligação com o clã Senju se aprofundava cada vez mais. Eu me via envolvido nas decisões do clã, ajudando a proteger a vila de ameaças externas e cultivando laços com os outros membros. Aos poucos, fui sendo aceito como um igual, não apenas por minhas habilidades, mas também pelo meu caráter e dedicação.

Um dia, após uma árdua batalha contra ninjas renegados, o ancião me chamou para uma conversa particular em sua residência.

― Chokorabu, você mostrou-se digno de pertencer ao clã Senju. Sua força e sua determinação são admiráveis. Não somente isso, você tem uma monstruosidade quantidade de chakra além de sua grande vitalidade, características essas dos membros de nosso clã e não me restam dúvidas. É com grande honra que lhe ofereço o sobrenome Senju. Ainda que não aceite, saiba que você é um Senju não somente de coração, como de linhagem e isso eu pude sentir desde o nosso primeiro encontro - disse ele, com seriedade.

Fiquei atônito com suas palavras, as emoções transbordando em meu peito. Eu nunca imaginei que esse dia chegaria. Ser aceito como um membro oficial do clã Senju era uma honra indescritível.

― Eu... Eu não sei o que dizer… - murmurei, lutando para conter as lágrimas de felicidade.

― Não precisa dizer nada, meu jovem. Suas ações e dedicação falam por si só. A partir de agora, você será conhecido como Chokorabu Makudarenu Senju - anunciou o ancião, sorrindo.

Eu me senti completo naquele momento. As incertezas e as feridas emocionais do passado pareciam diminuir diante da aceitação do clã. Eu finalmente tinha uma família, um propósito e um lugar a que pertencer.

― Chokorabu, tenho algo para lhe entregar, que confirma sua linhagem - o ancião cochichou em meu ouvido e me entregou um pergaminho.

Assim como percebi certo mistério em me entregar aquele pergaminho, procuro abri-lo longe de olhos alheios. No campo de treinamento do distrito Senju, isolado dos demais, busco ver o conteúdo do pergaminho e nele estava escrito, algo que me encheu de lágrimas de felicidade e tristeza.

Meu amado e querido filho,

Escrevo estas palavras com um coração carregado de tristeza e saudade, mas também com a certeza de que o amor que sinto por você transcende os limites da existência terrena. Embora eu nunca tenha tido o privilégio de segurar você nos braços e ver seu rosto por muito tempo, a conexão entre nossas almas é eterna.

A vida é repleta de mistérios, e, às vezes, ela nos coloca diante de desafios que vão além de nossa compreensão. A guerra, essa cruel realidade que nos separou antes mesmo de nos conhecermos, ceifou a possibilidade de nosso encontro no mundo físico. Mas saiba, meu pequeno, que em meu coração você vive e sempre viverá.

Desde o momento em que soube de sua existência, eu o amei incondicionalmente. A esperança de poder abraçá-lo um dia, cantar para você e cuidar de cada passo em sua jornada, alimentou meus sonhos mais preciosos. Ainda assim, as circunstâncias me roubaram esse presente, e a dor da perda é imensurável.

Mas, meu querido, mesmo na tristeza, escolho me lembrar do amor. Lembro-me das noites em que conversava com você em meu ventre, compartilhando segredos que apenas as mães e seus filhos conhecem. Cada batimento do meu coração era um acalento para sua alma, e minha voz era uma melodia destinada a embalar seus sonhos.

Enquanto a guerra rugia lá fora, eu rezava com todas as forças para que você estivesse seguro, mesmo sem saber onde você estava. Imaginava nossos momentos juntos, com os olhos cheios de lágrimas e a esperança inabalável no coração. Infelizmente, o destino reservou outro desfecho para nossa história, mas tenha certeza de que, no meu último suspiro, meu pensamento foi para você.

Sinto um vazio imenso em minha alma por não ter tido a oportunidade de ser sua mãe da forma que sonhei. No entanto, apesar da dor, sou grata por cada momento em que você habitou meus pensamentos, por cada sorriso imaginário que compartilhamos e por cada momento em que fomos um só, unidos pelo laço do amor que ultrapassa as barreiras da vida e da morte.

Espero que você possa encontrar consolo e força em saber que você sempre teve e sempre terá o amor mais puro e verdadeiro de uma mãe. Onde quer que você esteja, meu doce filho, saiba que estarei ao seu lado, olhando por você do céu, protegendo-o como um anjo invisível.

Agora, com o coração em pedaços, eu me despeço, com a certeza de que um dia nossas almas se encontrarão novamente, e, então, poderei abraçá-lo e dizer o quanto sempre o amei.

Com amor eterno,

Sua mãe.

― Sua mãe deu luz a você e seguiu para uma missão de rank elevadíssimo, ela suportou o máximo, mas infelizmente el.. - eu cai em prantos sobre os braços do ancião, interrompendo sua fala.

Com o tempo, minha relação com o ancião se fortaleceu, e ele se tornou um mentor e uma figura paterna para mim. Ele me ensinou a honrar a história dos Senju, a valorizar a amizade e a lutar pela paz. Eu nunca esqueci as dificuldades que enfrentei em minha infância solitária. Ainda havia momentos em que a dor do abandono ressurgia, mas agora eu tinha uma família que me apoiava e me dava forças para seguir em frente.

Minha jornada de descoberta e autoaceitação me ensinou que a verdadeira família não é apenas aquela ligada pelo sangue, mas sim aquela construída por laços de amor, lealdade e compreensão. Eu tinha encontrado essa família nos Senju e em meu querido ancião.