Finalmente acordei. Caramba parece que eu fui espancado, acho que participar de todas essas missões acabou que me abalou físicamente, eu realmente precisava dessa noite de sono. Pude levantar após alguns minutos relutando na cama, fui diretamente para o banheiro tomar um banho. Após algum tempo sai do banheiro já com o corpo limpo e boca escovada. Desci as escadas, parece que não tem ninguem em casa, meus pais já devem ter saído para trabalhar. Bebi bastante agua e peguei duas maçãs que estavam na mesa, rapidamente corri para a porta saindo de casa.


Eu estava empolgado, iria começar minha sessão de treinamento do dia. Fiz meu caminho pelas ruas de Iwagakure indo até o portão, lá eu sairia, acenando para alguns guardas que estavam de plantão.


- Fala, campeão! Até o final do dia retorno, vou treinar um pouco naquela montanha bem ail. - Falei com um dos guardas apontando para uma das montanhas que estava nas redondezas da vila. Após a confirmação, fiz meu caminho até a base da montanha. A subida era uma estrada não muito íngreme, mas tinha bastante obstaculo, aproveitei para testar minha resistencia física. Dei os primeiros passos caminhando. Após algum tempo subindo eu percebi uma certa movimentação em volta. Algumas pedrinhas cairam, parecia ser o vento mas por algum motivo senti meus instintos me indicando o contrario. Dei uma breve olhada em volta só para ter certeza. Parei de caminhar, senti o vento tocando meu rosto, eu já estava há varias dezenas de metros acima, podia ver parte da vila daqui, porém ainda tinha aquela sensação de estar sendo observado.


Instintivamente puxei minha kunai, foi quando surgiram, como sombras, 4 individuos. Dois estavam a minha frente e dois estavam na retaguarda.


- Olha só, parece que hoje não é o dia de sorte de vocês... barraram logo com o genin mais forte da vila! - Eu tentava ludibriar eles, mas obviamente eu estava em desvantagem e sabia que seria uma batalha arriscada.


- Cala a boca, garoto! Sabemos que vocÊ é um ninja de Iwagakure. Nos dê tudo que você tem, caso não tenha nada nós veremos se seus superiores realmente se importam com sua vida. - Um deles falou. Era óbvio que aquilo era uma ameaça. Eu precisava fazerr algo... ou hoje podia ser meu ultimo dia livre.

Parece que meu coração estava a sair pela boca, eu nunca fiquei em uma situação como essa antes, cercado dos dois lados. Rapidamente pulei para o lado e tentei manter os dois grupos em meu canto de visão, observando os quatro bandidos, dois em cada lado, não seria inteligente manter as costas para um deles. Com minha kunai já em mãos eu levantei levemente e coloquei na frente do rosto. A kunai tremia denunciando que minhas mãos também tremiam, uma gota de suor escorreu por minha testa e eu respirei fundo, tentando manter a calma.
"Calma, Hiroki... calma. Mantenha a mente limpa. Observe bem, oque você irá fazer é..." eu pensava, falando comigo mesmo, enquanto tentava criar um plano, porém antes de concluir minha estrategia mental eu podia sentir o chão tremer. Do topo da montanha algumas pedras rolavam para baixo e rapidamente uma fissura se abriu seguindo em direção aos dois bandidos. A fissura fazia seu percurso se abrindo em alta velocidade. Ela abriu logo abaixo de seus pés fazendo eles afundarem. Naquele mesmo momento em vi um homem que mais parecia um senhor de 85 anor, ele estava encima de um pedregulho que se movia deslizando pelo solo, como se estivesse sendo controlado pelo senhor. O pedregulho parou com o idoso encima dele, deixando para trás um rastro na terra. Aquele homem olhou para mim com um olhar sério e que exalava experiencia. Vi ele efetuando alguns selos de mão, até que ele chocou as duas mãos e a fissura que havia engolido os bandidos cuspiu os quatro para longe da montanha, como uma pequena erupção do solo. Pelo que entendi bem eu havia sido salvo, agora seria a hora de conhecer meu heroi.
- CARAMBA! Senhor, isso foi incrivel! O senhor criou um terremoto que derrubou eles, e depois fez isso, e depois aquilo... - eu estava nitidamente animado, eu nunca vi uma habilidade estilo terra daquela forma, eu precisava aprender aquilo.
- Garoto, não é bom ficar nessa região da montanha. Existem muitos bandidos por aqui.
- Sim sim, mas eu sei me defender... - eu respondi.


- Claro, vi bem como você estava quase mijando nas calças.
- Eu não... - Eu parei para refletir, e de fato eu estava muito assustado. Suspirei fundo e abaixei a cabeça. - Talvez se eu soubesse essas suas tecnicas de tremer terra eu poderia ser mais util. O que acha de me ensinar?
- E por que eu deveria lhe ensinar, rapaz? - Ele parou, desceu do pedregulho e caminhou até mim, naquele momento deu um leve medo mas mantive a postura.
- ...Bem, porque talvez um dia o senhor era como eu. - Eu não sei porque disse isso, mas deduzi que um homem idoso tão experiente, também era um jovem incrivel como eu. Ele me olhou e deu um leve sorriso, expondo as rugas de seu rosto. Em seguida ele se virou e fez um sinal para eu lhe seguir. Não esperei um segundo sequer, corri para tentar acompanha-lo... finalmente uma boa notícia!

- Estamos chegando?... E agora?... Falta muito? - Sinceramente a subida parecia uma eternidade, mas na verdade se passaram apenas alguns minutos. Eu estava ansioso para chegar logo no destino. O senhorzinho estava na frente, ambas as mãos para trás enquanto caminhava de forma lenta e calma. Ele não respondia minhas perguntas, pelo visto era um teste de paciencia.


- Qual seu nome, senhor? - Eu perguntei. Ele lentamente parou e se virou para mim.


- Chegamos... - Olhei em volta, estavamos em uma area plana, parecia um penhasco. Proximo haviam 3 pedregulhos, enormes, provavelmente não tinham menos que 5 metros de altura. Havia uma fogueira em um canto, aparentemente era onde o senhor misterioso estava se abrigando. Ele se sentou perto da fogueira e suspirou fundo, parecia que tudo que ele fazia era em camera lenta, era meio irritante.


- Certo, o que preciso fazer?- Eu perguntei, ainda impaciente. Ele demorou quase 30 segundos para responder, até que finalmente disse algo.


- Quebre as pedras.


Ora, mas que cara complicado. Ele me faz andar quilometros acima só pra quebrar algumas pedras? Eu posso fazer isso com meu jutsu de estilo terra.


- Porém não use nenhum jutsu de terra, senão os proprios tremores que ela proporciona. Não é dificil, primeiro se conecte com a terra, junte seu chakra com o chakra que vem dela, faça isso pelos pontos de charka de seu corpo. Após isso perturbe a ligação de chakra da propria terra e conduza isso au seu bel prazer, gerando vibrações e tremores. Agora pratique.


Eu admito que foi muita informação, mas eu sabia do que ele estava falando. Ainda assim foi dificil. Sem selos de mão?Sem nada?Bem, eu iria mostrar pra ele que eu conseguiria, ele veria que eu sou um prodigio. Diante disso comecei a concentrar meu chakra por alguns segundos e em seguida bate o pé contra o chão. Nada aconteceu. Tentei de novo e surgiu apenas um barulho de pedra mexendo. Tentei de novo... e de novo... e nada... parece mais dificil do que penso.

Era frustrante falhar. As vezes olhava para aquele velho que sequer me disse seu nome e via seu olhar me julgando, parecia que ele estava se divertindo de me ver falhando. Houve um momento que eu simplesmente não aguentei mais essa zombação.


- O que você pensa que está rindo, seu velho? Eu estou tentando, está ouvindo?ESTOU TENTANDO! - Por algum motivo eu me exaltei. Fiquei irritado, na verdade eu estava irritado, sem razão. Eu podia sentir minhas mãos tremendo, meu rosto suava e minhas palpebras tinham espasmos. Minha respiração parecia mais pesada e meu coração parecia que ia sair do peito. Naquele momento eu olhei para minhas mãos e senti uma leve fraqueza, eu precisava voltar a concentração, precisava de fogo. Rapidamente puxei um pirulito de meu bolso e retirei o embrulho, jogando ao chão sem nem perceber. Coloquei o pirulito na boca e senti o doce, meu paladar me recompensou com uma sensação gratificante. Curiosamente em questão de segundos meus espasmos pararam, minha mão parou de tremer e parecia que eu havia recuperado o controle.


- ...Então é o doce... - O senhor misterioso disse, sentando proximo a fogueira com uma xicará com algo quente dentro, parecia ser chá. - Garoto, você está viciado... isso lhe trará problemas, recomendo vocÊ lidar com isso o mais rapido possível. Porém não estou aqui para lhe ajudar nisso, estou aqui para lhe ensinar a habilidade Guraton. Vi que você tentou e não conseguiu, acho que agora eu deveria lhe passar uma explicação mais clara. - Parece que finalmente ele vai me dizer como agir.


Vi ele se levantando, ainda com a xicará em mãos. Ele caminhou até mim com passos lentos e curtos, parou ao meu lado e bebeu seu chá, tinha cheiro de menta.


- Você está tentando fazer o chão tremer, mas a verdade é que você quem tem que tremer. VocÊ precisa estar conectado com o solo não apenas pelo toque, mas pelo chakra. Seja um só com ele, sinta como se fosse extensão de seu corpo, assim como vocÊ sente seu braço, dessa forma, somente dessa forma, você conseguirá causar vibrações tão potentes que destruirá não apenas pedregulhos, mas uma montanha inteira se for o caso. - Eu não sei se ele estava blefando nessa ultima parte, mas eu fiquei motivado a tentar novamente.


- A proposito, garoto, sou conhecido como Sorasa.

A explicação do senhor Sorasa foi boa, deu para entender como funciona, na teoria, agora eu precisava entender na prática. Lentamente eu separei meus pés alinhando com os ombros. Em minha frente eu observava aqueles três pedregulhos, eles estavam alinhados, com um espaçamento de mais ou menos 10 metros entre um e outro, eles estavam proximo a ponta do penhasco. Atrás de mim estava senhor Sorasa que retorou para seu canto na fogueira bebendo seu chá. Eu sabia que precisaria me concentrar, por isso fechei os olhos e canalizei meu chakra por todo meu corpo. Eu me lembrava dos ensinamentos da academia, tentei mentalizar meu chakra como um sistema de tubulação que percorria por todo meu corpo, diante disso mentalizei o chakra percorrendo esse sistema de tubulação indo em direção até o meu pé, onde tentaria enviar para o chão.


O processo de concentração demorou um pouco, porém após algum tempo eu tive uma sensação que sinceramente não sei explicar. Deduzindo que aquela sensação seria um sinal de que eu podia avançar, eu dei o proximo passo. Tentei usar meu chakra elemental e canalizar ele para o solo, como ondulações, rapidamente o chão começou a tremer e se tornou cada vez mais intenso. Uma nuvem de poeira se formou em volta enquanto pedras caiam do penhasco. Eu deslizei o calcanhar no chão em direção a um dos pedregulhos, uma fissura se formou no chão e seguiu até ele, a fissura continuou por todo o pedregulho, o dividindo no meio com uma rachadura, seus pedaços cairam para trás e despencaram penhasco abaixo.


Continuei praticando empurrando mais tremores que, não sendo mais fissuras, se intensificaram, busquei canalizar os tremores para frente, para não atingir senhor Sorasa. Pouco a pouco os tremores se intensificaram ao ponto de desmanchar aqueles pedregulhos como se fossem pedras de areia. Tentei explorar ainda mais essa nova habilidade e dei um pisão no chão, o tremor foi tão intenso que fez despencar um pedaço do penhasco, vi que aquilo era arriscado ao ponto de deformar o ambiente. Um sorriso largo estava em meu rosto e rapidamente olhei para trás para ver a cara de satisfação de senhor Sorasa, porém tudo que vi foi sua xicará de chá ao lado da fogueira. Ele se foi.


- ...Obrigado, Senhor Sorasa.