Ichiiro acordou animado para seu treinamento matinal — estava aproveitando que, após ter se formado genin, nenhuma atribuição havia sido passada para ele e o quartel apenas o tinha instruído para aguardar pelo contato de um oficial. Nesse meio tempo, ele sabia que precisava trabalhar em todas suas falhas se quisesse realmente cumprir o propósito estabelecido — embora duvidasse que na situação atual sua família ainda corresse algum risco de ser visitada por fantasmas do passado, usava o objetivo como algo para se manter no horizonte, um objeto inalcançável mas que ele continuaria a correr atrás enquanto houvesse fôlego. Lendas eram criadas a partir de ninjas que sempre continuavam a melhor, como se possuíssem um potencial infinito e mesmo que Ichiiro não almejasse tanto, era um modelo a seguir. Saiu de sua casa pela manhã, quando a vila ainda estava preguiçosa e as ruas muito vazias, somente com outros shinobi terminando rondas que haviam começado pela madrugada, carregando alguns objetos que imaginou que o ajudariam. O lugar de anteriormente pouco serviria para o treino que tinha em mente, portanto avançou através das ruas centrais até se afastar o bastante para encontrar o local apropriado. Estava diante de uma área nos limites da Pedra, um campo aberto e plano, com algumas árvores sobrevivendo à paisagem rochosa. Depois que decidiu por aquele lugar mesmo, começou.

Ele começou correndo em linha reta, até o fim da planície e depois voltando, também correndo, aumentando gradualmente a velocidade a cada vez que invertia o sentido da corrida. Era apenas um breve aquecimento, embora também tenha servido para medir o quão parcas eram suas habilidades atléticas. Quando sentiu que estava aquecido o suficiente, Ichiiro iniciou seu primeiro exercício de fato. Ele colocou objetos que serviram como cones de treinamento em diferentes distâncias e direções, e treinou para se deslocar entre eles o mais rápido possível, mantendo uma boa postura e equilíbrio. Ichiiro repetiu esse exercício várias vezes, usando cada tentativa para ajustar um aspecto deficiente do exercício. Havia aprendido na academia que a melhor forma de lidar com treinamentos e qualquer tipo de evolução solitária, era quebrar os treinos em atividades generalistas, sem nenhuma especificidade dentro do que estava sendo treinado, para depois perceber os pontos de melhoria e os trabalhar um a um. Era o que estava fazendo, primeiro se atentando aos reflexos falhos, derrubando muitos cones nas primeiras tentativas, até que optou por diminuir a velocidade e conseguiu trabalhar melhor sua coordenação motora; depois aumentou gradativamente a velocidade do exercício, conseguindo derrubar menos cones, mas ainda sentindo que mantinha sua velocidade abaixo do limite. Repetiu, depois, focando em sua explosão, diminuindo ligeiramente a velocidade antes de um obstáculo, depois acelerando o máximo que podia, novamente com o intuito de diminuir o menor número possível de cones. Percebeu que, ao menos naquele dia, seria impossível almejar por um circuito perfeito, mas estava contente com o resultado.

Em seguida, ele decidiu que era hora de mudar a direção do treino e trabalhar na força das pernas, visto que havia sentido muitas dores de início. Ele foi até uma pequena colina na periferia da vila e começou a correr para cima e para baixo dela, lutando contra a gravidade e o próprio peso na subida, enquanto tentava imprimir um bom ritmo e velocidade; e lutando com o equilíbrio e controle de seu corpo na descida, tendo de encontrar um ponto pacífico entre a velocidade e o balanço. A essa altura, Ichiiro estava suando muito e seu corpo começou a pedir um descanso. Mas ele sabia que precisava se esforçar mais, fazer valer ao máximo seu dia, cada segundo de esforço, cada gota de suor. Então, continuou o treino, agora trabalhando na sua técnica de corrida. Ele tentou correr com a postura mais correta possível, mantendo uma boa cadência de passos e distribuindo bem o peso do corpo. Ele repetiu esse exercício por várias voltas, fazendo ajustes na técnica sempre que possível.A ideia era de criar uma memória muscular que seria sempre evocada quando precisasse — dentro do vilarejo, tinha toda a liberdade para tentativa e erro, mas sabia que numa missão com o mínimo de perigo qualquer falha poderia ser fatal para ele e quem estivesse protegendo. Também notou que ao acertar a postura da corrida era mais fácil atingir a velocidade máxima, controlar sua explosão; foi necessário um longo tempo para adaptar sua técnica, numa mescla de testar várias combinações até alcançar o que imaginava ser o correto, pelo que sentia do próprio corpo, com o básico de educação física que havia aprendido na academia.

Por fim, decidiu que era hora de um teste final. Recolheu suas coisas e voltou em direção a área central da vila, onde sabia que havia um instrutor da academia tido como, em seu auge, o mais rápido dentre os da Pedra. Não foi difícil encontrá-lo. O homem parecia estar longe de seu auge e mesmo com um julgamento que ainda não era afiado e nem polido o suficiente por experiência, Ichiiro pode vislumbrar uma sombra do que o homem havia sido no passado. O ninja veterano concordou em fazer uma medição dos tempos de corrida de Ichiiro e dizer a ele suas considerações sobre sua performance.

Ichiiro correu com o que lhe restava de força e fôlego, determinado a provar que mesmo cansado seria capaz de atingir um desempenho considerável. Ele sentia que toda a esperança dos Yamanaka de Iwagakure recaíam sobre ele. Com os músculos e a consciência inebriados pela exaustão, recebeu uma avaliação positiva do velho, sentindo-se satisfeito e enfim permitindo que a exaustão tomasse conta.

Vida: 275/275
Chakra: 525/525
Estamina: 00/05

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