I'm friends with the

monster

that's under my bed

Quando me aproximei o suficiente do centro do pequeno vilarejo, um clarão invadiu meus olhos, seguido de uma longa e, parecendo, eterna escuridão. Não pude entender o que houve claramente. Só senti uma pancada junto ao clarão, afetando minha nuca. Quando dei por conta, estava em uma sala completamente escura, com um pico de luz insignificante ao centro, mostrando uma cadeira feita de madeira, daquelas comuns. A primeira coisa que pensei foi ter sido capturado durante a missão de infiltração, mesmo com o Meisagakure ativo, provavelmente havia sido descuidado. Entretanto, ao perceber melhor a situação, estava vendo meu próprio corpo se aproximando da cadeira, como se estivesse vendo tudo de cima. Não conseguia falar, ou ao menos gritar para o que parecia ser eu mesmo. Só me restava observar a situação.

Depois do meu eu sentar na cadeira, pude ver a imagem de uma mulher de não mais que um metro e setenta de altura, pele pálida, olhos enegrecidos e fios amarronzados, lembrando até certo ponto, os meus. Quando escutei a voz dela se projetando em meio a toda escuridão, meu coração acelerou de imediato, assim como algo em meu âmago me fazia perder o controle de minhas emoções, com uma única lágrima solitária escorrer sobre meu rosto. Meu eu sentado sobre a cadeira teve a mesma reação, mostrando no cenho franzido estar incrédulo com o que estava vendo à sua frente. Sua mãe, à muito tempo morta, bem a frente. Não tinha como acreditar em outra coisa senão estar preso em um Genjutsu. A mãe sorriu.

— Não filho, isso não é uma ilusão. Você foi derrotado na missão, entretanto, Scar o salvou. Mesmo assim, o golpe na sua nuca foi tão potente que te fez desmaiar até então. Estou na sua mente. Parece que não existe mais motivação para continuar, dentro de você… É uma pena, meu menino. Eu fui fraca e tirei minha própria vida, muito por conta dos meus problemas emocionais. Não deixe que essa fraqueza continue em nossa família. Você é um homem forte, que precisa lutar para manter-se no caminho certo. — Quando meu eu sorriu, a escuridão deu lugar a mais um clarão. Meus olhos se abriram novamente, vendo o teto do que aparentava ser um quarto de hospital.

A mesma lágrima solitária começou a percorrer minha face mais uma vez. Dessa vez, a tirei com a destra. Não queria mais chorar por ela. Havia feito uma promessa sobre isso à anos atrás. Desde quando ela partiu, me tornei um homem, um ninja, com pretensões de ajudar Iwagakure e me tornar relevante na vida de outras pessoas. Sim, havia falhado em uma missão, entretanto, isso não importava agora. Só pretendia voltar para casa, conversar mais uma vez com meu pai, sofrer sozinho e lamber as feridas para me tornar mais forte.

Uma das enfermeiras entrou no quarto, se espantando com minha recuperação. Era nítido no semblante dela. Mantive-me calmo, frio, ainda que buscasse entender o que havia acontecido.

— O que houve comigo? — Indaguei-lhe e ela sorriu de volta.

— Você foi derrotado em uma missão junto do superior Scar, entretanto, ele conseguiu completá-la e te trouxe até nós, no centro médico da aldeia, para cuidarmos dos seus ferimentos. — Cerrei os punhos sobre o lençol da cama quando ela foi enfática ao dizer sobre minha derrota. Franzi o cenho também, forçando o maxilar ao mesmo tempo. Um misto de sensações fazia com que certo ódio, ódio de mim mesmo, viesse à tona. Ela, observando, sorriu mais uma vez na minha direção.

— Não se preocupe com isso, o importante é que os ferimentos foram superficiais e você está vivo, não? Vai conseguir se redimir com tantos, inclusive o vilarejo. Verificando sua pressão e batimentos cardíacos através da máquina, posso afirmar que sua situação é estável e conseguirá deixar o hospital ainda hoje, só preciso finalizar a documentação. — Agradeci as palavras dela, consentindo com a cabeça, olhando para a janela e observando o clima do lado de fora.

Esperei pelo papel permitindo que eu pudesse ter alta do hospital e, assim, conseguir voltar para casa. Quando saí do prédio, respirei fundo, sentindo o aroma do vilarejo, buscando a determinação necessária para que eu pudesse continuar, sem pensar nos fracassos ou derrotas.

HP: 625/625 | CH: 1105/1175 | ST: 02/05

Considerações:

Técnicas utilizadas:

Armamentos: