Era noite em Kumogakure, o céu estava, em sua maioria, coberto por nuvens, fazendo com que a maior parte das estrelas junto a lua ficassem escondidas. Sota, com seus três anos de idade, e seus irmãos estavam em um quarto que tinha no máximo seis metros quadrados, assim como ficavam todas as noites. O local estava uma bagunça, roupas velhas e sujas jogadas por todo o cômodo, panos esticados no chão que serviam como cama e brinquedos quebrados nas mãos das crianças que brincavam como se fossem os melhores brinquedos do mundo.

Se você é menor de 18 anos, não aconselho a ler esse pedaço:

Inesperadamente o pequeno Sota abriu a porta e se deparou com aquela cena. Ele abraçava, com ambos os braços, um ursinho de pelúcia todo sujo e com uma das orelhas faltando. A criança permaneceu quase um minuto parado em frente a porta enquanto encarava aquela cena, ainda ingênuo, sem saber do que aquilo se tratava, arregalou os olhos preocupado com a mãe quando o mais velho desferiu mais um tapa na coxa da mulher, fazendo com que o estalo produzido invadisse os ouvidos do menino, deixando-o ainda mais preocupado.

-Mamãe? - ele perguntou com os olhos cheios de lágrimas e logo em seguida largou o ursinho no chão para sair correndo em direção a mãe, em um puro instinto de salvar aquela que ele mais amava - não fazer dodói minha mamãe! - ele gritava enquanto corria, fazendo com que Azumi saísse rapidamente de cima do homem. Ao chegar próximo do mais velho ele começou a dar socos na perna do mesmo, esses que mal faziam cócegas.

-Sota! - a mulher agarrou o menino pelo braço, puxando-o para trás para que ele pudesse parar de agredir o seu cliente - o que você está fazendo aqui? Eu disse que não era pra você sair do quarto! Volte pra lá agora! - completava agressivamente.

-Não, não - o homem falou após sentar no sofá, sem se importar em esconder sua parte íntima ainda excitada - deixe-o ficar, gostei dele - só após terminar de falar, pegou a camisa que estava no chão e colocou no colo - eu até levaria ele comigo se você permitisse…

-Como assim levar, Hiroki? - a mulher perguntou confusa.

-Sim, ficar com ele pra mim, estou precisando de alguém com a coragem dele - o homem voltava a falar enquanto deixava suas costas encostarem no encosto do sofá.

-Depende… - a mulher respondeu enquanto encarava a criança que estava com os olhos cheios de lágrimas - quanto você paga por ele? - perguntou após alguns segundos pensativa.

-Eu sabia que pelo preço certo você aceitaria - o homem falava com um sorriso no rosto - hm… Que tal dois mil ryous?

-Só isso? - Azumi perguntava - ele não vale mais que isso?

-Azumi, você não tem nada agora e ainda tem que alimentar essa criança - Hiroki voltava a responder - pensa bem…

Naquele momento o silêncio tomou conta do cômodo, Azumi sentou no sofá ao lado do homem enquanto encarava o filho que a olhava com os olhos cheios de lágrimas sem entender o que estava acontecendo ali, muito menos que a mãe estava negociando um preço por ele. Sua mãe ficou longos minutos o encarando enquanto pensava no que ia fazer.

-Certo, só me dar o dinheiro e pode levar - finalmente a mulher quebrou o silêncio, aceitando o valor sugerido por Hiroki.

-Eu sabia que você é inteligente e que iria aceitar - o homem respondeu com um sorriso no rosto e logo se levantou para que pudesse vestir a roupa - vou pegar o dinheiro e já volto - completou após estar totalmente vestido.

Hiroki rapidamente deixou a casa da mulher, se é que aquilo poderia ser chamado de casa, já que a estrutura parecia que iria se desfazer a qualquer momento, a porta mal ficava fechada. Poucos minutos se passaram até que o homem voltou com uma bolsinha cheia de ryous na mão. Azumi já estava vestida, segurando Sota no colo que brincava todo alegre com o ursinho de pelúcia, não esperando o que viria a seguir.

-Aqui está o seu dinheiro, inclusive o pagamento de hoje - o homem esticou a mão com a bolsinha para a mulher - não conseguimos terminar, mas acho que valeu a pena.

-Certo - a mulher colocou o pequeno Yoshida no chão e em seguida pegou a bolsinha de dinheiro da mão do homem - Sota, você vai com o tio Hiroki. Obedeça a ele.

-Não, mamãe - o menino fazia cara de choro - não quer ir, quer ficar com mamãe.

-Você não tem querer, vai e ponto - Azumi respondia seca, ela não ligava em entregar o próprio filho a um homem que mal conhecia, afinal tinha ganhado uma quantia de ryous em troca disso - pode levar, Hiroki.

-Não vai nem se despedir? - o homem perguntou enquanto colocava Sota no ombro, como se fosse um saco de arroz. Nesse momento a criança começou a se debater e chorar.

-Não precisa - enquanto falava, negava levemente com a cabeça.

Sem trocar mais nenhuma palavra, Hiroki saiu da casa, carregando Sota no ombro enquanto o mesmo gritava e se debatia, implorando para que sua mão não o deixasse ir, queria apenas ficar com ela, não importava se passava fome na maior parte dos dias, se fazia semanas que não tomava um banho e trocava de roupa, se não tinha brinquedos de qualidade. A única coisa que importava para ele, era ter a pessoa que mais amava naquele mundo ao seu lado; sua mãe, que naquele mesmo momento o tinha trocado por dinheiro. Naquele momento ele não sabia o que estava acontecendo, mas entenderia tudo mais tarde e nesse momento seu coração seria despedaçado, transformando-o no que ele é hoje em dia.

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