O párvulo estava sentado na cerca que divide o quintal dos fundos de sua nova casa com a do vizinho, seus dedos se entrelaçavam de modo padronizado e os olhos acompanhavam cada movimento tentando gravar cada selo executado. A tenra idade com o começo tardio na academia ninja privaram de desenvolver habilidades essenciais ao pequenino, por isso ele destinava algumas horas da manhã para praticar alguma área deficiente em seu arsenal. No dia de hoje eram os selos manuais, todas as técnicas ninjutsus são dependentes do selos para canalizar a energia espiritual e moldá-la na técnica. — Não existe uma grande variedade de selos, isso é bom. Tendo que correr atrás do tempo perdido nas inúmeras mudanças e instabilidade em sua curta vida, o Yuki estava em um ensino extensivo auto imposto para não ficar para trás ao se comparar com os outros recém formados. Com a mente envolta em tais pensamentos um pequeno pássaro correio pouso próximo a ele com um pequeno pergaminho atado em suas costas.

— Uma missão de eliminação e fora dos muros... Sentiu a temperatura corporal cair e, inconscientemente, os lábios tremerem. Devido a natureza nômade de sua mãe e as mais diversas situações e despejo em seu currículo, o párvulo desenvolveu uma grande aversão a deixar as proximidades de sua nova casa em Kiri, e tendo sido convocado a ir além muros não pode conter a sensação de desconforto e gosto amargo. — Eu não irei sozinho. Tentou acalmar sua mente repetindo que não estaria sozinho, e que a outra pessoa é uma kunoichi e não sua mãe, possuindo a mesma obrigação de voltar para o vilarejo após a conclusão da missão.

Andando tranquilamente, mas não devagar, o genin alcançou o portão de saída em pouco tempo. Havia colocado suas armas dentro da mochila e estava com a vestimenta adequada para o inverno desde que levantou da cama, só precisou aprender os dados da missão antes de deslocar-se. — Uma chunin, ela vai ter muito mais experiência que eu, preciso prestar muita atenção. Wanessa não só estava um passo acima na hierarquia, como também é uma Yuki mais velha e deve saber muito mais sobre a fundação do clã deles.

— Você chegou. A garota era bem mais alta que o menino, e suas roupas estavam debaixo de uma manta prateada, impossibilitando-o de vê-la. Antes mesmo de responder, a kunoichi o reconheceu. — Precisamos partir rápido, então irei relatando todas as informações que temos no caminho. Com um meneio de cabeça o genin concordou, saindo em disparada atrás de Wanessa, tentando acompanhá-la.

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— Os criminosos estão usando uma tática semelhante a de guerrilha, atacando com pequenos grupos em vários lugares simultaneamente e por isso os moradores solicitaram ajuda da Névoa. A kunoichi mantinha uma velocidade suficiente para não se demorarem ao mesmo tempo que o menino conseguisse acompanha-la sem problemas e não ficassem cansados. A experiência da garota era capaz de auxilia-la para saber que precisarão de todo o condicionamento físico de que dispõem para executar a missão. — Vamos realizar uma rápida investigação no povoado para elaborarmos nosso plano de ação. Wanessa olhou de soslaio para o companheiro, esperando alguma pergunta. — O pergaminho relatou que apesar da agressividade não houve mortes, mas os bandidos usam de violência em demasia. Tem algum limite na forma que devemos agir? O mundo ninja era desconhecido para Kōji, assim como a ideologia da Névoa, então gostaria de saber exatamente como tem que agir. — Precisamos saber exatamente o que está acontecendo, porém, não costumo deixar ervas daninhas para trás. O Yuki assentiu com a cabeça, deixando claro a compreensão daquelas palavras.

O párvulo não conseguiu deixar de pensar em como aquelas pessoas deviam estar se sentindo, seu histórico de mudanças e fugas devido ao comportamento da progenitora e as constantes invasões de domicílio sofridas o fez sentir sentimentos negativos em relação aos criminosos. Além dos crimes e forma abusiva de agirem, o fato de ter semelhança ao passado recente do menino o fez querer eliminá-los de modo a não deixarem retorná-los para continuarem seus atos hostis. — Minhas técnicas combinam perfeitamente com o ambiente e estação, não vou deixá-los se safarem. Resmungou, pensando em como as habilidades do clã o favoreciam naquela missão, Wanessa escutou as palavras do mancebo e ficou quieta. Os Yuki possuem uma boa vantagem no inverno e região da Névoa, talvez fosse por isso que o quartel militar a havia designado junto ao garoto inexperiente, auxiliando a aprender não só sobre o mundo como também às suas origens.

A dupla atingiu os limites da floresta e podiam ver as pequenas casas com fumaças saindo da chaminés. — Escute, qualquer pergunta ou situação que queira me dizer, espere até estarmos sozinhos e não se deixe influenciar pelos ânimos e raiva dos moradores, eles estão sob ataques há algum tempo e não serão receptivos. Se atenha a investigar vestígios e a qualquer detalhe. Wanessa parou seus movimentos e ditou o modo operante da dupla ao chegar no povoado. Esperou a confirmação de Kōji, retomando seus passos. — Vamos. O genin continuava a executar os selos manuais, tentando memorizar os movimentos e padrões para facilitar a execução.

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Medo. Raiva. Surpresa. Dor. Lesão. Esperança. Receio. Kōji viu todas essas emoções nas expressões dos habitantes, apenas adultos andavam pelo povoado, e na maioria eram homens. Ficou claro com apenas um olhar que aquelas pessoas estavam com tanto medo dos criminosos que evitam se expor o mínimo que fosse. Wanessa conversava com dois idosos, responsáveis por todos, colhendo as informações recentes enquanto o párvulo andava calmamente, porém atento ao ambiente em busca de qualquer coisa que pudesse ajudá-los, e foi quando percebeu que o inverno era mesmo seu benfeitor, mesmo sendo a estação do ano que menos aprecia. — Os bandidos estão tão à vontade que nem mesmo se preocupam em cobrir seus rastro, mas até onde eles levam? Nos limites do povoado o Yuki encontrou várias marcas de pegadas e os pares deles denunciava que o último ataque devido ter sido obra de três ou quatro pessoas, e um dos rastros é mais fundo que os demais. — Forte... Gordo!? Uma hipótese se formou na mente do mancebo, mas precisava de mais informações. Sem sair do campo de visão da chunin, ele entrou na mata até o ponto que sua visão foi obstruída pelas plantas. Se esgueirando, procurou uma posição favorável para espiar. Não demorou muito para encontrar um lugar com a neve revirada e mesclada com terra. — Aqui. Se pôs no local e confirmou que era possível observar quase todo o vilarejo enquanto ficava camuflado pela mata.

— Então eles observam o local antes do ataque? Eles não são tão simples assim, talvez ataquem de forma cruel para que todos pensem que são bandidos simples e burros, mas na verdade estão só se escondendo. O genin havia contado suas descobertas para a garota. — Os anciões também falaram que o intervalo entre um ataque e outro são de três dias, um tempo curto para planejar os ataques. A Yuki estava pensativa, quase não reparando no companheiro de missão. — Sim e não. Suas palavras chamaram a atenção de Wanessa. — Pelos rastros deixados, eles são de três a quatro pessoas mas isso não quer dizer que não exista mais de um. Se eles não são tão simples assim, devem ser divididos em tarefas, deixando sempre um espia. A kunoichi entendeu o significado nas palavras do genin. Os bandidos atacavam um lugar, já sabendo qual será o próximo e tem um membro coletando informações de lá. — Vamos ter que encontrar a base deles, vai ser muito difícil descobrir o padrão dos ataques, sendo que são sempre em locais aleatórios.

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— Eu não pensei que eles iam ser relaxados assim. O menino realmente foi surpreendido com a ação simples, porém eficiente da kunoichi de somente seguir os rastros deixados a partir do local de observação encontrado pelo genin. — Os ataques perduram por algumas semanas, eles ficaram confortáveis e preguiçosos. Os bandidos deviam ter ficado em alerta no começo das incursões, e percebendo que Kiri não enviara nenhum ninja por muitos dias, simplesmente acreditaram que ninguém viria em auxílio aos povoados, e isso foi o primeiro erro. E o mais fatal. — Até tentaram cobrir os rastros mais próximos do acampamento, mas fora tão ruins nisso que qualquer ninja conseguiria encontra-los, até mesmo um genin como eu. Kōji minimizou suas ações, mas em seu rosto não escondeu a satisfação de ter desvendado e encontrado o ponto de apoio dos criminosos. — Você fez um ótimo trabalho em encontra-los. E isso foi algo... Diferente. Wanessa apontou para as árvores, pois as "cabanas" fora feitas entre os galhos das plantas com a madeira coletada das próprias, tornando a camuflagem ainda mais perfeita. Qualquer pessoa passaria sem percebe-los, se não os tivesse procurando. O som era algo que quase não existia, e em um olhar rápido a dupla contabilizou cinco casas. — Como devemos agir? São cinco cabanas, se tiver dois em cada uma delas, teremos muito trabalho e uma baixa probabilidade de sucesso. Os dedos do Yuki se moveram involuntariamente nos padrões de selos, como estava praticando-as recentemente, sua memória muscular começou a agir sem nem mesmo perceber ao pensar em maneiras de eliminar a maior quantidade de perigo antes do confronto direto.

A chunin encarou o menino, surpresa pelo raciocínio lógico dele. Por um breve momento recordou de seu começo no mundo ninja, achando compreensível alguns erros em seu pensamento. — Nós... Parou antes mesmo de começar a sentença. — Eu tenho uma técnica que pode ajudar a diminuir a quantidade de inimigos, ou pelo menos retardá-los dentro das cabanas. Mas não consigo ficar de olho em você e neles ao mesmo tempo, vou precisar que se cuide sozinho. E não se afaste muito de mim. Aquelas palavras incomodaram um pouco o genin, não gosta de se sentir um incômodo aos outros, mas não poderia fazer muito com o pouco que possuía. — Não precisa se preocupar, não vou ser um estorvo. Falou convicto, preparando-se mentalmente para a luta. O olhar tornou-se afiado, memorizando a posição de cada casa nas árvores.

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Kōji havia praticado os selos de mãos por um tempo agora, mas não conseguiu acreditar quando a Yuki à sua frente o fez usando somente uma das mãos. O pouco tempo passado na academia, os professores ensinaram que era preciso as duas mãos como meio de canalização do chakra. — Sensatsu Suishō. Balbuciou a kunoichi enquando incontáveis agulhas de gelo translúcidas se materializaram envolta de três das cinco casas nas árvores. O párvulo notou a respiração ofegante e gotículas de suor brotando na testa da garota. O esforço e energia espiritual que ela estava gastando para conjurar a técnica devia beirar a exaustão, isso deixou claro ao Yuki que ele precisaria não só cuidar de si mesmo, como também protegê-la. — Isso é... Lindo. Apesar de agora ser um ninja, Kōji ainda é um garoto de apenas oito anos e ver tantas agulhas longas de gelo o deixaram boquiaberto. A visão que deslumbrava o deixou deveras sentimental, pois aquilo era algo alcançável para ele, só precisava continuar diligente em seus treinamentos para cada vez mais atingir o topo daquele novo mundo.

A chunin conjurou as agulhas de gelo envolta das três casas, deixando quase nenhum ponto cego a não ser o topo e sem nenhum tipo de alarde, atacou. — Agora irá começar, lembre-se do que eu falei e do seu treinamento, eles não são tão durões como você. Wanessa tentou incentivar o menino antes do combate, mas só de presenciar a técnica o coração do mancebo acelerou. Com um simples movimento a garota ordenou o ataque e as inúmeras agulhas avançaram contra as casas, as madeiras rangeram sob a pressão da técnicas por meros segundos antes de explodir. Vários pedaços voaram por todo o acampamento, caindo na neve e ficando como estacas no solo. Algumas delas tinham manchas vermelhas, mas o genin não conseguiu ver nenhum corpo. — Prepare-se! Bradou sucintamente a kunoichi concomitante com as sombras que saíram das outras duas casas. — O QUE FOI ISSO!? Gritaram os homens, surpresos e temerosos com o cenário apocalíptico. Kōji contou cinco pessoas, elas caíram espaçadas com um distanciamento de cinco a seis metros entre eles. Wanessa sacou uma pequena lâmina de sua bolsa ninja e investiu para o meio da formação, deixando o párvulo para trás e próximo do flanco esquerdo.

O menino mediu a distância com os olhos entre ele e dois homens, evitando de avançar igual a Yuki. Um pequeno embate estava sendo travado, pois os adversários também não se moveram, esperando ele e, também, estavam tentando entender o que acabara de acontecer.

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— VOCÊS MATARAM MEUS AMIGOS! LIXOS! Um homem bem grande e peludo igual a um urso bradava no meio da área e parou o ímpeto de Wanessa com outra lâmina, mas a dele estava desgastada e com o fi serrilhado. Os dois homens mais próximos à ela também se moveram, porém eles estavam lentos como se seus movimentos estivessem congelados. Kōji decidiu agir, e apesar de parecer que muito tempo houvesse passado foram apenas alguns segundos, e antes que a dupla à sua frente se movesse, ele selou rapidamente sentindo o chakra dentro de si se movendo até tomar a forma de havia praticado os selos de mãos por um tempo agora, mas não conseguiu acreditar quando a Yuki à sua frente o fez usando somente uma das mãos. O pouco tempo passado na academia, os professores ensinaram que era preciso as duas mãos como meio de canalização do chakra. — Ice Release: Frozen Capturing Field. Aproveitando da neve e restos de gelo da técnica da kunoichi, o mancebo manipulou o chão bem abaixo dos pés dos homens para cercear ao ponto de deixar suas pernas imobilizadas e mantendo-os no local. — O adversário de vocês sou eu! Gritou ao avançar, não precisando ser o mais veloz possível devido a imobilização adversa. Enquanto deslocava, selou mais uma vez, agora sendo agressivo. — Hyōton: Mangehyō! Sem saber o por quê, bradou o nome da técnica. Dardos de gelo surgiram ao redor do genin e dispararam na direção das pernas dos homens, visando acabar com toda e qualquer mobilidade deles.

Kōji sacou uma kunai e estava prestes a desferir os golpes derradeiros nos homens quando o som de gritos chamaram sua atenção. Os inimigos, antes letárgicos, haviam se livrado do descongelamento e agora estavam em uma luta direta contra a chunin. Sem hesitar, os pés do genin mudaram sua direção e foi ajudar a kunoichi, esperando que suas técnicas tivessem sucesso e eliminasse seus adversários primários. — Tome cuidado, não são todos. As palavras da Yuki o fizeram lembrar da hipótese que elaboraram, o de haver mais de um acampamento, então gastar toda a energia no primeiro faria a missão falhar. O párvulo não a respondeu, mas a entendeu perfeitamente e avançou contra um dos homens, ficando no meio do caminho e não permitindo que ajudasse seus companheiros. — Aqueles ali também precisam da sua ajuda. Sua respiração estava um pouco pesada, não havia se cansado tanto, mas aquele ritmo e combate eram coisas totalmente novas e por isso tentou conversar com o inimigo, e assim diminuir o ritmo dos acontecimentos.

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O genin estava de pé ao lado da kunoichi, espalhados envolta deles estavam os cincos homens, quatro deles inconscientes e os dois inimigos inicias de Kōji com ferimentos graves nos membros inferiores. Apenas o líder mantinha um fio de consciência, encarando a dupla com ódio no olhar. — Vocês não mudaram nada, e também não falarei. Quero ver o que vocês... Wanessa pisou com força na perna do homem, fazendo-o gritar de dor e tentou, em vão, se afastar da garota. O menino apenas observava sem entender o por que de usar tanta força de maneira impiedosa, mas não abriu a boca. Cada momento era um aprendizado, e a chunin tinha muito mais experiência que ele. — Você precisa me perguntar algo, só me bater não vai... Outra pisada e mais gritos, agora com ofensas. O Yuki percebeu o que estava acontecendo, a ninja queria quebrar o espírito do malfeitor para só depois começar seu interrogatório. O imbróglio continuou por um bom tempo até o homem ceder.

A dupla estava se movendo em uma velocidade acelerada, com as informações que o líder havia passado agora sabiam quantos eram e como agiam os criminosos. — Conseguimos pegar a maior parte do bando, mas os que sobraram estão em outra missão de saquear. Wanessa recapitulava tudo o que foi falado pelo inimigo, porém colocava em suas palavras e entendimento, ditando também como eles irão agir. — São três, os mais fortes. Kōji, preciso que você criei uma armadilha enquanto eu distraio eles, como você fez com o congelamento do chão. É bem provável que chegaremos no meio do assalto, por isso tente ao máximo evitar danos colaterais. A base havia sido destruída, assim como o espírito do líder, que antes de cair inconsciente relatou os planos de fazerem mais uma incursão ao povoado para depois irem embora da região. Enquanto os cinco destruíam as evidências e recolhiam os espólios, os outros três tentarão silenciar as testemunhas.— Não se preocupe, pensei em um modo de deixá-los presos para você acabar com eles. Ditou empolgado o genin.

Kōji estava sentindo o suor frio escorrer por suas costas, ao saber que queriam silenciar os anciões que conversaram com Wanessa e os delataram seu transtorno de estresse aflorou ao ponto de quase imobiliza-lo, mas a determinação de não deixar algo semelhante ao que aconteceu com ele, várias vezes, o ajudou a se mover e acompanhar a Yuki. Sua mente estava travando um grande conflito com seus temores e contra o tempo, o párvulo não deixaria outras pessoas passarem pelo que passou.

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Gritos e pedidos de socorro podiam ser ouvidos conforme a dupla se aproximava do povoado, e três colunas de fumaça negra ascendiam ao céu e uma sensação de desconforto tomou conta do genin. Não sabia exatamente o por quê, mas sentia que a cena que logo vislumbrará será de um terror indescritível. Suas mãos tremiam nervosamente, porém não era medo que as faziam ficar incontroláveis e sim o significado por de trás daqueles sinais. 'Eles não estão saqueando, e sim destruindo tudo.' A mão destra deslizou até a bolsa atrelada em sua coxa e puxou uma moeda dourada. — Cara, eles vivem. Coroa, morrem. Balbuciou sem arremessar a moeda para o alto. Sua vertente de jogador apareceu em um momento crucial, e a fraqueza em seus membros comprometeria o resultado de sua aposta, por isso esperou... Wanessa percebeu o conflito interno do menino, suspirando. Apesar de ter se tornado um ninja, não passa de uma criança recém formada e inexperiente. Ela estava o avaliando em todos os aspectos, mas não podia exigir demais em sua primeira missão fora dos muros, e em uma tarefa simples que escalou para bloquear um extermínio de todo um povoado. Os olhos castanhos do mancebo foram bloqueados por seu cabelo momentaneamente, e esse breve intervalo foi o suficiente para a kunoichi notar a diferença do olhar. Estava afiado, determinado e o pequeno brilho dourado saiu de sua mão, movendo-se junto a eles.

A maioria das casas estavam tomadas pelas chamas, as mulheres corriam para a floresta carregando as crianças enquanto os homens tentavam impedir o avanço do trio inimigo. Os civis usavam as ferramentas como facões, enxadas e rastelos para se defenderem e os invasores não pareciam estar com muita presa, rindo com sadismo para suas presas. O modo letárgico de agir denunciava que eles não sabiam dos ninjas enviados de Kiri. — Temos a vantagem. As palavras de Wanessa eram quase um sussurro, a visão do genin continuou centrada nos inimigos e suas mãos se juntaram para executar os selos de mãos. — Seus destinos já foram decididos. Para Kōji, mesmo sem saber o por que, a moeda estava diretamente interconectada com o destino de todas as coisas, e a resposta vindo através de uma única jogada era incontestável.

A temperatura do ambiente caiu ao ponto de todos sentirem frio, a Yuki mostrava ao párvulo outra habilidade inata daqueles que nasceram dos mesmo ancestrais e como usá-lo para obter mais vantagens.

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Kōji e Wanessa saíram da floresta em velocidade máxima, não demorou muito para a garota deixar o companheiro para trás e avançou corajosamente contra as costas do trio invasor. Mais uma vez o genin viu a garota executar selos com apenas uma mão criando gelo a partir da umidade do ar. As agulhas começaram a ser formadas, e o Yuki não esqueceu da sua parte no plano, executando sua técnica sem atrasos — Hyōton: Tsubame Fubuki. O genin pegou emprestado uma pequena quantidade do gelo criado por Wanessa para criar várias andorinhas, direcionando-as para o espaço entre os aldeães e os bandidos. Afim de proteger e distrair, os pássaros de gelo estavam sobrevoando e realizando rasantes contra o trio, chamando sua atenção. — De onde veio isso?! Gritou um deles irritadiço. Como se fosse combinado, todos os três viraram seus corpos para verificar a retaguarda e suas visões foram preenchidas por mais de mil agulhas de gelo. A luz do dia refletia nos artefatos gélidos criando uma linda imagem. — Shinobis! Ao mesmo tempo que foram reconhecidos, a chunin prosseguiu com sua investida e a "chuva" caiu sobre o trio. Kōji aproveitou dos bloqueios em duas direções e coordenou sua técnica com a de Wanessa, criando um corredor gelado e impiedoso.

O ataque coordenado dos shinobis criou um ambiente extremamente frio, com ventos rápidos e brutais que fizeram os habitantes recuarem rapidamente procurando por abrigo. No centro do golpe estavam o trio, sendo castigado pelas agulhas e andorinhas. Depois de um breve intervalo de tempo o ataque terminou, revelando a imagem dos bandidos esfarrapados e sangrando. — Vocês são piores que nós. Somente um deles, o maior e mais forte, mantinha-se consciente. Cuspiu algumas palavras que fizeram o mancebo se perguntar o que aquilo significava. — Não nos comparem a vocês, e agradeça. A postura altiva da chunin caminhando até o homem, parando bem à sua frente encarando-o nos olhos era uma imagem que ficaria por muito tempo na mente do menino. — Eu poderia matá-los facilmente, mas decidi ser misericordiosa. Mas não me teste. O invasor retribuiu o olhar, abrindo a boca para falar algo mas desistindo no meio do caminho, segundos depois também perdeu a consciência. — Eu pensei que você iria acabar com eles. O questionamento do genin deixou subentendido seu significado, sendo respondido com um simples e revelador olhar da kunoichi. ''Ele ainda é muito novo.''

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Os moradores do povoado estavam terminando de apagar os incêndios, arrumando os estragos mais fáceis e tentavam retomar a vida depois do breve, porém cruel ataque dos invasores. Alguns homens saíram da floresta carregando os cincos homens abatidos no acampamento, estavam em um situação difícil com machucados e manchas de sangue por todo o corpo. Os aldeães os colocaram ao lado do trio e Kōji os amarrou firmemente, deixando suas pernas livres. — Não hesite em pedir ajuda a Kirigakure, garanto que resolveremos todos os problemas e esses vilões irão pagar por todo o mal que causaram a vocês. A chunin conversava com os anciões ao término da missão, haviam conseguiu impedir e capturar os bandidos, dando um basta nos atos de bandidagens e cruéis daquele bando. — Iremos retornar a vila e relatar tudo o que aconteceu aqui, e mais reforços serão enviados para ajudá-los a reconstruir o povoado. O genin escutava as palavras da garota, acordando os homens e mandando-os ficarem de pé. — Vocês irão com a gente até a Névoa e responderão por seus atos. Não esperem mais clemência. O Yuki seguiu o exemplo da kunoichi, sendo firme com os criminosos.

Com seus movimentos bem restritos e sem nenhuma vontade de tentar fugir, o grupo de criminosos andava a frente dos shinobis, calados e cabisbaixos. A vila havia ficado para trás e eles estavam envoltos pelas árvores seguindo a trilha rumo a Névoa. O párvulo pensava sobre tudo que acabara de acontecer naquele tempo e por mais breve que fora, aprendera muito sobre seu clã e modo de agir dos ninjas, além de aprender a lidar com seu trauma e focar em seus pontos fortes. Mesmo sendo afligindo por seu medo, estava em um situação de ajudar os mais necessitados e o trauma devia ser superado para que sua força atinja degraus mais elevados. — Wanessa, naquele momento foi você que diminuiu a temperatura? A garota sorriu com o questionamento, ele mostrou a grande característica de observador daquele púbere. — Conforme você for aprimorando sua maestria sobre o poder do clã, saberá o tamanho do poder que pode exercer não só sobre outras pessoas como sobre todo o ambiente e outros seres vivos. A chunin passou a falar sobre a linhagem sanguínea que compartilham e como ela pode proporcionar uma grande versatilidade ao ninja.

Todo o caminho de retorno foi tranquilo, os prisioneiros não tentaram nada e a conversa entre os Yuki fluiu muito bem com a troca de saber.

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