— Não tem problema. Um sorriso sincero veio quando a senhora estendeu um lenço rosa para o menino. O espinho da rosa havia perfurado a ponta de seu indicador esquerdo quando o Yuki fechou os ramos das flores em um pequeno, mas elegante buquê. — Você é um rapazinho muito bonito, e gostei dos seus cabelos. A senhora suspirou, recordando-se de algo. — Fazia muito tempo que não via garotos da sua idade na floricultura, espero encontrá-lo mais vezes. A mão enrugada, porém delicada da senhora tocou a face pálida do kiri-nin. — Dê um abraço em Joan por mim. O sorriso se alargou enquanto Kōji pressionava o lenço na perfuração para estancar o sangramento pífio. — Com certeza darei, senhora.

A floricultura não tinha o movimento esperado pelo gennin, sobrando muito tempo para organizá-la. No pergaminho, fora falado que a dona da loja agora dividia seu tempo entre as flores e pacientes, mas a área da saúde estava tomando quase todo seu tempo, e as flores precisavam de atenção diária para não definharem. — Preciso limpar o chão, mas as podas de algumas plantas vai suja-lo todo, então deixar eu ver o que consigo fazer. O Yuki colocou um par de luvas de jardinagem e algumas ferramentas, indo para o fundo da loja. Ali havia algumas flores rústicas que precisavam de poda, e apesar de possuir quase nenhuma experiência, por se tratarem de plantas mais resistentes, decidiu apostar.

A manhã passou rápida, com apenas duas clientes entrando na loja após a senhora. Kōji estava terminando de varrer todo o chão e recolhendo as folhas que foram cortadas. — Agora vai ficar bem mais fácil para quer vier cuidar da loja amanhã. Antes de finalizar o trabalho e ir embora, o gennin foi cuidadoso o bastante para fechar o caixa e deixar a floricultura o mais organizado possível para quando a dona voltasse, pudesse somente pensar em descansar.




— Eu falei que ia te ver de novo rapidinho. HAHAHAHAHAHAHAHA. O homem gargalhou ruidosamente ao entregar a lata de tinta para o mancebo. Mal se passara um dia de sua primeira missão e o kiri-nin havia encontrado outra vez o grupo de homens responsável pelo calçamento das ruas. — Eu realmente não imaginei que os veria tão rápido. Pegou o recipiente, suas mãos estavam manchadas pela tinta e à sua frente estava uma cerca parcialmente pintada.

O movimento com a destra ia de cima para baixo suavemente, no começo do trabalho, Kōji usara força demais para pintar e acabou deixando muitos "gatos" além de desperdiçar muita tinta. Roman o havia dado algumas dicas para melhorar sua técnica e fazer o serviço render, e o párvulo notou que ao escuta-lo seu progresso foi acelerado em alguns passos. — Roman-san é muito esperto, consegue fazer tudo de um jeito mais fácil e fica bem melhor que o meu jeito. A gargalhada ruidosa tomou conta da área mais uma vez. — É claro que sim, moleque. Só do tempo que trabalho na construção civil daria para você ter vivido seis vidas sua. Lembre-se, não precisa ter pressa e aproveite o caminho para não se arrepender de nada quando tiver minha idade. O tapinha nas costas foi fraco, mas a estrutura franzina do Yuki não amorteceu toda a energia, sendo empurrado um pouco para frente.  — Eu sei, eu sei. É que com seus conselhos, vou conseguir terminar o trabalho bem mais rápido.

A lua começou a aparecer no horizonte, mas o grupo sentado sob a grande árvore não fazia menção de se levantar. Todos estavam contando piada e bebendo álcool, e entre ele havia uma pequena figura que prestava atenção em todos os detalhes. O serviço de pintura havia acabado por hoje e o kiri-nin não precisava voltar para casa logo, afinal, nem mesmo sabia onde sua mãe estava, e se, ia voltar para casa hoje. — Vou te dizer uma coisa, moleque. Quando você puder sair da vila e conhecer o mundo, aproveite cada minuto. Esse lugar é apenas uma partícula de poeira esquecida em comparação ao todo, aproveite seu tempo e conheça muitos lugares. Roman estava bêbado e Kōji não entendeu direito o que ele queria dizer, e muito menos a ação de seus amigos de lhe tamparem a boca com força, mandando se calar. Com acenos de mãos nervosos, os homens mandaram o gennin embora.

CH: 225/225 | HP: 225/225 | ST: OO/O4

O dia começou de uma forma totalmente diferente para o gennin, havia sido designado para uma missão, e não escolhido ela. Desde que se formou, Kōji escolheu as tarefas que queria fazer e assim ir aumentando gradativamente sua experiência e conhecimento sobre a vila da névoa e o mundo ninja como um todo. — Um aluno desaparecido? Antes mesmo de sair de casa e dar início a tarefa, o Yuki estava a pensar em algumas hipóteses razoáveis. — Não tem muitos lugares que um simples aluno poderia ir, então com locais limitados e se eu fosse uma criança sem nenhuma, ou quase nenhuma, informação, para onde eu teria ido? Depois de formado e executado algumas missões, o gennin descobriu sobre a névoa e as medidas de segurança impostas, não seria nada fácil invadir o vilarejo e sequestrar qualquer pessoa. — O que faz mais sentido é ela ter fugido ou ido algum lugar que a impossibilita de voltar por algum motivo desconhecido. O kiri-nin teve uma ideia de onde poderia ser o local, saltando da cama e saiu correndo de casa.

Se a segunda hipótese estivesse certa, o aluno deveria estar em perigo físico e complicações poderão ocorrer se a demora fosse prolongada. — Àquela casa... Em sua missão de patrulha externa havia descoberto um local com a casa abandonada e um trio de criança que, parecia, ir lá depredar a construção e sua intuição e as poucas informações que tinha o fizeram acreditar que aquele era o local.

— SOCORRO! SOCORRO! Ao se aproximar da localização, o gennin passou a escutar grito por pedido de ajuda, acelerando seus passos. Ao avistar a casa, pode ver um pedaço da varanda desabada e o aluno desaparecido preso sob os escombros. — Quem é o bobão agora? Kōji falou em um tom zombeteiro ao reconhecer o menino, o qual dias antes havia conseguido fugir dele. É claro, o kiri-nin só falou daquela forma, pois ao se aproximar pode discernir que a criança não estava com risco à vida, parando ao lado dela e a ajudando a se livrar dos escombros.

— Vamos, tenho que te levar de volta. Declarou ao menor, que apresentava algumas escoriações e sujeira, mas nada grave. O menino estava envergonhado e evitava olhar o rosto do Yuki, que achou graça enquanto o guiava para casa.




A dupla havia acabado de regressar para dentro dos muros da vila oculta da névoa quando Kōji sentiu o tremor vindo do solo abaixo de seus pés ao ponto de quase derruba-lo, ao seu lado a criança não conseguir manter o equilíbrio e foi ao chão. Vários sons e gritos de pedidos de socorro e de ordens puderam ser ouvidos, o Yuki primeiro olhou ao seu redor para verificar o que poderia ter causado o tremor e depois para o aluno, notando seu horror, tratou de acalma-lo. — Foi apenas um tremor passageiro, corra direto pra casa e avise aos seus pais para virem para o centro da vila, precisaremos de ajuda. A criança ficou um pouco perdida com as palavras, mas era um aluno esperto e confirmou com um meneio de cabeça, saindo correndo em direção à sua casa.

Tão logo a criança deixou o Yuki no portão, um ninja surgiu e observou o gennin. — Corra para as minas, uma delas desabou e precisam de ajudar para resgatar os trabalhadores. Kōji confirmou o recebimento da ordem e disparou para o local das minas. Ao chegar, havia alguns shinobis usando o elemento doton para retirar a maioria dos escombros para abrir algum espaço capaz de começar o resgate.

Depois de alguns minutos de trabalho coordenado, um dos ninjas mais graduados passou os olhos pelo presentes até parar no gennin. — Você vai precisar entrar e confirmar a situação, e se conseguir, resgate as vítimas. O líder passou um capacete de proteção com uma lanterna para o genin, que entrou sem hesitar pelo espaço e começou a procurar por sobreviventes, observando o cenário colapsado. — Algumas vigas estão sustentando a estrutura interna, mas apenas o suficiente para não desabar tudo. Conforme ia avançando no túnel, o párvulo transmitia informações capazes de auxiliar no plano de resgate.

[...]

O trabalho de resgate durou a maior parte do dia, e com as informações passadas pelo genin, ficou mais fácil e seguro retirar os trabalhadores. Ao todo cinco mineradores foram resgatados , e apenas um deles estavam em um estado crítico. — Você foi bem garoto, agora vá para casa e tome um bom banho. O líder da equipe dispensou o kiri-nin após finalizarem a operação, e antes de sair dali o mancebo notou Roman todo sujo, ele também havia participado do resgate, fazendo um sinal de positivo para o genin.

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Uma sombra grande cortava as plantações deixando um rastro de destruição atrás de si, e se observassem bem, notar-se-ia uma pequena sombra agarrada nas costas da primeira, e em alguns momentos parecia que ia sair voando de tanto sacolejar. — Como eu iria saber que eles eram seus subordinados!? A sombra pequena bradou para a maior, segurando fortemente as orelhas do javali.

[...]

O Yuki havia acordado de madrugada e rumou para a área de plantações da Névoa, a missão era aniquilar alguns animais que estavam devastando a área e o párvulo acreditava que não seria algo tão difícil, imaginou que seria superpopulação de insetos ou roedores. Ao chegar no local, não precisou de muito para confirmar sua teoria e, com a habilidade de sua linhagem, conseguiu exterminar os gafanhotos famintos. Porém, o problema maior não era esse e sim os javalis. — Você vai precisar mais do que isso para matá-los, garoto.

[...]

O párvulo levou o conselho do velho a sério e cavou um pequeno poço e colocou estacas afiadas no fundo, atraindo os javalis para serem abatidos, mas não sabia que o bando possuía um líder e agora ele estava segurando com todas as suas forças nas orelhas do animal enorme para não ser pisoteado pelo suíno. Kōji tentava pegar uma kunai em sua bolsa, mas se soltasse uma das mãos, sabia que seria lançado imediatamente, então estava usando as orelhas como uma espécie de guidão, puxando-as com força de um lado para o outro na esperança de fazer o animal cair e se machucar. Havia passado algum tempo pendurado e suas mãos estavam começando a ficar bem fracas, e se não agisse agora, perderia a luta. Um ponto que o favorecia é que o javali estava enfurecido e simplesmente saiu correndo, sem prestar atenção ao entorno, destruindo tudo e quando uma pedra mediana apareceu no caminho, o porco tropeçou e capotou, arremessando o jovem Yuki para longe, mas antes de deixar as costas do alvo, o párvulo puxou, com raiva e a força restante, a orelha direita e o guiou para um galho grosso ao lado.

O javali ficou empalado no galho, agonizando enquanto o genin levantou-se lentamente, verificando seus machucados. Não havia se machucado seriamente, então sacou uma lâmina e cortou o pescoço do animal moribundo, dando fim ao seu sofrimento e os ataques as fazendas.





O javali tinha corrido tanto que o mancebo não sabia ao certo onde estava, só que as fazendas haviam ficado bem para trás, usando esse tempo para ajustar a respiração e os pensamentos, Kōji procurou qualquer coisa que pudesse ajudá-lo a se localizar. Depois de alguns passos para deixar a cobertura das árvores e a névoa ter amenizado, conseguiu ver o sopé da montanha. — Hey amigo, você acabou me ajudando. Ditou para o cadáver do javali.

Kōji estava horas procurando pela flor solicitada e não encontrou nada, havia até mesmo subido uma centena de metros por uma trilha abandonada da montanha, porém a relva ali era monótona e sem muitas plantas. — Uma flor púrpura não será difícil de avistar nesse lugar, mas no sopé da montanha não estará, se não não seria rara, pelo jeito vou ter que abrir mais essa trilha. O Yuki foi entrando cada vez mais na trilha, tendo até que cortar galhos para que seu pequeno corpo pudesse passar.

arranhões, sangue seco e muita sujeira, todo o corpo estava com algum novo marcador e suas roupas irrecuperáveis e o mancebo estava perdido, só sabia que precisaria descer para sair da montanha.

Depois de horas de andança, numa estranha clareira e sobre uma pequena fenda, a flor escura podia ser vista. Ao se aproximar, lentamente, o párvulo notou uma pequena rachadura na rocha que era por onde a raíz estava saindo. — Então você é uma guerreira, prometo que cuidarei bem de ti. Kōji puxou suavemente o caule da flor e a armazenou da melhor forma dentro de suas roupas, precisava levar para os pesquisadores. O pequeno suspirou ao olhar para o horizonte e conseguir ver uma parte do longo caminho que terá que percorrer para voltar até Kirigakure.

CH: 225/225 | HP: 225/225 | ST: O1/O4

O genin seguia na direção do povoado no qual havia passado momentos turbulentos recentemente. — Não pode ser, mal saímos de lá e os bandidos voltaram?! Kōji questionava-se indignado. Ele e Wanessa evitaram matar os criminosos anteriores para mostrar misericórdia e que há um caminho diferente para a sobrevivência ser que seja o de matar e pilhar os outros, mas havia sido convocado para uma missão semelhante a última, e por isso estava incrédulo. — Estávamos errado ou existe um motivo por trás? O párvulo sempre tentava usar a lógica e procurar motivos para as ações, seja as dele ou de outros, porém, os batimentos cardíaco acelerado denunciava a raiva que sentia no momento.

Por conhecer os moradores, não foi difícil descobrir as informações da missão. Aparentemente havia dois membros restante do grupo preso pelos shinobis e, sem saber disso, foram até o acampamento e depois até o povoado confrontar os habitantes e lutando. Por estarem em desvantagem numérica, fugiram e agora estavam sendo observados de longe pelo genin. — Vocês dois... Ditou calmamente o menino saindo da mata e se revelando aos homens, que saltaram em posição defensiva encarando o Yuki. Alguns segundos depois, o kiri-nin continuou. — O bando que estava aterrorizando as aldeias foi preso, e agora aqui estamos. Apesar da pouca idade, o tom firme o fez ser levado a sério. — Vocês podem simplesmente irem embora, vivos. Ou podemos continuar nossa conversa. Os homens não queria se dar por vencidos, mas a bandana com o símbolo da Névoa no pescoço do menino comprovava sua identidade. O imbróglio se manteve por minutos que mais pareceram dias, até os criminosos recuarem e sumirem pela mata. Kōji permitiu a retirada pois não pretendia lutar, e talvez, matá-los, dando uma última chance de mudança.



A lua cheia iluminava toda Kirigakure, e estranhamente aquela noite contava com a ausência total da costumeira névoa e proporcionando a bela vista das construções. A lua incentivou a movimentação do vilarejo, como uma atrativo os habitantes foram as ruas, restaurantes, lojas e todos os locais estavam com um grande fluxo de pessoas e entre ela uma pessoa se destacava, isso é, a estrutura corporal dela não passa desapercebida e aos olhos focados do genin ainda menos. A tarefa de Kōji lembra muito uma brincadeira de criança, mas o significado por de trás dela é bem grande.  Um ninja estava roubando alimentos, o motivo não era certo, porém o quartel da Névoa queria que uma lição fosse dada. O espião responsável pela descoberta transmitiu as informações pro Yuki, que agora o seguia de longe para confirmar os roubos, e quiçá, lhe dar a lição. — Realmente é ele, então isso vai ser de grande ajuda. O shinobi tirou um pequeno frasco do bolso da calça, e seus olhos deixaram as costas do ladrão e analisou a rua movimentada, focando nas fachadas dos restaurantes. — E eu sei bem como ensiná-lo. Um sorriso zombeteiro e malicioso tomou o rosto do púbere.

As pernas balançavam no vazio em frente a porta da cozinha, o beco escuro deserto ajudava o genin a camuflar sua presença. A luz tomou a área quando a porta se abriu e o homem obeso saiu de lá carregando uma grande bolsa. — Boa noite. O garoto de longas madeixas brincava com uma moeda dourada, lançando-a para cima com uma mão e pegando com a outra. — Um pequeno conselho, se me permite, nunca deixe sua rota de roubos virar rotina. Fica fácil de deduzir seus próximos passos. O homem ficou assustado, mas depois de notar o pequeno um sorriso cruel brotou em seus lábios. — Eles deviam ter mandado alguém mais experiente, irei te quebrar no meio. O ninja largou a bolsa e deu passos largos na direção do Yuki. — Eles poderiam, mas sou o suficiente. E não andaria tão rápido se fosse você, isso acelera o metabolismo. O estômago do homem fez um barulho alto, e suas mãos pressionaram a área. — O que diabos você fez? O menino deixou o corpo cair, ficando de pé na frente do ladrão. — Estou te ensinando. O laxante deixou Chouga fora de combate, e Kōji aproveitou desferindo um forte chute em sua área baixa.

HP: 225/225 | CH: 325/325 | ST: OO/O4