Seria o único propósito da folha, o de cair? Vislumbrei a agradável manhã que ascendia além das muralhas de Iwagakure, com olhar firme para os céus que tanto adorava. Em qualquer outra situação, poderia dizer que estava em paz, mas este não era o caso. Ao menos, não hoje. Na noite anterior, enquanto atravessava as ruas sombreadas dos subúrbios do vilarejo, pude ouvir a conversa entre dois vagabundos bêbados. O primeiro disse que havia visto um homem pregando fora dos portões da vila, com um livro carmesim em mãos e trajando robes cerimoniais. Até aquele momento, poderia interpretar somente como um fiel irmão dos nossos que buscava iluminar a mente perdida dos shinobis sangrentos deste lugar. Mas não era o caso.

O bêbado logo explicou que o homem parecia proferir frases em línguas inteligíveis, quase como se estivesse sob uma possessão macabra. Ele não era um pregador - Era um cultista. Ouvir aquilo fez-me cessar os passos de imediato, pois sabia que aquilo agora estava em minhas mãos. Não era necessário que eu fosse formalmente informado que havia um perigo arrastando-se nas sombras da noite: Assim como um predador selvagem, eu sabia exatamente o que deveria fazer. Como um apóstolo da vontade de Deus, era meu dever esmagar os hereges com o martelo da justiça que me foi concedido. Todo este treino, toda esta força não existe por nada. Minha existência...Unicamente moldada para expurgar os malditos pagãos destas terras sagradas!

— "A hora é quase chegada. Aguardarei pela procissão, eu sei que os malditos irão passar por aqui. Eles estão buscando iludir as mentes fragéis para seu culto, disfarçados de bons samaritanos. Tal pecado...Eu não posso perdoar." — Pensei, suspirando.

Então, montei uma vigília pessoal nos arredores do vilarejo. Hora ou outra, eles retornariam para cumprir com seus cultos sombrios. Eu poderia tentar interceptá-los no caminho, mas talvez fosse arriscado demais fazê-lo. Eu desconhecia o poder do inimigo, bem como seus números e possíveis cargas caso estivessem em uma caravana. Não apenas isso, mas certamente, para mim, seria melhor que os guardas do vilarejo pudessem presenciar a minha justiça reluzente, afinal de contas, eu precisava, de forma ou outra, provar que estava certo em defender a vila destes idolatras desgraçados. Que viessem, então! Eles buscavam lutar com palavras?

Uma pena.

Porque a minha justiça é feita através da violência.
A piedade impede a mão dos tolos, mas não a minha.

Considerações: