Era uma noite escura e silenciosa no Vilarejo Oculto da Névoa. O esquadrão médico do vilarejo enviava ao Quartel General um pedido urgente, e o mesmo selecionava um shinobi pronto para a missão. Asmita recebia a tarefa da maneira mais usual dentro do sistema ninja, através de pássaros mensageiros que tinham o habito de bater seus bicos nas janelas durante a noite. Sua tarefa era viajar até o pântano próximo de Kirigakure no Sato e buscar uma flor com importantes propriedade médicas, que seria utilizada para um tratamento bastante especifico dentro do meio ninja. O conteúdo da missão não especificava muito sobre o tratamento, apenas detalhava com precisão as características da flor: pétalas purpuras com espinhos vermelhos. Asmita reconhecia que o nível da missão era baixo, mas não questionou ser selecionado para tal, considerando a oportunidade como um estudo a cerca da região e possivelmente desta planta medicinal. Asmita partiu imediatamente para o pântano na região montanhosa, levando consigo nada além de sua bolsa ninja com algumas facas kunai e porções de balas açucaradas, que já levava uma delas para sua boca, saciando o vicio. Sua saída já havia sido alertada para a segurança dos portões, e bastou atravessa-lo e caminhar por cerca de três horas para chegar na região. O mal cheiro indicava que estava perto do pântano, onde uma massa orgânica flutuava na água esverdeada e liberava o enxofre através de bolhas de ar que saiam da água. O cheiro forte incomodava e queimava as narinas do ninja, tampando-as parcialmente com suas vestes.

Utilizando as grandes raízes que saiam do solo, pode se infiltrar mais a fundo na flora, observando os arredores com certa atenção. Tudo era verde, marrom, amarelado, e não foi difícil encontrar uma planta que se destacava tanto na paleta de cores do pântano. Finalmente, ele chegou ao local onde a flor rara crescia. A flor purpura com espinhos vermelhos possuía um perfume doce e sedutor, que o confortava em meio a tanta podridão. Asmita pegou a flor com cuidado, sabendo que não podia danificá-la. O Yamanaka começou a retornar para a vila, utilizando a mesma rota para evitar a água fétida. Não demorou para que sua presença e movimentação na flora chamasse atenção da fauna. O borbulhar na água foi intensificado quando o loiro saltou por cima da mesma, e uma mandíbula enorme e esverdeada tentou agarra-lo na perna. Rápido o suficiente para realizar a leitura do bote, Asmita mirou no focinho do animal e impulsionou um segundo salto para cima, observando-o em baixo. O crocodilo gigantesco o aguardava, mas o loiro se prendia em umas das árvores. — Essa foi por pouco... — Sorriu para o animal. Por fim deixou a região e retornou para Kirigakure, recepcionado por uma equipe médica especializada na área de plantas, que recolhia o material as pressas. Concluído, iria para o quartel oficializar a conclusão.

Logo pela manhã, a janela de Asmita foi agraciada com a presença de um pequeno pássaro, este que carregava em sua pata direita um minúsculo pergaminho enrolado. Estes animais eram tipicamente usados como mensageiros pelo Quartel General, pela facilidade em entregar as missões para os ninjas da vila. Assim que recebeu o pequeno em seu quarto, Asmita recolheu o pergaminho, leu seu conteúdo e deixou um olhar tedioso sair. Apesar de seu desempenho nas ultimas missões, ainda sim era um Genin e deveria cuidar de muitas tarefas menos trabalhosas para a vila, e cuidar da limpeza e organização da biblioteca era uma delas. Apesar do desgosto pela missão, sabia da importância do local, como um bom apreciador da leitura como forma de absorver o conteúdo dos livros e pergaminhos. Arrumou suas coisas, portando até mesmo sua bolsa de armas e algumas balas para todo o dia, partindo de sua casa o quanto antes na intenção de retornar também o quanto antes.

Ao chegar à biblioteca, foi recepcionado pelo bibliotecário-chefe, que pediu o pergaminho para assina-lo quando a tarefa fosse concluída. Pegando uma vassoura e um balde com água, passou por diversos corredores, passando o espanador na parte mais alta das estantes e livros, limpando toda a poeira. Com movimentos ágeis, alternando entre as estantes, visava a rapidez e eficiência. Após horas de limpeza, o suor escorrendo pela têmpora, Asmita ouviu passos firmes que surgiam atrás de si, olhando ligeiramente a aproximação do chefe. Com um cumprimento leve de cabeça, o chefe da biblioteca entregava um copo d'água ao Yamanaka, que recebia com um sorriso tomando-a toda de uma vez, assim como a bala de açúcar que levou até a boca. — Muito bom, você é rápido. —. Continuou por mais vinte minutos e tudo estava limpo e organizado. Embora a tarefa possa ter sido entediante, o esforço físico fez o tempo passar depressa e isso aliviava o tedio. E assim, deixou a biblioteca com o pergaminho assinado, concluindo a missão.

Embora as missões de baixo nível não fossem as preferidas de Asmita, em cada uma delas conseguia extrair alguma curiosidade nova a cerca das pessoas ao seu redor. Durante sua procura pela flor purpura, havia o olhar de pressa em preparar os medicamentos. Em sua ida até a biblioteca, havia o orgulho do bibliotecário-chefe em ver todas suas estantes organizadas e limpas. Cada um exibia um sentimento diferente dependendo do objetivo de sua missão. Naquele novo dia, como de costume, o passaro de Kirigakure no Sato batia na janela do loiro, que atendia com calma, deixando-o pousar sobre a mesa de madeira de seu quarto. Recolheu o pergaminho em sua pata e abriu. Diferente das missões mal cheirosas, como a do pantano, e desorganizadas, como a da biblioteca, aquela o agradava rapidamente, retirando até mesmo um sorriso de seu rosto. Era um admirador de flores, do perfume de cada uma delas, das variações de cores, de todo o encanto que traziam. Havia sido escolhido para tomar conta de uma floricultura, enquanto a dona do local precisaria sair. Asmita não se armou dessa vez, apenas levou em sua bolsa um montante de balas açucaradas e partiu para a loja de flores.

Hana, a dona do local, já estava preparada para sair quando o loiro chegou, e ela entregou um pequeno avental rosado para ele. — Heh, até que combinou. Olha, vai ser rapidinho ta? Você só precisa regar, cuidar da terra, cuidar para que tomem um pouco de luz, e separar as encomendas que eu já deixei preparadas. Os clientes vão vir retirar, certo? Qualquer duvida... bom, você vai conseguir! — A jovem empreendedora parecia animada com seu negocio, e saia para seu compromisso. Asmita se via em uma mar de flores e cores, eram tantas que mal sabia por onde começar. Com o regador em mãos, cuidadosamente molhou cada uma das plantas no local, admirando e observando os detalhes das diferentes pétalas. Era como se algo o conectasse com aquele ambiente. Mais tarde, alguns clientes surgiam com o numero de seus pedidos e Asmita ia para os fundos onde todos já estavam separados. Checando o numero etiquetado nos plásticos, entregou as encomendas. Alguns curiosos surgiam e Asmita os guiava através do seu próprio gosto, tendo uma preferencia por cores mais rosadas e vermelhas. O tempo passou rápido no ambiente que tanto lhe agradava, e Hana retornava cansada de seu compromisso no dia. Asmita passou o que aconteceu, mostrando que nada fugiu de seu controle. Com o pergaminho assinado, pode considerar que estava livre para ir. Assim retornou para sua casa devorando algumas balas.