Mais uma manhã silenciosa, ambientada apenas pelos sons dos pássaros do lado de fora. Já há algum tempo desde que Saori apareceu em minha casa e no trabalho pela última vez. Segundo o que eu vi alguns dias atrás, faz total sentido o "Sumiço" dela. Conhecendo ela, está reclusa em algum lugar se cuidando e refletindo sobre si mesma. Fato é que não posso deixar aquela cena me afetar demais. — Preciso esfriar a mente. — Murmuraria, partindo para o banheiro.

Lá, molharia o rosto, encarando a mim mesmo no espelho e tendo algumas lembranças passadas, até recordar que — Preciso encontrar a Hope daqui alguns minutos. É verdade. — Preciso me encontrar com minha colega de trabalho que combinou comigo de me ajudar com minhas habilidades ilusórias. Sendo uma exímia usuária da arte, seus conhecimentos certamente mudarão a forma como eu vejo e penso dos Genjutsu. E talvez pedir dicas para criar um próprio, seguindo minhas necessidades de batalha.

Pois bem, não tardaria para tomar banho por causa do calor elevado, ajeitar minhas coisas e partir, em direção ao Campo de Treinamento, lugar marcado para que nós nos encontrássemos. Talvez só um pouco atrasado, como de costume. Cumprimentaria educadamente às pessoas no meio do caminho.

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O caminho seria tranquilo. O som dos pássaros; a movimentação alta como sempre; os gritos consecutivos dos comerciantes; a brisa do vento... detalhes que me distrairiam e esfriariam um pouco minha mente, quase que como uma terapia. Algumas crianças viriam a meu encontro e usando o honorífico "Tio" para se referirem a mim, por algum motivo felizes ao me verem. Logo depois de eu cumprimentá-las, corriam sorrindo por aí. Uma em específico colocaria flor em minha orelha esquerda após abaixar-me pouco antes de correr. — Isso foi... legal. — Ciciaria com um sorriso de canto. Já há algum tempo priorizo apenas minha vida ninja e resolução de problemas da vila e dos outros, esquecendo de cuidar da minha saúde mental, de viver as coisas simples de cada dia. — Tão longe, mas tão perto... — Faria um breve monólogo interno, me livrando dos meus devaneios.

Minutos à frente, alcançaria o campo de treinamento. Lá, notaria alguns shinobis treinando desde cedo de forma pacífica e sem interromper uns aos outros. Alguns até se ajudando; enfim, também notaria Hope, sentada sob a sombra de uma videira com sua icônica bolsa de sangue conectada ao braço. Me aproximaria aos poucos. Ela não me perceberia, justificável por aparentemente estar entretida no livro em sua posse. — Atrapalho? — Indagaria, posicionando-me à frente dela, tornando difícil que não me percebesse pela grande sombra projetada.

— Oh, desculpe. Não tinha te visto. Você tá fofo com essa flor. — Responderia ela, colocando algo que aparenta ser uma espécie de marcador na página em que estava lendo, posicionando seu livro fechado e de cabeça pra baixo no chão. De relance pude ler algo como "Sangue" na capa antes dela virar. Talvez algum romance fantasioso com vampiros. Mulheres gostam disso, né? — Seria bom dar um jeito na sua falta ao trabalho. Ainda mais que você precisa cobrir a ausência da Saori. Tirando isso, acho que podemos começar. — Incisiva como sempre, ela estabeleceria uma ideia. Com um dedo no queixo, pensaria um pouco. Quando terminasse de pensar, faria o selo de cruz, invocando um Kage Bunshin no Jutsu para ir até o Quartel General e trabalhar no meu lugar enquanto estou aqui, de forma que assim eu consiga otimizar o meu tempo do melhor jeito.

— Boa. Você parece inseguro e incomodado com algo. Tem certeza que não quer deixar pra outro dia? — Indagaria ela, preocupada. — Não. Obrigado pela preocupação, mas estou bem. — Responderia de imediato. — Espero que não esteja mentindo pra mim. Bem, sente-se e me dê as mãos. Vamos começar. — Elucidaria a Chinoike, posicionando seu corpo. Após sua fala, sentaria em posição de lótus, repetindo o gesto dela. Após, ambos seguraríamos nossas mãos. Depois da sensação fria e macia de tocá-las, imediatamente pararia de ouvir, enxergar e sentir tudo ao meu redor.

O que vem a seguir? Fica pro próximo post.

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Segundos após a perda dos sentidos, indicando que eu estava partindo do mundo real para uma simulação, começaria a recobrar pouco a ponto cada um. Assim, enxergaria um ambiente escuro e inóspito, sem nenhum som ao redor além das batidas do meu coração; nenhum cheiro ou sensação além de um leve frio no corpo por motivos desconhecidos.

Hope havia explicado no dia em que marcamos esse treinamento que não me ajudaria diretamente. Apenas me colocaria em diversas simulações e esperaria eu dominar uma a uma e lançar contra ela de volta. Que todos os conceitos para um Especialista em Genjutsu serão percebidos por mim caso eu analise com cuidado. E que ao fim de tudo isso, minha compreensão sobre técnicas ilusórias e aonde posso elevar meus horizontes no que tange ao potencial de seu uso seriam melhoradas abruptamente. Começaria a caminhar após lembrar dos detalhes explicativos.

Caminhando, começaria a notar o surgimento de bolhas, gradualmente conforme cada passo dado. Aproximando-me delas, notaria não serem bolhas normais, mas sim fragmentos da minha memória, momentos passados da minha vida, marcantes ou não. — Está vasculhando minhas memórias. Não sei se me sinto confortável com isso. — Ciciaria, levemente incomodado com o fato de haver alguém mexendo no meu passado, mas também confiando nela até certo ponto, julgando que seja necessário para completar o treinamento.

Esperando a simulação ganhar forma, continuaria caminhando pelo Vale dos Sonhos Esquecidos.

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Caminhando mais a fundo pelo Vale observando os arredores e aguardando algo acontecer, eventualmente notando estar andando em direção a lugar nenhum. Como se eu não estivesse saindo da minha posição inicial. Uma espécie de "Checkpoint", talvez? Não sei, mas fato é que após alguns minutos finalmente notaria algo diferente, um murmuro familiar. Sem hesitar, iria em direção a ele, agora conseguindo passar pela barreira invisível que me impedia de prosseguir.

Ao longe, veria uma figura que me deixaria paralisado. — Vô? É o senhor? — Indagaria, estendendo a mão. Inadvertidamente a figura que meus olhos não me enganam e tem a mesma fisionomia de meu falecido avô começaria a caminhar pra frente. Sequencialmente, eu começaria a correria atrás dele, mas quanto mais eu corro, mais longe ele fica. No entanto, convicto, eu continuaria correndo de forma incessante. Até uma cópia minha surgir e começar a correr na minha direção, no qual eu simplesmente pisaria por cima e continuaria. Após, mais duas cópias surgiriam e eu também os eliminaria facilmente com o fio da Fire Sword. Sequencialmente, clones e mais clones começariam a surgir de forma infinita. Eu conseguiria cortar alguns mas a quantidade elevada começou a ser demais até pra mim e eles começaram a se jogar em cima de mim, empilhando um no outro, me deixando preso no meio de centenas de Iori's Uchiha.

— Incendeie. — Bradaria. Ao passo em que terminasse de falar, um turbilhão de chamas seria criado, eliminando todos os clones de uma só vez. Quando as chamas cessarem, cá estou eu, empunhando a Fire Sword, objeto no qual utilizei para queimar os clones. Depois, começaria a olhar novamente na direção em que a silhueta semelhante ao meu avô se dirigiu. Agora, uma espécie de luz que antes não estara lá é nitidamente visível.

Curioso, por lá seguiria. Eventualmente começaria a raciocinar o fato de ter sido esmagado pelos incontáveis clones e não ter sido ferido, mas sim ser agraciado com dor de cabeça. — Eu não posso ser machucado aqui. O equivalente a minha vida no mundo real é minha sanidade aqui. Caso eu sofra muito no Genjutsu e acabe sucumbindo, minha mente irá colapsar... — Faria uma dedução usando como base minhas dores de cabeça, não muito fortes. Até agora.

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Indo atrás da luz misteriosa, entraria nela. Fazendo isso, teria a sensação estranha de estar sendo transportado para algum lugar num piscar de olhos, e assim foi. Quando o "teletransporte" acabasse, todo um ambiente seria projetado ao meu redor. E dessa vez, um bastante familiar para mim.

E certamente uma familiaridade que não gostaria de reviver agora. Algo já vivenciado porém escondido na minha memória. Veria um grupo de pessoas, com uma mulher, dois homens, uma garotinha e um bebê nas mãos de um dos homens como sendo os destaques sob o alto de uma montanha. Diferentemente da vez em que Suikitsu Gentsu reavivou essas memórias esquecidas, meu avô não se faz presente.

— Esta criança possui potencial para se tornar um demônio da destruição entre os Uchihas no futuro... Ele precisa ser executado de imediato. — Diria o homem mais velho, segurando o bebê em suas mãos. — Akira... é o nosso filho, mas nada que eu faça vai mudar sua ambição... — Balbuciaria a mulher em estado de negação. Ela estava abraçada com a garotinha, que parecia ser sua filha e parecia bastante assustada. Pelo visto ela era a esposa do homem mais velho. — Não se preocupe, mãe. É um sacrifício necessário. — Responderia o outro homem, revelando ser filho do casal e irmão da garotinha, enquanto abraçaria sua mãe numa aparente tentativa de tranquilizá-la.

Os outros Uchiha's que estavam ao redor pareciam não se importar com o fato de que um bebê seria sacrificado. Veria o homem mais velho estender o bebê na ponta da montanha com seus braços. — Se existe Céu ou Inferno e você estiver nos vendo, saiba que nós te amamos muito e estamos fazendo isso por amor. Me desculpe, Iori Uchiha. — Finalizaria ele a linha de diálogo já conhecida por mim e que eu já sabia sobre o fato da Criança da Montanha ser eu e a garotinha ser Saori. O homem soltaria minha versão recém-nascida, me derrubando da montanha. Eu encararia toda a situação com certa tristeza mas nenhuma surpresa.

Cabisbaixo, tocaria minha testa, onde está presente o Selo do Céu, que cobre a cicatriz feita pela queda, sentiria uma presença ao meu lado. — Parece com medo. O que te incomoda? — Indagaria tal presença. Assim que eu olhasse, notaria ser meu avô, que estaria sumido da memória, fato que encheria meus olhos de lágrimas e me deixaria paralisado.

No entanto, não poderia deixar de perceber seu semblante levemente incomodado com algo.

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— Não entendo, por que o senhor está aqui e não dentro da memória? — Indagaria, curioso com o fato de meu avô não se mostrar dentro da projeção de uma das memórias passadas. — Tem algo ou alguém tentando alterar suas memórias. Parece desagradável. Você permitiu? — Rebateria ele com outra pergunta, que me colocara para pensar de certa forma por alguns instantes e com um dedo no queixo, explicando o fato dele estar meio "estranho". — Não. — Responderia, de forma simples e direta. — Entendo, deve ser Genjutsu. Bom, eu sei que você sempre foi um exímio usuário de ilusões, tanto na criatividade quanto na execução deles. No entanto, ainda tem medos. Medos esses que precisa lidar com caso queira ser um mestre na arte. Não poderá dominar o seu inimigo sem dominar a si mesmo, controlá-lo sem antes se controlar. Acredito que entende, certo? — Faria meu avô uma pergunta retórica, dando uma resposta esclarecedora no meio do seu monólogo.

— Então é por isso que Hope disse que eu descobriria sozinho como me tornar um Especialista em Genjutsu e que ela só daria um empurrãozinho. Preciso dominar meus próprios medos para explorar os medos dos meus inimigos e aproveitar ao máximo minhas capacidades ilusórias. Sim, eu entendo agora. Mas, o que preciso fazer? — Faria uma nova indagação. Curiosamente, somente agora notaria o fato da simulação da minha memória ao meu redor estar completamente congelada enquanto conversávamos. — Para superar seus medos é preciso vê-los, senti-los, compreendê-los e só então superá-los. Concorda? — Elucidaria ele, novamente com uma pergunta retórica. — Sim. E antes que faça outra pergunta retórica, estou pronto, vô. — Balbuciaria, indicando já estar pronto para enfrentar meus medos mais profundos.

— Nunca acreditei no contrário. Serei seu mediador. A partir do momento que eu te enviar mais adentro no Vale dos Sonhos Esquecidos não poderei mais te ajudar a não ser projetar os próximos ambientes caso você passe pelas provações. Isso é, se sua sanidade chegar a um nível crítico, sua mente irá colapsar e haverá diversas possibilidades. Morte cerebral, se tornar débil, amnésia. Enfim, você entendeu. Vamos logo, não quero deixar sua amiga esperando ou seja lá aquilo que esteja tentando me apagar da sua memória conseguir cumprir seu objetivo. — Finalizaria ele. Em seguida, sem tardar muito, me aproximaria da memória de meu avô projetada no meu subconsciente, pronto para lidar com meus medos e angústias no intuito de descobrir o segredo por trás da arte do Genjutsu, e, assim, me tornar um Mestre das Ilusões.

O que virá a seguir? Não sei. Mas tenho grandes expectativas.

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Encostando naquele que se prontificou para me ajudar a explorar a Realidade Espelhada, aguardaria ele me enviar mais a fundo nesse vasto mundo. — Boa sorte. — Faria ele o seu voto de confiança, tocando minha testa tal qual fez Hope durante minha primeira visita a este mundo. Após isso, novamente perderia os sentidos, sendo arremessado em... algo inexplicável. Diversas imagens poderiam ser vistas ao meu redor conforme meu corpo vaga. Uma infinidade de informações. Artes abstratas, locais distorcidos, vozes intraduzíveis, miragens de mim mesmo fazendo uma espécie de trilha dos meus movimentos no cenário, como "frames" e entre outras aleatoriedades.

Pela noção de espaço-tempo ser diferente aqui, não faço ideia de quanto tempo vaguei, mas eventualmente um cenário seria projetado. Mais especificamente, Kirigakure no Sato, no Centro da Vila. Por ser uma provação que explora meus medos, certamente não demorará para fenômenos acontecerem. E da forma que eu esperava, assim seria. Multidões e multidões de civis começariam a surgir de repente. Alguns com objetos, frutas, armas brancas. E outros nada. No entanto, algo em comum entre todos é o olhar de desdém direcionado a mim, como se eu tivesse feito algo horrível.

Confuso, não entenderia nada de tudo isso. Mas essa confusão não demoraria muito, pois começaria a notar alguns cochichando entre si e outros bradando discursos de ódio gratuitos. Coisas como, "Seu monstro"; "Garoto amaldiçoado"; "A ruína de Kirigakure"; "Traidor" e muitas outras coisas. Alguns até com frases mais robustas e ofensivas que não cabem aqui por ser um post família. Apesar da minha tranquilidade natural, as palavras começariam a mexer comigo, da mesma forma que mexeram durante meus primeiros meses na Vila da Névoa, quando conheci Garuda. — Não, não posso me importar com isso... de novo não... — Balbuciaria, numa espécie de transe enquanto centenas de pensamentos negativos ecoariam minha mente.

Meus devaneios seriam momentaneamente cessados quando os civil começaram a correr em minha direção, furiosos. Em pânico, fugiria deles, me esgueirando pelos becos da vila até encontrar uma espécie de esconderijo, no qual eu entraria e me sentaria no chão, colocando ambas as mãos na cabeça, nitidamente sentindo dor na região e ainda em estado de medo e pânico. Por sorte, os civis não me encontraram e simplesmente seguiram por outro caminho com intuito de me achar.

Apesar de suas falas terem cessado por sei lá quanto tempo, o estrago já havia sido feito. As coisas ditas por eles há pouco estão martelando na minha cabeça, expondo um de meus maiores medos, o da — Rejeição... eu... tenho medo de tentar e errar. Decepcionar meus amigos, à todos, e ser condenado por isso pra sempre. — Vulnerável, faria um monólogo interno, em completa negatividade. De repente, no meio dos meus pensamentos, uma projeção de mim mesmo quando criança surgiria na minha frente, tentando algo. Se eu buscasse na memória, lembraria ser a ocasião aonde eu aprendi o meu primeiro Katon. Naquele dia, eu estava bastante machucado, desgastado e com algumas queimaduras pelo corpo, mas em nenhum momento havia desistido de tentar e tentar, até conseguir. Após várias tentativas feitas pela memória, veria ela executar o Katon: Gōkakyū no Jutsu com maestria. Feliz, minha versão mais nova iria contar a meu vô quando este ainda era vivo da conquista. Reviver essa memória me faria refletir sobre muitas coisas. — Não... o meu eu do passado teria vergonha do que estou fazendo agora. O medo de errar enterra grandes talentos. Eu devo ser melhor do que isso, sempre me esforçar independente da dificuldade e me tornar uma inspiração para as pessoas no futuro. Dar o melhor de mim mesmo em qualquer situação sem receio de falhar. É assim que prometi ser. É assim que eu quero ser. — Murmuraria, interrompendo meu momento de pânico, me sentindo motivado novamente, e entendendo o intuito dessa provação. — Não posso explorar os medos de alguém sem antes explorar os meus. — Finalizaria.

Após a fala, me levantaria e me dirigiria até o foco das pessoas. Em seguida, com um semblante sério e destemido, caminharia diretamente até perto deles, entrando na multidão. Eles não me atacariam, sumindo todos de repente, abrindo uma espécie de fenda, provavelmente a entrada para a próxima provação. Isso indicaria meu êxito em superar o medo da rejeição.

Sem hesitar e com mais motivação agora, entraria na fenda do Reino Espelhado.

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Sendo novamente transportado entre as realidades alternativas do Reino Espelhado, dessa vez já mais acostumado do que antes, eventualmente "pousaria" no que seria a próxima provação. O caminho não fora muito diferente de outrora, exceto pela mudança nos elementos visuais, mas continuando sendo coisas inexplicáveis até mesmo para os mais inteligentes.

Dessa vez, me veria numa Kirigakure desolada, com resquícios de que uma guerra acabara de ocorrer. Milhares e milhares de corpos no chão. Entre eles, Nezuko e Hazu, no qual eu correria para ambos, colocando meus dedos para sentir pulsação. Como já era de se esperar, mortos. Isso me deixaria levemente chocado por nunca ter pensado na morte deles e ter medo de perdê-los. Mais a frente poderia notar um gigantesco exército e alguém agonizando de dor. Esse "alguém" é Kami, que estara de joelhos, se entregando ao inimigo, por não ter mais forças para continuar lutando. Sem remorso algum, um homem alto com um grande machado em mãos iria erguer sua arma, brutalmente decapitando o Mizukage, enquanto o restante bradaria de empolgação, como se tivessem vencido uma batalha. Não demoraria até me notarem e mandarem eu me render, coisa que eu obviamente não faria, mas a princípio me colocaria em confusão quanto ao intuito da provação.

— Esse é o meu medo de perder as pessoas mais importantes e não conseguir proteger a vila que me acolheu? Mas se eu já perdi todos eles, por que... — Começaria a me indagar, até ver uma criancinha bastante machucada sair dos destroços de Kirigakure e correr até minha perna esquerda, se segurando nela, bastante assustada. Nesse momento, o meu senso de dever falaria mais alto. — Não, devo proteger todos aqueles que conseguir com meu sangue, sem medo algum. Nem que sobre apenas uma única pessoa na vila, eu irei protegê-la, custe o que custar. Se os meus esforços deixarem alguém feliz e torne a sobrevivência dela possível, jamais hesitarei. — Com a motivação ainda mais aprimorada do que na provação passada, sacaria o desafio de agora. Dando um sorriso para a criança após me agachar, diria a ela: — Venha, e feche os olhos. — Finalizaria. Conforme meu pedido, a criança subiria em minhas costas e fecharia seus olhos.

Já eu? Empunharia Stella e a Fire Sword, uma em cada mão. Seguidamente, com um semblante sério, partiria para cima do exército, sem medo algum de proteger a criança. Iria dilacerando um a um sem piedade, e para casos em que a criança estivesse exposta à ataques eu usaria meu próprio corpo como escudo para que ela não fosse atingida. E assim seguiria, até momentos depois eliminar todos os milhares de soldados, mas não sem receber danos.

Finalizado a segunda provação, a criancinha agradeceria a ajuda, se dispersando e se tornando a fenda que provavelmente me levará para o próximo lugar do Reino Espelhado. Embainhando minhas armas novamente, pela fenda seguiria.

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Vagando mais uma vez pelo infinito após passar pela fenda, sentiria que agora seria mais rápido do que as outras ocasiões, mas sem saber se isso é bom ou ruim. Um pouco dos dois, talvez? Passar rápido demais piora minhas dores de cabeça ocasionadas pela queda abrupta da sanidade. Mas é algo lidável até o fim das provações, eu acho.

Finalizando a "renderização", todo um ambiente com ar de caso criminal surgiria. Ao meu lado, Kerjo, que ao que parece, é meu parceiro nessa investigação. — Ela está aqui dentro, vamos resgatá-la. — Diria, elucidando levemente minhas perguntas. Mas... ela quem? Com essa dúvida na cabeça, assistiria ele abrir uma espécie de entrada furtiva por cima de algo, logo saltando para dentro da abertura feita, gesto no qual eu repetiria sem hesitar. Lá, veria Saori amarrada e amordaçada numa cadeira dentro de uma sala vazia, com sinais de tortura. Desde já, isso mexeria um pouco com minha cabeça, a ponto de me fazer correr até ela sem pensar, tudo para ver sua cabeça sendo decapitada e caindo sob meus pés, com uma chuva de sangue jorrando do seu corpo morto.

No entanto, apesar das fortes emoções, como um flash, sentiria como se tivesse sido movido para outro lugar. E se olhasse bem, o mesmo ponto inicial de antes, com Kerjo do meu lado exatamente na mesma posição em que estava. — Ela está aqui dentro, vamos resgatá-la. — Balbuciaria ele a mesma frase de outrora, repetindo os mesmos movimentos. Isso é, abrir uma entrada furtiva e pular dentro dela, logo sendo seguido por mim. E novamente, veria uma vulnerável Saori, no qual pela segunda vez eu avançaria para tentar salvá-la, tudo para ver seu corpo pegando fogo, morrendo carbonizada. Certamente uma cena horrível de se ver, principalmente para mim.

E pela terceira vez, seria lançado para o ponto inicial, com Kerjo repetindo as mesmas falas e as mesmas ações, terminando comigo acompanhando-o e tentando salvar Saori, vendo-a morrer de uma forma diferente dessa vez. E assim seguiria pelas próximas tentativas, formando um looping eterno infernal. Por vezes hesitaria em agir, mudaria a ordem dos fatos, tentaria formas diferentes de salvá-la, todas opções falhas e inúteis e sempre terminando numa morte dolorosa para a projeção de minha irmã tendo a mim como telespectador, expondo minha vulnerabilidade quanto à dependência que tenho dela.

Já na milhonésima trecentésima septuagésima nona milésima vigésima nona tentativa dentro do looping, meu desgaste mental e físico (dentro desse plano) já seriam claramente visíveis. Mesmo que aqui o tempo seja diferente do mundo real, é como se milhares de anos tivessem se passado na minha percepção. Incontáveis maneiras de morrer teriam sido presenciadas por mim, algo que certamente me dará pesadelos e serviu como forma de dificultar a superação do meu medo de perder aquilo que é mais importante pra mim.

Parado no início de outro checkpoint e já destruído psicologicamente, eu tomaria uma decisão para salvar a mim mesmo de toda essa tortura. — Já chega. — Murmuraria, sacando a Fire Sword e ativando o Sharingan. — Se minha morte permitir uma vida feliz a ela, então eu darei minha vida pra que ela fique bem. — Finalizaria, enfiando a espada no meu próprio coração. Nesse momento, inúmeras sensações acometeriam meu corpo, e minhas memórias, antes adulteradas, pareciam estar voltando ao normal, como se nunca tivessem sido tocadas para início de conversa; além de que toda a compreensão, conforme era o foco do treinamento desde o início, adentrariam o meu ser — consequentemente me tornando um Especialista em Genjutsu.

Como ultimato, utilizaria o Magen: Kyō Tenchi-Ten para reverter o Genjutsu para Hope. Tendo agora total conhecimento acerca das expansões de domínio, controle do espaço tempo, projeções de memórias e muito mais no que diz respeito à Genjutsu's, forçaria a Chinoike a entrar no meu próprio domínio pessoal.

De repente, sentiria e enxergaria através dos olhos escarlates uma presença não esperada se aproximar.

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Após a sensação e visualização de aproximação de algo após "me matar", simplesmente aguardaria seja lá o que for se aproximar. — Iori Uchiha. — Uma voz feminina, porém estridente e grossa poderia ser ouvida de uma "fumaça" que aparecera em minha frente. — Você entrou no meu domínio e superou todos os desafios. Devo parabenizá-lo agora que tem o conhecimento oculto do Mundo dos Genjutsu's. Use esse mundo e todos seus benefícios para fazer o bem, sem medo. E quando estiver tempo livre, gostaria de uma ajuda sua para fechar as fendas aqui. Elas foram abertas por antigos usuários de Genjutsu que foram corrompidos, e sem uma convergência entre realidade e ilusão, assim como você é, não posso fazer isso sozinha. Por isso gostaria do seu apoio. Fora isso, pode ir. Te darei um pouco da minha essência. — Elucidaria aquela que parece ser a "Rainha das Ilusões. — Obrigado. Prometo que voltarei para te ajudar, Rainha. E em breve. — Balbuciaria com um sorriso de canto, enquanto a "fumaça" entraria dentro do meu corpo. Com ela dentro de mim, possivelmente agora terei a capacidade de sair e entrar desse mundo sem ajuda externa. Sendo assim, abriria uma fenda com meus olhos, caminhando para sair através dela.

— Já vai? — Indagaria uma voz conhecida, no qual eu simplesmente eu correria até a origem, abraçando-o, para sua surpresa. — Obrigado. Eu prometo que vou voltar, vô. Eu prometo... — Responderia-o. Ele apenas ficaria em silêncio, retribuindo o gesto com um abraço. Em seguida, cortei o contato físico, me despedindo dele e partindo para a fenda, lacrimejando um pouco por novamente ter tido a oportunidade de vê-lo. Após montanhas de sensações, angústias, desafios e tudo mais que é direito, finalmente completei meu treinamento e me tornei um Especialista em Genjutsu.

— Senti saudades. — Uma voz doce seria ouvida por mim após minha entrada na fenda e retorno ao mundo real. Aos poucos, meus sentidos seriam recuperados. Podia sentir algo macio estar abaixo da minha cabeça. Abrindo meus olhos, veria uma imagem agradável para a visão. — Saori? Eu ainda estou dentro do Genjutsu? Você não estava aqui. — Confuso, indagaria sobre o fato de Saori ter surgido do nada no Campo de Treinamento. — Não, é ela mesmo. Você ficou três minutos dentro do Genjutsu. Demorou, até. E foi maldade reverter ele pra mim. Eu vi gatinho doente e machucado, sabia? — De forma retórica, Hope faria sua pergunta. Apesar de saber que o tempo lá é diferente, ficaria levemente assustado por só ter passado três minutos aqui enquanto lá foram milhares de anos. Perceberia ser verdade pelo fato das mesmas pessoas de antes estarem treinando.

— Agora que meu irmãozinho é um especialista na área que ele sempre gostou, vamos comemorar na sorveteria! — Bradaria uma sorridente Saori, no qual eu levantaria de seu colo, permitindo que ela levantasse também. Aparentemente ela está tentando disfarçar as coisas que vi há alguns dias, mas se ela está feliz, não irei tocar nesse assunto. — Kerjo deve estar lá. É uma boa ideia. — Balbuciaria Hope, assentindo positivamente para a ideia de Saori. — Vamos. — Finalizaria. Após, seguiria as duas, enquanto ouviria as histórias da minha irmãzinha. Esqueceria, ao menos por enquanto, do que vi antes.

Agora notaria ter recebido conhecimentos novos. Eu criei um Kage Bunshin? Sei lá, é difícil raciocinar depois de ver a própria irmã morrer mais de cem e dez milhões, trezentos e setenta e nove mil e vinte e nove vezes das mais criativas formas possíveis.

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