Esses últimos dias foram bastante corridos. Não tive tempo livre para fazer algo relaxante. Quando chegar em casa irei tomar um banho quente de banheira, isso deve bastar para renovar minhas energias. E se tudo correr bem, irei até o campo para pintar algo. É uma tradição importante para mim, não posso deixar de fazer.

O dia estava calmo, os pássaros cantavam e o vento estava refrescante. Perfeito para um bom descanso. Bem, era isso que eu pensava. Faltando apenas mais  1 hora de viagem para chegar na vila da folha, acabei me descuidando e caindo em um buraco. Com essa queda, ganhei alguns arranhões e uma torção no tornozelo direito.

― Argh! Comecei o dia com o pé direito… literalmente.

Como uma ninja que domina o Iryo-ninjutsu, tratar aquele ferimento não seria nem um pouco trabalhoso. Então, me sentei para poder resolver o problema e sair daquele buraco mal feito. Estava tão concentrada no meu próprio tratamento que não percebi uma cortina de fumaça se formando aos poucos, por conta do buraco ser fundo, não demorou muito para se espalhar.

― Cof, cof, cof. -  Junto com a tosse, senti meu corpo ficando sem forças. Minha visão embaçando cada vez mais, até que percebi alguém se aproximando. Infelizmente não consegui me manter consciente, adormecendo em questão de segundos.

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A primeira coisa que senti foi uma dor em meu pescoço. A partir dessa dor, pude recobrar minha consciência aos poucos. Senti uma sensação dura e fria em meus ombros e quadris. Logo, percebi que estava deitada em uma posição incômoda. Tentei mexer os braços e pernas, mas não consegui.

Abri meus olhos devagar. Notei que meus braços estavam presos atrás das minhas costas e com algum tipo de corda que também prendiam minhas pernas. Senti um pouco de náusea inicialmente, mas logo passou.

Estava em uma sala de madeira ampla e vazia. Havia uma porta de madeira à minha frente. Nenhuma  janela. Provavelmente estava em uma cabana. Não consegui estimar quanto tempo havia se passado desde que fui raptada.

Tentei quebrar as algemas à força, mas não consegui reunir energia suficiente. O que pude concluir ser consequência do gás que inalei. Notei uma pequena janela na porta de madeira, por onde alguém me espiava. O indivíduo usava uma máscara.

― Ela acordou. Avisem ao líder.

Ouvi outra pessoa correndo logo em seguida. Aos poucos, a memória de quando me raptaram retornava. Foi uma armadilha de quinta. Me senti frustrada por ter sido pega com tanta facilidade.” Eu não tenho jeito” pensei, fechando meus olhos. Estava decepcionada comigo mesma por cair numa armadilha tão simples.

De repente, o gemido de outras pessoas naquele cômodo. Fiquei surpresa por ter demorado tanto para perceber, mas eu não estava sozinha. Mais duas garotas estavam presas na mesma situação em que eu me encontrava.

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Aparentavam ser mais velhas do que eu, provavelmente estavam entre os quinze ou dezesseis anos. Seus corpos estavam cobertos por feridas. E parando para observar bem tudo que está ao meu redor, senti o mau cheiro originado pelos ferimentos em carne viva das duas mulheres. Isso me deixou em choque, meus olhos imediatamente começaram a lacrimejar. Não consegui entender o que aconteceu com elas para chegarem naquele estado.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, a porta se abriu e um homem de nariz aquilino entrou no quarto. Ao seu lado estava um homem pálido usando óculos. O homem do nariz aquilino usava um avental por cima dos seus trajes comuns e o de óculos também. Estavam cobertos com sangue seco, parecido com o avental que açougueiros costumam utilizar. Atrás deles estavam dois homens usando máscaras. Deviam ser os dois que estavam vigiando do outro lado da porta.

Era possível ver que eles possuíam ferimentos espalhados pelo corpo. Suas unhas estavam sujas e com sangue,  e eles tinham vários arranhões pelo rosto e braço. Alguns parecem ser recentes. Provavelmente causado por alguma de suas vítimas.  

― Ela parece estar em ótima forma. - Expressou um sorriso malicioso em seu rosto.

― Exatamente, alguns preparativos e estará pronta hoje a noite. - Foi possível ver um líquido escorrendo pelas máscaras dos outros dois que estavam atrás, isso me assustou.  

― Quem são vocês? - Indaguei. Minha voz estava um pouco rouca.

― Ora, tudo que precisa saber é que você será nossa refeição. - Ele sorriu juntamente com os demais.

“Fui sequestrada por canibais?” Pensei. Fechei meus olhos fortemente, desejando que aquilo fosse um sonho. Infelizmente, ao abrir meus olhos novamente, a ficha caiu e de fato eu havia sido sequestrada por um grupo de canibais.

Tentei me mover mas não consegui sair do lugar. Senti uma pontada forte no meu tornozelo, foi então que lembrei da minha torção. Eu não tinha conseguido tratar. Após terminarem de rir, o homem de nariz aquino se aproximou de mim. Abaixou-se e observou meu corpo por alguns segundos. Foi então que em um movimento repentino, ele mordeu meu braço esquerdo.

Me senti estranha com aquela mordida, foi como se meu chakra estivesse sendo sugado. Olhei para ele e notei que seus ferimentos espalhados pelo corpo estavam sendo curados. Os arranhões foram sumindo, pouco a pouco. Até que ele parou de me morder. A mordida dele tinha sido forte o suficiente para me fazer sangrar, deixando marcas de sua arcada dentária.

“Esse é o jutsu dele? E por que senti meu chakra sendo sugado?” Pensei, não conseguindo entender o que aconteceu e pela reação dele e dos outros, eles também não compreenderam o que tinha acontecido.

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Jutsus Utilizados:

― Esta garota… ela tem exatamente o que procuramos todo este tempo! Vejam! Só de dar uma mordida, tive todos meus pecados curados! Senti minha energia voltar imediatamente! Finalmente. - Ele soltou uma risada maligna.

Os outros ficaram surpresos com o que tinha acontecido, o objetivo do grupo deles tinha sido alcançado. E tudo que eles pareciam desejar era me devorar.

As outras garotas estavam em silêncio, foi possível perceber o medo em seus rostos. Se mantiveram caladas para não chamar atenção desnecessária dos quatro. “E agora, o que eu faço? É meu fim…” Pensei. Estava completamente assustada. Meu braço doía por conta da mordida.

De repente, um dos homens mascarados retirava sua máscara permitindo ser visto a baba escorrendo por sua boca. Ele se aproximava de mim quando foi interrompido pelo homem de nariz aquino.

― Agora não! Lembre-se, precisamos completar o ritual, agora que sabemos do valor dela.

O homem ficou irritado, mas acabou acatando o que tinha sido dito. Depois disso, eles se retiraram do quarto. Apenas os dois mascarados continuaram do lado de fora nos vigiando.

Não tinha muitas informações, mas também não tinha como compreender o que estava acontecendo no meio daquela confusão. Tentei me acalmar para analisar minha opções de fuga. Eles não aparentavam ser ninjas, eram robustos mas como não eram ninjas isso passava a ser uma vantagem minha.

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― Tsc… - Cerrei meus dentes.

Inspirei, expirei. Inspirei e expirei outra vez. As batidas frenéticas do meu coração se acalmavam.

― … eu não vou morrer aqui.

Reunindo força, aproveitando a raiva que estava acumulada em meu peito. Tentei cortar as cordas que prendiam meu braço. Infelizmente, minha primeira tentativa foi falha.

Não pude descansar, por isso voltei a usar toda força que eu tinha para partir aquelas cordas. “Shannaro!” Gritei em minha mente, determinada a ter sucesso no meu plano. O que felizmente correu bem.  

Com meus braços livres, decidi fazer algo para me ajudar a sair daquela situação rapidamente. Ainda não compreendia o que tinha acontecido quando aquele homem de nariz aquino me mordeu, mas se ocorreu o que imaginei, então é um trunfo que preciso utilizar.

Ergui meu braço até a altura da minha boca e dei uma mordida rápida e forte em mim mesma. Senti uma dor aguda, que logo tornou-se uma sensação enérgica. Meu tornozelo que havia sido torcido sarou naquele momento, juntamente com a mordida causada pelo canibal.

― Isso… é incrível!

Partir as cordas que ainda prendiam meus pés, e me aproximei das outras duas mulheres. Pedi para elas morderem meu braço, curando os ferimentos que haviam sido causados em seus corpos. Senti meu chakra sendo sugado o que me causou um desgaste maior do que esperava. Talvez por conta de serem duas pessoas e pelos ferimentos delas serem graves. Tomei alguns segundos para recuperar o fôlego.

Por sorte, meus equipamentos não haviam sido removidos e pude pegar meu pergaminho e pincel para utilizar meu jutsu.  Sem demora, dei vida a um urso que quebrou a porta com suas garras derrubando  os dois guardas que estavam lá. Atraídos pelo barulho, o homem de óculos e de nariz aquino apareceram, mas não tiveram chances contra meu jutsu. O urso avançou em direção a eles os lançando ferozmente para fora da cabana.

A fuga foi concluída com sucesso, após me livrar dos canibais, as duas mulheres puderam retomar suas vidas e eu pude seguir meu caminho para vila.

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Jutsus Utilizados:

Equipamentos: