Konohagakure no Sato
12 horas antes...

A secretária do diretor da Agência de Correios abriu a porta da sala de reuniões, e então Nathaniel recebeu permissão para entrar. Assim que o Grey chegou, pode ver o homem, um cara moreno e de olhos verdes, sentado em uma das mesas, e uma mulher loira, alguém que tinha conhecido anteriormente, do outro lado. Também tinha um homem de quase quarenta anos ao seu lado. O nome do diretor era Yamamoto, e Nathaniel não conhecia o outro cara, mas sabia o nome da loira: Reina. ── Sente-se, Nathaniel-san. ── pediu Yamamoto, enquanto a porta era fechada. Nathaniel sentou-se ao seu lado, pedindo licença e ficando de frente para aquela dupla. ── Você foi chamado aqui para fazer parte de uma grande missão. Esses dois que estão aqui é Hikari Reina, filha de Hikari Magnus, um multibilionário do ramo da indústria farmacêutica. Ao dela, está Orochi, o braço-direito dele. ── ao ser apresentado aos dois, Nathaniel fechou o semblante. Odiava aqueles que tinham os pés na burguesia, pois acreditava que eles eram, indiretamente, responsáveis pela pobreza do mundo.

── Por que estou aqui, exatamente? ── quis saber o Grey, olhando para as duas figuras. Ali, ele tinha compreendido o porquê de Reina ter roupas tão elegantes, diferente da maioria dos shinobis. ── Porque no mundo dos negócios, Sr. Grey, as vezes nós temos que agir como cirurgiões. Quando algum órgão adoece ou quando um câncer surge e impede o funcionamento do corpo humano em seu potencial mais pleno, o cirurgião faz de tudo para remover aquilo que destrói o todo. A Corporação Wagasa é muito útil e eficiente naquilo que se propõe a fazer, e temos filiais em vários cantos do mundo. Porém, quando uma dessas celulas compromete o funcionamento do corpo, ela deve ser extirpada. ── explicou Orochi, entregando um pergaminho para ele. ── É por isso que você enviará essa carta ao presidente da filial em Amegakure no Sato, avisando da paralisação de todas as atividades e do desligamento de todos os funcionários dela, assinado pelo próprio Magnus. ── revelou, mantendo uma postura arrogante, tratando Nathaniel como se ele fosse um empregado.

── Por que eu, e não um representante da matriz? Esse pronunciamento não deveria ser feito por um funcionário da empresa? ── questionou o homem, fazendo com que Orochi e Reina trocassem olhares, como se não acreditassem que ele fosse capaz de questioná-los. ── Senhores, imagino que o tempo de vocês é muito curto e não quero mais tomar o tempo de vocês. Eu tratarei de explicar tudo ao Sr. Grey. ── Yamamoto rapidamente disse, tentando não criar um clima hostil entre eles. ── Sim, faça isso mesmo. ── Yamamoto se levantou, pegando a sua maleta, apertando a mão de Yamamoto, enquanto Nate apenas cruzava os braços. Ele trocou olhares com Reina, e Orochi rapidamente percebeu isso, fechando ainda mais o rosto. Quando eles sairam, Yamamoto virou-se sério. ── Quase causou um desastre aqui, garoto! Sabe quem são essas pessoas? São representante de um homem com uma das maiores fortunas do País do Fogo. Esses caras não ouvem nada a não ser "Sim, senhor" e "Não, senhor"!. Precisa aprender a lidar com isso. ── disse com uma certa raiva, fazendo Nathaniel se levantar.

── Eles não responderam a pergunta para mim, e nem você, Yamamoto. Por que eu? ── perguntou novamente, dessa vez para o diretor da Agência dos Correios. ── Porque se eles mandassem um representante deles, o cara seria encontrado boiando no rio de Amegakure. Isso se fosse encontrado. ── o homem pasou a mão pela nuca. ── Então estou indo para uma missão quase que suicida por causa de um bilionário que nem ao menos conheço e que não tem colhão para colocar um dos seus na fogueira. ── falou com um tom irônico. ── Esse bilionário, querendo ou não, é um cidadão de Konoha e tem direito a acessar os serviços da vila. Um novo tempo chegou para você, Nathaniel. Você agora está em outro patamar. Novas missões, novas responsabilidades, novos perigos. Você não vai mais entregar cartinhas de amor pra adolescentes ou ordens de despejo pra gente falida. Suas missões envolverão shinobis de alta patente, bilionários, políticos e tudo o que envolve Konoha diretmaente. Você está pronto para lidar com isso? ── perguntou Yamamoto, fazendo os dois se olharem por alguns segundos.


Amegakure no Sato
Atualmente.

[...] Dentro do barco que o levava para Amegakure no Sato, Nathaniel se lembrou de tudo o que tinha passado horas antes, e tinha o pensamento particular em Reina. Não era como se tivesse apaixonado por ela, mas tinha algo na sua personalidade que o intrigava bastante. Seria ela responsável por promovê-lo ao cargo de informante tão rapidamente? De certa forma, parecia que o seu pai estava se beneficiando com isso. Precisava tirar isso a limpo. Assim que chegou no País da Chuva, entendeu bem o porquê daquele nome: usando o sobretudo comprado anteriormente, Nathaniel chegou nos portões da vila, apresentando seu nome aos guardas da vila e revelando o motivo de estar ali, mas não com tantos detalhes.

Porém, ele resolveu parar de pensar tanto na herdeira patricinha e caminhou pelas ruas de Amegakure no Sato, não ocultando a bandana de Konoha em seu braço, o que automaticamente gerava olhares de algumas pessoas por onde ele passava, sendo muito desses olhares desconfiados e num tom mais sombrio do que o comum. Até mesmo shinobis passavam por eles o encarando de canto de olho. Sozinho em um país estrangeiro, Nathaniel se tornara um alvo fácil para os criminosos dali. Mesmo assim, o Grey os ignorou prontamente e foi diretamente para um lugar indicado por seus contratantes: um hotel que ficava em Amegakure no Sato. Tão logo que chegou na pousada, puxou um cartão e o mostrou para a recepcionista, que reservou o melhor quarto do hotel para ele. Uma moça o levou até lá, onde ele se aconchegou e ficou sozinho, olhando para o teto, deixando a sua mente ir longe. Sua missão tinha começado oficialmente quando pôs os pés na vila, mas ainda havia muito chão até ele conseguir completa-la.

Konohagakure no Sato.
Horas antes da viagem...

Depois de sair da Agência de Correios, Nathaniel viu uma garota loira esperando por ele na porta. O Grey olhou para ela de canto de olho e a ignorou imediatamente, mas ela ficou frente a frente a ele, numa distância a cinco metros, fazendo os dois trocarem olhares. Nathaniel notou que o homem que a acompanhara no começo tinha ido embora, o que de certa forma o tranquilizava. ── O que você quer? ── perguntou sem muita paciência, pouco se importando de quem aquela garota era filha. ── Vim te contar os perigos que esperam você em Amegakure no Sato, e como você pode se preparar para eles. Eu sei que você acha que eu sou uma garota patricinha que ganhou as coisas por nepotismo, mas está completamente enganado. ── avisou Reina, se mostrando determinada a ajudá-lo, e ao mesmo tempo provar a ele que não era o tipo de pessoa que ele acreditava que ela era. Os dois ficaram se olhando por um tempo, até Nate falar algo. ── Então me conta o que eu devo esperar. ── pediu o Grey. ── Bom, primeiro devemos ir as compras. ── afirmou, fazendo Nathaniel erguer a sobrancelha.

Dez minutos depois, os dois estavam na área comercial de Konoha, onde passavam por várias lojas. Naquele dia, eles pararam em três locais: numa loja de armas, numa loja de roupas e numa agência de viagens. ── Sua missão será muito perigosa, Nathaniel, afinal você terá que lidar com todos os tipos de inimigos no caminho, e quase todos eles tem o mesmo objetivo: fazer com que a mensagem nunca chegue ao destinatário. ── disse enquanto caminhavam. ── Olá, Srta. Hikari. Vejo que está bem acompanhada hoje. O que os senhores gostariam hoje? ── perguntou o dono da loja de armas para os dois. Aquela loja era uma loja exclusiva para ninjas de alta patente, onde até os códigos eram diferentes. ── Olá, Kamata-san. Meu amigo Nathaniel fará uma viagem de negócios bem arriscada, e precisará dos seus serviços. ── disse Reina, enquanto o homem de terno e gravata levou a mão ao queixo, analisando-o prontamente. ── Nathaniel Grey, não é? Não se espante, eu conheço todos os ninjas de Konoha... E também sei das suas aventuras secretas. ── comentou, deixando Reina curiosa.

── Carteiros não podem usar as viagens para promover o caos e invasões, apesar de poderem se defender de eventuais ataques. A melhor forma de evitar uma luta é não estando lá, é por isso que precisa conhecer melhor a cidade de Amegakure. ── comentou Reina, por isso ele a levou para uma agência de viagens, que tinha diversas informações sobre Amegakure no Sato. ── Amegakure no Sato, assim como qualquer colônia, é fica num país de terceiro mundo, onde as atividades criminosas são mais expostas e recorrentes. Esses são os bairros e locais que deve evitar. ── um homem de óculos lhe mostrava alguns locais de Amegakure em um pergaminho, enquanto Nathaniel e Reina prestavam atenção nos detalhes. ── Suas roupas dirão quem você é e a sua importância, então chegar lá com uma roupa padrão de carteiro só fará você ser menosprezado pelo presidente da filial... E também por qualquer pessoa que esteja lá. ── falou honestamente, coisa que embrulhava o estômago de Nathaniel.

Por sorte, Reina conhecia a melhor loja de roupas de alto padrão de Konoha, o levando para o local, onde o alfaiate media os seus ombros e braços. ── Que tipo de roupa você vai levar, senhor? ── perguntou o homem idoso. ── Ele vai precisar de dois conjuntos, Shiro-san. Uma para usar de dia, em uma reunião, e outro para transitar nas ruas a noite. ── afirmou Reina. [...] Logo que analisou Nathaniel, Kamata colocou algumas armas na mesa para o rapaz. ── Analisando o seu estilo de luta e pela sua postura, você precisa de três itens: primeiro, uma Tanto. Arma de curta distância, boa para ataques furtivos. ── disse o homem, enquanto Nathaniel movimentava-se com a arma, realizando golpes no ar. ── E o item que um jovem artista como você pode precisar: um pergaminho e tinta para invocações. Acredito que poderá usar esses itens muito bem. ── comentou o vendedor, vendo Nate sacar o pegaminho e desenrolá-lo.

Enquanto Nathaniel analisava o terno que estava usando, Reina ficou sentada em um puff com as pernas cruzadas. ── O presidente da filial é um homem com muitos contatos, e pelo que averiguamos, ele tem conexões com shinobis desonrados, que aceitam qualquer tipo de trabalho por um bom preço. Tem também os trabalhadores que não irão aceitar muito bem perderem o seu ganha-pão. Eles podem se juntar em grupos e tentar persuadi-lo a ir embora, até mesmo ameaçá-lo. E, por fim, alguns grupos mais fanáticos que odeiam ninjas estrangeiros, principalmente das Grandes Nações. Se conseguir evitar todos esses obstáculos, você vai se dar bem. ── avisou, o que fez Nate olhar para ela. O Grey recebeu as roupas e Reina acabou pagando por elas, dizendo que aquela era uma cortesia. Nathaniel também recebeu o mapa de Amegakure, um que ele deveria estudar muito para aprender, além do cartão que deveria entregar no hotel, pois a sua viagem estava agendada.

── Sr. Grey. ── chamou Kamata, enquanto Nathaniel e Reina estavam saindo da loja depois deles terem comprado as armas. ── Espero que faça uma boa viagem. ── disse com uma expressão formal, mas com um sorriso de quem sabia exatamente o que iria acontecer na viagem. Nathaniel apenas acenou com a cabeça, e então saiu com a loira.


Amegakure no Sato.
Horas depois da chegada...

Era o dia seguinte do começo da sua missão. Nathaniel acordou e foi direto tomar o seu café da manhã reforçado. Assim que terminou de se arrumar, o Grey vestiu o seu terno e gravata, colocando o sobretudo por cima para protegê-lo da chuva e impedi-lo de se molhar. Ele precisou de poucos minutos para chegar na filial da Corporação Wagasa, sendo recebido pelas recepcionistas. ── Meu nome é Nathaniel Grey, e sou carteiro de Konoha. Eu tenho uma mensagem de Hikari Magnus para o presidente desta empresa. ── avisou, mostrando o pergaminho com o selo da empresa nele, o que causou uma certa apreensão nas moças.

Uma das recepcionistas pegou um comunicador e falou com a secretária da sala do presidente, de nome Kizashi, e então Nathaniel ficou esperando por uns minutos, até que a sua entrada no prédio de cinco andares foi liberada. Foi indicado a ir ao quinto andar, e falar com a secretária de Kizashi, que já o aguardava. Nathaniel se dirigiu ao elevador em passos lentos, até apertar o botão do quinto andar, colocando as mãos para trás e esperando o momento em que o elevador começasse a subir. Assim que a porta do elevador se abriu, Nathaniel caminhou lentamente pelo corredor que levava até a sala do presidente, onde uma mulher loira e de corpo esbelto o aguardava. Nate apenas olhou para os olhos dela, acenando com a cabeça e esperando ela abrir a porta para que ele entrasse, chegando na sala e vendo um homem de cabelo longo e enrolado num rabo de cavalo, com uma barba feita. ── Nathaniel Grey, certo? Não é todo o dia que encontramos ninjas de Konoha por aqui. Soube que tem uma carta de Hikari Magnus, mas eu preciso fazer algumas perguntas antes. Por que ele não enviou alguém da própria empresa pessoalmente para enviar esta mensagem? ── questionou Kizashi, cruzando os seus braços. Foi então que Nate lembrou de algo que foi dito por Reina.

── Esse cara vai tentar enrolar de todas as maneiras possíveis para receber esse documento e assinar. Precisa driblar os seus questionamentos e ir direto ao ponto. ── tinha alertado para ele em Konoha, antes dele ir embora. ── Um pergaminho importante como esse deveria ser entregue ao senhor de maneira segura. Uma mensagem vinda de um multibilionário poderia cair em mãos erradas e desencandear eventos sombrios e extremamente desnecessários. ── respondeu, demonstrando que não estava ali para brincadeiras. ── O Sr. Hikari me enviou para determinar a paralisação de todas as atividades desta indústria e o encerramento da filial da Corporação Wagasa. Sinto muito por isso, senhor. ── avisou, ficando em silêncio, enquanto o presidente da filial ficou com uma expressão analítica por alguns segundos, cruzando os braços. ── Eu entendo. Isso é uma coisa muito dolorosa de processar, Sr. Grey. Eu sou pessoalmente responsável por centenas de famílias cujos pais e mães ficarão sem o seu sustento. Preciso me reunir com a diretoria e planejar o que vamos fazer e chegar a uma decisão. Tudo isso demorará, no mínimo, 24 horas. Haverá revolta, talvez protestos. Tirar o ganha-pão de pessoas pobres não é algo tão honrado, não é? De qualquer forma, peço que deixe o pergaminho aqui, e quando ele estiver assinado, eu mandarei chamá-lo. ── pediu Kizashi, estendendo a mão.

── E o mais importante: de maneira nenhuma, você deve deixar o pergaminho com ele ou qualquer pessoa. ── Nathaniel logo se lembrou de Reina novamente. ── Desculpe, senhor, mas não posso deixar o pergaminho aqui. Ele é altamente sigiloso e bastante importante, e é crucial que eu fique com ele. Entendo que precise de um tempo para processar essas informações. Como combinado, irei voltar daqui a um dia, com o pergaminho, para que assine, e assim eu possa voltar para Konoha. ── respondeu, acenando com a cabeça, não percebendo o quão impaciente Kizashi ficou com a sua respsota. ── Como não tenho mais nada a fazer aqui, estarei voltando para o meu hotel. ── avisou, dando as costas para o mesmo e se preparando para sair. ── Sr. Grey. ── chamou o presidente, fazendo Nate apenas virar o rosto lentamente. ── Você ficará sabendo da minha decisão muito em breve. ── disse. ── Então pense bem no que vai fazer, senhor. Bom dia. ── aconselhou, saindo da sua sala, passando por sua secretária, que estava em sua cadeira, sem ao menos olhar para ela, saindo pelo elevador.

[...] Nathaniel continuou caminhando pelas ruas de Amegakure por uma hora, conhecendo melhor a cidade, sob a posse do pergaminho de Magnus, usando o seu sobretudo com capuz e o terno por baixo. Olhando para o horário, percebeu que ainda estava muito cedo para almoçar, por isso parou em uma mercearia mediana para comprar algumas coisas. Logo que o sino tocou, a atendente lhe deu boas vindas, acenando para o mesmo e lhe dando um sorriso, assim como provavelmente devia fazer com todos os funcionários abobados que entravam lá achando que eram especiais (assim Nathaniel pensava). ── Agradecido. ── disse olhando sério para a moça, caminhando pelos corredores. Não deu nem trinta segundos, e um grupo de homens entrou. Nathaniel ficou em frente a uma prateleira de biscoitos, pensando no que comprar. ── Eu recomendo o de cheddar. ── disse um homem ao seu lado. Logo viu que tinha o logo da filial da Corporação Wagasa nele. Era um homem alto, que cheirava a suor, provavelmente sendo um trabalhador braçal. ── É bem gostoso, e um pouco viciante. ── ele comentou, fazendo Nathaniel pegar o pacote de biscoitos. ── Parece ser bom. ── observou o item, olhando para o lado e vendo outros caras da companhia caminhando pelo mercador.

── É o preferido dos meus filhos, sabia? Eu compro para eles toda sexta-feira, se eles forem bem na Academia e se comportarem. Eu não sou um homem rico, então não posso dar tudo o do bom e do melhor para eles, mas ver eles alegres com esses pacotinhos de biscoito fazem minha alegria. ── o homem disse, olhando de forma um pouco obcecada para Nathaniel, quase assassino. ── Fico feliz que eles tenham um bom pai. ── foi só o que disse. ── Tudo o que eu faço, tudo o que eu sou é pela minha família. Um homem tem que ser o provedor da sua casa, dar o sustento para os seus filhos, para que eles possam ser fortes e saudáveis. Um homem que não tem como prover o que a sua família precisa é um homem descartável. Eu sei bem o que é isso, garoto: ver o olhar de desgosto da sua esposa, esperando que o dinheiro entre milagrosamente pela porta, enquanto você tem que escutar a barriga dos seus filhos roncando. Eu não vou passar por isso novamente, rapaz. ── avisou, e foi nesse momento que Nathaniel percebeu que estava cercado, e também percebeu que eles sabiam do seu objetivo ali. Kizashi havia dado com a lingua nos dentes e complicado sua missão.

── Estão reclamando com a pessoa errada, senhores. Eu sou apenas o mensageiro. Eu sou a última pessoa que queria que isso acontecesse a vocês, mas estou aqui apenas cumprindo ordens superiores. ── disse com um certo desgosto. ── Então você vai voltar para a sua vila e dizer que não conseguiu entregar a mensagem, e é melhor você fazer isso hoje mesmo. ── disse um outro homem atrás dele, com uma garrafa de sakê na mão. O clima no local ficou tenso, principalmente quando um dos caras virou a placa da mercearia, avisando que estavam fechados, abaixando as cortinas. ── Eu sou apenas um carteiro aqui, e pelas regras, eu não posso criar o caos em lugar nenhum. Mas eu também sou um ninja, e se tentarem qualquer ação agressiva contra mim, eu usarei de todos os meios necessários para me defender. Pensem bem no que vão fazer. ── avisou uma única vez, pronto para o conflito.

Todos paravam para ouvir a música que tocava na rádio, mas ela não condizia com o ato que ocorreria ali em poucos segundos. Um movimento rápido fez com que Nathaniel desviasse do soco do homem que estava na sua frente, que tentou esmurrar o seu nariz. O Grey usou as duas mãos contra o peito do homem, empurrando-o para trás. De repente, o trabalhador com a garrafa de sakê na mão tentou quebrá-la na cabeça de Nate, que só teve tempo de proteger a cabeça com o braço e sentir a garrafa sendo estraçalhada em cima dele. Imediatamente, o shinobi de Konoha agarrou o cara pela gola da sua jaqueta, o jogando contra a gôndola, fazendo ela balançar levemente e alguns biscoitos cairem. Ao ver que um terceiro atacante vinha na sua direção, Nathaniel jogou o cara em suas mãos contra o mesmo, assistindo os dois caírem no chão. Logo o seu primeiro oponente se levantou e o agarrou, o fazendo chocar as costas contra a gôndola. Aproveitando que ele estava com as costas expostas, Nathaniel uniu as duas mãos e deu um murro com as duas mãos em suas costas, dando uma joelhada em sua barriga logo em seguida, segurando-o pelo pescoço com a mão direita e socando o seu rosto com a esquerda, o assistindo cair no chão.

── PORRA! ── gritou Nathaniel, vendo os dois outros trabalhadores se levantarem, correndo na direção oposta, mas de repente, viu mais dois caras do outro lado, portando porretes. Eles correram contra Nathaniel, que precisou se conter muito para não usar Ninjutsu. De repente, o primeiro veio, e ele só teve tempo de esquivar do golpe de porrete que levaria no rosto, flexionando as pernas e dando uma joelhada na coxa do homem, o fazendo cair no chão. Os outros dois vieram um atrás do outro, então Nathaniel acertou o primeiro com um cruzado de esquerda e o outro com um tapão no rosto usando a mão destra. Do nada, o funcionário da Corporação Wagasa atrás dele o agarrou por trás, prendendo os seus braços. Imediatamente um novo elemento teve a oportunidade de socar o rosto de Nathaniel, socando a sua barriga em seguida. A dor não era tão forte, mas instigou a ira do Grey, que rapidamente pegou impulso e chutou o peito do homem na sua frente, usando a força do seu corpo para jogar o cara que lhe segurava para trás, fazendo ele bater na gôndola, deixando umas garrafas de vidro de suco cair no chão e quebrar, jogando o líquido por todo o lado. Isso fez com que o cara escorregasse e levasse Nathaniel pro chão também.

Nathaniel foi rastejando no chão com dificuldade, molhando a sua roupa social no processo com aquele suco de laranja. Quando estava se afastando, um dos caras lhe puxou pela perna, o fazendo arrastar a roupa no chão molhado. Sem tempo para pensar, Nate apenas deu um chute na cara do homem, que caiu para trás. Nathaniel se levantou com a respiração ofegante, passando a mão pelo nariz e vendo que estava sangrando um pouco. Os seis homens ficavam parados, em posição de combate, mas não faziam nada, apenas ficavam observando um homem de mais de dois metros de altura marombado e com a cabeça raspada aparecer atrás de Nathaniel. ── Puta que pariu... ── não conseguiu dizer mais nada, pois o homem o segurou pelo sobretudo e o jogou para cima, o fazendo bater no teto, que não ficava muito longe do chão, o levando para o chão logo em seguida, dando chutes em sua barriga e pisando nas suas costas. Os caras logo vieram para linchá-lo, começando a dar socos e chutes no rapaz, que por sorte era forte para aguentar aquilo, pois por mais brutamontes que parecessem, eram apenas civis revoltados com a possibilidade de perderem os seus empregos. Mas isso não o impediria de se defender contra aquelas pessoas.

── Vocês são um filhos da puta, MAS EU POSSO SER PIOR DO QUE VOCÊS, CARALHOOOOO! ── gritou, enquanto a sua pele era mudava de tonalidade até se tornar acinzentada, fazendo uma cauda surgir de suas costas, rasgando o sobretudo. Ele assumiu uma forma quase jurássica que fez com que os funcionários da Corporação se afastassem dele, todos com medo. ── AFASTEM-SE DE MIM, SEUS MERDAS DO CACETE! QUALQUER UM QUE TENTAR ME IMPEDIR DE CUMPRIR COM O MEU OBJETIVO VAI SOFRER AS CONSEQUÊNCIAS! ── ameaçou, dando um grito de ódio que espantou aqueles homens, que sairam correndo anunciando que tinha um monstro no local. Assim que eles foram embora, Nathaniel voltou para a sua forma normal, pegando alguns salgados, uma garrafa de cerveja e umas balas de hortelã, chegando ao caixa e encarando a garota apavorada. Ele tirou um maço de dinheiro do bolso, colocando em cima da roleta registradora. ── Pelos danos causados... Apesar de não ter sido culpa minha. ── avisou, saindo todo ferido e com a roupa suja e rasgada do supermercado, mas pelo menos tinha algo para comer.

Nathaniel saiu da chuva rapidamente, quando uma criança trombou em seu braço direito, capturando a sua atenção. Logo, veio uma segunda criança e tomou o seu saco de compras, saindo correndo. O Grey não tardou de persegui-los, esbarrando em algumas pessoas no caminho enquanto que ele, bem menores e mais espertos, conseguiam se esgueirar entre a multidão. Porém, Nathaniel conseguia localizá-los utilizando o Kanchi, perseguindo eles até uma grande marcenaria, onde alguns homens estavam trabalhando. Assim que os viu, percebeu que as crianças não tinha pego as suas coisas por um acaso, pois logo deixaram o saco de lado e foram embora. ── Então... Você é o bastardo de Konoha que quer atrapalhar com os meus negócios? ── perguntou um homem gordo e baixinho, fumando um charuto enquanto limpava as mãos da madeira. ── Eu só venho cumprir ordens, cara. ── Nathaniel respondeu, vindo que tinha caído numa cilada. ── Suas ordens podem acabar diminuindo o meu lucro... E eu quero meu lucro onde ele está. Láaaa em cima. ── avisou, visivelmente irritado, demonstrando toda a sua intenção assassina contra Nate.

Mais uma vez, em menos de uma hora, Nathaniel se viu cercado por pessoas que queriam impedi-lo de cumprir com o seu dever. Agora eram dezenas de caras mal-encarados. Foi naquele momento em que percebeu que talvez Ryuuzaki tivesse lhe colocado em uma enrascada. Os caras tinham algumas ferramentas que poderiam usar como armas, como machados e outros itens. ── Meus garotos aqui são trabalhadores incansáveis, mas não são tão formais quanto aqueles que você possa ter encontrado no caminho. Eles só querem viver uma vida honesta, depois de uma vida inteira dedicada a atividades escusas. ── comentou o homem, que mais parecia um mafioso. Nathaniel notou que os homens tinham cicatrizes em algumas partes do corpo, além de tatuagens e aparências suspeitas, totalmente diferente de marceneiros comuns. ── Mas o que as suas atividades tem a ver com as da Corporação Wagasa? ── questionou Nathaniel, afinal nada daquilo fazia sentido. ── Bom... Essa é a parte que não te interessa, garoto, afinal, você é só um estrangeiro que se meteu nos assuntos acima de você. É por isso que nós vamos te matar, aqui e agora. ── avisou sem nenhum remorso.

Naquele momento, Nate acabou ficando um pouco deprimido, ainda que não perdesse o seu foco. Então era esse o seu objetivo ali: impedir as classes trabalhadoras de manter o seu sustento, enquanto beneficiava as ações daqueles com dinheiro e poder? Ou estava ali para impedir que criminosos lucrassem em cima de ações escusas? O que ele era realmente? ── Eu não vim aqui para fazer mal a ninguém, eu só tenho uma missão a cumprir. Mas se vocês atentarem contra a minha vida... Eu serei obrigado a me defender, nem que para isso eu tenha que matar todos vocês, aqui e agora. Afinal... Vocês são apenas um bando de bandidos tentando parecer honestos. ── sussurrou, com o coração cheio de ira e a mente cheio de dúvidas. O dono do local deu uma risadinha, olhando para os seus funcionários. ── Matem ele e queimem o pergaminho. ── ordenou, entrando em sua sala, deixando todos ali sozinhos. Todos ficaram em completo silêncio por alguns segundos, até que um dos marceneiros pegou um partelo da mesa e tentou acertar a cabeça de Nathaniel pelas costas, mas acabou sendo percebido ao dar um berro, dando tempo para Nathaniel abaixar, dando uma cotovelada na sua barriga, jogando o homem contra a mesa e fazendo o cara ir parar do outro lado.

Um segundo atacante pegou um machado e veio para cima dele, tentando desferir golpes e cortes no corpo de Nathaniel, enquanto ele dava passos para trás e jogava o corpo para os lados opostos. Puxando a sua Tanto, ele foi capaz de rebater um dos golpes que poderia ser cravada em sua cabeça, chutando a coxa esquerda do homem, que acabou caindo de joelhos no chão, jogando o machado do homem para longe e chutando o peito dele. Um dos homens, a uns dez metros de distância, pegou chaves de fenda e lançou contra Nate como se elas fossem kunais, obrigando o ninja de Konoha a rebatê-las com a Tanto. ── EU JÁ DISSE PARA PARAREM! ── gritou, cheio de raiva. De repente, um homem apareceu atrás dele, socando as suas costas, o fazendo cair ajoelhado no chão, deixando escapar a Tanto. ── Nós só vamos parar quando separarmos a sua cabeça do seu corpo, seu merda! ── avisou, segurando o seu cabelo, colocando uma faca em seu pescoço. Outros dois caras vieram e logo o seguraram, o colocando em cima da mesa, segurando os seus braços. ── EEEEEI! EU JÁ DISSE PARA PARAREM! EU SOU APENAS O MENSAGEIRO! ── gritou, enquanto um dos caras mandou o outro pegar a serra elétrica.

── Sua cabeça vai ser a mensagem que enviaremos para Hikari Magnus! ── avisou um dos marceneiros. Um homem logo chegou com a serra elétrica, ligando-a e pronto para cortar a cabeça de Nathaniel, que tentava se soltar a todo o custo. ── Então é assim, não é? SE VOCÊS QUEREM VER SANGUE, É ISSO QUE VÃO VER, SEUS ARROMBADOS! ── o Grey se manifestou, enquanto concentrava o seu chakra elemental em seus olhos, soltando um raio laser dos seus olhos, jogando o homem com a serra elétrica para longe, o fazendo bater com a cabeça na parede, caindo morto. Isso amedontrou os homens que o seguravam, tempo o suficiente para ele fazer força para se levantar e rapidamente afastar os homens, chutando o queixo do cara a sua esquerda com o pé destro, girando o corpo e acertando um chute na barriga do outro com a esquerda, o jogando para longe. Nate logo alcançou a sua Tanto, quando um dos marceneiros se aproximou com um martelo, o fazendo cravar a espada na barriga do inimigo, a girando rapidamente, e depois a retirando do seu corpo.

Rapidamente, Nathaniel partiu para cima do bandido que estava mais próximo e cortou a sua garganta com a Tanto, já não agindo mais na defensiva. Em um ataque rapido, ele conseguiu eliminar mais dois inimigos a sua frente com golpes de espada, sempre visando realizar cortes extensos em suas barrigas, para que perdessem sangue e ficassem inuteis para atacá-lo. Um dos caras veio correndo e pegou o machado no chão, tentando acertar as costas de Nathaniel, mas ele se abaixou e deu uma cambalhota no chão, ficando próximo o suficiente para lhe dar uma rasteira, guardando sua Tanto e chutando a cabeça do homem com toda a força que tinha. Em seguida, recolheu o machado do inimigo e lançou contra um que estava se aproximando, acertando o seu peito. Restava apenas seis, e todos com várias armas. ── Recebemos uma denúncia de luta aqui. O que está acontecendo aqui!? ── do nada, quatro homens com bandanas da vila chegaram no local. Eram ninjas de Amegakure, ou pareciam ser. Foi nesse momento que o dono da marcenaria entrou na sala. ── Esse estrangeiro entrou aqui e fez ameaças a todos. Disse que está em missão, e que mataria qualquer um que entrasse no seu caminho. Olha a chacina que ele causou aqui. ── revelou, mas contando a sua própria versão da verdade.

── É MENTIRA! Tudo o que eu vim fazer aqui foi entregar um pergaminho, mas desde que cheguei aqui, eu venho sendo perseguido! ── Nathaniel disse revoltado, pronto para atacar novamente. ── Isso você vai explicar na delegacia. ── respondeu um dos homens, segurando o braço do Grey. ── Qualquer tentativa de resistência resultará numa clara violação das leis da vila. Tudo isso já pode ser considerado um incidente diplomático. Um ninja de Konoha vindo para cá e matando todas essas pessoas... ── disse o homem com a arrogância típica de um agente da lei que se achava acima dela. ── Eu agi em legítima defesa e posso provar isso. ── Nathaniel olhou para os olhos do suposto ninja de Amegakure. ── É o que vamos ver. ── ele respondeu, quando o seu comparsa rapidamente acertou um soco no rosto de Nathaniel, o desmaiando imediatamante. A partir dali, ele não poderia saber qual seria o seu destino.

Enquanto estava desmaiado, Nathaniel era carregado pelos becos escuros de Amegakure no Sato como um animal abatido, sendo puxado pelos braços e tendo a ponta das botas arrastando no chão. Quando o Grey abriu os olhos, percebeu que estava em um local desconhecido para a sua mente, tentando se encontrar, mas em vão. Não demorou muito para que fosse jogado no chão, no meio da chuva, com as gotas grossas batendo em suas costas. Um dos caras logo deu um chute em suas costas, o fazendo gemer de dor. ── Não foi bom brincar de carteiro aqui na vila? Agora você aguenta, seu moleque! Era pra gente estar na taverna, rodeados de mulher e sakê, e agora estamos aqui tendo que te jogar no mar. ── disse com raiva, enquanto eles pegavam algumas pedras. Foi ali, ao olhar para o cenário, que Nathaniel percebeu que estava em uma doca, próximo do mar. Estava sendo preparado para ser jogado para a Morte. Quando tentou se levantar para lutar, logo levou um chute no peito, caindo no chão novamente. Um dos caras colocou o pé em cima do seu peito, o obrigando a ficar parado. ── Vocês são uns merdas mesmo. Estão do lado errado e nem percebem. ── comentou Nathaniel, o que fez com que aqueles homens começassem a rir. ── O nosso lado é o lado do dinheiro, rapá! Agora nós vamos terminar o nosso servicinho e ir curtir uma onda com a rapaziada. ── falou rindo junto com os seus camaradas.

De repente, ele foi atingido por uma flechada nas costas, algo que Nathaniel acabou testemunhando. Os outros três shinobis acabaram sendo cercados, quando algumas bombas de fumaça foram lançadas, fazendo o Grey desmaiar imediatamente. [...] O seu rosto foi atingido por um tapa que o fez despertar imediatamente em um local diferente. Parecia estar nas ruinas de um prédio. ── Onde eu estou? Quem são vocês? ── perguntou o jovem, vendo que estava em cima de uma mesa velha. Percebeu que ali viviam algumas pessoas perto de latões que se transformavam em fogueiras improvisadas, enquanto outros vigiavam algumas entradas com arcos e flechas, machados e outras armas. ── Está num canto de Amegakure esquecido pelas autoridades. Meu nome é Seigo, e essas pessoas são sobreviventes, vivendo e lutando por uma causa nobre. Como se chama? ── quis saber um senhor de quase sessenta anos, baixo e calvo. Ao olhar para si mesmo, percebeu que estava usando uma blusa branca velha e uma calça jeans surrada. ── Nathaniel Grey. Vocês pegaram as minhas roupas? E cadê minha bandana? ── levou a mão até o braço, não encontrando o item que lhe era precioso. ── Acalme-se, rapaz. Você parecia uma árvore cheia de luzes, chamando a atenção de todo mundo. Não foi muito difícil para os capangas do Kizashi encontrar você. Mas o item mais importante está aqui. ── disse Seigo, puxando uma cadeira e se sentando, colocando o pergaminho dele na mesa, soltando uma tosse. Nathaniel se levantou, respirando fundo e pegando o pergaminho.

── Minha missão não deveria ser tão complicada assim. ── comentou o shinobi de Konoha. ── As coisas são um pouco mais complicadas nas colônias, garoto. Aqui, as leis não funcionam tão bem quanto nas Grandes Nações. Sempre existem pessoas de má indole influenciando nas decisões da gente, nos usando como meras cobaias. Ficamos felizes quando soubemos que alguém de Konoha estava vindo para acabar com uma parte das injustiças desse mundo, mas Kizashi é um homem que enxergou uma maneira de fazer fortuna nesse mundo, mesmo que essa maneira destrua a vida de outras pessoas, e não largaria o osso tão facilmente, principalmente quando muita gente ganha uma parte em seus esquemas. ── revelou Seigo, se levantando com um certo pesar, tossindo bastante. ── Por que ele quer tanto se manter no controle da empresa? ── questionou Nathaniel. ── A filial da Wagasa recebe medicamentos diretamente de Konoha, e aqui elas passam por um controle de qualidade. Aqueles que possuem efeito acabam sendo transportados para as Grandes Nações, ou para aqueles das colônias que possuem dinheiro para pagar, e os medicamentos com efeitos colaterais ou que simplesmente não funcionam são descartados... Ou deveriam ser. ── revelou Seigo, fazendo uma pausa.

── Kizashi começou a vender esses remédios falsificados e venenosos para as favelas, não só de Ame, mas para outras colônias. A maioria desses remédios são para doenças graves, muita das vezes incuráveis. Essas pessoas acabam piorando mais do que melhoram, mesmo que algumas tenham algum resultado benéfico, ainda sofrem com efeitos colaterais. ── Seigo disse olhando para um buraco na parede que lhe permitia ver a Lua, voltando a tossir. Já tinha se passado horas desde o evento nas docas. ── Os remédios mais venenosos são dados aos moradores de rua, por um preço mais acessível, mas que no final, age como um veneno em nossos corpos. Ele matou muita gente com esse método sanguinário... Incluindo meu filho. ── falou com tristeza, lembrando-se do seu filho doente cuspindo sangue da boca até morrer. ── Então se a filial fechar... Ele não receberá mais remédios, e isso tira o lucro dele. ── comentou Nathaniel, ponderando como poderiam derrotar aquele homem tão perigoso, que usava o próprio povo como cobaia. Foi então que um questionamento lhe veio a mente.


── Por que vocês nunca denunciaram isso as autoridades públicas? As grandes nações? ── ele questionou, o que deixou Seigo mais emotivo. ── Porque as Grandes Nações estão se preocupando com grandes guerras, grandes oportunidades e grandes inovações que trazem benefícios A ELES! Se para as pessoas da nossa própria terra, nós não passamos de cordeiros prontos para o abate, o que os grandes Kages vão pensar de nós? Você acha mesmo que alguém iria se dar ao trabalho de avisar aos grandes líderes sobre os problemas daqueles que vivem nas ruas? ACORDA, GAROTO! Os grandes burgueses, os Kages, os Lordes Feudais, eles só se importam com os problemas dos ricos! ELES TOMARAM A NOSSA TERRA E NOS COLOCARAM SOBRE AS SUAS REGRAS, E ESTÃO MUDANDO A NOSSA CULTURA AOS POUCOS! Nós não somos nada para eles! ELES NÃO LIGAM PRA GENTE! ── bradou em lágrimas, escutando o som de uma trovoada, chamando a atenção daqueles que estavam ali, podendo ouvir uma goteira formar uma água que caia no chão, formando uma poça. Nathaniel ficou ali, sem palavras, com o rosto estático, com as emoções embargadas em seu coração.

── Senhor, existe uma maneira desse sofrimento... O sofrimento de outras pessoas acabar. Eu tenho um pergaminho comigo que poderá me levar a acabar com esses caras. Mas eu preciso das minhas coisas, e preciso que, pelo menos mais uma vez, você tenha fé de que aqueles que praticam o mal podem sim sofrer com as consequências dos seus atos. ── disse, nem notando que estava completamente desarmado. Seigo deu algumas tosses, voltando a se sentar. Os dois ficaram se olhando por alguns segundos, e aquele senhor pode ver a determinação do Grey. ── Você está certo, rapaz. Talvez realmente exista uma forma de fazermos isso, mas para isso, precisamos ir de atrás de alguém: o vice-presidente da filial. Ele é um cara idiota que o Kizashi colocou no poder por ser bom com finanças, mas ser horrível em lidar com outras pessoas. Esse cara morre de medo de qualquer um que falar mais alto com ele, e é por isso que Kizashi o escolheu, pois ele não teria colhões para destituí-lo ou contrariar as suas atitudes. ── Seigo comentou, quando uma garota adolescente de óculos extremamente magra chegou no recinto, olhando para Nathaniel e ficando corada. Era estranho ver alguém tão diferente e esbelto no meio de tantas pessoas más cuidadas. ── Seigo-sama, perdoe-me, mas acredito que encontramos a oportunidade que precisávamos para derrubar o Kizashi. ── sussurrou.

[...] ── Isso é loucura! Chega a ser ridículo cogitarmos uma coisa dessas! Por favor, precisamos de um plano definitivo, e não somente um pequeno protesto. Os corruptos da vila não vão deixar barato o que fizemos, logo eles virão para nos pegar! ── avisou Seigo, ficando um pouco irritado com as ideias dos jovens sobreviventes. ── Me desculpe, Nathaniel-san. Eles não são ninjas ou possuem conhecimento em estratégias militares como você. ── se desculpou o homem, mas Nate ponderou mais sobre o que tinha ouvido. ── Na verdade, Seigo-san... A ideia deles não é de todo o ruim. Um evento como esse é extremamente fácil de nos infiltrarmos, mas não exatamente para protestarmos, mas para destituirmos Kizashi e o obrigar a assinar o pergaminho. ── avisou, pensando bem como entrar no local. ── O evento é amanhã a noite, não é? Podemos nos organizar, saber mais sobre o evento, planejar corretamente. Vocês entrarão como trabalhadores. Garçons, o pessoal da limpeza, até seguranças. Não é muito difícil arrumar um bico nessas horas. ── pensou bem, colocando a mão no rosto. ── E você, como vai entrar? ── perguntou Seigo. ── Como? Como um mensgeiro de Konoha. ── disse determinado.

── Está determinado a se matar, não é, garoto? Você foi perseguido desde que chegou aqui, agora quer se colocar na linha de frente para morrer novamente? ── perguntou Seigo, inconformado com a atitude do mais jovem, que imediatamente retrucou-o. ── Quando eu cheguei aqui, eu estava confuso sobre o que fazer, e se a minha missão era digna. Agora eu sei que existe um propósito para mim aqui. ── ele mostrava-se determinado a corrigir aquilo que estava errado em Amegakure, pelo menos uma parte dela. ── Só tem um problema que pode acabar com a gente: os Mensageiros. São um grupo de fanáticos que acreditam nas diferenças de classes e que as pequenas nações precisam ser expurgadas. São um bando de playboys que babam o ovo das Grandes Nações achando que com isso vão ser parte da burguesia, mas ainda assim eles são bem perigosos. ── disse a moça que estava com eles. ── Se formos fazer isso, terei que ter as minhas roupas de volta, e se puderem costurá-las... Eu tive uns pequenos prejuízos no meio do caminho. ── disse um pouco corado. Não queria dar mais trabalho para aquelas pessoas.

[...] O dia voltou a raiar em Amegakure no Sato, mesmo que as nuvens pesadas cobrissem o céu e impedissem o Astro-Rei de se apresentar ao vilarejo. Apesar de não ter voltado para o seu hotel “de luxo”, o Grey conseguiu descansar bem em um canto daquele prédio abandonado, passando a noite toda observando as nuvens de Amegakure passando de um lado para o outro. Por sorte, Nathaniel conseguiu que arrumassem as suas roupas, para que assim pudesse estar mais apresentável. Por um lado, ele acabou sentindo mal por estar tão bem vestido, enquanto aquelas pessoas estavam vestindo trapos. Enquanto ele vestia o seu sobretudo, devidamente costurado, parecendo como novo, ele via alguns jovens e até mais adultos se vestindo como os garçons que serviriam a elite de Amegakure na festa. ── Escutem bem! Temos 36 horas antes de começarmos a nossa operação. Nossas missões aqui são completamente diferentes. Nós iremos expor, pela última vez, os crimes de Kizashi, e o garoto de Konoha entregará o pergaminho que irá ceifar para sempre os seus planos. Peguem tudo o que puderem de provas contra ele. ── deu um último aviso. ── Seigo-sama, o Kojima está com a garganta extremamente ruim, e não sabemos se ele se recupera até amanhã. Vamos ficar sem um cantor para a banda. ── comentou um rapaz, chamando a atenção de Nathaniel. ── Espera, vocês tem uma banda? ── disse surpreso. ── Bom, algumas pessoas aqui tocam alguns instrumentos, alguns eram músicos. Acreditamos na cultura e a arte como formas de salvar o nosso vilarejo. ──  afirmou o rapaz, fazendo Nathaniel fita-los. ── Mudança de planos, senhores. Podemos fazer isso de forma muito mais barulhenta. Só preciso que confiem em mim. ── avisou a eles, deixando os rapazes animados. ── Isso é sério, rapaz? Estamos para entrar numa batalha contra pessoas perigosas, e você quer falar de música? Precisamos de guerreiros, não de cantores! ── bradou o homem, visivelmente nervoso. ── Carteiros não podem promover o caos e provocar brigas, Seigo-san. É o código dos carteiros... Mas eles não dizem nada sobre poder cantar. ── ele acenou com a cabeça.

Quando foi designado para realizar aquela missão, Nathaniel não imaginaria quantos empecilhos surgiriam em seu caminho e, o pior, quantos inimigos acabaria formando. Pelo menos tinha formado alguns aliados também, o que lhe dava uma certa vantagem, pois eles tinham objetivos em comum, e mesmo que tivesse que seguir o seu caminho sozinho, acabaria ajudando outras pessoas no processo. Por isso que ele ensaiou com tanto afinco as letras das músicas que a banda tinha para cantar. Durante aqueles dias, tinha aprendido muito sobre como as coisas rolavam nos países colonizados e sobre as desigualdades gritantes que existiam não só naquele vilarejo, mas no mundo como um todo. Ouviu histórias do sobreviventes, recolheu informações, e se preparou para cumprir com a sua missão, afinal, se era para atacar a falsa burguesia de Amegakure, tinha que ser em grande estilo.

Por isso, quando a noite chegou, eles chegaram ao hotel onde o evento aconteceria, no centro da vila, entrando pelos fundos, passando pelos seguranças, que nem quiseram saber muito sobre os funcionários. Para Nathaniel, era até melhor. ── Essa festa é um evento anual que eles fazem para arrecadar fundos para os menos afortunados, pelo menos é o que eles dizem. Não vemos eles fazendo isso pelas pessoas realmente. ── disse o rapaz da banda, enquanto eles se dirigiam ao palco. O cerimonialista discursava por alguns minutos, quando apresentou a banda para eles, sob os aplausos. Assim que Nathaniel subiu no palco e chegou perto do microfone, ele pode ver Kizashi, não muito longe, que ficou espantado quando o viu. Naquele momento, Nate tinha invadido o território natural de Kizashi, no mundo das aparências, onde ele não podia simplesmente agir como um mafioso. Mas Nathaniel era um estrangeiro e, acima de tudo, um Grey das Trevas. Desafiar o sistema estava em seu sangue. ── Boa noite, senhores. Meu nome é Nathaniel Grey, e eu entreterei os senhores nessa noite. ── disse, gerando alguns aplausos.

── Vocês não sabem, mas eu não sou daqui. Eu sou um carteiro de Konoha, e vim para cá com uma missão: entregar um pergaminho para o presidente da filial da Corporação Wagasa, Kizashi. Esse pergaminho encerrava as atividades da filial, o que acabaria com os seus negócios obscuros. Esse homem acabou enviando diversos ninjas atrás de mim, tudo para não assinar este documento, e acabar mantendo os seus lucros, mesmo que para isso centenas de outras pessoas tenham que sofrer com as suas atitudes nefastas. Mas nós entendemos que vocês não gostam de ser expostos, não é? Afinal, imaginem se o povo soubesse como vocês fizeram fortuna, não é? ── disse com um sorriso malicioso, chocando aquelas pessoas. ── Mas viemos entreter vocês. Essa canção é sobre o Sr. Kizashi e todos os seus seguidores e aliados. ── disse, ouvindo a melodia do violino, da harpa, da bateria e do teclado, entrando no clima da música aos poucos, sentindo aquela energia dentro dele. Naquele instante, ele já não sentia nenhuma tristeza, mas uma euforia que tomava conta do seu corpo.


── I'M OVER IT! You see I'm falling in the vast abyss! CLOUDED BY MEMORIES OF THE PAST! At last, I see! I hear it fading, I can't speak it or else you will dig my grave we fear them finding, always winding, take my hand now, be alive! YOU SEE I CANNOT BE FORSAKEN, BECAUSE I'M NOT THEEEEEEEEEEEEEEE ONLY ONE! WE WALK AMONGST YOU, FEEDING, RAPING, MUST WE HIDE FROM EVERYOOOONE! ── estava prestes a conitnuar cantando após o refrão, quando os convidados começaram a se levantar enfurecidos, vaiando a a apresentação, xingando-os de vários nomes, de vagabundos, de bandidos, entre outros. Aquele era, de certa forma, o objetivo. De repente, alguns jovens com bandanas vermelhas no braço chegaram, ficando de frente ao palco. Eram os playboys fanáticos mencionados pelos jovens fugitivos. ── AÍ, SEUS MERDAS! DESÇAM DAÍ AGORA, CAMBADA DE VAGABUNDOS! ── ordenou o líder dos caras, claramente com a cara de mauricinho, causando pavor nos membros da banda. ── Se eu descer daqui, só se for para te dar umas porradas. ── respondeu Nathaniel, pronto para descer ali e causar uma briga, porém precisava se controlar.

Foi quando Seigo surgiu no meio das pessoas, caminhando por trás de Kizashi, enfiando uma estaca de madeira em seu peito, atingindo o seu coração, causando um grande espanto na multidão, até mesmo em Nathaniel, que ficou com os olhos arregalados. Kizashi olhou para o seu peito com a estaca cravada no seu peito, dando alguns passos para trás, olhando para o homem que o matava, o reconhecendo na hora. ── ISSO FOI PELO MEU FILHO, SEU DESGRAÇADO! ── gritou o homem, antes de receber três kunais em seu peito, uma de cada vez, dando passos para trás e caindo já morto no chão. Todos ali ficaram chocados com a cena, até mesmo aqueles que estavam do lado de Seigo, seus aliados mais próximos. Logo aqueles homens e mulheres burgueses começaram a correr de um lado para o outro, causando um grande alvoroço em uma festa que mal tinha começado. Aquilo definitivamente não fazia parte do plano deles. ── VOCÊS VÃO PAGAR POR ISSO, SEUS MERDAS! ── gritou o rapaz na frente de Nathaniel.

Naquele instante, diante de várias testemunhas oculares, Nathaniel sabia que a sua missão estava correndo um grande risco, por isso decidiu sair dali o mais rápido possível, para não ter que lutar na frente de tantas pessoas. Ele saiu pelos fundos junto com os rapazes e moças da banda, correndo pela cozinha, passando pelos cozinheiros, que gritavam palavras de ódio contra eles. Quando chegaram do lado de fora, Nathaniel viu que o segurança logo ficou arisco com eles. Sem perder tempo, o Grey o nocauteou no queixo, o desmaiando iemdiatamente, mandando que os outros fugissem para o lado Norte, enquanto ele atrairia os brigões para Oeste. O shinobi de Konoha escalou um prédio usando o controle de chakra para grudar os seus pés na parede, acreditando que assim se distânciaria dos caras. Porém, eles também eram habilidosos como ninjas, e o perseguiam. ── PUTA MERDA! ── bradou, começando a correr para pular entre os prédios, ainda que na chuva, cujas distâncias eram menores, por isso ele conseguia criar impulso o suficiente para isso. Ao olhar pra trás, viu um dos caras realizando selos manuais, se apropiando de uma poça d'água que tinha se formado no topo de um dos prédios, criando um dragão de água que vinha em sua direção, o obrigando a dar um salto para o lado, dando um cambalhota no chão e continuando a sua corrida, pulando para outro prédio.

── NÓS VAMOS TE PEGAR, SEU DESGRAÇADO! ── ameaçou um dos homens, até que Nathaniel percebeu que o prédio que estava na sua frente era um pouco mais distante, dificultando um salto. Mesmo assim, ele continuou correndo, concentrando o seu chakra de natureza elemental por todo o corpo, para assim aumentar a sua velocidade. Aquilo acabou sendo oportuno, pois três kunais vieram em sua direção, além de diversas esferas de água contra ele, criando uma esfera de plasma ao seu redor que serviu para protegê-lo. Porém, quando foi saltar, Nathaniel percebeu, ainda em ar, que não conseguiria chegar no topo do outro prédio, então começou a gritar, até que o seu corpo se chocou contra uma janela, o fazendo estraçalhar a vidraça com o seu próprio corpo, rolando no chão. ── Puta que pariu... ── disse, olhando para o local e vendo que este estava abandonado. Ele se levantou com dificuldade, observando os membros dos Mensageiros conseguindo saltar até o local, que nada mais era do que um grande escritório abandonado de 50x50m, sem nenhum imóvel. Eram oito caras, alguns com armas. ── Vocês não desistem tão facilmente, não é? ── questionou-os, visivelmente cansado e irritado. ── Vocês, forasteiros, são um atraso, sempre enchendo a cabeça dos vagabundos de merda. ── disse o líder deles, um rapaz loiro de olhos azuis.

── Os únicos vagabundos que eu vejo são vocês, filhinhos de papai metidos a Pitboys. Vocês não são justiceiros... São um bando de filhos da puta que desonram o Caminho Ninja. ── declarou, ainda que cercado por aqueles caras. O líder do bando rapidamente sacou uma adaga e tentou cortar a sua cabeça, mas Nathaniel, em posse da sua Tanto, devolvida antes do show, bloqueou o ataque, chutando o peito do inimigo e o afastando. Um deles, mais afobado, tentou socar o Grey, mas este foi mais veloz e usou a sua pequena espada para realizar um corte certeiro em seu pescoço, cortando a sua garganta. Antes que o seu corpo caísse no chão, o seu aliado alcançou Nate e chutou o seu peito, o fazendo dar cinco passos para trás para não cair no chão, chocando o seu corpo contra uma parede de concreto. Com um grande martelo de guerra, o homem, que era alto e musculoso, tentou acertar um golpe de martelo contra a cabeça de Nathaniel, que jogou o seu corpo para a direita, vendo o rombo feito na parede. Antes que ele tentasse mais alguma coisa, Nate chutou o seu joelho, o fazendo se ajoelhar, e então pegou na sua nuca e bateu com ela na parede com força, o desmaiando. ── Treinam muito o corpo, mas esquecem do cérebro. Típico desses riquinhos marombeiros. ── bradou, quando viu o líder do grupo puxar o ar pela boca e lançar uma rajada de vento contra ele.

Nathaniel acabou sendo jogado para trás, quebrando a parede com o seu próprio corpo, indo para uma outra sala. Ele se levantou com dificuldade, observando dois caras saindo pelo buraco. Sua espada estava no chão, e não havia tempo de pegá-la, e os seus inimigos estavam armados com pequenas adagas. Eles tentaram golpeá-lo de diversas formas, mas Nathaniel ia dando passos para trás e jogando o corpo em direções opostas, para assim não sofrer nenhum corte em seu corpo. De repente, ele segurou no seu sobretudo e passou pelo rosto de um dos inimigos, o cegando por menos de um segundo, mas tempo o suficiente para confundi-lo, o fazendo golpear o vento e abrir a guarda. Nathaniel segurou nele e o jogou contra o seu aliado mais próximo, os fazendo trombar, mas eles não cairam no chão. Ao invés disso, eles ficaram um na frente do outro, próximo a parede de vidro. Concentrando chakra em seus olhos, Nathaniel usou o Plasma Eyes para lançar um raio laser dos seus olhos contra o peito daquele que estava na frente do outro, sendo assim empurrando os dois para a janela, quebrando-a e lançando os dois para o abismo. ── É ISSO QUE VOCÊS QUEREM!? ── bradou Nathaniel, vendo que tinham sobrado seis. ── Sua missão acaba aqui, carteiro. Achou mesmo que chegaria aqui, deixaria uma bomba em nosso colo e sairia ileso? Nossas famílias possuem ações nessa filial. O simples boato desse pergaminho causou um grande prejuízo para nós. É por isso que a sua morte servirá para encerrar esses boatos. Agora... Vá para a beirada imediatamente. ── avisou, fazendo Nathaniel começar a rir.

── É uma pena que não estarei aqui para ver a ruína de sua famílias e a destruição dessas crenças. Mas eu vim aqui com uma missão, senhores, e eu pretendo cumpri-las. ── ele falou, caminhando em direção a beirada da janela quebrada, olhando para o céu. ── Muito bem... Agora pula! ── ordenou, pegando a sua espada, pronto para cortar a garganta de Nathaniel. ── Como você desejar... Asshole! ── ele pegou uma kunai com tarja explosiva e lançou-a contra o teto acima deles, deixando o seu corpo cair para trás e saindo pela janela, enquanto uma explosão acontecia no prédio abandonado. Enquanto o seu corpo caia em queda livre, Nathaniel usava a sua agilidade para movimentar-se, então passou a concentrar a sua energia plasma por todo o seu corpo, mas principalmente na palma das suas mãos e nos seus pés, até que conseguiu fazer com que o seu corpo flutuasse no ar, já não mais caindo e conseguindo controlar o trajeto do seu corpo, impedindo-o de cair no chão e ter uma morte rápida. Seu ato acabou chamando a atenção das pessoas abaixo dele, enquanto ele conseguia se estabilizar no solo. ── Acho que agora acabou. ── sussurrou par si mesmo, quando de repente dez shinobis da Vila da Chuva cercaram a rua, e por fim, Nathaniel. ── É, acho que não. ── ele levantou as mãos em sinal de rendição.

Do Centro de Amegakure no Sato, Nathaniel foi levado pelos ninjas da vila diretamente para a delegacia da vila, o que provava que aqueles homens não eram tão incorretos assim, apenas estavam cumprindo a lei. Lá, o Major da DP começou a lhe fazer diversas perguntas sobre ele, mas Nate nada disse, apenas dizendo que só responderia com a presença dos seus advogados, invocando o direito de enviar um pergaminho para uma pessoa antes de ficar detido em uma cela que tinha ali dentro. Escolheu então enviar uma mensagem para Hikari Reina em Konohagakure, contando tudo o que estava acontecendo e que precisava de ajuda imediata, afinal a sua missão acabou gerando consequências imprevisíveis.

”Srta. Hikari,

Minha missão em Amegakure no Sato sofreu um grande revés. Como você previu anteriormente, acabei sendo perseguido por diversos inimigos, e na necessidade de me defender deles, acabei sendo capturado e preso pelos ninjas da Vila da Chuva. Solicito que envie uma carta confirmando a natureza da minha missão em Amegakure no Sato, além das minhas intenções pacíficas de cumpri-la.

Att,
Nathaniel Grey.”

Nathaniel nem viu quanto tempo passou dentro daquela cela, mas pelo menos não foi maltratado pelos guardas. Ao descobrirem que ele não era apenas um simples carteiro, mas um Jounin de Konoha, eles evitaram qualquer tipo de comportamento desrespeitoso com Nathaniel, deixando que ele descansasse dentro da cela. Por um lado, era muito mais confortável para o Grey ficar ali descansando e dormindo por horas, arejando a sua mente. Foi por volta da manhã que ele foi acordado por um guarda de Ame. ── Nathaniel-san, seus advogados estão aqui. ── avisou o Chuunin, abrindo a porta da cela e conduzindo o shinobi de Konoha para a sala do Major, onde Nate pode ver um trio de advogados sentados na mesa conversando com o Major. Nathaniel não sabia, mas eles eram da melhor firma de advocacia da vila. ── ... Segundo as nossas testemunhas, nosso cliente veio para esta vila com intenções pacíficas, porém foi forçado, diante de várias circunstâncias, a agir em legítima defesa contra contraventores e criminosos desta vila. Podemos dizer que ele apenas agiu como qualquer outro shinobi agiria, buscando cumprir assim a sua missão. Sendo assim, exigimos a liberação imediata do nosso cliente. ── disse um dos advogados. O Major logo avisou que a morte de Kizashi ainda pesava contra ele, afinal o Grey poderia ser marcado como um cumplice de homicídio. Tudo se encaminhava para uma árdua discussão, quando um Chuunin acabou batendo na porta da sala. ── Perdoem-me a interrupção, mas temos algo para mostrar ao senhor. ── comentou o rapaz.

[...] Todos foram levados para uma sala, onde viram um vídeo onde Seigo confessava o seu plano de matar Kizashi, envolvendo os jovens revolucionários e o próprio Nathaniel, inocentando eles de qualquer acusação posterior. Ele contava os seus motivos para fazer isso, inclusive expondo todos os crimes de Kizashi com fotos, vídeos e arquivos que ele tinha guardado há muito tempo, mas não tinha como passar para frente. ── Bom, isso inocenta o cliente de vocês e todos os outros, mas eles ainda vão receber uma notificação por perturbação da paz. Mas acredito que todos eles estão liberados para irem embora. ── avisou, começando a expedir um mandato de soltura para os jovens moradores de rua, que tinham sido presos em um lugar mais sombrio. Nathaniel saia do local com os advogados, vestindo a sua capa rapidamente. ── Nos perdoe pela demora, Nathaniel-san. Recebemos a carta da Srta. Hikari há poucas horas, então viemos o mais rápido possível e preparamos tudo. Ela arcará com todos os honorários. Agora, acreditamos que está livre para ir embora. ── disse o advogado, a quem Nathaniel nem perguntou o nome. Ele apenas ficou parado por alguns segundos, olhando para o céu escuro. ── Tem mais um lugar que preciso ir antes de ir embora dessa vila. De qualquer forma, obrigado por terem me tirado da delegacia. ── avisou, se despedindo dos advogados e seguindo a sua viagem.

[...] Munido da sua Bolsa de Cartas e ostentando a bandana de Konoha no braço esquerdo, Nathaniel entrou na filial da Corporação Wagasa em passos firmes, daquela vez sem falar com as recepcionistas, que ficaram chamando ele. Nate entrou no elevador, apertando o botão que o levaria até o último andar. Quando a porta se abriu, tinha pelo menos quatro seguranças com tonfas na sua frente, pronto para impedi-lo de prosseguir o seu caminho. De repente, os olhos de Nathaniel se iluminaram, indicando que ele estava pronto para usar a sua técnica assinatura. ── Não me obriguem a atacar vocês. Nenhum de vocês vai dar conta. ── avisou, vendo os quatro darem espaço para ele passar. O Grey continuou caminhando, até que chegou na sala de reuniões, onde o novo presidente se reunia com os diretores e acionistas, todos falando ao mesmo tempo enquanto ele permanecia quieto. ── Quem é você, e por que está interrompendo nossa reunião, porra!? ── perguntou um homem de quase cinquenta anos, de cabelo grisalho e gorducho. ── Meu nome é Nathaniel Grey, e a alguns dias, vim aqui entregar uma mensagem ao presidente da empresa. Ele fez de tudo para não receber a mensagem, e acabou morrendo no processo, levando alguns deles junto. Acredito que o novo presidente não vai se opor a assinar esse pergaminho e reconhecer que recebeu a mensagem. ── disse, caminhando até a cadeira do presidente, puxando o pergaminho do bolso de carta e colocando na sua frente. ── Assina. ── pediu só uma vez. O homem, visivelmente perturbado, desenrolou o pergaminho e o assinou imediatamente, gerando frustração naqueles homens.

Nathaniel agradeceu prontamente pela assinatura da carta, e já estava indo embora, quando o homem gorducho logo o chamou pelo nome, o fazendo virar o rosto para trás. ── Aqueles garotos com quem você lutou ontem, e fez cair escombros sobre os seus corpos... O garoto loiro, o líder deles, é o meu filho. As pedras caíram em sua cabeça, e também o deixou tetraplégico. Você destruiu a vida do meu filho, e dos outros meninos. ── revelou cheio de ódio. Nathaniel caminhou até ele, até ficar frente a frente com o homem. ── Seus meninos são um bando de burgueses filhos da puta que achavam que destruir a vida de outras pessoas era uma forma bonita de viver. Eu digo que eles ganharam aquilo que mereciam. Eu fico mal por todos os trabalhadores proletários que ficarão sem emprego, mas vocês, a falsa burguesia e seus filhotes pitbulls... Que se foda eles, e que se foda todos vocês também, seus merdas. ── bradou, saindo da sala sob diversos xingamentos e ameaças. A missão tinha sido cumprida. Agora era levar o pergaminho assinado para Konoha, para que a próxima parte do processo fosse cumprida, mas aquilo já não tinha mais a ver com ele.